A Imagem Perfeita e o Melhor
Som
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S�o Paulo /
Mem�ria -
"TV Paulista,
canal 5. A imagem perfeita e o melhor som.". Este era o slogan da segunda
emissora de televis�o de S�o Paulo, que iniciou suas transmiss�es em 14 de
mar�o de 1952. Conse��o ganha pelo deputado-federal Ortiz Monteiro, no
in�cio daquele ano. A Paulista teve em seu come�o at� mesmo a utiliza��o
como cabo eleitoral de seu dono, que almejava a promo��o de um cargo
pol�tico na capital.
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Sua atra��o inaugural foi a telenovela
Helena, baseada na obra de Machado de Assis, com os atores Paulo Goulart, Vera
Nunes e H�lio Souto nos principais pap�is. A hist�ria era ambientada no ano de
1952, em virtude de o canal 5 n�o ter, ainda, condi��es para fazer encena��es de
�poca.
Existem boatos de que a Televis�o
Paulista seria lan�ada em meados de 1950, s� que falam que Assis Chateaubriand
conseguiu quebrar o esquema da emissora e estrear sua PRF-3 TV Tupy-Difusora
primeiro, em setembro de 1950.
Entre as diversas
atra��es do primeiro ano de exist�ncia, foram realizados: um telejornal
di�rio, �s 19h30, entrevistas, musicais, com diferentes cantores de
sucesso da �poca, telenovelas como, por exemplo, Casa de Pens�o, adapta��o
da obra de Alu�zio de Azevedo, e na programa��o infantil o Circo do
Arrelia, com o palha�o Arrelia, primeiro programa circense da
televis�o.
Instalada num espa�o pequeno na
Rua da Consola��o, toda a programa��o tinha que se adaptar � pouca
possibilidade de movimenta��o de c�mera, motivo pelo qual, nessa fase
inicial, n�o se podia realizar grandes espet�culos. O endere�o comercial
da emissora era na Rua Rebou�as, n.� 62.Os primeiros dois anos foram
bastante conturbados porque a dire��o passava por m�os de diversos
empres�rios que pouco entendiam do ve�culo. Contudo as dificuldades, como
de costume, eram vencidas pelo esfor�o dos funcion�rios. Conforme narrou
Luiz Guimar�es, um dos primeiros contratados para fazer locu��o e
apresenta��o de programas: " Eu tinha que fazer tamb�m a locu��o das
partidas de futebol. Fazia a abertura do jogo em narra��o de est�dio,
corria para o campo do est�dio do Pacaembu para transmitir a partida em
externa, depois corria novamente para o est�dio para fazer a finaliza��o e
apresenta��o das pr�ximas atra��es. E tudo isso a p� ... sorte que o
est�dio era perto |
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A menor emissora do
Brasil
Os est�dios da Rua da Consola��o eram
mesmo pequenos, incompar�veis com quaisquer est�dios de emissoras de hoje, mesmo
assim dividiu o primeiro lugar com a TV Tupi por muitas vezes, ficando quase
sempre na frente da TV Record.Seu equipamento era
modesto perto dos da Tupi tamb�m. E o espa�o destinado para televis�o
dentro daquele predinho (Edif�cio Li�ge) era algo min�sculo. Veja alguns
detalhes das instala��es da Paulista:
- Tamanho dos quartos: 3 x
4m.
- Est�dios:
improvisados no t�rreo, onde era uma garagem e um espa�o para uma
loja.
- Proje��o de filmes e slides:
em um dos quartos, cuja proje��o era na parede e l� focalizavam
sua c�mera, j� gravando. Estes slides eram projetados num "arm�rio" de a�o,
denominado Scanner que trocava as fotos (ou letreiros, que existiam
nessas fotos), automaticamente, ao toque de um bot�o, se empilhados na posi��o
correta e numa seq��ncia pr�-estabelecida. E como j� dissemos, filmes eram
projetados numa parede e focalizados direto pela c�mera.Tempo depois, fizeram
uma janela na parede, com uma tela transl�cida e a c�mera televisionava da outra
sala as imagens (� �bvio que o filme era projetado invertido, para que a c�mera
o visse certo do outro lado - devido as leis da f�sica!).
- Laborat�rio de revela��o:
hospedado numa pequena cozinha ao lado do quarto da
proje��o.
- Reda��o Jornal�stica:
situada na sala deste apartamento do quarto andar, ali eram
organizadas as pautas dos programas, entre eles o telejornal da emissora, que
era feito por Roberto Corte Real e apresentado e produzido por M�rio Mansur.
