ESTUDO DOS PRINCIPAIS RECURSOS HALIÊUTICOS EM CABO VERDE

Apontamentos da cadeira de Recursos Haliêuticos pelo, Mestre Biólogo do INDP, Sr. Aníbal Medina

  1. Tunídeos

Os tunídeos constituem um grupo de espécies altamente migradoras pertencentes à família Scombridae que coloniza todos os oceanos do planeta o que demostra possuírem uma grande capacidade adaptativa . De entre as várias espécies identificados no mundo, em Cabo Verde estão representadas algumas que passarão a ser motivo de estudo mais detalhado nesta disciplina de Recursos Halieuticos.

Algumas espécies afins pertencentes a esta mesma família (serra ou ilhéu – Achanthocybium solandri) ou às famílias Isthyophoridae (Makaira sp.) e Xiphidae (Xiphias gladius) serão também objecto de estudo.

Por limitação de tempo, pretende-se apresentar os aspectos mais salientes dos estudos efectuados sobre cada espécie, deixando ao interesse e curiosidade do aluno a consulta da bibliografia especializada (que será sempre recomendada) para aprofundar os aspectos de detalhe. Por exemplo, em termos morfológicos apresenta-se quase que exclusivamente os aspectos que permitem distinguir uma espécie da outra.

 

Thunnus albacares (albacora, atum de barbatana amarela, atum-de-galha-à-ré, yellowfin tuna, rabil, albacore, robo-seco, chefarote, etc)

 

  1. Morfologia.

Corpo robusto e fusiforme, podendo atingir comprimentos de 280 cm e peso de 200 kg. A 2ª barbatana dorsal e a barbatana anal muito desenvolvidas especialmente em exemplares grandes. Possuem dois apêndices entre as barbatanas ventrais. Os indivíduos possuem uma coloração azul-escura com reflexos metálicos, tornando-se amarelo-dourada nos flancos e prateada no ventre. As barbatanas dorsais e anal são amarelas. As pínulas dorsais e anais também são amarelas com bordo negro (figura 1)

  1. Ecologia.
  2. Alimentação. É uma espécie que ocupa uma elevada posição na cadeia alimentar, alimentando-se essencialmente de zooplancton e necton com destaque para juvenis de cefalópodes (lulas e chocos), larvas de crustáceos e muito de juvenis e adultos de peixes pequenos. A composição da dieta é variada dependendo do habitat em que se encontra. Os principais predadores desta espécie são os tubarões e as raias.

    Habitat. É uma espécie pelágica oceânica que se encontra na coluna de água acima e abaixo da termoclina, raras vezes ultrapassando profundidades superiores a 100 metros devido a sua grande sensibilidade a baixas concentrações de oxigénio (2ml/l). Tolera uma gama muito variada de temperaturas desde os 18 aos 31º C. Vive em cardumes monoespecíficos ou multiespecíficos que se distribuem à superfície, inicialmente constituído por indivíduos pequenos que se misturam com indivíduos do mesmo tamanho independentemente da espécie – gaiado (Katsuwonus pelamis) e juvenis de patudo (Thunnus obesus) enquanto que os indivíduos maiores tendem a agrupar-se muitas vezes com mamíferos marinhos (focas, golfinhos etc.) podendo-se distribuir também em maiores profundidades.

    Migração e distribuição geográfica. Trata-se de uma espécie cosmopolita tropical à subtropical, altamente migratória que se encontra largamente distribuída em todos os oceanos, com excepção do mar mediterrâneo, entre os paralelos 45º N e 45 º S. Existindo na coluna de água entre a superfície e os 100 metros, efectua tanto migrações verticais como horizontais, sendo as primeiras relativamente pouco expressivas. As migrações mais significativas são as horizontais, normalmente ligadas à nutrição e à reprodução, seguindo padrões temperatura bem delimitados. Estas migrações podem ser latitudinais ou longitudinais, neste caso entre a parte ocidental (a partir dos 60 - 80 cm) e a parte oriental do oceano atlântico, regressando depois ao local de desova. Tal padrão de migração sugere a existência de um único stock em todo o atlântico. As capturas no Atlântico Norte são mais significativas na primavera e no verão para temperaturas superiores a 24º C enquanto que no Atlântico Sul são durante o inverno e o Outono para temperaturas inferiores a 24 º C. Trata-se de uma espécie com um comportamento gregário à volta de objectos flutuantes, comportamento esse que é explorado pelo homem na pesca desta espécie à volta de DCP.

  3. Reprodução e crescimento.

São espécies dióicas, não protectoras das crias, com a desova a registar o seu pico máximo normalmente entre Janeiro e Abril, no golfo da Guiné. A fecundação é externa, os ovos são dispersos em substratos aberto, tendo um periodo médio de desenvolvimento de dois dias. O desenvolvimento larvar dura em média de 25 dias e os individuos atingir a fase pré-adulta com idade de 1,5 a 2 anos para tamanhos de 60 à 80 cm. A partir desta idade, aodeixarem a zona de nascimento, migram para o oeste e é quando a taxa de crescimento aumenta. Regressam depois ao golfo da guiné quando atingem a maturidade sexual por volta dos 110 cm e uma idade aproximada de 3 a 4 anos, para desova.

