INTRODUÇÃO *

METODOLOGIA PROPOSTA PARA O SISTEMA ESTATÍSTICO *

ALTERAÇÕES RECENTES NO SISTEMA ESTATÍSTICO *

RECOMENDAÇÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS *

BIBLIOGRAFIA *

Estatística, definição e conceitos elementares.

Estatística: Ciência que tem por objecto o agrupamento ou organização de dados de uma forma metódica (bem organizado). Estes dados podem ser de diferentes factos ( Económicos, Populacionais, religiosos, pescas, comercias impostos , Biológicos).

Método de Estatística Descritiva: É aquele que está relacionado com a recolha, organização, manipulação e apresentação de dados (Económicos, Populacionais, religiosos, pescas, comercias impostos , Biológicos).

Método de Inferência estatística: Permite-nos obter conclusões respeito a um determinado estudo através de análise de dados (amostras).

População (P): É um conjunto de peixes, ou outros organismos que se podem considerar com um conjunto unificado.

Amostras (n): É portanto um conjunto de observações da propriedade que se esta a analisar (é um subconjunto de uma determinada população)

Media aritmética: É a média de um conjunto de elementos.

Mediana: Num conjunto de elementos, é aquele elemento que se encontra no meio da distribuição.

Moda: Num conjunto de dados, é aquele que mais se repete.

Apresentação dos resultados: Em estatística os dados são normalmente apresentados em forma de tabelas e gráficos.

A estatística deverá garantir a produção de dados (Captura, esforço/pescas ) de modo a permitir uma exploração programada e controlada dos recurso. Assim a estatística deverá, medir e quantificar a produção da pesca artesanal e industrial a nível nacional.

Através de dados produzidos permite ainda caracterizar a frota, emprego, e outros aspectos ligados directa ou indirectamente a pesca.

Parâmetros importantes a considerar a nível de estatística das pescas:

1. Captura (Peso de espécies pescados, geralmente desembarcados);
2. Esforço (Pesca desenvolvida em dias, horas ou viagem);
3. CPUE (Captura por unidade de esforço);
4. Frota Pesqueira.

Fornecer a DGP dados de Captura, frota, esforço de pesca e actividade da pesca de um modo geral, por forma a permitir um conhecimento da dinâmica da população e estrutura dos principais recursos da pesca em Cabo Verde. Também disponibilizar dados de modo a facilitar a avaliação (biológica e económica da actividade da pescas).

 METODOLOGIA PROPOSTA PARA O SISTEMA ESTATÍSTICO

Para funcionar um sistema estatístico eficiente é necessário a definição de uma metodologia e uma estratégia clara dos objectivos. O sistema estatístico de pesca em Cabo Verde contou com a cooperação internacional e teve o seu inicio em 1981 quando a DGP (Direcção Geral das Pescas) solicita a COPACE (Comité das pescas para o Atlântico Centro-Este), uma consultoria visando a implementação de um sistema estatístico para o sector das pescas. Assim em 1981- 1984 "Shimura" estatístico do projecto COPACE visita a Cabo Verde, com o fim de implantar um sistema estatístico.

Tinha em vista um levantamento anual para apura o efectivo da frota (N.º botes, pescadores, motores redes etc.), para a avaliação das taxas de captura e do esforço de pesca no porto de desembarque. O plano de amostragem consistiu em recolher 6 amostras da captura e do esforço de pesca em cada porto de amostragem de 5 botes por cada engenho por dia, sendo os dias de amostragem escolhidos duma forma aleatória. A partir dos 6 dias de amostra durante um mês, faz-se a estimativa mensal naquele porto, e depois uma estimativa da ilha anual apoiada nos factores de extrapolação. Há assim uma avaliação da captura e do esforço de pesca nos portos de desembarques. Os dados do levantamento geral vão servir para o calculo do factor de extrapolação.

1. Factor de extrapolação diária (por engenho), i.é N.º de botes saídos/N.º de botes amostrados.
2. Factor de extrapolação mensal (por engenho), i.é N.º de Dias úteis /N.º de dias de amostragem.
3. Factor de extrapolação ilha (por engenho), i.é N.º de Botes ilha " levantamento Geral / N.º botes do porto de desembarque (amostra).

O levantamento geral desses dados consistia numa actividade de extrema importância porque ela permite conhecer a estrutura e o numero da frota. Consiste basicamente em:

• Levantamento trimestralmente para listar as embarcações industrial licenciadas, incluindo as principais características.
• Envio de relatórios a DGP, por parte das empresas e armadores de pesca, para posteriormente os mesmos serem tratados e analisados.
• "Shimura recomenda" a realização de um estudo sócio económico de 5 em 5 anos.
• Os resultados compilados eram apresentados em tabelas e gráficos, evidenciado as capturas por/mês/engenho/espécie.
• O esforço é dado em dias de pesca.
• Face a dificuldades e atrasos no retorno dos dados a DGP, optou-se por colocar um inquiridor a tempo inteiro nos portos industriais.

• Pesca artesanal - Através de um plano de amostragem.
• Pesca industrial - Através de uma recolha total dos dados da captura e do esforço de pesca nos principais portos industriais e semi-industrial.

A investigação biológica é uma ciência recente, e tem como principal objectivo estudar e compreender os fenómenos que caracterizam os recursos pesqueiros. Assim, para se poder fazer um correcta gestão das pescas é necessário conhecermos a o potencial, as características biológicas as zonas de pesca as artes de pescas etc. Igualmente é e são necessários estudos sócio económicos para podermos compreender a viabilidade das diferentes pescarias. Podemos definir dois métodos essenciais:

1. Métodos de avaliação directa, com meios necessários (barcos de investigação, sonda meio acústicos) são normalmente de custos elevadíssimo.
2. Métodos de avaliação indirecta, mais simples e mais baratos requerendo como informação básica a captura, esforço de pesca e a estrutura da população, obtida através das amostragens biológicas (Relação comprimento/Peso, sexo, maturação).

