A CRIA��O DO MITO DE JESUS
Fernando Silva

Os evangelhos n�o se pretendiam uma narrativa hist�ria mas um "midrash" (uma composi��o de trechos das Escrituras que, do ponto de vista do autor, est�o relacionados e confirmam a mensagem que ele quer transmitir). Ou par�bolas com o enxerto de refer�ncias hist�ricas. A inten��o dos evangelistas n�o era registrar com precis�o os fatos mas transmitir ensinamentos religiosos.

Paulo foi um dos principais criadores da figura de Jesus. Ao cair do cavalo na estrada para Damasco, v�tima de insola��o ou epilepsia, julgou estar divinamente inspirado. Analisou as Escrituras em busca de revela��es ocultas e, acreditando que toda e qualquer id�ia que lhe ocorria tamb�m era inspira��o de Deus, pareceu-lhe ter nelas encontrado o an�ncio da vinda de Jesus.

O mundo de Paulo ainda era fortemente influenciado pela civiliza��o grega, sua cultura e seus deuses. Para os gregos e seus vizinhos, a verdadeira realidade era a realidade m�tica, onde viviam deuses e anjos. O mundo material era apenas um reflexo dela, as sombras na caverna de Plat�o. As Escrituras n�o continham profecias, mas revelavam um pouco desta verdadeira realidade.

O sofrimento e morte de Jesus eram fatos j� ocorridos nessa realidade espiritual, num tempo diferente do nosso, assim como as aventuras dos deuses gregos, n�o algo que ainda ocorreria no mundo material (NOTA 1). Era desta "realidade" que falava Paulo, n�o de um Jesus de Nazar�, de carne e osso. E seus "fatos" vinham das Escrituras e das revela��es de um Jesus espiritual. Na verdade, era Deus que fazia as revela��es. Jesus era apenas seu canal de comunica��es, o "Logos" grego, a "Sabedoria" judaica. Paulo descobriu "sobre" Jesus nas Escrituras e inspira��es divinas, n�o "da boca de" Jesus. Jesus era o "segredo que esteve escondido durante eras" e que foi revelado por Deus.

Era necess�rio ter f� nesse Jesus m�tico, espiritual, como Paulo por tantas vezes insiste.

Mas por que seria necess�rio ter f� em que um homem existiu neste mundo, morreu e ressuscitou? Isto seria um fato hist�rico, n�o algo s� acess�vel atrav�s da f�. Foi s� mais tarde que se criou o conceito de um Jesus feito homem. Sua biografia foi tirada das Escrituras. As narrativas do A.T., que foram sua origem e contavam uma hist�ria j� ocorrida, tornaram-se aos poucos profecias a respeito de sua futura vinda.

Mesmo em livros escritos por volta do ano 120 d.C. ainda se mencionam passagens do A.T. como fonte, n�o os evangelhos (que j� deveriam ter sido escritos e ser muito famosos e conhecidos, se tivesse havido um Jesus e seus disc�pulos estivessem ativamente difundindo seus ensinamentos).

Mas ningu�m fala "conforme eu ouvi da boca de Jesus", "conforme ensinou Fulano, que foi disc�pulo de Jesus". Paulo s� vai a Jerusal�m anos depois de cair do cavalo e nem menciona os lugares santos ou sua emo��o em visit�-los. Vai l� apenas para se encontrar com Pedro. E ningu�m menciona Pilatos e o julgamento de Jesus.

Paulo era o mestre, n�o Jesus. Em todas as suas disputas com os outros disc�pulos, ele jamais foi acusado de distorcer as palavras de Jesus. N�o havia "palavras de Jesus". Os evangelhos e sua vida terrena ainda n�o tinham sido inventados.

� poss�vel que vers�es primitivas dos evangelhos j� existissem no final do primeiro s�culo, mas n�o faziam parte da corrente paulinista, predominante. S� durante o segundo s�culo come�aram a ser mencionados e se incorporaram ao conjunto de crendices contradit�rias que cercava a figura de Cristo, defendidas por centenas, talvez milhares de seitas que brigavam entre si.

