Zoonoses

AIDS ou SIDA são as abreviaturas em inglês e português (SIDA) da doença chamada Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. O primeiro doente de AIDS que se conheceu vivia nos Estados Unidos no início da década de 80. Essa doença é causada pelo vírus HIV, abreviatura em inglês do nome do vírus que provoca a Imunodeficiência Humana.

Os segredos do macaco
Esse vírus foi descoberto em 1983, isolado em pacientes com AIDS pelos pesquisadores Robert Gallo, nos EUA, e Luc Montagnier, na França.

A AIDS destrói as defesas do corpo contra outros microorganismos ou contra o câncer.

O HIV é um retrovírus. Quando entra em alguém, esse tipo de vírus introduz informações que estão guardadas em seu material genético - RNA ou Ácido Ribonucléico.

O RNA do HIV, ao entrar em contato com o DNA (Ácido Desoxirribonucléico) das células do sangue da pessoa que está sendo infectada, modifica a programação genética das células. Essa modificação obriga as células a produzir vírus iguais a ele.

Os novos HIVs produzidos se espalham por todo o organismo e também podem contaminar outras pessoas que tiverem contato com quem está doente.
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O vírus é um ser vivo simples, que depende de outras células para se reproduzir. Seu material genético pode ser composto por DNA ou RNA, de acordo com o tipo de vírus. Somente os retrovírus são feitos com RNA.

Como não consegue se reproduzir sozinho, o vírus se liga à superfície de uma célula e injeta nela seu material genético (DNA ou RNA).

Esse material vai até o núcleo da célula e de lá passa a controlar tudo o que a célula faz. A célula passa, então, a produzir novas cópias do vírus, em vez de se reproduzir.

A célula fica fraca, acaba se rompendo e deixa as cópias do vírus saírem.

Para um vírus entrar na célula, ela precisa ter um receptor. Ele funciona como uma “fechadura” que combina com a “chave” que o vírus tem.

Essa técnica de introduzir informações “piratas” na organização genética de uma célula é parecida com o comportamento dos vírus de computador.

Os vírus de computador são pequenos programas feitos por “especialistas do mal”.

Quando esses vírus entram em ação, destroem os programas ou informações (dados) existentes na memória (disco rígido, Winchester) em que se instalou. Os vírus se reproduzem “infectando” inclusive os disquetes que estão sendo usados. Por causa disso, podem contaminar outros computadores.

A transmissão dos arquivos do computador infectado dá-se também no envio deles por sites iterativos, que oferecem arquivos, instalam programas na internet.

Durante um certo tempo, esses vírus ficam quietos (incubados). Depois, manifestam-se entrando em atividade conforme sua programação. O vírus que se chama “Sexta-Feira 13”, por exemplo, só entra em atividade nesse dia.

Outros vírus chegam ao computador por e-mail, instalam-se e passam a mandar mensagens infectadas, como se fossem os donos do computador. Por essa semelhança com os vírus de verdade é que esses programas, feitos por gente malvada, são chamados de vírus.

A AIDS dos macacos

Embora não se saiba com certeza absoluta qual a origem do HIV, sabe-se que existe semelhança com a família de vírus que infecta os primatas não-humanos, por exemplo, o macaco verde (Cercopithecus aethiops), o mangabey fuligento (Cercocebus torquatus). Esses macacos, que vivem na África, adoecem da chamada Síndrome da Imunodeficiência Adquirida Símia (SIDAS)

Ao pesquisar a origem dos vírus que causam a AIDS, os cientistas descobriram que alguns macacos asiáticos (do gênero Macaca), criados em cativeiro, também eram portadores do vírus chamado SIV — Vírus da Imunodeficiência Símia.

O SIV é muito parecido com o vírus HIV — 95% de seu conjunto de genes — e provoca um tipo de doença muito semelhante à AIDS. Hoje em dia já se conhecem vários tipos de vírus HIV e vários tipos de SIV. Eles estão classificados na família dos Lentivírus.

O interessante é que alguns primatas adoecem no contato com certos tipos de vírus, outros não. Os que não adoecem são chamados de hospedeiros, reservatórios ou portadores sadios. O macaco verde, por exemplo, não adoece quando é infectado com alguns tipos de SIV; o chimpanzé, sim.

De certo modo, a relação entre o macaco verde (Cercopithecus aethiops) e o SIV é a mesma relação que o chimpanzé (Pan) mantém com o HIV. Já o homem (Homo) adoece gravemente com o vírus HIV, do mesmo modo que o chimpanzé adoece gravemente com o SIV. Na maioria dos experimentos, os chimpanzés permanecem infectados pelo HIV, eles são portadores do HIV, mas não desenvolvem a doença tão agressiva e letal (mortal) como a AIDS. Ninguém sabe por que isso acontece.

Macaco Rhesus infectado experimentalmente com o vírus da caxumba

Muito ainda deve ser pesquisado para que se descubra a explicação para esse comportamento dos vírus, que vai ser a base para a produção de uma vacina ou um soro tão bom quanto os que existem contra o vírus da raiva — doença que afeta homens, outros primatas, cães e morcegos.

Entre os vírus que são comuns a homens e primatas não humanos estão o vírus da varíola de macaco (monkeypox virus), alguns tipos de vírus de herpes ou o terrível vírus ebola que causa a febre hemorrágica africana, também transmitida pelo macaco verde (Cercopithecus aethiops).
Vários tipos de febre são o resultado da infecção de humanos por vírus da família dos arbovírus, que também infectam macacos. No Brasil um dos mais conhecidos por seu estrago é vírus da febre amarela - um arbovírus chamado Flavivírus. Primatas não humanos brasileiros (sobretudo bugios, gênero Alouatta) são os principais hospedeiros do vírus, também chamado amarílico. .

Outro arbovírus famoso por seu poder destrutivo é o vírus da dengue - a febre quebra-ossos -, e ele parece ser comum em macacos e em mosquitos da Malásia. Muitas dessas febres (arboviroses) poderão se tornar epidemias, semelhantes à dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, se as florestas forem destruídas e os mosquitos portadores desses vírus vierem morar nas cidades, como alguns mosquitos já o fizeram.

Esta situação de se tentar descobrir a cura de doenças causadas por vírus desconhecidos foi descrita no filme “Epidemia” (“Outbreak”), de Wolfgang Petersen, com Dustin Hoffman e Rene Russo, de 1994. O filme foi sucesso internacional de bilheteria e mostra a descoberta do vírus Motaba. No filme, esse vírus, que na realidade não existe, foi encontrado em um macaco hospedeiro.

OUTBREAK		Depois de muito esforço para encontrar o macaco, o vírus foi isolado, e os cientistas descobriram uma vacina que salvou a vida de milhares de pessoas. No filme, a vacina acabou com a epidemia causada pelo Motaba, que era, até então, desconhecido na espécie humana.


EPIDEMIA

Benenson, Abram S. (Editor) Controle das doenças transmissíveis no homem. Publicação científica nº 442 USA Washington, OPAS – OMS, 1983

Soares, Marcelo A As origens do vírus da AIDS. Ciência Hoje (28-33) v 26, nº 156 dez. 1999

Gallo, Robert C. The AIDS virus, Scientific American, v 256, nº 1, (38-48), USA, jan. 1987

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Vírus & Primatas

"Os Segredos do Macaco"

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