 

Thunnus obesus – Cala, Patudo, Atum-de-olho-grande, Bigeye

 

  1. Morfologia
  2. Corpo muito robusto e fusiforme de secção oval com olhos relativamente grandes. Coloração dorsal azul-ecura com reflexos metálicos. Parte inferior dos flancos e ventre branco. As barbatanas peitorais nos juvenis são muito compridas, confundindo-se com os juvenis de Thunnus alalunga. A primeira dorsal é normalmente amarelo-escuro enquanto que a segunda dorsal e a anal são de cor amarelo-claro. Podem atingir até cerca de 250 cm de comprimento

  3. Ecologia.
  4. Alimentação. Alimentam-se de uma grande variedade de Necton e Zooplacton particularmente pequenos peixes, cefalópodes (lulas e chocos), junevis e larvas de crustáceos durante o dia e durante a noite. A composição da dieta é variada dependendo do habitat em que se encontra. Os principais inimigos ou predadores, à excepção do homem são os mamíferos marinhos (orca e golfinhos) e peixes da família dos istiophoridae

    Habitat. Ocorre em áreas de temperatura entre 13 e 29 º C com um intervalo óptimo entre 17 e 22 º C. As variações da sua disponibilidade estão estreitamente relacionadas com a variações climáticas referentes a temperatura de superfície e a termoclina. Os juvenis agrupam-se em cardumes monoespecíficos ou muitas vezes com gaiado e juvenis de albacora associados a objectos flutuantes. As espécies maiores formam cardumes com espécies de tubarões e baleias. Essa associação parece diminuir com o crescimento dos individuos.

    Migração e distribuição geográfica. Distribui-se em quase todos os oceanos (com excepção do mar mediterâneo). No atlântico ocorre entre os paralelos 50 º N e 45º S. É a espécie de tunídeos que quando adulto efectua migrações verticais mais amplas podendo ir até profundidades superiores a 450 m. São normalmente migrações que tende a regular a temperatuta do corpo. São portanto espécies menos sensíveis a concentração de oxigénio na água. Também efectua migrações longitudinais entre os dois lados do Oceano atlântico sugerindo a existencia de um único stock em todo o Atlântico.

  5. Reprodução e crescimento

São espécies dióicas com fecundação externa, não protetora das crias. A desova ocorre normalmente em substrato aberto, em águas entre 10º N e 10º S ao longo do ano mas com maior incidência entre Abril e Setembro no hemisfério norte. No Oceano pacífico a desova pode também ocorrer entre Janeiro e Março no hemisfério Sul. É um animal de crescimento rápido podendo atingir cerca de 100 cm aos 4 anos quando atinge a maturidade. Os ovos eclodem-se em média num periodo de um dia à temperaturas de aproximadamente 29º C.

 

Thunnus alalunga – albacora, atum-voador, voador, atum-de-galha-comprida, asinha, atum-branco

 

  1. Morfologia
  2. Corpo robusto e alto até ao nível da 2ª barbatana dorsal. Barbatanas peitorais muito compridas atingindo e ultrapassando muitas vezes o nível da 2ª espínula dorsal. Os raios anteriores da 1ª dorsal são muito maiores do que as posteriores conferindo a barbatana um bordo côncavo muito característico. Coloração dorsal azul-escura com a parte inferior e os flancos esbranquiçados. Tal como no patudo a primeira dorsal é amarelo-escuro e a 2ª e a anal amarelo-claro. O bordo posterior da barbatana caudal é branco. Confunde-se facilmente com juvenis de patudo por causa das barbatanas peitorais que também são compridas. Nos casos em que a distinção se torna difícil pela morfologia, ela é feita através do fígado – no T. alalunga a superfície ventral do fígado é estriado e o lobo central é maior do que os outros dois lobos

  3. Ecologia.
  4. Alimentação. Alimentam-se de uma grande variedade de Necton e Zooplacton particularmente pequenos peixes, cefalópodes (lulas e chocos), juvenis e larvas de crustáceos durante o dia e durante a noite. Estudos do conteúdo estomacal revelaram que a composição da dieta é variada dependendo do habitat em que se encontra. No entanto os peixes acabam por representar quase sempre a maior parte. Os principais inimigos ou predadores, à excepção do homem são os mamíferos marinhos (cetáceos - golfinhos) tubarões, raias e peixes da família dos istiophoridae, uns exercendo predação preferencialmente sobre os juvenis e outros sobre juvenis e adultos

    Habitat. É uma espécie oceânica epipelágica e mesopelágica que abunda entre os paralelos 40ºN e 40º S. Preferem águas superficiais à temperaturas normalmente de 15 à 20º C. Grandes exemplares foram também capturados entre temperaturas de 13 e 25º C. Pelo facto de também serem uma espécie que efectua grandes migrações verticais, é descrita como podendo tolerar temperaturas baixas perto de 9ºC. É uma espécie que tende a concentrar-se ao longo de descontinuidades térmicas. Forma cardumes mistos com gaiado albacora e patudo associados a objectos flutuantes. Até a idade de maturidade sexual os individuos encontram-se essencialmente à superficie. Depois os individuos maiores preferem uma distribuição mais profunda associados com massas de água fria e zonas de transição devido a sua riqueza em organismos que servem como presas. São espécies que toleram baixas concentrações de oxigénio (2 ml/l).

    Migração e distribuição geográfica. É uma espécie cosmopolita altamente migratória que se encontra em águas tropicais e temperadas de todos os oceanos incluindo o mar mediterrâneo. O alalunga efectua migrações em que prefere acompanhar as massas de água em vez de atravessar os seus limites de temperatura e oxigénio. Pelo facto de não existirem migrações entre os dois hemisférios, admite-se a existência de cinco stocks, sendo dois em cada um dos oceanos Atlantico e Pacífico separados à cerca de 5º Norte (stock Norte e stock Sul) e um no mediterâneo. Nos stocks do Atlântico verifica-se contudo migrações longitudinais que levam as espécies a reprodução nos dois lados do oceano.