OS EVANGELHOS S�O UMA MONTAGEM DE ELEMENTOS DE V�RIAS FONTES:

Muitos dos ensinamentos atribu�dos a Jesus foram encontrados nos manuscritos do Mar Morto, escritos pelos ess�nios pelo menos 100 anos antes de Cristo. Eles eram conhecidos pelo seu desprezo �s coisas materiais, faziam-se batizar para a purifica��o do corpo e do esp�rito e iniciavam a vida p�blica aos 30 anos, ap�s 40 dias de jejum no deserto. Esperavam para breve a vinda do reino de Deus.

Frases como "amar seus inimigos", "se lhe pedem o casaco d� tamb�m a camisa" e "dar a outra face" derivam dos est�icos/c�nicos, um movimento filos�fico de origem grega que pregava o retorno a uma vida mais simples e humilde, em oposi��o ao materialismo da sociedade urbana.

Muitos outros foram tirados do "Documento Q", uma cole��o de ditos resultantes da mistura da filosofia est�ica/c�nica, com o messianismo judeu. Quando os evangelistas inventaram uma vida terrena para Jesus, cada um localizou os ditos em contextos diferentes. Exemplos:

-Jesus fala sobre a for�a da f�, em Lucass 17:05 e Mateus 17:20. Em Lucas, o fato ocorre durante uma jornada a Jerusal�m, a pedido dos disc�pulos. Em Mateus, � dito por Jesus na Galil�ia, ao explicar porque os ap�stolos n�o tinham conseguido expulsar os dem�nios de um epil�tico, pouco depois da Tranfigura��o (ali�s, como at� hoje ningu�m conseguiu mover uma �rvore ou uma montanha com a for�a da f�, conclui-se que ela � menor que um gr�o de mostarda na maioria das pessoas).

-A ora��o do Pai Nosso � ensinada, em Luccas 11:01, a pedido dos disc�pulos e apenas a eles, na viagem a Jerusal�m. Em Mateus 06:09, ela faz parte do Serm�o da Montanha, dirigido a uma multid�o.

Outros ainda foram tirados das ep�stolas, onde n�o h� nenhuma men��o a terem vindo de Jesus e n�o dos pr�prios ap�stolos. Quanto aos milagres de Cristo, grande parte foi copiada do Antigo Testamento e adaptada �s novas circunst�ncias: - 2 Reis 04:42-44 e Mateus 14:13-21: Elisseu/Jesus e a multiplica��o dos p�es. - 2 Reis 04:27-37 e Marcos 5:22-24: Eliseeu/Jesus e a crian�a ressuscitada - 2 Reis 05:08-14 e Mateus 08:01-04: Elisseu/Jesus cura um leproso - Jonas 1 e Mateus 8:23-27: Jonas/Jesus aacalma uma tempestade - 1 Reis 17:22 e Lucas 7:14: Elias/Jesus ressuscita o filho da vi�va - 1 Reis 17:24 e Jo�o 4:19: Elias/Jesus �� reconhecido como profeta

Finalmente, houve grande influ�ncia das religi�es dos povos com as quais os judeus conviviam, ou seja, eg�pcios, persas, gregos e romanos. Exemplos:

