Capítulo 16
Fernando entra e deixa a porta aberta. Laura o segue e fecha a porta.
Laura: Você precisa me ouvir. Não podemos terminar dessa forma.
Fernando: O que você quer? Você me trai, sabe-se lá há quanto tempo e vem chorando batendo na minha porta. Tenha paciência!
Laura: Fernando, por favor! Eu errei, mas me escuta por favor!
Fernando segura Laura pelos braços.
Fernando: Eu não tenho nada para ouvir de você, entendeu?! Nada!
Laura ( gritando ): Nós temos um filho, se esqueceu!
Fernando a solta e vai até a janela.
Laura ( mais calma ): Nós temos um filho e é nele em quem temos que pensar agora.
Fernando se senta no sofá.
Laura: Tudo bem que nós... Ele não tem culpa do que acontece entre a gente. Edgar não pediu para nascer.
Fernando: Nós estamos acompanhando os estranhos comportamentos de Edgar. Isso está me preocupando. Estou pensando em manda-lo para o exterior. Pelo menos aprende uma língua, uma nova cultura e se mantém ocupado.
Laura: Eu concordo... Concordo plenamente com você. Também acho que será melhor para ele.
Fernando: Muito bem. Se estamos de acordo, acho que você já pode ir embora.
Laura: Vamos ficar assim? Terminamos por aqui?
Fernando: Meu advogado vai procurar você. Não se preocupe. Você vai ficar com a casa e uma boa parte em dinheiro. Só acho melhor você começar a procurar um emprego, pois, você sabe, dinheiro não dura para sempre.
Fernando abre a porta. Laura baixa a cabeça e sai em silêncio.
Fernando: Peça para o Edgar vir aqui assim que possível. Quero
conversar com ele.
Fernando fecha a porta.
Edgar chega a casa de Pedro. Ele bate na porta. Seu pai, Alberto, atende.
Edgar: O Pedro está?
Alberto ( de cara fechada ): Está no quarto, pode subir.
Edgar entra. Alberto fica na porta.
Edgar entra no quarto de Pedro.
Edgar: Seu pai está com uma cara...
Pedro: Está assim desde ontem. Não sei o que aconteceu. Você trouxe?
Edgar: Está aqui.
Dois policiais arrombam a porta e flagram Edgar entregando a droga para Pedro.
Policial 1: Mãos para cima, os dois!
Alberto entra atrás dos policiais.
Alberto: Pode levar os dois, policiais. Dê uma boa lição à eles.
Edgar e Pedro se entreolham apavorados.
--------------
Na casa de Marta, Beatriz se levanta e desce para o café. Se assusta ao encontrar Marcelo com sua mãe tomando o desjejum.
Beatriz: Posso saber o que significa isso?
Marta: Marcelo veio tomar café conosco, algum problema? Esta é a minha casa e acho que posso chamar quem eu bem entender.
Beatriz: Essa também é a minha casa, mamãe. Ou você se esqueceu disso?
Marta: Não, minha filha, não me esqueci. Mas por enquanto, enquanto eu estiver viva, está casa também é minha!
Beatriz: Pois bem... Eu vou deixa-los a vontade.
Beatriz sobe para seu quarto e bate a porta.
Marta: Essa menina... Não sei o que está acontecendo com ela.
Marcelo: Ela deve estar com ciúmes. Seu marido morreu há pouco tempo, ela deve estar achando que estou roubando sua posição. Ela gostava do pai, não gostava?
Marta: Adorava. Esses dois eram unha e carne. Chegava a me irritar a aproximação deles.
Marta toma um gole de café.
Marta: Eu queria falar uma coisa com você.
Marcelo: O quê?
Marta: Não sei como dizer...
Marcelo: Tente.
Marta: Você mora sozinho no continente e...
Marcelo: Diga.
Marta: O que acha de vir morar aqui. Comigo.
Marcelo fica mudo.
Marta: Te assustei?
Marcelo: Eu... Não sei, sua filha não está aceitando nossa relação.
Marta: Minha filha não mora aqui. Ela tem o apartamento dela em São Paulo e, se não estiver satisfeita, ela que pegue suas coisas e volta para lá.
Marcelo: Marta, nem parece que você está falando da sua filha.
Marta: Eu sei. Mas Beatriz e eu nunca fomos próximas uma da outra. Eu estou em busca da minha felicidade. Beatriz tem a vida dela em São Paulo. Eu estive morta durante anos e agora é minha chance de recuperar minha vida.
Marcelo: Bom, se você quer assim. Quando eu posso me mudar?
Marta: Hoje mesmo!
Beatriz está no quarto e escuta toda a conversa. Ela fecha a porta e se recolhe.