 ALTERAÇÕES RECENTES NO SISTEMA ESTATÍSTICO

O sistema foi ajustado as condições especificas do próprio país (discontinuidade e falta de recursos), assim no actual sistema cada ilha é equiparado a um estrato com as respectivas variações no espaço e tempo. A nível de selecção e definição dos portos amostra se deveria seguir o critério inicial de Shimura, no entanto na prática devido as dificuldades de acesso e carência de meios, este factores impediram que este critério fosse cumprido na integra. No entanto há uma preocupação no sentido de melhorara cobertura a esse nível. A nível dos botes amostrados passou-se de 5 para 10 botes amostra por cada engenho (amostragem aleatória). Os sábados, domingos e dias feriados passaram a ser dias amostrados após constatação de que efectivamente há actividade de pesca nestes dias.

O INDP afirmou-se como uma instituição produtor de estatística no sector das pescas, sendo os dados produzidos durante 1981-1998, importantes na definição de políticas e estratégias para os planos de desenvolvimento elaborados pela DGP e pelo Ministério do Mar. Publicou 13 boletins estatísticos das pescas entre 1986-1998. Ouve uma sistematização do todo o processo informático e tratamento de dados (um o novo programa de tratamento e analise de dados em versão Windows), permitindo fazer uma caracterização clara e objectiva da frota de pesca em Cabo Verde, quer a nível dos recursos que a nível dos meios de produção, eliminando assim, todo o atraso que se sentia na publicação dos referidos dados e boletins.

Feitas pela Divisão de Estatística do INDP, vão de acordo que por um lado a extrapolação deve ser em função da dinâmica observada dos diferentes engenhos de pesca e não em função de N.º de botes, um vez que estes podem partilhar mais do que um engenho, e quando sucede assim esse esforço não é quantificado. Assim a proposta vai de acordo de que os botes estão realmente discriminados por engenhos. Entende-se então que o porto amostra representativo para a ilha, é a dinâmica que este porto proporciona e que deve ser extrapolado a ilha (nas mesmas proporções). No geral tende a ser muito mais simples, clara e objectiva em relação á natureza extrapolante desses dados de pesca.

Para uma estatística eficiente ou seja uma boa amostragem são necessários, coordenação e supervisão por parte dos biólogos, i.é visitas ás comunidades piscatórias (mobilidade por parte dos responsáveis), uma boa formação, motivação e mobilidade no terreno dos inquiridores. Boa comunicação e dialogo com os pescadores. A nível do INDP, uma maior participação em ateliers, nacionais e internacionais, visando a problemática das estatísticas de pesca. As condições de recolha de dados, devem ser melhorados através de maior rigor, maior presença e observância no terreno, em função das qualidades dos dados recolhidos. Aumentar a representatibidade dos dados, aumentando para maior que 10, os dias mensais de amostragem (se possível todos os dias do mês). Uma maior formação de biólogos e pessoal de terreno (inquiridores), e se possível um biólogo por ilha. Incrementar que em futuras missões se deva priorizar estudos que visam minimizar os efeitos dos desvios estatísticos através da introdução de estimadores da variância e intervalo de confiança do plano de amostragem. Neste caso a presença dum biólogo no local é importante. Estratificação, ponderação, classificação e definição definitiva entre as frotas artesanal, industrial e semi-industrial de modo a evitar dificuldades na interpretação dos dados. No entanto, os predefinidos para a pesca artesanal, não se chegou a ser respeitado na integra por razões que se prendem com as características geográficas e financeiras do país (dispersão das ilhas e falta de recursos financeiros). Assim, os portos de amostragem seleccionados foram aqueles que foram considerados de representativos e que permitiam melhores condições de acesso. O sistema actual confronta com alguns constrangimentos operacionais e logísticos, como: a dispersão das ilhas e das comunidades piscatórias dentro da própria ilha, a supervisão e fiscalização que não é totalmente assegurada, a aleatoriedade da actividade da pescas e a valorização e estímulos aos inquiridores. No que concerne ao sistema estatístico actual, pode-se concluir que é globalmente satisfatório, e tem vindo a ser melhorado de acordo com as condições do Pais. Mas pode-se admitir que é um melhores a nível da África Ocidental. Não obstante o sistema estatístico actual ter vindo a sofrer melhorias significativas, ainda persistem algumas insuficiências que fazem com que o conjunto das estimativas feitas até a presente careçam de melhor precisão e conhecimento dos desvios naturalmente existente. Resumindo, a actividade estatística permite-nos compreender o comportamento da actividade da pescas através duma avaliação da captura e do esforço de pesca (dias de pesca ou numero de viagens...)ao longo de um determinado período de tempo.¨

• INDP, 1994. 1º Encontro Nacional de Pesca Responsável. Mindelo, 5-7 de Junho.
• INDP, Investigação e Gestão Haliêuticas em Cabo Verde. Actas da Reunião Realizada em Mindelo, 10-11 de Dezembro de 1996.
• INDP, 1998. Boletim Estatístico N.º 7. Divisão de Estatística.
• MONTEIRO, Carlos A., 1999. Sistema Estatístico das Pescas em Cabo Verde. Sua Evolução e Proposta de Melhorias no Método de Extrapolação. INDP.
• Entrevista ao Biólogo Carlos Monteiro, responsável pela Divisão de estatística do INDP.