CHITÃO DO REVIVER

Tudo começou com uma brincadeira: o que fazer para tornar a Festa de São João do REVIVER diferente, já que os pacientes gostam de novidades e emoção? A idéia venceu os obstáculos e fomos à procura do Metrofor, que mais uma vez cedeu espaço e vagão para a realização da festa. O primeiro CHITÃO aconteceu em 2003 e reuniu cerca de 154 participantes, entre pacientes e convidados, sem falar nos passageiros da Estação João Felipe. A encenação da quadrilha teve casamento matuto, "de mentirinha", e movimentou grande parte dos passageiros do terminal ferroviário, palco de um dos eventos mais interessantes do REVIVER.

Em 2004 ficamos mais ousados e nos preparamos para realizar um casamento de verdade, em meio as danças e festejos juninos. E mais: terminada a cerimônia civil, o casal pôde oferecer buffet de frutas para, em seguida, todos embarcarem em viagem de trem no percurso Fortaleza-Aracapé e retorno. O Chitão do REVIVER e casamento de Aldaídes e Francisco foram exibidos em todas as emissoras de televisão de Fortaleza, com imagens para todo o Brasil no Jornal Hoje da Rede Globo de Televisão e TV Diário, à cabo. Os jornais O Povo e Diário do Nordeste também registraram para todo o Ceará as imagens do evento.

Unidos há cerca de 5 anos, Francisco Martins Teixeira, 73 anos, e Maria Aldaídes de Oliveira, 67, ambos pacientes do REVIVER, sempre sonharam casar de verdade, na Igreja, com festa e muitos convidados, véu, grinalda, limusine e lua-de-mel. Acompanhe a história do casal, veiculada na íntegra nos meios de comunicação, para que pudéssemos melhorar a condições de moradia e alimentação.

Aldaídes e Francisco

Quando acompanhamos na vizinhança, nos hospitais e centros de saúde, ou mesmo pela televisão, o número de pessoas doentes, que perderam a vontade de lutar pela vida e acreditar na possibilidade de dias melhores, Deus nos dá de presente Aldaídes e Francisco, um casal simples, mas com uma história de vida que certamente  nos ensinará muito sobre viver e ser feliz.

Na terceira idade, com problemas cardíacos e grandes dificuldades financeiras, o casal optou por não registrar somente os dias de sofrimento e desencanto que marcaram grande parte de suas vidas. Deixar no passado os dias que já foram embora, mas contam a vida de uma grande mulher, Maria Aldaídes de Oliveira, que desconheceu o carinho de sua mãe desde os primeiros minutos de vida e teve que seguir adiante no seu caminho para, hoje, contar as histórias de uma criança que se viu obrigada a trabalhar como empregada doméstica para ter o que comer e onde morar; que ficou sob a tutela de um juiz de menores por um longo período, para que ficasse protegida de um agressor sexual de sua própria família; ou, ainda, da menina que se tornou pedinte nas ruas de Fortaleza, que chorou nas portas e calçadas da vida pedindo um prato de comida, muitas vezes negado por nós, que aprendemos a duvidar de quem chora, de quem implora, por medo ou acomodação.

Aldaídes sofria a amargura de dias incertos em total recolhimento. Seus amigos percebiam a tristeza nos olhos dessa menina que havia sido mãe de duas filhas – uma das crianças não suportou o sarampo; a outra, foi levada pelas águas de uma enchente – tendo sido pedinte, sem teto, desempregada e sem estudos, até ser chamada para dividir um quartinho no prédio abandonado da Otoch, ocupado por várias famílias carentes. Nesse quarto morava um irmão de Francisco, o Ivanilson, que conhecia e acompanhava a vida de Aldaídes sem saber que, um dia, ela seria membro de sua família.

Já na terceira idade, essa grande mulher desconhecia os planos do destino que, sorrateiramente, preparava para ela o artista de circo e faquir, o cearense Francisco Martins Teixeira, que sentiu vontade de voltar à sua terra depois de ter sofrido um infarto na cidade de Santa Inês no  Maranhão. Sozinho e sentindo o peso dos anos, Francisco, que havia trabalhado no Circo Garcia e Beto Carrero World no Pará, abandonou o brilho e as luzes dos palcos para reencontrar a família e cuidar da saúde, abalada pelos problemas cardíacos e pelo fumo.

Chegando em Fortaleza, Francisco procurou a família, tendo buscado abrigo exatamente no quartinho do irmão Ivanilson. O destino juntou o artista do circo à artista da vida e compôs uma história que nos faz lembrar que a vida tem suas reviravoltas magníficas. Ele doente e solitário; ela, desamparada e sozinha: seria o par perfeito para a amargura, mas amor e companheirismo os une para a realização dessa cerimônia.

Hoje, aqui, no pátio interno do Metrofor, Aldaídes e Francisco celebram bodas de casamento numa tentativa de recontar as histórias pessoais que o destino contou de forma trágica por vários anos. Hoje, diante de nós, eles prometem cessar as lágrimas do passado descolorido e sem brilho para deixar crescer a alegria e a esperança em dias melhores: porque viver é sonhar; porque viver é fazer história; porque ser feliz é correr riscos e acreditar nas possibilidades.

Sem saber que suas vidas mobilizariam pessoas e instituições dispostas a bancar as despesas de seu casamento, esse casal da terceira idade se emociona ao comentar que “Sonhar vale a pena, e o melhor é saber que somos pobres mas não estamos sozinhos”. Chorando, os dois agradecem o chá de panela realizado sexta-feira passada, dia 04 de junho/2004 pela manhã no C. S. Carlos Ribeiro, agradecendo de forma emocionada as 21 instituições e/ou pessoas  que estão promovendo esta linda cerimônia.

Em nome do casal Aldaídes e Francisco, agradecemos as pessoas e instituições que permitiram a realização desse casamento, em especial ao:

Em nome da amizade e dedicação que nasceu nos dias que antecederam esse casamento até o dia de hoje, o nosso mais sincero Obrigado.     C. S. Carlos Ribeiro – Rua Jacinto de Matos, 944 – Jacarecanga Fone- 452.6375 – Fax 452.6374 

Jaqueline Sales, coordenadora do Programa Reviver  -  [email protected]

Confira as matérias publicadas nos jornais O Povo e Diário do Nordeste:

http://www.noolhar.com/opovo/fortaleza/372376.html

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=168197

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=86382

http://diariodonordeste.globo.com/2002/06/26/010049.htm

   

   

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