Capítulo 18

Beatriz se levanta. Ela veste seu roupão e vai direto para o banheiro. Lá ela se olha no espelho. Analisa sua pele, arruma seu cabelo e se despe. Beatriz entra no chuveiro. Ela cantarola um canção. Minutos depois, ela está descendo para seu desjejum. Sua mãe já está comendo quando vê sua filha na escada.

Marta: Bom dia, minha filha!

Beatriz ( fria ): Bom dia!

Beatriz olha em volta.

Beatriz: E o seu namoradinho? Não se mudou ainda?

Marta ( engolindo o café ): Anda ouvindo atrás da porta?... Marcelo não conseguiu vir ontem. Teve um problema, mas estará morando aqui a partir de hoje.

Beatriz ( se sentando e se servindo de café ): Não adianta mesmo eu dizer nada, não é?

Marta: Já disse que não discuto mais com você.

Beatriz: Bom, eu cansei. Não vou mais brigar por causa desse cara. Só espero que não se arrependa depois.

Marta: Eu sou bem grandinha para saber o que devo ou não fazer.

Beatriz: E já está se tornando repetitiva.

Marta: Olha o respeito!

Neide entra com uma forma de bolo. A empregada deixa na mesa e sai.

Marta: Você tem sua casa em São Paulo. Se não estiver satisfeita, a porta da rua é serventia da casa.

Beatriz: Eu não vou embora, pelo menos agora. Ainda estou de férias e quero continuar aqui mais alguns dias... talvez algumas semanas.

Marta: Você quem sabe. Pode ficar se quiser, mas não se intrometa na minha vida, tudo bem?

Beatriz: Se você quer assim...

Na cozinha, Neide comenta com Carla.

Neide: Acho que elas estão brigando.

Carla: Não se intromete, garota. Você pode perder o emprego.

Neide: Besteira, estou só comentando. E logo serei modelo e estarei longe dessa ilha.

Carla: Lá vem você com essa conversa outra vez.

Neide: Qual o problema, hein? Já estou cansada de você ficar me condenando sem saber o porque dessa sua besteira.

Carla se vira para a pia e começa a lavar um prato.

Carla: Você não sabe o que está dizendo.

Neide: Não sei? E quem sabe? Você sabe, Carla? Me diga?!

Carla: Eu não sei de nada, só acho que...

Neide ( fechando a torneira e pegando Carla pelos braços ): Chega dessa conversa! Agora você vai me dizer!

De volta a sala de jantar...

Beatriz: A Neide esses dias veio me procurar, me pedindo ajuda.

Marta: Ajuda? Do quê? Ela está sendo tão bem tratada aqui.

Beatriz: Não é disso. Ela quer ser modelo.

Marta: Modelo? É difícil.

Beatriz: Até que não. Eu conheço muita gente do ramo. Ela é bonita, tem um rosto bonito, tem grandes chances.

Marta: E você vai ajudar?

Beatriz: Acho que sim. É uma coitada.

Na cozinha...

Neide ( sacudindo Carla ): Fale, sua velha! Qual o problema de ser modelo?! Abra logo o jogo!

Carla ( se soltando ): Me largue, menina! Está ficando maluca?!

Carla vai até o canto da cozinha, tentando se afastar de Neide que avança para cima dela.

Neide: Você vai me falar por bem ou por mal.

Carla: Eu vou chamar dona Marta!

Neide fecha a porta.

Neide: Não vai não! Fale logo! Qual o problema?!

Carla olha apavorada para Neide e começa a chorar. Ela vai até a mesa e se senta.

Carla: Tudo bem... Eu vou te contar então.

Neide ( se sentando ): Muito bem, sou toda ouvidos!

Carla ( engolindo o choro ): Eu tinha uma filha. Poucos sabem. Ela queria ser modelo. O sonho dela, era ser modelo, ser famosa, assim, como você. Eu até gostava da idéia, até que ela começou a ir para o continente para tentar a carreira. Juliana era um amor de criança. Queria ser modelo para me dar um vida melhor. Em Santos, ela conheceu um homem que prometeu ajuda-la. Prometeu viagens, dinheiro, festas, conhecer pessoas famosas... Até que um dia, ela não voltou mais.

Neide( comovida ): Meu Deus... O que aconteceu?

Carla: Eu recebi uma carta, dois meses depois. Era ela avisando que estava na Itália. Disse que estava tudo bem, estava trabalhando muito...

Carla começa a chorar.

Carla: Como puderam fazer isso com a minha menina.

Neide: O que fizeram?

Carla: Eu vim saber, seis meses depois, que a minha menina estava... Estava se prostituindo. Obrigaram a coitada a fazer programa na Itália.

Neide ( mais comovida ): Meu Deus... Que horror!

Carla: Quando fiquei sabendo disso, já era tarde.

Neide: O que houve?

Carla: Eu fiquei sabendo de toda a verdade depois de ter recebido outra carta. Uma carta que ela havia escrito e deixado com uma colega, caso alguma coisa acontecesse com ela. E aconteceu. Mataram minha filhinha.

Neide: Mataram?!

Carla ( chorando compulsivamente ): Mataram porque ela queria voltar para casa. É por isso que eu não gosto dessa sua idéia fixa!

Neide se levanta e abraça Carla.

Na sala, Marta e Beatriz terminam seu café quando são interrompidas pelo toque da campanhia.

Marta: Pode deixar, Carla!

Marta abre a porta. Laura entra na casa como um furacão.

Laura: Muito bem, dona Marta! Precisamos ter um conversa séria!

Marta e Beatriz se entreolham espantadas.

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