Observação e Caracterização do Domínio Bêntico na Zona Litoral da B. das Gatas e Praia do Norte

Rui Motta Freitas-Relatório, Aula Pratica

Curso de Biologia Marinha - ISECMAR

Cadeira de Oceanografia Biologica-Docente Mestre Anibal Medina

( Observação e Caracterização do Domínio Bêntico na Zona

Litoral da Baia das Gatas e da Praia do Norte da Baia )


Entre nas Fotos Pessoais do Web Master Rui Freitas

ÍNDICE


INTRODUÇÃO

Descrição do Ecossistema (local), Data e Hora

A referida aula prática se realizou na ilha de São Vicente, no dia 8 de Abril, sábado, do referido ano 2000. Foi realizada na zona norte da ilha, mais concretamente na zona litoral do Norte da Baia e da Baia das Gatas. O tempo estava aberto (com poucas nuvens), e com muito vento. Em relação ao estado do mar, estava na fase de maré-alta. A aula realizou-se entre as 8–10 horas de manhã, sobre a orientação do docente biólogo Aníbal Medina. Neste litoral do Norte da Baia, presenciou-se, ser uma zona de intensa actividade, e de variados factores oceanográficos, ou seja de factores físicos e possivelmente de químicos. Estava com um forte vento, a humidade é alta e salina, o que faz presenciar também uma salinidade do substracto relativamente alta. Como consequência, ás correntes á volta da ilha, que geralmente vão ali terminar ou "desbocar", naquela zona da praia do norte, se apresenta assim, como um grande reservatório de lixos flutuantes que andam á deriva, como por exemplo, o aparecimento de um mamífero marinho morto, trazido dos oceanos pelas correntes. A areia nalgumas zonas mais acima da praia deixava á vista desarmada transparecer que era possivelmente do tipo argilo-arenoso. Havia algum substracto rochoso nesta área, mas no geral trata-se de uma orla extremamente arenosa e "batida" pelo vento e pela acção do mar com a sua maresia.

Objectivos

O objectivo primordial era fazer uma aula prática, quanto mais cedo possível (em horas). Se possível, que fosse realizado, ás 6 horas de manhã. Isso porque, veria-mos e constataría-mos, como no objectivo principal, uma variedade de invertebrados do domínio bêntónico litoral, mais concretamente os fitobêntose zoobêntos,como também, aves marinhas,o que não aconteceria e o que não aconteceu com a realização da pratica ás 8 hora (as causas serão desenvolvidas, no capitulo de analise e discussão). Nesta aula pratica o objectivo principal, seria observar e classificar ecologicamente a distribuição dos organismos bêntónicos, presentes ali na zona intercotidal. Mas razões de varia ordem condicionou que fosse somente uma aula de observação costeira e de zonação ou distribuição espacial dos organismos bêntónicos. Um outro objectivo muito importante era como um todo conhecer pessoalmente esse ecossistema litoral. Não obstante disso, este relatório apresenta algumas classificações dentro do possivel encontrado no local visitado.


METODOLOGIA

Em relação á metodologia usada, admite-se que foi somente uma aula de observação, ao longo das duas praias do norte da baia, separadas por uma zona com pedras soltas, e também ao norte na orla da baia das gatas, até o famoso "trampolim". Tentou-se também, dentro do domínio bêntico, identificar, e classificar as diferentes espécies observadas. Não foi possível fazer uma classificação sistemática pormenorizada das amostras recolhidas e das observações. Foi feito uma classificação ecológica no domínio bêntónico (ver na capitulo dos resultados e descrição). Em relação aos equipamentos e materiais, foi utilizado como instrumento de observação somente uma lupa (para ver os objectos minúsculos, nunca microscópicos), e também logicamente, observações a olho nu. Trazia-mos, bolsas de plásticos para o transporte e colecta de algumas amostras de organismos bênticos.


RESULTADOS E/OU DESCRIÇÃO

Como resultados da observação foram constatados e registados:

A uns metros longe da água, na orla arenosa, presença de uma vegetação predominante da família Zigophilacea, mais concretamente espécies do género Zigophilium sp., colonizado, o longo substracto da areia da praia do norte. Esta população apresenta um padrão de distribuição aleatória. Embora com biomassa relativamente elevada na comunidade, esta população apresenta-se com um índice de abundância especifica. relativamente baixa, como também a frequência de ocorrência nesta zona, que é por si só, vasta.

Na zona de chegada á baia das gatas, presenciou-se na areia, plantas terrestres vasculadas de pequeno porte, assim pluricelulares e castanha. Apresentam uma população extremamente reduzida nesta área.