Colocando Ordem na
Casa
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A partir de 1954, o
radialista Vitor Costa, propriet�rio da R�dio Nacional de S�o Paulo,
resolveu investir em televis�o e comprou a��es da TV Paulista.
Profissional do meio, Vitor Costa, com o carisma de seu nome, conseguiu
contratar alguns profissionais famosos da TV Tupi, inclusive o diretor
art�stico Dermival Costa Lima. Profissionais como Jos� Castellar, �lvaro
Moya, Walter Foster, H�lio Tozzi, Hebe Camargo, Yara Lins e outros
passaram a atuar na nova emissora.Conforme declarou o produtor Jos�
Castellar: " Eu fui contratado por apresentar um projeto de programa��o
para espa�os pequenos, no qual os cen�rios eram reduzidos, com mais
objetos do que m�veis, e que dava a perfeita ilus�o para se representar
teleteatros e musicais, com solu��es r�pidas de movimenta��o de
c�mera".
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A emissora passou a contar tamb�m com o
elenco da R�dio Nacional, que abrangia nomes famosos da m�sica popular, do
r�dio-teatro e do humorismo. Em 1955 a TV Paulista se instalou num local maior,
� Rua das Palmeiras, onde haviam dois est�dios, um deles com palco girat�rio e
piscina, e um pequeno audit�rio pertencente � r�dio. Em fun��o desses espa�os
todos os programas eram realizados. Quando a piscina n�o era usada, um tablado a
cobria, permitindo a utiliza��o total do est�dio. O palco girat�rio funcionava
com o esfor�o muscular dos funcion�rios.
A Pra�a do Humor
Uma das realiza��es mais importantes da emissora foi o
teleteatro, principalmente os da s�rie Teledrama, com encena��o de textos da
literatura e do teatro internacionais, em raz�o dos problemas de pagamento de
direitos autorais para a exibi��o de textos brasileiros. At� se encontrar uma
linguagem televisiva, as apresenta��es eram baseadas na movimenta��o
cinematogr�fica, que era, ainda, a grande escola visual. Havia o teatro musical,
uma inova��o da emissora, que encenava com�dias representadas por atores e
cantores. O teleteatro exigia esfor�os dos t�cnicos e dos artistas. Como era ao
vivo, o tempo de troca de roupas era muito pouco. Para facilitar, atores e
atrizes come�avam a representa��o gordos e acabavam magros, pois vestiam as
roupas uma em cima da outra e iam tirando conforme a sequ�ncia dos figurinos. Na
dramaturgia, apresentavam-se, ainda, diversas telenovelas rom�nticas de curta
dura��o, e algumas infanto-juvenis, de cunho educativo, realizadas pelo produtor
L�bero Miguel. A programa��o era forte tamb�m no humor. Atra��es da r�dio
Nacional como Pra�a da Alegria, Cadeira de Barbeiro, PRK-30 e outras, foram
transpostas para a televis�o, mantendo uma transmiss�o conjunta: r�dio e TV, com
a presen�a de p�blico. O programa Pra�a da Alegria, produzido por Manoel de
N�brega e seu filho Carlos Alberto, exibia o mesmo esquema que � visto hoje no
S.B.T. e utilizava humoristas iniciantes como Ronald Golias, Consuelo Leandro,
Maria Tereza, Zilda Cardoso, Borges de Barros, Chocolate e outros. Havia,
tamb�m, shows humor�sticos-musicais como S�o Paulo n�o te Aguento ou Grandes
Espet�culos.
A Fase �urea da TV
Paulista
Dentre os programas musicais destacava-se o Hit Parade, que
ficou muitos anos no ar, tendo como principais atra��es Hebe Camargo, Wilma
Bentivegna, Lana Bitencourt, �ngela Maria, Agostinho dos Santos, Cauby Peixoto e
outros cantores. Al�m de apresentar as m�sicas de maior sucesso da semana, o Hit
Parade exibia diferentes g�neros como samba, mambo, valsa, e quadros com
encena��es de atores e bailarinos. Os programas musicais utilizavam os recursos
do palco girat�rio e da piscina. Mai�s em Passarela, por exemplo, que alternava
n�meros musicais com desfiles de mai�s, foi um programa idealizado para
aproveitar a exist�ncia da piscina, que tamb�m era utilizada em alguns
comerciais. Havia muita atra��o musical no canal 5 para se aproveitar as quatro
grandes orquestras que pertenciam ao cast da r�dio Nacional de S�o
Paulo. Divulgava-se a m�sica l�rica, a erudita, a popular e a folcl�rica, para
entretenimento dos telespectadores. No jornalismo, a produ��o que chegou a
caracterizar a emissora foi o telejornal Mappin Movietone, iniciado em 1953, com
apresenta��o de Roberto Corte Real e dire��o de M�rio Mansur. As not�cias eram
mais faladas que ilustradas. Em 1959, o jornal introduziu a novidade da exibi��o
conjunta de um apresentador, o poeta Paulo Bonfim, acompanhado de duas
apresentadoras, as atrizes Cacilda Lanuza e Branca Ribeiro, para divulgarem as
not�cias. O programa durou at� 1965. Em rela��o � entrevistas, o canal 5 exibiu
duas atra��es muito famosas: Bate Papo com Silveira Sampaio e O Mundo � das
Mulheres. O programa de Silveira Sampaio foi o primeiro talk show do v�deo
brasileiro e era todo apoiado no grande talento desse dramaturgo e radialista.