-A hist�ria do salvador nascido de uma viirgem e tentativas de mat�-lo quando crian�a.
-Sua morte e ressurrei��o (em v�rios casoos, no terceiro dia)
-C�u, inferno e ju�zo final (que n�o existiam no juda�smo original)
-Petra, no mitra�smo e no "Livro dos Mortos" eg�picio, era o guardi�o das chaves do c�u. O mitra�smo tamb�m denominava Petra a um rochedo considerado sagrado.
-H�rus lutou durante 40 dias no deserto contra as tenta��es de Sata
-H�rus, a luz do mundo; o caminho, a verdade e a vida
-H�rus batizado com �gua por Anup.
-H�rus representado por uma cruz
-A trindade Atom (o pai), H�rus (o filho) e Ra (o esp�rito santo)
-H�rus e Mitra tinham 12 disc�pulos
-Apol�nio, Mitra e Hermes eram conhecidos como " bom pastor" e eram representados com um cordeiro nos bra�os
-A �ltima ceia, frequentemente com uma bebida e um alimento que representavam o corpo e o sangue de algum deus.
-A estrela guia, elemento frequente em lendas e mitologias antigas.
-Tamuz, deus da Sum�ria e Fen�cia, foi gerado por uma virgem, morreu com uma chaga no flanco e, tr�s dias depois, levantou-se do t�mulo e o deixou vazio com a pedra que o fechava a um lado. Bel�m era o centro do culto a Tamuz.

FALSAS PROFECIAS:

Uma compara��o cuidadosa revela que v�rios outros trechos foram aproveitados fora de contexto ou tomados como profecia, quando na verdade se referiam a outras coisas. Exemplos:

-Lucas 01:28-33, onde o nascimento de Jessus � anunciado a Maria, uma c�pia quase exata de Sofonias 03:14-18, onde se profetiza o triunfo de Israel sobre as na��es que a oprimiram.
-Mateus 02:05-06 e Jo�o 07:42, onde se diz que o nascimento de Jesus em Bel�m fora profetizado. Entretanto, o trecho que fala de Bel�m (Miqu�ias 05:02), se refere ao cl� de David, Bel�m �frata, e n�o a uma cidade. Al�m disto, mesmo que fosse uma cidade, o tal Messias profetizado viria para espalhar o terror e a morte entre os inimigos de Israel e torn�-la poderosa, enquanto que Jesus afirmou que "meu reino n�o � deste mundo".
-Mateus 01:22 cita Isa�as 07:14 sobre o nascimento do messias de uma virgem, quando Isa�as falava de uma crian�a de seu tempo, 700 anos antes de Cristo, n�o de uma virgem mas de uma jovem, n�o de Jesus mas de Emanuel.
-Mateus 21:01-07 (e os outros evangelistas) dizem que a entrada de Jesus em Jerusal�m montado num jumento fora prevista em Zacarias 09:09 mas, mais uma vez, o rei de que fala Zacarias era um rei humano, que reinaria sobre Israel, n�o Jesus. As aclama��es do povo foram tiradas do Salmo 117:26 ("Bendito o que vem em nome do Senhor").
-Mateus 26:15 e 27:03-10 fala da trai��o de Judas e das 30 moedas como tendo sido profetizada em Salmos 41:09 e Zacarias 11:12-13. Entretanto, nenhuma das passagens fala do messias. Nos salmos, � David, o autor, que se diz tra�do e se considera um pecador.

E Zacarias diz ter recebido as 30 moedas por um servi�o prestado, sem nenhuma trai��o envolvida (e ele tamb�m devolve as moedas). Mateus diz que a compra do campo do oleiro com as 30 moedas fora profetizada por Jeremias, mas tal profecia n�o existe.

-Jo�o 02:14-16 (e os outros evangelistas)) falam sobre como Jesus expulsou os vendilh�es do Templo. Considerando-se o tamanho do p�tio do Templo e o fato de que o com�rcio de animais era essencial � realiza��o dos sacrif�cios pelos fi�is, n�o tinha nada de ilegal e tinha o apoio das autoridades religiosas, parece improv�vel que um �nico homem com um chicote conseguisse expulsar a todos, ainda por cima impunemente. Esta passagem parece ter sido inspirada em Zacarias 14:21 ("Naquele dia n�o tornar� mais a haver mercador na casa do Senhor dos Ex�rcitos" e Jeremias 07:11 ("Esta minha casa est� convertida em um covil de ladr�es").
-Os Salmos 22:02-19 e 69:22 foram usado na crucifica��o, embora nele David falasse de seus inimigos e da persegui��o que sofria do rei Saul: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? [...] Todos os que me v�em zombam de mim, abrem a boca e balan�am a cabe�a: "Ele recorreu a Jav� ... pois que Jav� o salve! Que o liberte, se � que o ama de fato!" [...] C�es numerosos me rodeiam, e um bando de malfeitores me envolve, furando minhas m�os e meus p�s. Posso contar todos os meus ossos. As pessoas me observam e me encaram, entre si repartem minhas vestes, e sorteiam a minha t�nica". "Como alimento me deram fel, e na minha sede me deram vinagre"

