Campo Grande - MS


Recursos Pesqueiros

Mapas

[ volta ]

A ocorrência do ciclo de inundação anual no Pantanal é o principal fator que condiciona a grande produção de peixes na região. A diversidade de habitats aquáticos possibilitou a ocorrência de grande número de espécies de peixes, que desenvolveram diferentes estratégias de vida e reprodução. Em função dessa expressiva diversidade, os recursos pesqueiros constituem um importante banco genético, estratégico para aplicações futuras. A pesca constitui a segunda maior atividade econômica do Pantanal, gerando recursos da ordem de 40 milhões de reais ao ano.

Foram listadas 263 espécies de peixes para o Pantanal, sendo que mais de 85% pertencem à super ordem Ostariophysi, peixes que possuem um conjunto de ossículos muito especiais, o que lhes possibilitam vantagens adaptativas , como a de “ouvir” melhor o ambiente de águas geralmente turvas, onde vivem. Pertencem a ela peixes como o pacu, o dourado, a tuvira, o pintado, a cachara e o cascudo.


A ictiofauna desempenha papel de fundamental importância, enquanto componente do ecossistema do Pantanal. Os grandes estoques pesqueiros provavelmente representam um dos maiores compartimentos de reserva viva de nutrientes e de energia do sistema, com implicações na circulação e fluxo destes elementos. Os peixes, entre outras funções, atuam como dispersores de sementes e constituem a alimentação básica para muitos componentes da fauna. As espécies de importância para a pesca encontram-se associadas às regiões de maior inundação. Nesses ambientes, ocorre um dos fenômenos ecológicos mais espetaculares que a natureza proporciona no Pantanal: a migração reprodutiva dos peixes rio acima, conhecida como "piracema".
A maioria das espécies de grande porte exploradas pela pesca são peixes de piracema e o fenômeno depende fundamentalmente do ciclo anual de cheia e seca. Muitas espécies, em geral de pequeno porte, permanecem nas lagoas remanescentes durante o período de estiagem. Estas espécies apresentam outras estratégias reprodutivas. Algumas ficam retidas em lagoas perenes onde se preparam para se reproduzir na cheia do ano seguinte, quando a lagoa se conectar novamente com o rio. Outras se reproduzem várias vezes ao ano nesses ambientes, depositando um número reduzido de ovos e cuidando de sua prole, como a piranha e os carás. Grande parte destes peixes podem ser considerados espécies forrageiras, ou seja, constituem o alimento de peixes maiores.
Muitas espécies da ictiofauna encontram-se associadas às regiões de média e baixa inundação na planície, habitando baías, lagoas, canais naturais de drenagem, vazantes e corixos (cursos d´água temporários). Estas áreas estão menos sujeitas à influência dos rios e sua disponibilidade de água depende principalmente da precipitação local e ou aporte subterrâneo. Em geral, estes ambientes se interligam durante as cheias e muitos são temporários, secando completamente durante o período de estiagem. A grande quantidade de peixes retida nesses habitats durante a seca, constitui a principal fonte de alimento para muitos componentes da fauna, especialmente para um grande número de espécies de aves que se reproduzem nessa época.
A pesca é praticada em três modalidades principais: pesca de subsistência, integrada na cultura regional, que constitui importante fonte de proteína para as populações ribeirinhas; pesca esportiva, que se tornou o principal atrativo do turismo regional, especialmente no Mato Grosso do Sul; e pesca profissional, atividade tradicional, onde atuam pelo menos 3.500 pescadores em toda a região.


Com o aumento da demanda por iscas pela pesca esportiva, surgiu, também, uma nova modalidade de pesca, a captura e comércio de iscas vivas (principalmente tuviras, Gymnotus sp).


A pesca esportiva apresentou um crescimento acentuado a partir da década de 80. Em Mato Grosso do Sul o número de pescadores esportivos tem sido ao redor de 57.000/ano, oriundos principalmente da região sudeste. O setor turístico pesqueiro estruturou-se para oferecer transporte, hospedagem, alimentação e serviços especializados para essa clientela. A pesca esportiva captura mais de 75% de todo o pescado oficialmente desembarcado atualmente no Estado.


Encontram-se, ainda,  cerca de 3.500 pescadores profissionais atuantes em todo o Pantanal, organizados em colônias nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Sua atividade de pesca apresenta particularidades nos diversos ambientes aquáticos da região, refletindo o grande conhecimento que esses profissionais detém sobre o ecossistema regional.
 

Referências Bibliográficas:

CATELLA, A.C.; PEIXER, J.; PALMEIRA, S. da S. Sistema de controle da pesca de Mato Grosso do Sul SCPESCA/MS - 1 maio/1994 a abril/1995. Corumbá: EMBRAPA-CPAP/SEMADES-MS, 1996. 49 p. (EMBRAPA-CPAP Documentos,16)

MORAES, A. S.; SEIDL, A. F. Visitas de pescadores esportivos ao Pantanal sul (Brasil). Revista de Economia e Sociologia Rural, Brasília, v. 36, n. 3, p. 99-115, jul./set., 1998.
   
RESENDE, E. K. de. Recursos pesqueiros do Pantanal: diagnóstico e propostas de pesquisa. Corumbá.  Corumbá: EMBRAPA-CPAP, 1998. 51p. (EMBRAPA-CPAP. Documentos, 09).
   
RESENDE, E.K. de; CATELLA, A C.; NASCIMENTO, F.L.; PALMEIRA, S. da S.; PEREIRA, R.A C.; LIMA, M. de S.; ALMEIDA, V.L.L. de.  Biologia do curimbatá (Prochilodus leneatus), pintado ( Pseudoplatystoma corrucans) e cachara (Pseudoplatystoma fasciatum) na bacia hidrográfica do rio Miranda, Pantanal do Mato Grosso do Sul, Brasil. Corumbá:EMBRAPA-CPAP, 1996. 75p.(EMBRAPA-CPAP. Boletim de Pesquisa, 2).
   
SILVA, M. V. da. Mitos e verdades sobre a pesca no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Campo Grande: FIPLAN-MS, 1986. 146 p.
   



  Fonte :


[ volta ]
[ Página principal ]

[ Home  page ]


1