Guerra do Iraque

Na madrugada do dia 20 de março de 2003, forças militares dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, apoiadas por 34 países, iniciaram uma operação bélica contra o Iraque, sem o devido respaldo do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Apenas três semanas mais tarde, em 9 de abril, as forças da coalizão conseguiram o objetivo de derrocar o sátrapa Saddam Hussein do poder e ocupar a totalidade do país.

Entretanto, constatamos que a guerra relâmpago desencadeada contra o país mesopotâmico, converteu-se em um pós-guerra carregado de problemas. Desde que irrompeu a contenda, morreram aproximadamente dez mil iraquianos, 570 militares norte-americanos, 59 britânicos, 10 espanhóis e 15 jornalistas. Foram destruídas milhares de residências e os serviços essenciais, quando reativados, têm sido através de uma lentidão desesperadora e estão funcionando precariamente. A estrutura civil iraquiana tem sofrido intensos abalos e os roubos, as drogas e os assassinatos fazem parte da cotidianidade.

O Iraque, um ano após a invasão pelas forças da coalizão, se acha imerso em um estado de violência endêmica provocada pelo terrorismo que está muito presente nas cidades, com um rosário de mortos quase que diariamente. Ainda que as forças ocupantes se esforcem no sentido de organizar um governo provisório e aprovem uma Constituição, está muito longe de atingir as condições mínimas para implantar um regime democrático em que se respeitem os direitos humanos fundamentais.

Durante os últimos doze meses, não se mostraram verazes os argumentos esgrimidos pela Casa Branca e seus aliados para justificar a guerra. Não foram encontradas as armas de destruição em massa, nem tampouco conseguiram provar a relação do regime derrocado de Saddam Hussein com a rede terrorista Al-Qaeda. Ademais, a opinião pública dos países engajados na refrega começa a desconfiar de que foi enganada com afirmativas infundadas, exageros e mentiras. Esta segunda edição da Guerra do Golfo provocou uma profunda crise - que ainda não foi superada - entre os Estados Unidos e a Europa e, também, entre os países constitutivos da União Européia.

Ultimamente, vemos confirmados os prognósticos daqueles que advertiram que a ocupação do Iraque não terminaria com o terrorismo e, muito pelo contrário, o incrementaria. A instabilidade na região aumentou assustadoramente e o conflito no Oriente Médio se acha em um momento extremamente crítico. O terrorismo global tem feito sua aparição no cenário mundial, com sangrentos e indiscriminados atentados (Arábia Saudita, Turquia, Marrocos e Espanha).

O pós-guerra tem carreado vários problemas aos dirigentes dos países ocupantes. O custo em vidas humanas e os bilhões de dólares gastos nessa malfadada contenda com o Iraque tem afetado, significativamente, a popularidade do presidente George Bush, que vem caindo, gradualmente, em todas as pesquisas de opinião pública levadas a efeito nos Estados Unidos. A eventualidade de um triunfo dos democratas nas próximas eleições, em novembro, tem obrigado o governante estadunidense a adiantar a campanha eleitoral, solicitando, inclusive, à Organização das Nações Unidas que assuma um papel mais relevante na reconstrução do Iraque.

Por seu turno, também o líder britânico Tony Blair tem sido obrigado a fazer frente a uma verdadeira insurreição em seu próprio partido. Sua estatura política tem lhe permitido, até o momento, superar as duríssimas provas, porém, a ameaça segue perseguindo-o. O terceiro protagonista da Cúpula dos Açores, o ex-primeiro-ministro José Maria Aznar, também pagou um duro tributo. Os atentados terroristas ocorridos em Madri, recentemente, conseguiram o intento de galvanizar os protestos públicos contra o Governo espanhol. As eleições legislativas na Espanha surpreenderam todos os prognósticos, com a vitória do candidato da oposição José Luis Rodriguez Zapatero. Podemos assegurar que as conseqüências da guerra no Iraque, em que o governo do Partido Popular espanhol, se engajou, contrariamente, à maioria da opinião pública, seguramente influíram no desenlace eleitoral em favor do Partido Social Operário Espanhol.

O futuro é uma incógnita. Recentemente, o presidente George Bush reconheceu tacitamente, em um discurso na Casa Branca, por ocasião do primeiro aniversário da Guerra do Iraque, que os resultados não foram os esperados. Porém, advertiu que “qualquer sinal de debilidade simplesmente valida a violência terrorista e incentiva o incremento da mesma”. Certamente, Bush enviou, com estas palavras, uma mensagem ao novo Governo espanhol, situado no olho do furacão global, por ter, durante a campanha eleitoral, ratificado a promessa de retirar as tropas espanholas do Iraque, caso não estejam sob a bandeira da Organização das Nações Unidas.

Neste primeiro ano do pós-guerra, longe dos benefícios imagináveis prometidos por Washington e seu grupo de belicosos “falcões” republicanos, o mundo encontra-se em uma encruzilhada, onde as dúvidas e incertezas constituem o denominador comum entre os líderes mundiais e os povos de todos os rincões do planeta.

Fotos da guerra do Iraque:

             

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