  5. Reprodução.

São espécies dióicas com fecundação externa, não protectora das crias. Atingem a maturidade sexual aos 90 cm correspondente a uma idade de 5 anos. Há registos de uma maturidade sexual para tamanhos menores no mediterâneo. Desovam nas zonas subtropicais nos dois lados do Oceano Atlântico durante a primavera e o verão lançando os ovos em substrato aberto. No Oceano Pacífico desovam entre Janeiro e Junho entre Havai e Japão. A proporção entre machos e fêmeas é de 1:1 nos imaturos mas nos animais matures há predominancia dos mabhos. Por se tratar de informações obtidas através das capturas, tal diferênça poderá ser devida a existencia de uma maior taxa de mortalidade sobre os machos que crescem mais rápido do que as fêmeas após a maturidade sexual.

A proporção entre manhos e fêmeas é de 1:1 nos individuos imaturos passando depois a uma relação favorável aos machos nos individuos maturos. Tal facto dever-se-á provavelmente a uma maior mortalidade por pesca dos machos que aparentemenet crescem mais rápidos após a maturidade sexual.

 

 

Thunnus Thynnus – atum-azul, atum-rabilho, rabão, rabil, atum-de-revés, atum-de-direito, bluefin,

 

  1. Morfologia.
  2. Corpo robusto, fusiforme e de secção arredondada. Nos exemplares grandes, o corpo é alto até aproximadamente o nível médio da primeira dorsal. A segunda barbatana dorsal é maior do que a primeira. As barbatanas peitorais são muito pequenas. A coloração dorsal é azul-escura ou negra e a parte inferior dos flancos e o ventre são branco-prateado. A primeira dorsal é amarelo-azulado e a segunda é vermelho-acastanhado. A barbatana anal e as pínulas são amarelas com os bordos negros. São espécies que podem ultrapassar tamanhos de 330 cm e pesar mais de 680 kg vivendo até cerca de 20 anos ou mais.

  3. Ecologia.
  4. Alimentação. Alimentam-se de uma grande variedades de organismos pertencentes ao grupo de zoobentos, zooplancton, necton etc.de pequenos cardumes de peixes (anchovas, arenque, bacalhau etc.) ou de calmar e camarão vermelho. As variações da dieta alimentar são atribuídas primariamente às diferenças de comportamento alimentar – a mobilização de energias poderá ser necessária para uma perseguição activa dos cardumes que lhe servem de presa enquanto que tal não será tão necessário para se alimentar de organismos menos activos como o caranguejo vermelho e outros crustáceos. Estas espécies, quer na fase juvenil quer na fase adulta, tem como principais inimigos os tubarões e as raias, bem como mamíferos marinhos (orcas e golfinhos), peixes da família Istiophoridae e aves da família Laridae (Anous stolidus e Sterna fuscata) principalmente na fase juvenil.

    Habitat. São espécies que pelo seu padrão migratório toleram uma grande gama de temperaturas. Agrupam-se em cardumes de acordo com o tamanho, algumas vezes juntamente com o T. alalunga, T. albacares, T. obesus e K. pelamis. São espécies oceânicas mas ocasionalmente aproximam-se da costa. A sua captura foi já registada entre os paralelos 40 º Sul e 70 º Norte. É utilizado comercialmente em aquacultura no Japão.

    Migração e distribuição geográfica. São espécies altamente migradoras que se distribuem em todo o Oceano Atlântico em princípio baseado em dois stock diferentes, segundo a ICCAT, separados longitudinalmente: Na parte ocidental, encontra-se desde o Canadá ao golfo do México e desde o mar das caraíbas até Venezuela e Brazil. Na parte oriental, distribui-se desde a Noroega e o sul da Islândia até as canárias (e eventualmente Cabo Verde) incluindo o Mar mediterâneo e a parte Sul do Mar Negro. O presuposto dos dois stocks refere-se essencialmente na diferença de tamanho das duas populações, não obstante existir um certo grau de mistura entre os dois stock devido a um padrão migratório muito complexo. Este assunto é ainda hoje motivo de investigação por parte daquela organização. Existe uma sub-população na região da Africa do Sul.

    No nordeste do pacífico migram em direcção a California dos Estados Unidos de junho à Setembro. A partir da costa do pacífico no Japão, migram na direcção norte no verão e na direcção sul no inverno. Os grandes exemplares podem entrar no mar do japão a partir do sul no início do verão para depois se deslocarem em direcção ao norte.

  5. Reprodução.

São espécies dióicas com fecundação externa, não protectora das crias. A frequência de desova é muito irregular. Em cada época de desova, fêmeas com peso entre 270 e 300 kg podem libertar até cerca de 10 milhões de ovos. O estágio larvar é planctónico e demora em média 28 dias. Normalmente registam-se algumas diferênças entre a população oeste e a população este no Oceano Atlântico: Existem obervações que mostram que os individuos da parte oeste crescem mais do que os da parte este e atingem a maturidade sexual também mais tarde (8 anos em comparação com 4 ou 5 anos). Do lado Oeste desova no golfo do méxico e no estreito da Flórida entre Abril e Junho. No stock Este desovam entre Maio e finais de Junho principalmente no Mar Mediterâneo em águas superficiais à temperatura de 24º C.

 

Katsuwonus pelamis – gaido, bonito, bonito-se-barriga-listada, cachoreta, judeu, canela, melancia, skipjack etc.

 

  1. Morfologia.
  2. Corpo robusto e fusiforme. Opérculo grande apresentando o bordo posterior quase direito e o pré-opérculo arredondado. As barbatanas peitorais são muito curtas e o pedúnculo caudal é muito estreito. Possui uma coloração azul-escura no dorso com a parte inferior dos flancos e o ventre branco com 4 a 6 listas longitudinais escuras ou então série de malhas escuras descontínuas. Pode cerscer até tamanhos ligeiramente superiores a 100 cm e pesar até cerca de 35 kg. No entanto os tamanhos maiores mais comuns rondam os 80 cm.

