"A tripulação do navio Almirante Saldanha viu, no dia
16 de janeiro de 1958 , um disco voador sobre a
Ilha de Trindade, que foi fotografado por Almiro Barauna, 43 anos
, que estava a bordo para fotografar
cenas submarinas. A atenção de Naraúna foi
despertada por um barulho no convés do barco, enquanto
vários marinheiros olhavam para o céu. Pegou a máquina
e começou a fotografar. Ele afirmou ter visto
um disco fazendo evoluções em cima do barco, aproximadamente
ao meio-dia, e que a velocidade do
objeto era muito grande. Fez seis fotos. Tanto ele quanto os outros
que viram o objeto não puderam
perceber qualquer som. O filme foi revelado a bordo e as autoridades
liberaram os negativos que só
apresentavam um pequeno ponto escuro. Mais tarde, em sua casa, Baraúna
continuou a ampliar o filme
e conseguiu fazer com que o disco aparecesse na fotografia. Foi
aberto inquiérito para a verificação de
uma possivel fotomontagem e no mês de fevereiro a marinha
confirmou a existencia de um objeto
estranho nas fotografias feitas sobre a Ilha de Trindade.
O fato ocupou todas as primeiras p'áginas dos
jornais do Brasil e do mundo. Mas, na época, Baraúna
sofreu toda a espécie de tentativa de
desmoralização de uma parte da imprensa, até
de pessoas que se diziam seus amigos, para invalidar o
seu feito. Tudo isto aconteceu há 21 anos ( este artigo foi
publicado em 1979 ) atrás . Hoje, Baraúna
vive, em companhia de sua esposa, ainda em Niterói, num apartamento
bem decorado de Icaraí,
rodeado por suas 136 máquinas fotográficas, verdadeiras
raridades, que compõem o seu pequeno
museu doméstico. Foi lá que fomos ouvi-lo.
Almiro Baraúna é um fotografo muito
conhecido em Niterói. Participou ativamente da imprensa
fluminense e carioca, pela sua capacidade de
pôr a camara a serviço do fato, em fotos sensacionalistas.
Em 1954, na revista "Mundo Ilustrado'"
, ele apresentou fotografias , com um texto de Vinicius Lima,
intitulada "Um Disco Voador Esteve em Minha
Casa. . ." onde , numa curiosa e critica matéria jornalistica
,
ensinava "como fazer uma aeronave marciana" com
duas fichas da então
Frota Carioca, unidas
pela face plana, em "truques fotográficos"
que poderiam servir de "exploração e divertimento".
Isto ele fez em face da sua descrença
em UFOs , para ridicularizar a matéria publicada
por João Martins e Ed Keffel, que fotografaram,
em maio de 1952, um "Objeto Aéreo Nào Identificado",
na Barra da Tijuca , cuja reportagem havia sido
publicada na revista "O Cruzeiro " da época .
Mal sabia Barauna que seria , mais tarde, vítima
de sua própria incredulidade . Isto porque , havendo
ensinado antes "como fabricar um disco voador
em qualquer cenário" , nunca pode pensar que, quatro
anos depois , seria ele testemunha de um real
aparecimento de UFO, e que iria fotografa-lo em quatro
poses , sobre a Ilha de Trindade. Então
sua crença passou a existir . Mas todos os argumentos que ele
utilizou contra a reportagem de João Martins,
foram voltados contra ele. Mas a Marinha autenticou as
fotos, depois de exaustivos exames em laboratório,
concluindo em relatório secreto , que as fotos eram
autenticas. Esse relatorioda Marinha apareceu
publicado em reportagem de Jorge C. Pineda, em
outubro de 1971, numa revista argentina , embora
secretíssimo e nunca haver sido publicado no Brasil.
Almiro Barauna ofereceu-nos um completo "dossier"
sobre o caso da Ilha de Trindade. Ele tem tudo
organizado em albuns, recortes de jornais brasileiros
e estrangeiros; cartas de todas as partes do
mundo, Itália, Austrália, Japão,
França, Bélgica, Argentina, Alemanha, Canadá, Estados
Unidos , em
sua maior parte solicitando as fotos autenticas
para ilustração de reportagens, revistas , livros
especializados em UFOs , que já existe
em toda a parte da Terra. Ele foi entrevistado por todas as
sociedades de UFOs/OVNIs do mundo inteiro, recebendo
a visita de especialistas famosos.