De qualquer modo, n�o se podem levar a s�rio profecias que se dizem realizadas no mesmo livro em que foram feitas. � preciso que a comprova��o seja externa ao livro. E isto n�o acontece. Um exemplo perfeito de profecia fracassada est� em Ezequiel 26 e 29 (NOTA 2). E pode-se suspeitar de que v�rias "profecias" foram feitas depois do fato ocorrido.

Profecias e hist�rias sobre o justo que sofreu, foi injustamente acusado, perseguido e morto (ou foi salvo da morte no �ltimo instante), sendo ent�o reabilitado e exaltado, s�o comuns ao longo da B�blia. Refletem provavelmente os sonhos de grandeza dos judeus, povo frequentemente perseguido e escravizado, e suas esperan�as de que seu deus os ajude a triunfar sobre povos que os oprimiam.

Al�m disto, mesmo que Jesus tivesse existido, ele certamente seguiria as Escrituras como um roteiro para provar que era o Messias. Por exemplo, entraria em Jerusal�m montado num jumento como fez o rei humilde em Zacarias 09:09. Note-se que os evangelhos dizem claramente "e ele o fez para que se cumprissem as Escrituras".

CRONOLOGIA RESUMIDA DO SURGIMENTO DOS EVANGELHOS:

H� uma ep�stola ap�crifa, denominada 1 Clemente, enviada de Roma aos Cor�ntios no ano de 96 d.C., onde pela primeira vez Jesus � mencionado como mestre e ensinamentos lhe s�o atribu�dos. V�rias passagens lembram o Serm�o da Montanha mas h� outras que tamb�m lembram os evangelhos mas n�o s�o atribu�das a ningu�m ou ent�o citam o Antigo Testamento. Ainda n�o h� men��es a uma vida terrena nem sobre milagres ou Jo�o Batista. Mesmo quando fala do julgamento e morte de Cristo, Clemente cita Isa�as. Seu Jesus parece ser algo que ele contruiu a partir das Escrituras.

Por volta do ano 107 d.C., nas 7 cartas escritas por In�cio, surgem as primeiras men��es a Herodes, P�ncio Pilatos e Maria. H� at� um trecho sobre a apari��o de Jesus ressuscitado aos disc�pulos, mas ainda nada se diz dos evangelhos ou que Jesus tivesse sido um mestre.

Na �poca de In�cio foi escrita a Didak� (ou Didache), onde nada se fala dos ensinamentos de Jesus e a ora��o do Pai Nosso � atribu�da diretamente a Deus. Nada de �ltima ceia, morte e ressurrei��o. Deus � o mestre e Jesus aparece apenas como filho de Deus e seu servo, cuja fun��o � servir de canal de comunica��o entre Deus e os homens.

O nascimento de um Jesus terreno aparece pela primeira vez no texto "Ascens�o de Isa�as", que data de 115 d.C. Mas a hist�ria � diferente. Jesus nasce na casa de Maria e Jos� em Bel�m, n�o numa mangedoura durante uma viagem, e Maria s� mais tarde descobre que seu filho era especial. Nada sobre pastores, magos, Herodes e fuga para o Egito. Os evangelistas se basearam nesta hist�ria mas cada um a modificou � sua maneira, mantendo em comum apenas a refer�ncia a Bel�m, provavelmente por causa da profecia de Malaquias sobre o nascimento l� de um futuro rei de Israel. A fuga para o Egito, por exemplo, s� existe num dos evangelhos. Em outro, Jesus volta diretamente para casa e � apresentado no templo (NOTA 3).