     

  3. Ecologia.
  4.  

     

    Alimentação. Alimenta-se de zoobentos, zooplancton e necton ocupando uma elevada posição na cadeia alimentar não obstante o seu tamanho. É uma espécie oportunistica em termos alimentares com uma actividade mais intensa de madrugada e ao anoitecer. Estudos do conteúdo estomacal revelaram que a composição da dieta é variada dependendo do habitat em que se encontra. A sua dieta é composta essencialmente de peixes, crustáceos e moluscos (cefalópodes). No entanto os peixes acabam por representar quase sempre a maior parte da dieta. Os principais predadores além do homem são peixes, essencialmente tubarões e raias além da albacora (T. albacares), do black marlin e Blue marlin (Makaira indica e M. nigricans) e do Peixe-vela ou Veleiro (Istiophorus albicans). As aves da família Laridae (Sterna fuscata e Anous stolidus) também constituem predadore importantes indiscriminadamente sobre juvenis ou adultos conforme o predador.

    Habitat Migração e distribuição geográfica. A distribuição desta espécie está associada com frentes térmicas que são zonas caracterizadas essencialmente pela convergencia de massas de água à temperaturas diferentes e ainda zonas de upweling. Efectivamente nessas zonas desenvolvem-se condições tróficas muito atractivas para esta espécies. É uma espécie oceânica tropical, cosmopolita, essencialmente pelágica, com preferência para águas quentes. Distribui-se entre os paralelos 58º Norte e 47º Sul em águas entre 14 e 30º C. Tende a agrupar-se em cardumes superficiais juntamente com aves, objectos flutuantes, tubarões e baleias, e outros tunídeos, podendo no entanto descer até profundidades de 250 a 260 metros. Pode ser capturado com redes de cerco à superfície ou na coluna de água, armadilhas, palangres etc.

     

  5. Reprodução

A eclosão dos ovos dá-se em média durante um dia à temperaturas de aproximadamente 27 º C e o desenvolvimento larvar durante 20 dias. A presênça de maiores concentrações de larvas tem sido registada no periodo entre Maio e Agosto. Desovam em grupos durante todo o ano em águas tropicais e subtropicais. Tem uma longevidade que pode ultrapassar 8 a 12 anos A fecundidade é muito variável, aumentando no entanto com a idade (por época produzem entre 80 000 a 2 000 000 de ovos). A desova é muito variável ao longo do ano tendo-se já registado actividade reprodutiva durante todo o ano. Os individuos tornam-se maturos à partir dos 40 a 45 cm.

 

  1. Pequenos tunídeos

Auxis tazard (Judeu, Merma, Cachorinha, Cachoreta etc.)

  1. Morfologia
  2. Corpo robusto e fusiforme como todos os tunídeos. Cabeça cónica com boca relativamente pequena. A primeira barbatana dorsal apresenta a forma tipicamente fusiforme separada da segunda dorsal por uma distância maior do que a sua própria base. Esta possui normalmente um espinho. As barbatanas peitorais são falciformes e pequenas. Os individuos apresentam uma coloração dorsal cinzento-azulada ou azul-escuro com manchas e bandas irregulares azul-escuras que podem desaparecer nos adultos. Podem apresentar cerca de 15 ou mais estrias onduladas na parte posterior do corpo logo imediatamente abaixo da linha lateral. O ventre é prateado e as barbatanas peitorais são negras na parte anterior.

  3. Ecologia
  4. Alimentação. Alimentam-se de pequenos peixes (cavalas e anchovas, gaiago e juvenis da própria espécie - canibal), cefalópodes (lulas e chocos) e larvas de crustáceos. Servem de presa a um grande número de espécies com importância comercial nas pescas, daí a sua importância no equilíbrio da cadeia trófica. De entre os principais predadores destacamos: Tunídeos (Albacora, Patudo, Gaiado, Atum vermeho, Merma - Euthynnus alletteratus), Istiophoridae (Makaira sp. - Blue marlin, Black marlin; Istiophorus platypterus; Tetrapturus albidus – White marlin e T. audax), Tubarões e Raias, mamíferos marinhos (Golfinhos), Lobo (Coryphaena hippurus), Bicuda (Sphyraena guachancho) etc.

    Habitat, migração e distribuição geográfica. É uma espécie tropical epipelágica, altamente migratória que se encontra entre os paralelos 61º Norte e 47º Sul distribuindo-se em todos os oceanos. É a espécie de tunídeos das mais largamente distribuidas que prefere águas quentes, suportando gamas de teperaturas que vão desde 21 à 31º C, embora o intervalo óptimo esteja em torno de 27 e 28º C. Tem um comportamento gregário bastante forte. São espécies que não possuem bexiga natatória.

     

     

  5. Reprodução

As larvas desenvolvem-se num periodo médio de 10 dias á temperaturas aproximadas de 25º C. A actividade reprodutiva foi já registada ao longo de todo o ano com vários picos muito variados no espaço e no tempo relacionado com a temperatura e outras condições ambientais. Os individuos tornam-se maturos a partir do 30 a 35 cm.

 

 

Euthynnus alletteratus (Judeu, Merma, Cachorinha, Cachoreta etc.)

  1. Morfologia
  2. Corpo robusto e fusiforme com pedunculo caudal muito estreito. A primeira barbatana dorsal é mais alta do que a segunda e apresenta os espinhos anteriores muito mais desenvolvidos do que os posteriores. A coloração dorsal é azul-escura com manchas escuras acima da linha lateral na parte posterior do corpo depois da linha média da primeira dorsal. Os flancos e o ventre são prateados possuindo várias manchas pequenas entre a ventral e as peitorais.

