PESCAS EM CABO VERDE

 

INTRODUÇÃO

Cabo Verde é um país insular, de origem vulcânica e sem grandes recursos. Pertencendo ao grupo dos países do 3º mundo, Cabo Verde tem a obrigação de proceder a uma gestão racional e óptimal da sua ZEE(Zona Económica Exclusiva). Verifica-se entretanto, uma situação preocupante que se caracteriza pela degradação da sua ZEE o que impõe uma atitude mais responsável do Homem para com o ambiente, por forma a se restabelecer necessária harmonia entre este e a natureza. Essa harmonia reflecte, em ultima instancia, o conceito, da sustentabilidade que irá permitir uma utilização responsável e duradoura dos recursos naturais e garantir, em consequência, ás gerações vindouras um futuro diferente e promissor.(Freitas, R.)

PESCAS E CAPTURAS DO PESCADO

A exploração dos recursos haliêuticas duma forma óptima está, entre outros factores, estreitamente dependentes dos meios de captura disponíveis nomeadamente embarcações, e de um domínio e aplicações tecnológicas de pescas adequadas á realidade e de gestão.

As artes de pesca tradicionalmente usadas em Cabo Verde são: linha e o anzol, vara, redes de cerco, de emalhar e de praia. Contudo já ouve o uso de palancres.

Uma das técnicas utilizadas para a avaliação de recursos haliêuticas é o arrasto á meia água e de fundo(pesca proibida em Cabo Verde pela legislação em vigor). Essas técnicas baseiam em modelos matemáticos adaptados á realidade, pela área de Biologia Pesqueira.

 

Segundo o boletim estatístico do INDP referente a 1998, a frota pesqueira artesanal cabo-verdiana é constituída na maioria com 966 botes com motor "d'popa", que são pequenas embarcações de boca aberta, em média de 4-6 metros de comprimento, utilizando 2-4 pescadores, e 434 botes sem motor, contendo num total de 1.400 botes.

 Até recentemente Cabo Verde dispunha por volta de 1.500 pescadores, mas segundo o senso 1997 Cabo Verde dispõem actualmente de 5.724 pescadores, sendo 4.700 exclusivos e 1.024 em regime de part-time. Referente ao mesmo boletim, Cabo Verde dispõem de 18 redes de cerco, 64 de praia e 103 de emalhar.

A produção no sector divide-se pelos sub-sectores artesanal e industrial/semi-industrial. Como historial, em 1996 produziu-se globalmente cerca de 9.155 toneladas sendo, 38.5% das capturas correspondentes a tunídeos e afins, 41.9% a espécies pelágicas, 10.3% a demersais, 0.9% a lagostas e 8.3% a peixes diversos.

As capturas e os rendimentos(Kg/viagem) na pesca artesanal têm oscilado muito desde 1989 com uma tendência á estabilização.(Tabela 1).

toneladas

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

G. Pelágicos

2.812

2.170

1.796

1.864

2.032

2.242

1.919

2.042

P. Pelágicos

2.045

1.270

1.400

1.271

1.817

1.673

1.413

1.527

Demersais

1.087

765

910

908

629

794

882

1.013

Outros

447

726

276

265

351

638

333

330

TOTAL

6.391

4.931

4.382

4.308

4.829

5.347

4.547

4.921

Esforço*

150

138.1

131.1

112.7

123.1

135.8

128.7

134.6

Rend(k/v)

42.6

35.7

33.4

38.2

39.2

40.3

35.3

36.4

Tabela 1. Fontes: Boletins Estatístico INDP. Natureza: Dados oficiais (viagem*1000).

 

 Os dados das capturas(86-98) em Cabo Verde(Tabela c.v.)

ano/ton.

Artesanal

Total

Industrial/semi-industrial

1986

4.764

7.335

2.571

1987

4.005

7.312

3.307

1988

4.092

6.387

2.295

1989

6.391

8.614

2.223

1990

4.935

6.579

1.644

1991

4.884

7.378

2.494

1992

4.308

6.573

2.265

1993

4.829

7.000

2.171

1994

5.347

8.256

2.909

1995

4.547

8.495

3.948

1996

4.912

9.155

4.243

1997

4.920

9.627

4.707

1998

5.242

9.460

4.218

MEDIA

4.860

7.859

3.000

Tabela c.v. Fontes: Boletim Estatístico/98 INDP. Natureza: Dados oficiais.

 

O esforço de pesca total(n.º de viagens) no período em análise oscila entre 154 mil viagens em 1989 e 113 mil em 1992, com marcadas diferenças anuais. A ilha de Santiago que detém a maioria dos botes artesanais regista maior número de viagens. O rendimento média anual global pôr bote tem sido bastante estável em 1989 a 1996, embora tenha variações anuais pôr ilha. Os rendimentos em Barlavento com destaque para as ilhas de São Vicente e São Nicolau são maiores que o dos de Sotavento facto que poderá estar relacionada com o tamanho dos botes, visto que os de Barlavento em relação ao os de Sotavento são maiores.