A primeira refer�ncia a Pilatos numa ep�stola surge em 1 Tim�teo 6:13, que deve ter sido escrita por volta de 115 d.C., mas ela � t�o omissa quanto ao resto que acredita-se que esta seja uma inclus�o posterior. 1 Tessalonicenses afirma que os judeus mataram Jesus mas h� um consenso entre os estudiosos da B�blia sobre esta ser uma inclus�o posterior tamb�m.

2 Pedro, escrita por volta de 120 d.C., fala na vinda futura de Jesus (n�o o seu retorno) e seu autor cita profecias do AT, n�o uma promessa feita por Jesus. No fim do cap�tulo 1, esta ep�stola menciona algo que lembra a transfigura��o de Jesus dos evangelhos mas o fato � apresentado como uma amostra do que seria a vinda futura de Jesus e de seu poder. E a fonte, mais uma vez, s�o as Escrituras, n�o um Jesus terreno.

Barnab�s (120 d.C.) � mais uma cole��o de tradi��es orais e lendas, sem men��o aos evangelhos ou Jesus de carne e osso, embora algumas passagens lembrem seus ensinamentos e haja vagas refer�ncias a acontecimentos hist�ricos. Quando fala da paix�o de Cristo, se baseia nas Escrituras.

Uma carta de Policarpo, bispo de Esmirna (130 d.C.) j� est� bem pr�xima dos evangelhos em v�rios trechos mais ainda faz refer�ncia aos documentos acima, n�o aos evangelistas.

H� escritos de Papias da �poca de Policarpo que se perderam mas s�o mencionados por Eus�bio e estes come�am a fazer refer�ncia aos evangelhos. Segundo Eus�bio, Papias disse que um certo Jo�o disse que Marcos tinha sido o int�rprete de Pedro e registrou o que Pedro ainda se lembrava dos ensinamentos do Senhor, aos peda�os e sem ordem. Ou seja, ainda n�o era um evangelho narrativo.

Por volta de 140 d.C, o gn�stico Marci�o usou trechos de uma vers�o pr�via do que viria a ser o evangelho de Lucas. Sabemos disto porque Tertuliano condenou sua interpreta��o do texto anos mais tarde. A vers�o que Marci�o usou era diferente da atual, o que mostra que os evangelhos passaram por v�rias revis�es. E isto ocorreu provavelmente porque na �poca os evangelhos n�o passavam de textos soltos de v�rios autores e ningu�m os considerava sagrados nem inalter�veis, apenas considera��es pessoais sobre Jesus e seus ensinamentos.

Na verdade, este processo de revis�o pode ser visto ao longo dos 30 anos que separam Marcos de Jo�o. Cada um � uma adapta��o do anterior � realidade de sua �poca. Um exemplo � o progressivo envolvimento dos judeus na condena��o de Jesus e a "desculpabiliza��o" dos romanos.

Os evangelhos, ali�s, nem tinham nomes. Justino, o M�rtir, por volta de 150 d.C. ainda os chama apenas de "Mem�rias dos Ap�stolos" e o que ele cita s�o apenas ensinamentos soltos. Tais trechos divergem dos evangelhos atuais e n�o h� nada do evangelho de Jo�o.

A primeira men��o que j� foi encontrada aos 4 evangelistas � a de Ireneu, bispo de Lyons, por volta de 180 d.C., onde ele comenta que deveria haver 4 evangelhos porque havia 4 ventos e 4 cantos da Terra.

Finalmente, acredita-se que os Atos tenham sido escritos pela igreja de Roma em meados do segundo s�culo para criar uma imagem mais favor�vel de Paulo, que na �poca era apontado pelos gn�sticos como seu l�der (por se basear apenas nas revela��es recebidas diretamente de Deus e n�o atrav�s da Igreja, ou seja, do Jesus terreno e dos ap�stolos). As ep�stolas, pelo contr�rio, mostram Paulo rejeitando a vers�o de Tiago e os outros, embora eles tivessem convivido com Jesus.