Na areia foi encontra fragmentos de algas pluricelulares e castanhas. São as classe feofíceas e são do fitobêntos. Têm bolhas de ar no talo e foi colectado um exemplar.

Constatou-se a presença de pequenos moluscos gastrópodes (filo Mollusca, classe Gastropoda). Colonizam o substracto, na zona rochosa da praia do norte. São da macrofauna e do epibêntico e também do macrobêntos. São organismos sedentários. Foram colectados alguns exemplares.

Também sobre o substracto rochoso viu-se a presença de algas verdes (classe: clorofíceas). São do fitobêntos e geralmente não atingem grandes tamanhos. Pode-se admitir que são da macroflora marinha. População reduzida e usam, substrato rochoso na fixação.

Sobre a areia da praia, foi constatado a presença de patas de aves marinhas que são da megafauna, e também vestígios na areia, de que durante á noite vários invertebrados que colonizam a areia estiveram ali a "andar", e naturalmente aproveitar para alimentar. Quando chegamos, estes organismos já tinham submetidos á estratégia de vida endobêntica. Esses invertebrados são da macrofauna litoral.

Apareceu na areia vestígios ou restos de uma esponja marinha, não fixa. Segundo a sua natureza sedentária e bêntónico, se tinha desprendido do seu substracto que geralmente é rochoso. São da macrofauna. Foi colectado um exemplar.

Encontramos na areia buracos (5-10 cm de diâmetro) efectuados por caranguejos decápodes, que durante o dia permanecem alojados, apresentando-se a estratégia endobêntica, em função da desidratação e do parasitismo pelas aves marinhas, e donde que á noite saem dos buracos para alimentarem-se (são epibênticos de noite). São da macrofauna e do macrobêntos. Sendo tarde no tempo, quando chegamos, ao referido local da prática, tivemos que forçar assim a presença de um indivíduo. São organismos móveis ou vageantes. São também organismos escavadores. Encontramos na areia pequenas colónias de hidrozoários, que são do filo celenterado, classe hidrozoa. São organismos do meiobêntos. Foram colectados dois pequenos exemplares.

Encontramos restos mortais de um mamífero marinho (Baleia, um Celáceo), que depois de morto no mar foi "parar " naquela praia, levada pelas correntes dinâmicas da ilha que tendem a convergir para aquela orla marítima de São Vicente. Depositado ali há vários anos (± 3), as camadas de gordura apresentam um estado bastante atrasado de decomposição, encontrando ainda com camadas de gordura revestidas com a pele.


ANÁLISE E DISCUSSÃO

Assumiu-se, desde do inicio, de que se a aula prática fosse realizado mais cedo (6 horas de manhã), a realidade encontrada seria totalmente diferente. Isso de acordo com o que iria-mos encontrar e registar em função dos comportamentos, no que concerne, ás aves marinhas (estariam ali a predar uma variedade de espécies), aos invertebrados do bêntos e os caranguejos decápodes (estariam a maioria na transição das fase epibêntica para a fase diurna de endobênticos). Caso fosse podia-mos identificar uma maior e variada biodiversidade de entre: moluscos, artrópodes variados, aves, etc… Mas contudo tem-se em mente uma zona arenosa com vestígios de conchas, para não dizer de alguns fosseis que indiciam que esta zona de praia seria provavelmente um fundo marinho á milhões de anos atrás. Encontramos depósitos de cloreto de sódio (sal comum), impregnados em algumas pedras encontradas na praia (vestígios fosseis, que apoia a hipótese anterior).

Estratégias, Comportamentos e alguma Biologia das Espécies

Para os organismos viverem e perpetuarem-se num ecossistema especifico, no tempo e no espaço, a evolução encarregou-se ao longo dos tempos de os preparar para enfrentar este meio. Assim apresentam comportamentos e estratégias evolutivas ( Rui, 2000).

1. As folhas carnudas (estratégica) das plantas terrestres da família Zigophilacea, que estão em contacto com a areia salina, têm assim como objectivo, fazerem um balanço hídrico entre a água e a atmosfera salina, húmida e desidratante ali existente, fazendo que assim essas plantas estrategicamente, aguentem por muito tempo neste meio.

2. Os invertebrados bêntónicos que vivem na areia, têm uma fase epibêntica de noite, quando saem para a alimentação sobre o substrato–areia, e iniciam uma fase endobêntica quando a partir ± das 6 horas de manhã. Estratégia essa vai de acordo com alta predação pelas aves e pelos outros da cadeia trófica, durante á luz do dia o que fazem que escondam na areia de dia e saíam para alimentação á noite quando já não há esses agentes predadores. Outro factor á essa estratégia é o facto que esses invertebrados (muitos são do filo Artropoda, com exoesqueleto de quitina) tem um problema do perigo de desidratação durante o dia com sol, o que fazem com que alimentem só durante á noite. São organismos escavadores dos sedimentos e do meiobêntos.

