Capítulo 17
Marcelo está num restaurante em Santos. Seu celular toca. Ele atende.
Marcelo: Alô? ( pausa ) Está indo tudo ótimo. ( pausa ) Sim, hoje mesmo estarei me mudando para lá. ( pausa ) Está sendo mais fácil do que imaginava.
Laura chega no restaurante.
Marcelo: Preciso desligar, depois te ligo!
Laura se senta chorando.
Marcelo: O que houve?
Laura: Meu marido descobriu tudo.
Marcelo: Descobriu? Como?
Laura: Eu não sei... Só sei que agora estamos...
Marcelo: Espere! "Estamos"? Laura, minha querida, o que tinha que acontecer entre a gente já aconteceu.
Laura: Como é?
Marcelo: Isso mesmo. Acabou. Eu acabei me interessando por alguém e... Bom, eu não quero enganar você.
Laura: Quem é?
Marcelo: Você deve conhecer, é da ilha.
Laura: Fale logo!
Marcelo: Marta.
Laura: Eu não acredito! Eu não acredito!
Marcelo: Laura, estou sendo sincero com você!
Laura: Eu não quero sua sinceridade!
Todos no restaurante começam a olhar.
Laura ( de pé ): Meu casamento acabou por sua causa!
Marcelo: Você sabia o que poderia enfrentar.
Laura: Calhorda! Eu vou acabar com você! Vou acabar!
Laura deixa o restaurante. Seu celular toca.
Laura: Alô? ( pausa ) O quê? ( pausa ) Meu filho?! Preso?!
-----------------
Na delegacia de Santos, Laura chega e vai até a mesa do delegado.
Laura: O que fizeram com meu filho?! O que fizeram com meu filho?!
Alberto se levanta de uma cadeira no canto da sala.
Alberto: Seu filho, dona Laura, estava vendendo drogas para o meu filho.
Laura ( se desesperando ): Como é? Não é possível! Não é possível! Está tudo desabando na minha cabeça!
Delegado: Seu filho foi preso em flagrante. Como é réu primário, a senhora pode pagar fiança.
Alberto: Da minha parte, delegado, eu prefiro manter meu filho preso, pelo menos por enquanto. Mas a senhora, dona Laura, se eu pegar seu filho com meu filho outra vez, não vou pensar duas vezes antes de processa-los!
--------------
Já está anoitecendo quando a campanhia toca no apartamento de Fernando.
Fernando: O que está acontecendo?
É Laura e Edgar chorando na porta.
Laura: Acabo de tirar seu filho da prisão.
Fernando: Como é?
Eles entram. Fernando fecha a porta.
Laura: Seu filho foi flagrado vendendo drogas a um rapaz.
Fernando se aproxima de Edgar, indignado.
Fernando: Então era isso. Era isso o que você estava fazendo. Acabando com sua vida!
Edgar está sentado, chorando e de cabeça baixa.
Fernando ( gritando ): Olhe para mim!
Edgar o olha, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
Fernando: Você vai para o exterior assim que possível.
Edgar ( com raiva ): Eu não vou para lugar nenhum!
Fernando: Vai sim. Você vai ou vai ficar internado numa clínica de drogados.
Edgar: Mas eu não sou viciado!
Fernando: A escolha é sua! E então?!
Edgar: Eu não vou fazer nenhuma coisa, nem outra.
Fernando: O que pensa em fazer, então? Ser um dos maiores traficantes de Santos? Um dos maiores traficantes do Brasil?!
Edgar: Eu não vou a lugar nenhum! Acho que não deveria ter nascido!
Fernando: Escute aqui: amanhã, você vai comigo preparar toda a papelada. Você vai para a Alemanha ficar com sua avó!
Edgar: Não vou mesmo!
Fernando: Você vai e não tem mais discussão! Hoje você dorme aqui.
Edgar: Eu não quero dormir aqui!
Fernando: Cale essa boca!
Fernando dá um tapa no rosto de Edgar.
Fernando: Você não está em condições de ditar o que você quer aqui! Deveria ter ficado preso para aprender uma lição!
-------------------
É madrugada. Edgar se levanta devagar para que seu pai não acorde. Ele vai até a janela da sala.
Edgar: Eu não vou a lugar nenhum!
O garoto abre a porta da sala devagar e sai.