ISECMAR

Instituto Superior de Engenharia e Ciências do Mar

  

CURSO DE BIOLOGIA MARINHA E PESCAS

 

CADEIRA DE AQUACULTURA

 

  

Relatório de Aulas Práticas

  

Anatomia dos Peixes

Rui Freitas

Maio de 2001

  

INTRODUÇÃO *

Descrição e Biologia *

MATERIAIS E METODOS *

RESULTADOS *

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES *

BIBLIOGRAFIA *

 

INTRODUÇÃO

A aula prática tem como objectivo conhecer melhor e estudar a anatomia dos peixes, com especial atenção á anatomia interna. A espécie de peixe usada nesta prática foi o Chelon bispinosus (Bowdich, 1825), espécie de tainha endémica de Cabo Verde (ver capa). Utilizando dissecção animal, foi feito com a ajuda de desenhos ilustrativos, uma macro e micro analises do peixe in situ. Foi identificado em relação á anatomia interna, os vários órgãos que compõem as vísceras. Em relação á anatomia externa foram retirados e observados ao microscópio escamas e guerlas. Tínhamos também como objectivo observar microorganismos parasitas nas diferentes partes do pescado. A aula prática foi realizada no dia 8 de Novembro, ás 9:30 horas no Laboratório de Aquacultura do INDP (Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas), na zona da cova de inglesa em Mindelo, na ilha de são Vicente.

Descrição e Biologia

O exemplar de tainha usado (Chelon bispinosus) aparentava-se estar fresco. Através duma percepção fisico-sensorial e organolética do pescado, determinou-se como bom, o grau de frescura, embora tratava-se de pescado capturado e congelado no dia anterior á da aula prática. A tainha tinha 31 cm de comprimento total á furca, 7.7 cm de altura dorso-ventral, 5 cm de comprimento da cabeça, 1.5 cm de diâmetro ocular e com 3 cm de pedúnculo caudal. Sendo uma espécie endémica de Cabo Verde, (Atlântico Centre Este) o Chelon bispinosus (ver fig. 1 em anexo) pertence á família MUGILIDAE inserido na ordem Perciformes, da classe dos Actinopterygii. A família tem no total 17 géneros e 80 espécies distintas.

Aspecto geral dos individuos da Família MUGILIDAE

Primeiro registro fóssil da família MUGILIDAE, foi nos meados da época terciária, e está distribuído por todos os mares tropicais e temperados. Principalmente marinho (litoral) e de água salobra, algumas espécies são de água doce (Liza abu somente em água doce e em estuários).

Tem 4 raios moles na barbatana dorsal, estando extensamente separadas. Com barbatana pélvica sub-abdominal com 1 espinho e 5 raios moles. Quando presente a linha lateral é dificilmente visível. Boca de tamanho moderado. Quase sem dentes ou são pequenos. Brânquias compridas. Tem o estômago altamente musculado, com o intestino extremamente comprido. Vértebras em n.º de 24-26. Comprimento máximo observado com 90 cm. Emigram quando juvenis alimentando-se de algas, diactomáceas, detritos e sedimentos do fundo. Da família á espécie, o Chelon bispinosus tem 6 sinónimos e vários nomes vernáculos, tais como:

Sinónimos

Nomes Vernáculos

Mugil nigrostrigatus (Günther, 1861)

Mugil provensalis (non Risso, 1810)

Mugil bispinosus (Bowdich, 1825)

Mugil chelo (non Cuvier, 1829)

Liza nigrostrigatus (Günther, 1861)

Nacional: Tainha

Português: Tainha de Cabo Verde

Inglês: Cape Verde mullet

Espanhol: Lisa de Cabo Verde

Francês: Mulet des îles du Cap Vert

O Chelon bispinosus é uma espécie costeira, pelágica, de águas pouco profundas e tropicais. Tem corpo robusto e arredondado. Cabeça larga, com o espaço interorbital quase plana. Comprimento da cabeça cerca de 1/4 com comprimento standard. Pálpebra adiposa cobrindo apenas a margem externa da íris. Lábios superior com duas séries de dentes curtos e curvos, lábios inferiores sem dentes. Extremidade do lábio superior muito espessa e alta. Maxilar visível no canto da boca quando esta está fechada. Osso pré-orbital com 16 a 26 dentículos entre o lábio e o olho, no bordo inferior. Origem da primeira dorsal mais próxima da barbatana caudal do que da ponta do focinho. Segunda dorsal com a origem ao nível do meio da barbatana anal. Peitorais sem escama axilar. Barbatana anal com 3 raios espinhosos e 9 raios moles. Escamas com estrias em números de 40 a 42 na linha longitudinal. Enquanto juvenis alimentam-se de organismos planctónicos e posteriormente de microalgas, pequenos invertebrados e detritos no geral. Coloração geralmente prateada, com riscas longitudinais escuras. Comprimento máximo observado: 15 cm de comprimento standard (FAO, 1981). A arte de pesca utilizada na sua captura é a linha de mão e rede de emalhar. Geralmente consumido fresco, sendo a sua captura pouco representativa. Não está presente na lista vermelha IUCN e não é uma espécie perigosa ao homem. Ver desenho do Chelon bispinosus em anexo (fig. 1) ou na capa.