Começou a contar-nos:
"O ano de 1958 foi o "Ano Geofísico
Internacional". A Marinha costumava convidar equipes que
embarcavam no antigo navio-escola "Almirante
Saldanha", a serviço de cientistas. Naquele dia ,
estávamos a bordo com a equipe do Clube
de Caça Submarina de Icarai, composta de cinco pessoas:
Amilar V. Filho que dirigia o grupo. José
Teobaldo Viegas , capitão da reserva da FAB, industrial e
diretor do Aero Clube de Niterói ;
Mauro Andrade, funcionário do Banco de Londres; Aloísio e
eu, que
participava do grupo como especialista em
fotos submarinas. Depois de passar dois dias na ilha,
estávamos a bordo, no dia 16 de janeiro,
por volta das doze horas. Eu estava me sentindo mal com o
jogo do navio, quando ouvi a confusão
dos marinheiros, gritano : "Olha o disco!". O Viegas veio correndo
chamar-me, dizendo que apanhasse minha máquina
para fotografar um disco voador em cima da embarcação.
Peguei a Roleflex perto de mim (pena que a
Leica com teleobjetiva estava longe, na
cabine), pois eu ia fotografar a ascenção
de uma lancha , do mar para o navio. Vieira Filho tambem
acenava para mim, dizendo: "Traz a máquina,
traz a máquina!" Todos mostravam o céu , onde um
objeto brilhante se aproximava da ilha."
"Eram 12 horas e vinte minutos. Ele veio do
alto-mar e se dirigiu para a ponta da Crista do Galo.
Quando ele ia passar pelo monte Desejo , eu
bati mais duas fotos. O objeto disparou por trás da
montanha, durante alguns segundos e reapareceu,
dirigindo-se novamente para o mar. Fui disparando o
obturador . Bati seis fotos, mas só
consegui aproveitar quatro, porque em duas fui empurrado e só
focalizei a agua."
"A presença do disco provocou calafrios
em todos os presentes, ao todo 48 pessoas que o viram e
houve até um oficial que ficou verdadeiramente
aterrorizado. Aliás, era de se ver a expressão de pavor
na tripulação, apontando armas
para o céu".
Questionamos Barauna: "Mas lembro-me, na época
houve muitas contestações por parte da imprensa;
como você explica isso?"
Barauna respondeu: "É. Eu paguei pelas
minhas brincadeiras anteriores. Mas o fato de uma parte da
imprensa tentar ridicularizar-me não
foi porque propriamente desacreditasse em mim, mas porque eu
dei um contrato de exclusividade nas fotos
e entrevistas para os Diários Associados. À margem dos
acontecimentos, eles tiveram que criar suas
noticias, não poderiam ficar por fora!"
"Acontece que eu fiz quatro cópias que
foram levadas ao então Presidente Juscelino e, lá no palácio,
um jornalista do "Correio da Manhã"
conseguiu as fotos e ia "furar" nosso trabalho no dia seguinte.
Sabendo disso, procurei o João Martins,
em "O Cruzeiro". Eu era um profissional e queria aproveitar o
meu trabalho. Por isso, vendi as fotos aos
"Diários Associados" e "O Jornal" publicou-as no dia
seguinte, junto com o "Correio da Manhã".
Depois a Agência Meridional distribui-as pelo mundo todo, e
elas foram publicadas em todos os jornais,
"Life", "Time", até na Russia. Mas o "Diário de Noticias"
e a
"Tribuna da Imprensa" que não tinham
acesso ao material, ficaram contra mim. A matéria era exclusiva
de uma rede, e eu fui impedido de falar aos
jornais. Por isso, descobrindo uma reportagem que eu ilustri
no "Mundo Ilustrado", intitulada "Um Disco
Voador esteve em minha Casa. . ." , onde eu mostrava como
se podia sobrepor, na chapa, duas fichas da
antiga Frota Carioca, eles reproduziram fases da
sequencia feita de brincadeira. É o
velho ditado: "Quem com ferro fere, com o ferro será ferido. . ."Daí,
tentarem a minha desmoralização.