     

  3. Ecologia
  4. Alimentação. São individuos que apresentam um comportamento oportunistico em termos alimentares, alimentando-se de tudo o que se lhes aparece disponível. Alimentam-se de juvenis de peixes, esponjas e tunicatos, cefalópodes (lulas e chocos), crustáceos bentónicos etc. De entre os seus principais predadores detacamos: Aves marinhas (Laridae - Anous stolidus e Sterna fuscata), Isthyophorus albicans - Veleiro, Tubarões, Espadarte (Xiphias gladius), Lobo (Coryphaena hippurus), Albacora, etc.

    Habitat, migração e distribuição geográfica É uma espécie altamente migratória que se distribui em águas tropicais e sub-tropicais, entre os paralelos 30º Sul e 56º Norte, em todos os oceanos, incluindo o Mar Mediterâneo, o Mar Negro, o mar das Caraíbas e Golfo do México. A presênça de aves marinhas pode ser indicadora de grandes cardumes. Assim como o A. Thazard, não possuem bexiga natatória.

     

  5. Reprodução

O desenvolvimento larvar decorre durante um periodo aproximado de 25 dias à uma temperatura média de 26º C. A desova dá-se em grupo quando as águas estão quentes normalmente de Maio a Agosto no Mediterâneo e de Abril a Novembro no Oceano Atlântico. Os individuos tornam-se maturos normalmente a apartir dos 35 a 45 cm.

 

 

 

  1. Espécies afins aos tunídeos

 

Acanthocybium solandri – Serra, Ilhéu, Wahoo,

  1. Morfologia.
  2. Corpo fusiforme nuito alongado apresentando um focinho também muito comprido atingindo cerca de metade do tamanho da cabeça. A extremidade posterios do maxilar coincide com a extremidade anterior do olho. A boca é grande e possui dentes grandes, triângulares, comprimidos e serrilhados. A coloração dorsal é azul-escura-esverdeada, os flancos e ventre são prateados. Os individuos apresentam entre 24 e 30 faixas escuras em ambos os flancos, atravessando a linha lateral. Os individuos chegam a atingir tamanhos superiores a 210 cm.

  3. Ecologia
  4. Alimentação. Alimentam-se de peixes pelágicos (scombrideos, peixes-voadores, arrenques, cavalas e outros carangídeos, etc.) e cefalópodes. Os grandes predadores desta espécie são os tubarões e os mamíferos marinhos.

    Habitat. É uma espécie oceânica, epipelágica e frequentemente solitária. Somente raras vezes são observados pequenos cardumes. Abunda em águas tropicais e sub-tropicais de todos os oceanos: Indico, Atlântico, Pacífico, Mar Mediterâneo e Mar das Caraíbas.

  5. Reprodução

São espécies dióicas de fecundação externa como na maioria dos teleósteos. São espécies dotadas de uma fertilidade relativamente elevada, não protectota das crias. As fêmeas maturas ldesovam em substrato aberto, libertando em cada época de desova cerca de 6 milhões de ovos. Existem evidencias de que a actividade reprodutiva estende-se ao longo de todo o ano pois muito frequentemente são capturados ao mesmo tempo individuos em diferentes estágios de maturação.

 

Istiophorus albicans – veleiro do Atlântico, peixe-vela, veleiro

 

  1. Morfologia
  2. Corpo alongado com o maxilar superior muito comprido prolongando-se em forma de bico de secção circular. A primeira dorsal é muito grande e apresenta a forma de vela estendendo-se ao longo de quase toda a parte dorsal do individuo com cerca de 42 a 47 raios. A segunda dorsal é relativamente pequena, apresentando apenas 6 a 7 raios. Os individuoas apresentam duas barbatanas anais. As barbatanas peitorais são flexíveis e as ventrais são muito compridas com uma membrana muito desenvolvida. A coloração dorsal é azul-escura. Os flancos e o ventre são prateados são prateados apresentando cerca de vinte faixas transversais azuis. A primeira dorsal apresenta numerosas pontuações negras. Os individuos chegama atingir cerca de 350 cm de comprimento.

  3. Ecologia
  4. Alimentação. É, como todos os istioforídeos, uma espécie carnívora que se alimenta-se essencialmente de espécies pelágicas essencialmente de peixes e muito frequentemente de espécies demersais tais como gastrópodes e cefalópodes. Tem como principais predadores as aves marinhas da família Laridae (Anous stolidus e Sterna fuscata), os mamíferos marinhos (orca), os tubarões e as raias, espécies da própria família e grandes tunídeos e espécies de Coryphaenidae.

    Habitat, migração e distribuição geográfica. É uma espécie pelágica subtropical que se distribui em águas tropicais e temperadas entre os paralelos 40º Sul e 40º Norte no Atlantico Oeste e entre 30º Sul e 50º Norte. São espécies altamente migradoras que tolera uma gama de temperaturas entre 20 e 28º C aproximadamente pelo que preferem as águas superficiais quentes, podendo no entanto descer até profundidades consideráveis, normalmente á procura de alimento. Embora sejam espécies oceânicas podem muitas vezes aproximarem-se da costa. São espécies solitárias que podem ocasionalmente formar pequenos cardumes não muito compactos. Os individuos juvenis migram muitas vezes para o Mar Mediterâneo

  5. Reprodução

São espécies dióicas com fecundação externa, não protectora das crias. A actividade reprodutiva é muito variável, estendendo-se ao longo de todo o ano embora com maior intensidade entre fevereiro e Abril..