Os Tunídeos e afins até 1991 correspondiam a mais de 50% do total dos desembarques seguido dos pequenos pelágicos e demersais. As capturas da Lagosta rosa(Panulirus charlestoni) variam de ano para ano sendo um máximo em 1992 devido á campanha. A partir de 1991 regista-se um aumento significativo nos desembarques de pequenos pelágicos na sequência de licenciamento de embarcações estrangeiras para a compra da cavala a barcos nacionais, beneficiando sobretudo os pescadores de São Vicente e São Nicolau.

Em relação ao esforço de pesca(dias/mar) pode-se verificar que houve uma relativa estabilização entre 1989 a 1991, descendo para 42% em 1992.

Com a introdução de uma nova frota de embarcações em fibra de vidro, o esforço de pesca conheceu aumentos na ordem do 58% em relação á média para o período de referencia. Em termos de produção(capturas desembarcadas) podemos notar que esse aumento do esforço quase duplicou nos últimos tempos.

 ж Potencialidade do Sector das Pescas

O pais dispõe de um potencial importante de recursos haliêuticas formado na sua maioria pôr tunídeos e afins. Actualmente este potencial, calculado com base na fracção do stock exploráveis e nas capturas médias de 1989 a 1994, situa-se entre 17.800 e 22.500 toneladas, distribuído pelos seguintes grupos de espécies(Tabela 2).

RECURSOS

POTENCIAL

CAPTURA MÉDIA(89-96)

DISPONIBILIDADE

Tunídeos e afins

25.000 – 30.000

7.500

17.500 – 22.500

Pelágicos Costeiros

10.000 – 12.000

2.400

7.600 – 9.600

Demersais

3.000 – 5.000

900

2.100 – 4.100

Total ZEE

38.000 – 47.000

10.800

32.200 – 36.200

Tabela 2. Fonte: INDP. Natureza: Dados Oficiais.

Tunídeos e afins( atum, serra, bicuda, espadartes....)

Pelágicos Costeiros(cavala, olho largo, chicharro, dobrada...)

Demersais(Garoupa, sargos, pargos, besugos, salmonetes...)

Só para o atum calcula-se entre 12 mil e 14 mil toneladas o potencial anual, mas as capturas oscilam entre as 4 e as 7 mil toneladas. O potencial anual de pesca está estimado entre 35 mil e 45 mil toneladas, mas o nível de capturas é relativamente baixo.

 Até 1996, as estimativas de captura chegaram às 21 mil toneladas. A exportações de produtos de pesca terão quadruplicado entre 1991 e 1996, passando para 6 mil toneladas. Também se estima que a produção de conservas de peixe passe das 200 toneladas, obtidas em 1991, para 1.400 toneladas em 1996.

 As ilhas de Boavista e Maio concentram 60% dos recursos piscícolas do país. Pelo método do arrasto a biomassa de espécies demersais de interesse comercial nas plataformas de Sal, Maio, Boavista, João Valente, foi avaliada em 1994 entre 6.000 e 12.000 toneladas o que permite uma captura máxima sustentável de 700 a 2.800 toneladas.

 Não existem dados seguros sobre o potencial de lagostas costeiras, mas com base nas campanhas de pesca avalia-se o potencial de captura sendo a sua pescaria explorada quase nos limites do máximo permissível. O peixe e a lagosta representam mais de dois terços das exportações.

Desconhece-se o quanto poderá render ou seja o verdadeiro potencial da exploração de produtos como o tubarão, moluscos e corais. A falta de tecnologia de pesca para operar em águas profundas, a frota existente e os métodos utilizados não permitem ir além das 10 mil toneladas/ano, de peixe e mariscos, capturadas.

 No desenvolvimento do sector, Cabo Verde está a utilizar as receitas que obtém dos acordos de pesca celebrados com países terceiros.

 O sector contribui em maior percentagem para as receitas do país em divisas, sendo considerado estratégico para o desenvolvimento da economia cabo-verdiana.

 Contudo, apenas absorve 6% da população activa.

 

Essas informações têm como fonte, o INDP(Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas)

Informações disponibilizadas pelo aluno do 2º ano em Biologia Marinha e Pescas(ISECMAR)

Rui no Lab. Química(ISECMAR)

Informações têm continuação...

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...Ainda pode ver as Características Oceanológicas de Cabo Verde.

Rui Patrício Correia Motta Freitas ; E-mail [email protected]

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