Fizeram gozações com o disco, montaram fotos no Jockey Clube,
na Barra e me gozaram à bessa. . ."
O Ministério da Marinha, através
do Comando de Operações Navais fez um relatório
secreto,
examinando o caso. O então deputado Sérgio
Magalhães pediu informações na Câmara . Dizem
que
ele , na ocasião, exibiu apenas a capa
do Relatório Secreto da Marinha, sobre a Ilha de Trindade,
justificando-se que não poderia mostrar
o restante.
Entretanto, uma revista argentina publicou esse
Relatorio , não sei como, em outubro de 1971, numa
reportagem assinada por Jorge O. Pineda , que
explica :
"A visão de um Objeto Voador Não
Identificado no "Almirante Saldanha", navio escola da armada
brasileira, em 16 de janeiro de 1958, constitui
um caso unico enquanto a documentação oficial que
poderia lervar o rótulo de "Confidencial"
e "Máximo Secreto". Sua divulgação se deve a um oficial
reformado da marinha de guerra do Brasil ,
cujo nome não pode ser revelado, por motivos óbvios.
O modo pelo qual foi obtido, tampouco admite
violação de segredo".
Examinamos o referido documento em espanhol, pelo
qual são trocadas correspondencias oficiais entre
o Contra-Almirante Luiz Felipe da Luz e o Almirante
Antônio Maria de Carvalho, ressaltano a
importancia do evento. Também há
pedidos de informação assinados por M. Sunderland , Agregado
Naval dos Estados Unidos.
Do relatório , constam passagens como esta:
"O alarme de OVNI foi dado por membros da tripulação na proa e popa do navio"
"Todos reconheceram que o objeto que aparecia nas fotos era idêntico ao que haviam havistado no ar"
"As fotografias que foram tomadas em não mais que trinta segundos"
"Uma forte perturbação emocional
foi observada em todas as pessoas que avistaram o objeto, inclusive
o fotógrafo, civis e membros da tripulação
do navio"
"As declarações das pessoas que
avistaram o objeto: Elas viram as fotografias e declararam que
haviam visto exatamente o que aparece nas
fotografias".
"O técnico do DHN da Armada depois de analisar os negativos ,afirma que são autênticos".
"Os técnicos do Serviço Aerofotogramétrico
da Cruzeiro do Sul, logo depois de exames miscroscópios
para verificação de luminosidade
e detalhes de contorno, afirmaram: "Não havia sinal algum de
fotomontagem".
As conclusões assinadas pelo Capitão
de Corveta José Geraldo Brandão, do Serviço de Inteligencia
da
Marinha são as seguintes:
"Considerando apresentação dos
fatos e a analise sumária realizada , informado no ite anterior,
pode-se
concluir:
a) Que há certo número de testemunhas
que declaram haver visto OVNIs sobre a Ilha de Trindade.
Estas testemunhas tem distintas classificações
e as observações foram feitas em diferentes dias;
b) Que a maioria dos informes apresentados
são insuficientes , sobretudo à falta de idoniedade técnica
de muito dos observadores e a breve duração
dos fenomenos observados , de modo que nenhuma
conclusão pode alcançar-se no
que informaram avistar-se Objetos Voadores Não Identificados;
c) Que a mais importante e valiosa prova apresentada
, a fotográfica, de alguma maneira perde sua
qualidade convincente devido a impossibilidade
de afastar totalmente um fotomontagem prévia;
d) Que a reação emocional das
pessoas que informaram avistar OVNIs é muito forte e facilmente
perceptivel;
e) Que , finalmente, a existencia de informes
pessoais e de evidencia fotográfica, de certo valor
considerando as circunstancias envolvidas,
permite a admissão de que há indicações da
existencia de
OVNIs;
f) A ultima conclusão mencionada me
permite sugerir a S. Excelencia que este Alto Comando deve
tomarem consideração toda a
informação que se obtenha sobre o presente tema , com vistas
a
alcançar conclusões mais acima
de toda dúvida"
Extraido da revista UFO OVNI Documento de outubro/dezembro de
1979 - artigo de Aurélio Zaluar
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