 

 

Makaira indica – espadim-negro, marlin-negro, bkack-marlin

  1. Morfologia.
  2. O corpo é robusto e comprido, apresentando o maxilar superior prolongado em forma de espada. O perfil da cabeça é alto com um declive muito acentuado. A primeira dorsal é comprida, sendo mais alta na parte anterior do que na parte posterior, preenchendo quase tota a parte dorsal do individuo (38 a 42 raios) pois a segunda dorsal é relativamente pequena (6 a7 raios). As barbatanas ventrais são finas e curtas. As peitorais são rígidas. A coloração dorsal é azul-escura e os flancos são cinzento-prateados. Os individuos podem atingir tamanhos de 450 cm e pesos superiores a 700 kg.

  3. Ecologia
  4. Alimentação. É uma espécie carnívora alimentando-se de peixes, essencialmente de pequenos atuns, cefalópodes (lulas, chocos e polvo) e crustáceos. Os principais predadores são as aves marinhas, os mamíferos marinhos (orca), espécies da própria família, tubarões e raias, tunídeos, Coriphaenidae, etc. sobre juvenis e adultos.

    Habitat, migração e distribuição geográfica. É uma espécie pelágica tropical/ subtropical, oceanica que no entanto se aproxima muitas vezes da costa. Tolera temperaturas entre 15 e 30º C distribuindo-se entre os paralelos 45º Sul e 40º Norte em águas tropicais e subtropicais. Pode ocasionalmente penetrar águas temperadas. É típico dos Oceanos Indico e Pacífico, migrando em direcção ao Atlântico no Oceano Atlântico atrvés do Cabo da Boa Esperança. Tal como se disse anteriormente efectua migrações transatlânticas mas também pode efectual migrações verticais consideráveis, atingindo profundidade de até 1000 metros.

  5. Reprodução

São espécies dióicas com fecundação externa, não protectora das crias. Na época da desova preferem águas de temperatura aproximada de 27 – 28º C, pelo que a actividade reprodutiva é muito variável no espaço e no tempo, sendo no entanto mais intensa entre Maio e Dezembro. São espécies que possuem uma fertilidade das mais elevadas entre os grandes pelágicos podendo cada fêmea produzir cerca de 40 milhões de ovos por época. As evidências mostram que as áreas de reprodução se situam nos Oceanos Indico e Pacífico, sendo pouco provável a existência de reprodução no Atlântico.

Makaira nigricans – blue-marlin, espadim-azul

 

  1. Morfologia
  2. Apresentam o corpo robusto, ligeiramente comprimido e de secção transversal oval. O maxilar superior é prolongado em forma de bico com secção triangular contrariamente ao veleiro que o apresenta com secção circular. O perfil da cabeça é alto e muito brusco, menos pronunciado que no espadim negro. Contrariamente ao espadim-negro as barbatanas peitorais são flexíveis. A linha lateral é constituida por uma série de linhas reticuladas dispostas atrás das peitorais. A coloração é azul-escura no dorso e cinzento-prateado nos flancos com cerca de 10 a 15 faixas transversais em tons de azul-cobalto. Pode atingir tamanhos ligeiramente superiores a 400 cm de comprimento.

     

  3. Ecologia
  4. Alimentação. Alimentam-se essencialmente de peixes (tunídeos, pequenos pelágicos, lobo etc) e cefalópodes, neste último caso com preferência para polvos lulas e chocos. Alimenta-se principalmente à superfície mas pode esporadicamente alimentar-se de espécies de profundidade. Sofrem predação principalmente de aves marinhas, tubarões, espécies da mesma família e tunídeos.

    Habitat. É uma espécie oceânica tropical/ subtropical cuja distribuição é muitas vezes afectada pela transparência ou turbides da água, preferindo águas claras. São espécies essencialmente solitárias que raras vezes se agrupam em pequenos cardumes. Preferem temperaturas entre 20 e 30 ou 31º C, distribuindo-se essencialmente entre os paralelos 40º Sul e 45º Norte.

    Migração e distribuição geográfica. São espécies altamete migradoras que distribuem pelos oceanos Atlântico, Indico e Pacífico. Pensa-se que existe apenas um stock ao nível do Atlântico. No entanto há investigadores que pelas diferenças na linha lateral entre muitos dos individuos distinguem uma segunda espécie muito similar, M. mazara. Esta seria a espécie com maior distribuição nos oceanos Indico e Pacífico.

  5. Reprodução

Assim como os demais individuos da mesma família são espécies dióicas de fecundação externa, não protectora das crias. A actividade reprodutiva é muito variável no espaço e no tempo, sendo no entanto mais intensa quando as águas aingem temperaturas entre 25 e 27º C. São espécies que possuem uma fertilidade bastante elevada como no caso da M. Indica que apresenta ovos esféricos e muito transparentes. A mortalidade dessas espécies é muito intensa na fase larvar não só por servirem de alimentação a outros animais mas também devido a grande sensibilidade em relação às condições do ambiente.

 

 

Outras espécies de istiophoridae com ocorrência provável em Cabo Verde.

Tetrapturus albidus – espadim-branco, White-marlin

 

Principal espécie da família Xiphidae em Cabo Verde

Xiphias gladius – espadarte, peixe-agulha, espadão

 

PEQUENOS PELÁGICOS COSTEIROS

Selar crumenophthalmus (chicharro, olho-largo, …)

  1. Morfologia
  2. O corpo é fusiforme, alongado e ligeiramente comprimido lateralmente. Os olhos são grandes e possuem uma membrana adiposa bem desenvolvida. Apresenta uma cor azul metálico esverdeado no dorso e, ventralmente branco com alinha lateral bem desenvolvida. Apresenta duas espinhas anais a anteceder a barbatana anal que começa por um raio duro. A barbatana dorsal apresenta sete raios espinhosos seguidos de um espinho e 24 â 27 raios moles. O corpo apresenta-se coberto de escamas cicloides. Os individuos pode crescer até cerca de 60 cm embora os tamanhos mais comuns sejam entre 25 e 35 cm.

