Chacina da Candelária e Vigário Geral

 

Em 23 de julho de 1993, nas imediações da Igreja da Candelária, um grupo de homens encapuzados abriu fogo contra mais de 50 crianças, adolescente e jovens. Esse episódio ocorreu em um dos pontos mais conhecidos do Rio de Janeiro e causou protestos nacionais e internacionais.
        Policiais abordaram 03 meninos vinculados ao grupo da Candelária, pois desejavam colher informações sobre o líder do grupo, o qual, alguns dias antes, resistira à prisão e, juntamente com outros jovens, apedrejara um carro policial. Os três meninos foram levados para o Aterro do Flamengo, onde os policiais dispararam contra eles; porém, um dos meninos não morreu porque, apesar de muito ferido, se fingiu de morto. Após deixarem os meninos naquela localidade, os policiais se dirigiram à Praça da Candelária e disparam tiros em vários adolescentes e jovens que ali se encontravam, inclusive no líder do grupo. A análise dos revólveres e das balas indica que o grupo que atuou primeiro no aterro do Flamengo foi o mesmo que atuou na Candelária.
        Havia indícios, ainda, de que os policiais estivessem vinculados a um esquadrão da morte e também ligados a comerciantes próximos à Candelária que não desejavam a presença dos meninos de rua naquelas proximidades.
        Em conseqüência, as autoridades realizaram rapidamente as investigações das mortes: três policiais militares e um civil foram acusados pelos assassinatos, logo após a chacina.
        Tais acusações foram baseadas principalmente no depoimento de sobreviventes do massacre. A Anistia Internacional e outras organizações não-governamentais apelaram às autoridades estaduais e federais para proteger as crianças, que testemunharam esse crime hediondo.
        Muitos desses meninos permaneceram na rua, onde foram, repetidas vezes, ameaçados por membros da Polícia Militar. Somente uma das testemunhas, Wagner dos Santos, obteve proteção federal, após ter sofrido novo atentado contra sua vida em dezembro de 1994.
Em outubro de 1995, foram identificados por um sobrevivente, através de fotografias, quatro outros policiais militares, suspeitos de envolvimento no massacre.
        Em abril de 1996, foram emitidos os mandados de prisão para estes quatro policiais. Três foram levados sob custódia e um quarto, o policial Nelson Oliveira dos Santos Cunha, apresentou-se à justiça, confessando sua participação na Chacina. Alguns dos processos dos policiais militares julgados constam do Relatório da Anistia Internacional de 2003. Os julgamentos da Chacina da Candelária resultaram em raras condenações de policiais militares acusados de violações de direitos humanos.
        Na ocasião, a Chacina obteve grande repercussão nacional e internacional, através dos meios de comunicação, embora quase nada tenha mudado para as centenas de crianças, adolescentes e jovens que vivem nas ruas do Rio de Janeiro.
        Em geral, mostraram-se mais interessadas com a resolução do caso e com a condenação dos envolvidos as entidades de defesa dos meninos de rua (que apóiam a intervenção federal na PM), a Anistia Internacional (que exigiu proteção às testemunhas) e a artista plástica da alta sociedade carioca, Yvone Bezzerra de Melo.

Fotos das Chacinas:

           O sobrevivente Wagner dos Santos

 

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