 

 

 

MATERIAIS E METODOS

Cada aluno trabalhou com um indivíduo. Primeiro o peixe é deitado sobre uma bancada, ou sobre uma superfície lavável. Se o animal estive-se vivo seria necessário mata-lo com um golpe com uma agulha grande, inserindo-o firmemente na zona posterior da cabeça, mesmo na zona da coluna vertebral, até este ficar preso entre duas vértebras e causar assim a morte imediata do animal (fig. 2 em anexo). No nosso caso os indivíduos já estavam mortos, mas contudo efectuamos esse teste experimental. Materiais de dissecção como: pinças grandes e pequenas, bisturis, tesouras e entre outras, em material inox, foram utilizadas em várias etapas desta aula prática. Quando foi necessário, usou-se sempre a água do mar com o objectivo de não provocar a lise nas células e para garantir a osmorregulação natural dos tecidos do pescado, manter o animal húmido ou limpo de sangue e também nas preparação microscópicas. Seguidamente, fez-se num só lado na zona ventral do animal um corte com o bisturi, depois com o auxilio duma tesoura, cortes em três sentidos, como mostra a figura 3 em anexo, salvaguardando, para serem posteriormente identificadas as posição iniciais e órgãos sem cortes acidentais. Depois de aberto o animal efectua-se a remoção do opérculo com a tesoura, e com a ajuda duma pinça retira-se um pequeno fragmento das guerlas (ver figura 4) que será fixado sobre uma lamina para ser visto ao microscópico. Também é retirado escamas do pescado com a ajuda do bisturi e da agulha e também um pequeno fragmento da barbatana caudal com a ajuda da tesoura, para serem todas observadas ao microscópico, como mostra a figura 5 em anexo. Pode-se ver na fig. 6 e 6.1 em anexo, os vários órgãos que compõe a anatomia interna do peixe.

  

RESULTADOS

Da analise interna do pescado chegamos a identificar com facilidade os órgãos nas vísceras, por estarem devidamente separadas, causado possivelmente por não ter ainda iniciado a decomposição microbiológica do pescado. Todos os aspectos da morfologia externa foram observadas, como as barbatanas (caudal, pélvica, anal, peitoral) e a linha lateral, de entre outros aspectos como o muco na pele.

Da morfologia interna chegamos a identificar:

Das preparações microscópicas (X 400), chegamos a ver que as escamas apresentavam vários anéis, que ás vezes são concêntricas, e na outras zonas da mesma escama, linhas paralelas (possíveis anéis de crescimento). Das branquias (guerlas), observou-se vários filamentos juntos e longos e estritamente paralelos, com vasos sanguíneos para a hematose do peixe enquanto vivo.

 

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A aula foi realizada dentro dos propósitos predefinidos, embora o objectivo de analisar os microorganismos nas diferentes partes do pescado não fora comprido. Cada aluno com o seu exemplar de peixe, foi uma ideia prática nesses tipos de aula. A documentação oficial da FAO precisa ser revista, porque em relação á Chelon bispinosus o comprimento standard é de 15 cm e o meu exemplar tinha de 31 cm de comprimento furcal, onde que mesmo assim ultrapassa por muito a predefinido pela FAO. Segundo a metodologia devia-se fazer esta aula com exemplares vivos, mas segundo as nossas limitações, foi feito a aula com pescado obtido no mercado de peixe da cidade, ou seja mortos. Não chegamos a fazer e observar ao microscópio preparações com barbatanas e nem chegamos a localizar no céfalo o autólito do peixe muito usado em estudos da idade da peixes. Mas no geral chegamos a identificar os órgãos internos mais importantes e conhecer um pouco mais sobre a anatomia de peixes.

 

BIBLIOGRAFIA

 

 

Hosted by www.Geocities.ws

1