Luis Represas
E
foi Dezembro
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E foi Dezembro dito em tua voz
que as minhas mãos colheram devagar
E foi Dezembro escrito quando
a sós tu me disseste quase sem falar
E foi um palco vazio a acontecer
O frio que se ergueu dentro de nós
Á distância o mar que se estendeu
a separar da minha a tua mão
E foi Dezembro inteiro a anunciar
a solidão dos dias por nascer
E foi Dezembro à chuva a reviver
as pedras, e os rios, e os luares
Os nomes que vestiam os lugares
e os sonhos repartidos que não fomos
A coragem nascida de aceitar
a verdade de ser o que hoje sou
E foi Dezembro vivo na roseira
despida no silêncio do jardim
E foi Dezembro ainda na cegueira
das asas de uma ave que há em ti
E foi um tempo de amantes a aprender
que nao deve esquecer-se o verbo Amar
O Inverno apenas a perder-se
Na Primavera do primeiro olhar