Um
instante, maestro! Fl�vio Cavalcanti entrava no ar. Antes da era Fant�stico,
o programa de domingo era sentar na sala, em fam�lia, e assistir ao
sujeito alto e magro que tirava e colocava os �culos sem parar, quebrava
discos, chorava diante das c�meras. Seus coment�rios viravam assunto da
semana, do sal�o de cabeleireiros ao mais imponente dos quart�is.
Nascido a 15 de janeiro de 1923, o carioca Fl�vio Cavalcanti trabalhava
no Banco do Brasil quando foi testar seu faro jornal�stico no di�rio A
Manh�. Incumbiram-lhe de dar plant�o no pr�dio de Get�lio Vargas,
que acabara de ser deposto, em 1945. Vestiu-se de gar�om e entregou uma
falsa encomenda � vizinha do ex-presidente. Em seguida, saltou at� o
apartamento de Get�lio, conversou horas com ele e voltou para a reda��o
com uma reportagem exclusiva.
Na tev�, come�ou num programa de entrevistas da Tupi. Contratado pela TV
Rio, passou a apresentar o Noite de gala. Numa viagem a Nova York
com sua produ��o, arriscou o imposs�vel: falar com o presidente John
Kennedy. Acabou convencendo os agentes do FBI. "Imagino o que faria
se falasse ingl�s", disse JFK, ao final da entrevista. O sucesso o
levou de volta � Tupi, onde capitaneou Um instante, maestro!, A
grande chance e o Programa Fl�vio Cavalcanti. O j�ri era
composto por estrelas. Uma delas, a irreverente Leila Diniz, saiu do palco
direto para a casa de Fl�vio em Petr�polis, fugindo dos militares.
O
crime do fil�
Depois de ficar 60 dias afastado pela censura, em 1973, foi suspenso por
queixar-se de sal�rios atrasados. Fez bicos em emissoras de r�dio e
montou uma casa noturna em Ipanema. Sem tino empresarial, era roubado
pelos pr�prios funcion�rios, que colocavam pe�as inteiras de fil�
mignon em sacos pl�sticos, acomodavam tudo no lixo e voltavam no final da
madrugada para pegar a carne.
Em 1982, estreou na TV Bandeirantes. Silvio Santos, ent�o, n�o perdeu a
oportunidade e o contratou. No dia 22 de maio de 1986, fez uma r�pida
entrevista e jogou o dedo indicador para o alto: "Nossos comerciais,
por favor!" O intervalo acabou e ele n�o estava mais l�. Levado
para o hospital, morreria quatro dias depois, com o projeto de abandonar a
telinha e abrir um hotel numa praia qualquer
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