![]() |
![]() |
Matéria retirada da Revista Nova Escola, edição de maio de 1999, do site: http://novaescola.abril.com.br/ed/122_mai99/html/edambiental.htm
Com cataventos e medidores de ozônio, estudantes do "Simão Mathias" descobrem a má qualidade do ar de São Paulo |
![]() Foi o que fizeram os alunos da 4a à 8a séries da Escola Estadual Simão Mathias, da cidade de São Paulo. Durante um mês, nas aulas de Ciências, Português, Geografia e Educação Artística, eles estudaram a fundo as causas e efeitos da contaminação do ar na metrópole onde vivem, uma das mais poluídas do mundo. Primeiro, as professoras pediram para os alunos escreverem o que sabiam sobre poluição. Trabalhando também com textos de jornais e revistas, livros didáticos, vídeos e músicas, o passo seguinte foi o reconhecimento dos arredores da escola.
Construída em uma
avenida movimentada e cercada por um córrego sujo e por várias indústrias,
a escola não poderia estar "melhor" localizada para estudar o assunto. Os
alunos, que já fizeram excursões bem mais saudáveis nas reservas de mata
atlântica a três quilômetros dali, puderam comparar a qualidade do ar em
dois ambientes distintos. "Quisemos abrir os olhos dos alunos para o
próprio espaço", explica a professora da 4a série, Valdelice
Campos.
Quem visse os alunos da professora Vergínia Maria Ferreira da Silva correndo pela movimentada avenida Ragueb Chohfi, na Zona Leste, certamente acharia aquele local estranho para crianças se divertirem. Mas ali acontecia uma experiência disfarçada pelo uso de um velho brinquedo infantil, o catavento. Depois de montado, as crianças passaram cola branca ou vaselina líquida em duas das quatro abas e percorreram a avenida em frente à escola com seus "catapartículas". Enquanto uma parte da turma corria, outra contava o número de carros por minuto que passavam pela rua. "Eles não imaginavam a gravidade do problema", disse Vergínia, que veio recentemente de Garça, interior paulista, e ainda estranha a qualidade do ar da capital.
As partículas aderidas aos cataventos foram observadas com mais detalhes ao microscópio, mas a sujeira produzida por carros e indústrias era evidente, mesmo a olho nu. "A poeira mais grossa fica retida no nariz e na garganta, causando irritação. A mais fina chega aos pulmões e pode agravar doenças respiratórias", explica a professora Vergínia para sua turma, não se esquecendo de dizer que a poluição está ligada à falta de infra-estrutura e de planejamento urbano. Desta forma, ela estabeleceu, por meio da Ecologia, uma ponte entre Ciências e Geografia.
A Escola Simão Mathias
fez parte de um projeto da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São
Paulo iniciado em 1995, quando a cidade implantou a Operação Rodízio,
restringindo a circulação de carros com a finalidade de reduzir a
poluição. O Guia Didático distribuído na época para 2 300 escolas da
Grande São Paulo e 100 particulares contava com vídeo e cartilhas em
formato de gibi. Em 1998 houve um desdobramento com a pesquisa sobre o
ozônio (veja abaixo). "A finalidade é possibilitar a observação e a
pesquisa sobre meio ambiente, fortalecendo a implantação de projetos
interdisciplinares", revela Irene Rosa Sabiá, diretora do Departamento de
Educação e Cidadania da Secretaria de Estado do Meio Ambiente.
Instalados em postes de madeira a 1,5 metro do solo, durante 8 horas, os kits resolveram o problema de visibilidade da poluição atmosférica. "A dificuldade é que o ar não é concreto para as crianças", conta a professora Zióle Zanotto Malhadas, da Universidade Federal do Paraná, que fez com seus alunos medições de ozônio entre 1996 e 97 em várias escolas municipais de Curitiba (37 em 96 e 33 em 97). Os resultados foram expostos em cartazes no pátio da Simão Mathias, com a terrível pergunta "Como está o ar hoje?". Como se previa, a qualidade era, quase sempre, "ruim" ou "péssima".
![]() O ozônio (O3) da alta atmosfera protege a terra dos raios ultravioleta. Mas está diminuindo a cada ano. Já o ozônio que se forma nas cidades faz mal. E não para de crescer
![]() ![]() O ozônio nas cidades irrita os olhos, ataca o pulmão e causa envelhecimento precoce 27 milhões de km² , ou três vezes a área do Brasil, é o atual tamanho do buraco na camada de ozônio Os gases clorofluorcabonos (CFC) que vazam de geladeiras e aparelhos de ar-condicionado em decomposição vêm criando um enorme buraco na camada de ozônio, que também é afetada por erupções vulcânicas O buraco na camada de ozônio deixa de filtrar os raios ultravioleta, aumentando os casos de câncer de pele e catarata |