3. Segundo as patas das aves marinhas, na parte arenosa, permite deduzir que muito cedo ou nas primeiras horas do dia, estiveram ali a alimentar de detritos ou partículas plânctónicos, trazidos pelas ondas á praia, e provavelmente a predarem caranguejos e outros artrópodes de dimensões reduzidas.

4. As algas castanhas (feofíceas), que dominam geralmente os litorais rochosos, possuem estruturas no talo com bolhas de ar que ajudam a manter na posição vertical e para flutuarem na coluna de água. Aspectos biológicos.

5. As algas verdes (clorofíceas) que usam o substracto rochoso, estão restritamente ou reduzidamente distribuídos em n.º e em biomassa nesta zona, devido a grande intensidade e acção marinha das ondas, o que os incapacita de fazer grandes desenvolvimentos.

6. Segundo os gastrópodes encontrados nas rochas, a estratégia de serem pequenos vai de acordo com a resistência que é alta e oferecida pelas ondas do mar (zona de alta intensidade marinha, vindo as correntes em direcção á terra). Assim estrategicamente são pequenos oferecendo assim pouca área de atrito e/ou também de resistência ao mar e ás ondas. Biologia.

7. Uma hipótese pela presença ainda de restos de matéria orgânica de baleia morta, será possivelmente a escassez de bactérias naquele solo ou seja de areia. Refinando essa teoria posso afirmar que aquele solo deve conter sim, bactérias no geral. Mas assim não deve conter possivelmente, espécies de bactérias especificas, para a hidrólise e/ou decomposição de lipídios, sendo este a maioria dos restos da matéria orgânica ali existente, entre a areia e o ar.

8. Alguns aspectos da biologia das esponjas, que somente são marinhas. 9. Das varias espécies de caranguejos, os que foram encontrados, têm um estilo de vida especifico, estrategicamente descrito no capitulo dos resultados. Em relação aos buracos construídos no inicio do dia (para a endobêntia), estes buracos possivelmente, serão tapados pela acção do vento e da areia ao longo do decurso do dia, o que faz deduzir que quando saem durante a noite, e quando aproxima a manhã, terão que fazer ou construir novos buracos para introduzirem na areia e protegerem naturalmente. Isto vai de acordo de que, de manhã estes buracos parecem ser recentemente escavados ou ainda "virgens" ao longo do decurso do dia. Como nota: em São Nicolau, vila do Tarrafal (praia d'tedja), sempre os reparei, que durante ± o meio-dia já não existem mais buracos na areia (acção do vento e da areia). Constatei que de manhã há muitos buracos feitos pelos caranguejos escavadores.


CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

As conclusões práticas a serem tiradas desta aula, é que o domínio bêntico como está organizada, apresenta uma variedade de predação em cadeia, isto em função da própria estrutura trófica do ecossistema. Os comportamentos das espécies, enquadra-se bem em função da biocenose e o biótopo assim presentes. A biodiversidade encontrada no local (no espaço e no tempo), não pode ser ou não é considerada alta. Tem-se a ideia que todas as populações daquela comunidade apresentam em geral e em numero, reduzidos (factores do biópoto parece influenciar negativamente). A areia é amplamente colonizado por várias espécies de artrópodes e caranguejos escavadores, que escondendo não são visíveis de dia, mas somente de noite. A zona é de uma alta intensidade oceanográfica, e de actividade marinha. No geral e como regra em biologia, as espécies ali encontrados, apresenta-se naturalmente adaptados ao sistema proposto, ao menos que algum estudo pernenorizado neste campo mostre o contrário (caso do estudo das poliquetas proposto pelo biólogo Aníbal Medina). Uma próxima aula prática deste caris terá que ser feito nas primeiras horas do dia. Negativamente este relatório não contem desenhos nem, figuras das espécies frisadas.


BIBLIOGRAFIA

-CURTIS, Helena. 1977. Biologia, Capitulo de Ecologia. Segunda Edição.

-ODUM, Eugene P.. 1997. Fundamentos de Ecologia, Capitulo de Ecologia Marinha. Quinta Edição.

-Apontamentos do docente, na referida disciplina de Oceanografia Biológica.


Rui Motta Freitas

Hosted by www.Geocities.ws

1