     

  3. Ecologia

Alimentação. Alimenta-se de pequenos crustáceos tal como o camarão pequeno, outros invertebrados benticos e pequenos peixes em proporção muito variada conforme a diversidade biológica do ecossistema em que se encontram. A composição da dieta é variável conforme se encontra perto da costa ou ao largo.De entre os principais predadores destacam-se os Scombrideos (albacora), os géneros Lutjanus sp. e Caranx sp. bem como os Istioforídeos e as aves marinhas da família Laridae. O lobo e espécies demersais do género Bohtus sp. Também exercem uma predação significativa sobre estas espécies.

Habitat. Espécie pelágica tropical a subtropical, que pode no entanto distribuir-se até profundidades entre 150 e 200 metros ainda na zona da plataforma continetal. Prefere águas oceânicas muito claras a volta das ilhas, podendo ocasionalmente ocorrer em águas túrbidas. É uma espécie essencialmente nocturna que se associa em cardumes muito compactos de milhares de indivíduos.

 

Migração e distribuição geográfica. É uma espécie largamente distribuida, podendo ser encontrada mais frequentemente os paralelos 30º Sul e 30º Norte. No entanto já se registaram a presênça de espécies em zonas temperadas próximas dos EUA em latitudes de 45º Norte. Existe em quase todos os oceanos tendo já sido registada no Atlântico na parte Este desde Cabo Verde até Angola bem como na parte Oeste desde Nova escócia e canadá passando pelo Golfo do México e mar das Caraíbas até o Brazil. Nos oceanos Indico e Pacífico, os registos mostram que a espécies se distribui desde o Sudeste da Africa até Sudoeste da Asia e ainda desde o Nordeste ao Sudoeste do Japaão e Havai. Tem-se ainda registado a distribuição do Chicharro nas ilhas Galápagos bem como na costa ocidental da Nova Caledonia, do México e do Perú.

3. Crescimento e reprodução.

São espécies dióicas de fecundação externa não protectora das crias. A desova dá-se em espaço aberto ao longo de todo o ano com variações espaciais e temporais muito significativas. Em Cuba a actividade reprodutiva ocorre entre o segundo e terceiro trimestre do ano, padrão esse que parece ser idêntico ao cado da espécie em Cabo Verde. No entanto, no pacífico esse periodo de reprodução estende-se de Março a Outubro.

 

Sardinella maderensis (arrenque, sardinela, …

 

  1. Morfologia
  2. Corpo fusiforme, alongado e coberto de escamas ciclóides, relativamente mais alto do que na S. aurita,. O dorso é menos espesso e as barbatanas dorsal e caudal mais desenvolvidas. A parte dorsal é azul-esverdeado e a parte ventral é branca. Possui três linhas longitudinais douradas na parte superior do dorso e uma mancha na parte superior atrás do opérculo, não o atingindo. Os machos e as fêmeas são morfologicamente semelhantes. Podem atingir até cerca de 45 cm embora os tamanhos mais comuns estejam mais próximos dos 20 a 25 cm.

     

     

     

  3. Ecologia

Alimentação. É uma espécie omnivora que se alimenta de phytoplancton e de zooplancton, essencialmente ovos e larvas de peixes.

 

 

Habitat. São espécies pelágicas subtropicais que formam cardumes compactos. Preferem águas quentes - cerca de 24º e toleram baixas salinidades, podendo até atingir zonas de estuários.

 

Migração e distribuição geográfica. Os juvenis e adultos fazem migrações Norte-Sul

Na região de Angola/ Congo e Gabão, e na região de Serra-Leoa/ Mautitânia onde existem áreas de alimentação. Estas migrações são sazonais e estão relacionadas com os fenómenos de upweling que ocorrem nestas regiões. Na região do Gana e Costa do marfim as migrações também existem mas não são muito acentuadas.

Distribui-se entre os paralelos 25 Sul e 45 Norte. No Mediterraneo enconta-se na parte Sul e na parte Este, chegando mesmo a penetrar o canal de Suez. No Atlântico distribui-se no lado este desde o estreito de Gibraltar até Angola.

 

3. Crescimento e reprodução.

É uma espécie dióica de fecundação externa, não protectora das crias e desova em substrato aberto. No Oceano Atlântico na parte este, tem um periodode reprodução bem marcado durante o verão (Julho a Setembro) e nas proximidades da costa. Tal como na maioria das espécies pelágicas, as condições ambientais jogam um papel extremamente importante na sua distribuição, essencialmente relacionada com a alimentação e a reprodução. A época de desova está claramente relacionada com os fenómenos de upweling.

 

ESTUDO DOS RÉPTEIS MARINHOS – AS TARTARUGAS MARINHAS

PRINCIPAIS ESPÉCIES EXISTENTES EM CABO VERDE

 

No mar, os répteis estão representados pelas tartarugas marinhas. São animais muito antigos, com origem muito anterior aos dinossauros. A sua existência data de há mais de 150 milhões de anos tendo como ancestrais as tartarugas terrestres que naquela era se aventuraram no ecossistema diferente do de até então. No mar tiveram que, ao longo de milhões de anos sofrer adaptações morfológicas e fisiológicas por forma a se adaptar (achatamento dorso-ventral do corpo, transformação das patas em barbatanas, aperfeiçoamento do sistema respiratório etc.) Os dinossauros e os as tartarugas terrestres gigantes se extinguiram restando ainda apenas documentos e fosseis em museus. As tartarugas marinhas que resistiram a todas as adversidades do ambiente e sobreviveram, estão agora fortemente ameaçadas pela sua excessiva captura num contexto ecológico em que por si só já é muito vulnerável à predação de outros animais.