NOTAS:


(1) Os gregos (e tamb�m os europeus at� os tempos de Cop�rnico e Galileu) acreditavam que a Terra era o centro do universo. Em volta dela havia esferas de cristal conc�ntricas, cada uma sustentando um dos 7 planetas conhecidos. Na esfera mais interior, a da Lua, ficavam os dem�nios, mensageiros entre os homens e os deuses, e al�m da s�tima esfera ficavam os deuses. Para Paulo e seus correligion�rios, em vez dos deuses havia um �nico deus e os dem�nios eram for�as do mal (em Ef�sios 06:12 eles est�o nas regi�es celestes; s� mais tarde foram relegados �s profundezas da terra; s�o eles os dominadores do mundo, n�o os humanos). Segundo ap�crifos do fim do primeiro s�culo, como a "Ascen��o de Isa�as", Jesus teria partido numa jornada atrav�s das esferas at� chegar � mais interior, nascendo de uma mulher (assim como Attis nascera de Cibele e depois se sacrificara). Os dem�nios, sem perceber quem ele era, o teriam morto. No final do s�culo I, nenhuma men��o a um Jesus terreno. Nada de perd�o dos pecados, nada de ensinamentos. Pilatos n�o o julgou, n�o houve Calv�rio. A miss�o desse Jesus, que tinha apar�ncia humana mas n�o era de carne e osso, era derrotar o anjo da morte e resgatar os justos. I Cor�ntios 02:08 fala novamente dos dominadores do mundo, n�o de Pilatos, por exemplo. Or�genes e Marci�o tamb�m interpretam Paulo desta forma. Jesus desce ent�o aos infernos (o Sheol) e ressuscita tr�s dias depois. Retorna aos c�us levando com ele as almas dos justos e, a partir desse dia, os justos que morressem iriam tamb�m para o c�u. Este era o segredo escondido, no qual era preciso acreditar para se escapar do inferno. Jesus era o cordeiro imolado desde o in�cio dos tempos (e n�o no ano 33).
(2) Ezequiel 26 diz que Yaveh deu a cidade de Tiro a Nabucodonosor para saquear e destruir. A cidade seria coberta pelo mar e nunca mais voltaria a existir. A hist�ria nos diz que Tiro foi sitiada por Nabucodonosor mas que este n�o conseguiu tom�-la. A cidade foi destru�da s�culos mais tarde por Alexandre o Grande mas recuperou-se e � hoje uma cidade moderna. E o mar n�o a cobriu. Ezequiel 29 diz que, como compensa��o pelo fracasso em Tiro, Yaveh lhe daria Egito e os pa�ses vizinhos, tamb�m para saquear e destruir. O Egito seria devastado para sempre e seus habitantes se dispersariam pelo mundo. Nada disto aconteceu.
(3) A estrela guia � um elemento comum nas hist�rias de her�is antigos e tamb�m h� uma matan�a de inocentes na lenda de Mois�s. Herodes matou v�rios de seus pr�prios parentes com medo que lhe tomassem o poder, o que pode ter inspirado os evangelistas, mas n�o h� registro hist�rico de matan�a indiscriminada de crian�as.

FONTES:

-Sobre a defini��o do c�non da B�blia: http://www.infidels.org/library/modern/larry_taylor/canon.html

-Sobre o uso de passagens do Antigo Testaamento: "Miracles and the book of Mormon"
http://www.bowness.demon.co.uk/mirc1.htm

-Sobre a influ�ncia de religi�es antigas::
http://www.strbrasil.com/Atheos/jesus.htm
http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=2092&cat=Ensaios

-Sobre a aus�ncia de men��es a um Cristo hist�rico no primeiro s�culo: "The Jesus Puzzle", por Earl Doherty
http://www.humanists.net/jesuspuzzle/home.htm

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