Iniciava-se com uma cr�tica ir�nica sobre fatos pol�ticos e econ�micos, como um
editorial. No decorrer do coment�rio, o apresentador era interrompido por um
telefonema no qual fingia estar falando ou com a personalidade comentada ou com
um amigo que lhe contava mais novidades e com quem trocava informa��es sobre o
assunto em pauta. Ap�s essa abertura, o apresentador trazia convidados dos mais
diferentes segmentos sociais: pol�ticos, artistas, religiosos, esportistas e
outros, para um divertido bate-papo. Esse tipo de atra��o teve continuidade na
TV atrav�s dos programas de Ferreira Neto e de J� Soares, antigos colaboradores
de Silveira Sampaio.
Ela possu�a recursos t�cnicos que jamais a emissora l�der da �poca, a
Tupi, conseguiu superar. A TV Paulista tinha at� sua unidade m�vel! Era um
"�nibus" de externas, que possu�a o nome de telecruiser, um GM norte
americano, igual aos �nibus de Nova York - este era o grande orgulho do
canal 5.
Mesmo com esta, tinham um grande
problema quando tinham que fazer uma "externa" (cobertura de algum fato fora dos
est�dios), pois precisavam desmonstar os est�dios da emissora na Consola��o,
coloc�-los no telecruiser e lev�-los at� o local. A falta de recursos
financeiros n�o possibitava que tivessem duas equipes, uma externa e outra no
est�dio, por isto tinham que sempre utilizar dos mesmos
aparelhos.
O Mundo � das Mulheres, produ��o de
Walter Foster, foi uma atra��o na qual cinco mulheres, comandas por Hebe
Camargo, entrevistavam um convidado masculino famoso, que era quase dissecado
pelas entrevistadoras, num clima de simpatia e humor. As perguntas eram s�rias,
mas colocadas de maneira descontra�da. Das atra��es femininas, Clube do Lar foi
a mais famosa da emissora e de maior dura��o no ar, preenchendo, por muitos
anos, todas as tardes, de 2� a 6�feira, das 15 �s 18 h. Com produ��o de Helo�sa
Castellar e, mais tarde, de Regina Macedo, apresentava quadros variados: arte,
literatura (Clube do Livro), artesanato, moda, culin�ria, notici�rio geral,
entrevistas, pequenas telenovelas e terminava com a hora da Ave Maria, rezada
pelo Pe. Olavo Pezzotti. O programa teve boa audi�ncia e chegou a instituir uma
carteira de s�cio para as telespectadoras, que podiam frequent�-lo nas ocasi�es
festivas e concorriam a pr�mios. Ao contr�rio das outras duas emissoras, a TV
Paulista n�o iniciava sua programa��o no hor�rio do almo�o. Assim, o Clube do
Lar abria a programa��o.
Nos Tempos da Se��o Z�s
Tr�s
No g�nero infantil eram apresentados desenhos animados, dentro da famosa
Se��o Z�s Tr�s. Havia tamb�m programas com a participa��o de crian�as brincando
e aprendendo. Cacilda Lanuza produziu um programa que incentivava a criatividade
da crian�a tanto no artesananto como na narra��o ou encena��o de pequenas pe�as.
Branca Ribeiro apresentou Parque Petistil, programa com maiores atra��es:
desenhos, palha�os, festinhas para aniversariantes, presentes e brindes, tendo
uma produ��o mais elaborada, patrocinada pela f�brica de roupas Petistil. Em
meados dos anos 60, a atriz Maximira Figueiredo conduziu um programa que
estimulava o sonho da crian�a, com fadas, bichos, piratas, castelos, em diversas
brincadeiras.
Em rela��o aos esportes, havia,
primordialmente, a transmiss�o de partidas de futebol e um programa de
coment�rios esportivos.