As tartarugas marinhas são animais migradores pertencentes a ordem dos quelónios que está representada no mundo por duas famílias, todas elas com representantes que existem em Cabo Verde:

  1. DermochelydaeDermochelys coreacea (tartaruga parda);
  2. ChelonidaeChelonia mydas (tartaruga-verde, cágado), Chelonia depressa, Chelonia agassizi, Careta careta (tartaruga-vermelha, tartaruga-cabeçuda), Eretmochelys imbricata (tartaruga-de-casco-levantado), Lepidochelys olivacea e Lepidochelis kempi. O género Chelonia sp. está representado em Cabo Verde pela tartaruga verde, pensando-se ainda que o género Lepidochelys sp. esteja representada pela L. olivacea.

As diferentes espécies de tartarugas marinhas diferenciam-se essencialmente pela sua morfologia externa. Há a considerar essencialmente os seguintes aspectos - Constituição da carapaça (óssea ou pele córnea), cor e pigmentação, formato do bico, forma, número e disposição das placas, presênça ou não de garras ou unhas, tamanho da cabeça, etc.

1. Morfologia

A tartaruga parda é a maior de todas as tartarugas marinhas e a mais veloz, podendo crescer até de 2 m, pesar cerca de 670 Kg, e atingir na água uma velocidade de cerca de 40 Km/h. Não possui carapaça, em vez da qual possui uma pele córnea com 7 arestas longitudinais. A cor é predominantemente preta com manchas esbranquiçadas. Dispõe de um bico em forma de W.

A tartaruga verde é a maior de entre as tartarugas que possuem carapaça óssea podendo atingir pouco mais de 1 m e pesar até cerca de 180 Kg. Apresenta uma cor castanha esverdeada com o plaston amarelado. Apresenta saliências na maxila inferior e dispõe de uma unha nas barbatanas.

A tartaruga-de-casco-levantado é uma espécie que pode atingir até cerca de 1 m e pesar cerca de 45 Kg. Possui uma disposição das placas que lhe é característica e que lhe dá o nome. As placas estão sobrepostas formando como que as telhas de um telhado. Possui a cabeça relativamente pequena e termina num bico muito parecido com o das aves de rapina. O corpo tem uma cor castanha-amarelada. As barbatanas possuem duas garras ou unhas.

A tartaruga-vermelha possui uma cabeça relativamente muito grande, cor castanha-avermelhada e com duas garras ou unhas nas barbatanas. Possui 5 a 7 placas laterais. Pode atingir cerca de 1 m e pesar perto de 180 Kg.

A tartaruga olivácea apresenta uma cor castanha esverdeada, com o plastron branco-amarelado e com poros. As placas laterais estão em número de 6 a 9. Possui uma unha na pata da frente e duas na pata de trás.

 

2. Habitat, alimentação e distribuição geográfica

As tartarugas marinhas são espécies de vida mesopelágica, podendo por certos periodos de tempo viver em estreito contacto com os fundos. Os adultos nadam livremente na coluna de água, regressando periodicamente à superfície para respirar. Normalmente os juvenis adoptam tal prática de natação apenas a partir dos 2 a 3 anos de idade. Efectuam migrações quer latitudinais quer longitudinais, chegando neste último caso a efectuar migrações transcontinentais e oceânicas. Tem na sua grande maioria uma distribuição geográfica bastante ampla, normalmente entre 40º Sule 70º Norte (tartaruga parda - 45º Sul e 70º Norte; tartaruga verde - 30º Sul e 60º Norte; tartaruga vermelha – 40º Sul e 60º Norte; tartaruga de casco levantado – 40º Sul e 50º Norte; tartaruga olivácea – 40º Sul e 60º Norte no Atlântico).

Elas adoptaram uma grande variedade alimentar sendo de destacar como principais presas – peixes, moluscos, crustáceos, medusas, esponjas, algas e ervas. A tartaruga verde é herbívora alimentando-se de algas e ervas marinhas. A tartaruga olivácea pode alimentar-se tanto de animais como de plantas – é omnívora. As demais tartarugas são carnívoras. Os principais predadores das tartarugas, além do homem são aves, os cães e outros mamíferos terrestres, invertebrados, que exercem predação essencialmente sobre os ovos e juvenis. Os adultos já estão sujeitos à predação pelo tubarão. As diferentes espécies, dependendo do tipo de alimentação estão em posições diferentes na cadeia trófica.

 

3. Reprodução

As tartarugas marinhas são espécies de sexos separados cuja distinção é muitas vezes possível através da morfologia externa. São ovíparas com fecundação interna. As épocas de reprodução são muito variadas no espaço e no tempo. As femeas atingem a maturidade sexual por volta dos 30 a 40 anos e os individuos podem viver várias centenas de anos. Na época de reprodução, as fêmeas dirigem-se para as praias (em alguns casos o desenho do arrasto que fica é típico de uma determinada espécie, servindo-se assim também como meio de identificação) com as próprias patas escavam um buraco na areia e depositam os ovos. Em cada postura podem libertar entre 100 e 120 ovos em média, podendo por época desovar 3 a 4 vezes seguidas. Após a primeira desova, permanecem nos arredores das praias aguardando acasalamento para nova fecundação. O número total de ovos pode numa época atingir cerca de 500. Os individuos tem tendência para desovarem na mesma praia onde nasceram o que justifica uma boa capacidade de orientação, olfacto e audição. As tartarugas marinhas podem nadar mais de 2 000 Km, em alguns casos contra a corrente para desovar. Os juvenis, após eclosão voltam ao mar onde vão continuar a sua vida.

O tempo de incubação varia muito de espécie para espécie, em função da área geográfica e das condições ambientais. No geral varia entre 30 a 65 dias, findos os quais nascem pequenas tartarugas. Estas nascem normalmente à noite, como uma estratégia de defesa contra os predadores

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