Heran�a Complicada
At� o final da d�cada de 50 a TV Paulista
manteve-se numa situa��o est�vel de programa��o e administra��o. Contudo, em
1960, a morte de Victor Costa alterou significativamente o seu destino.
Familiares do propriet�rio, que n�o entendiam de televis�o, assumiram a
presid�ncia da emissora. O ve�culo TV, no in�cio da d�cada de 60, passava por
uma moderniza��o t�nica que a TV Paulista n�o acompanhou, ficando para tr�s no
processo de industrializa��o. Havia ainda d�vidas a serem pagas que, embora
estivessem sobre controle, n�o incentivavam novos financiamentos para reposi��o
de equipamentos e de material eletr�nico. Assim mesmo, a programa��o continuava
ativa e novas estr�ias aconteciam como o programa Vamos Brincar de Forca, aos
domingos, tendo a produ��o e apresenta��o de Silvio Santos, que lan�ava-se como
animador. Por volta de 1963, o decl�nio da emissora come�ou a se acentuar.
Programas importantes foram retirados do ar, como Teledrama, e muitos
profissionais, insatisfeitos, deixaram a emissora. Dois anos depois, a situa��o
empresarial tornou-se insustent�vel e sua dire��o resolveu vender a emissora
para a rec�m surgida TV Globo, do Rio de Janeiro, que desejava ter um canal de
televis�o em S�o Paulo e iniciar a forma��o de uma cadeia televisiva.
Plim-Plim
A TV Globo incentivou economicamente a TV
Paulista, fazendo voltar a realiza��o de programas variados como telenovelas,
humorismo, musical, show e programas jornal�sticos. No in�cio, as telenovelas
foram produzidas em S�o Paulo e, mais tarde, centralizadas no Rio de Janeiro. O
programa de humor e entrevistas da atriz Dercy Gon�alves, contratada da emissora
no Rio, passou a ser exibido em S�o Paulo, obtendo bastante sucesso. Essa fase
de incentivo durou pouco, no entanto, porque um inc�ndio nos est�dios paulistas
fez com que a TV Globo desistisse da reconstru��o e transferisse todas as
produ��es para o Rio de Janeiro. A emissora de S�o Paulo transformou-se numa
exibidora de programas em v�deo tape, produzindo, apenas, um telejornal local.
Em 1968, o nome TV Paulista foi trocado para TV Globo, de S�o Paulo.
A �nica e atual heran�a da TV Paulista
na programa��o da Globo � a Se��o Coruj�o, de madrugada. Na Paulista existiam
duas se��es de filmes: a Se��o Coruja, que passava no hor�rio da Tela Quente,
mais ou menos, e Coruj�o, que era no hor�rio da madrugada, como at� hoje existe.
No in�cio da Globo existia a Se��o infantil Z�s-Tr�s at� in�cio da d�cada de
70.
O Surpreendente
Brancaleonismo
Por volta de 1940 lan�avam no cinema o filme "O
Ex�rcito BrancaLeone", um grande sucesso que contava a hist�ria de um
surpreendente ex�rcito composto de poucos soldados, mas que com a criatividade e
uma boa estrat�gia vencia as guerras uma atr�s da outra. Por isto, a Equipe
inicial da TV Paulista, comparada com a "gigantesca" Tupi (na concep��o da
�poca), produzia �timos programas sem possuirem um "cast" de peso na
emissora, pouca t�cnica e um pequeno apartamento de 3 por 4 metros, onde Roberto Corte Real fazia o telejornal da
emissora, que era produzido e apresentado por M�rio Mansur. A reda��o trabalhava
na sala, a proje��o dos filmes acontecia no quarto e o laborat�rio de revela��o
funcionava na cozinha. Os est�dios foram improvisados no andar t�rreo e na
garagem do Edif�cio Li�ge. Tudo s� mudaria quando da R. da Consola��o, digo, da
Rua Rebou�as eles mudaram para a Rua das Palmeiras. E deste batalh�o de
pioneiros brancaleonistas, temos por a� Waldemar Seissel (o Arrelia); o locutor
esportivo Silvio Luiz; o radialista Luiz Francfort - produtor de programas da
Rede Excelsior e diretor adjunto e administrativo de grandes emissoras como a
Rede Manchete, Rede Gazeta e Rede Bandeirantes; o diretor e teledramaturgo
Antonino Seabra; entre outros. � TV Paulista tamb�m devemos agradecer pela li��o
de improviso de muitos e muitos anos, que como a Tupi, formaram a nossa
televis�o atual.
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