Capítulo 26

Última Semana

 

O carro do detetive pára em um despenhadeiro. O mesmo onde o carro de Jonas foi encontrado.

 

Marcelo: Desligue o carro.

 

Thiago: O que vai fazer comigo?

 

Marcelo: Sabe detetive. As vezes, para que a gente possa ter uma vida melhor, precisamos tirar a vida de algumas pessoas.

 

Thiago: Jonas atrapalhava esse seu ideal.

 

Marcelo: De certa forma. E o senhor, está atrapalhando ainda mais.

 

Thiago: Vai me matar?

 

Marcelo:É claro que não! Sua família ficaria revoltadíssima. Imagina os jornais com manchetes de mais um crime bárbaro. Claro que não faria isso.

 

Thiago: O que vai fazer, então?

 

Marcelo: Vai tudo parecer acidente. Como foi com o Jonas.

 

Thiago: Então foi você mesmo.

 

Marcelo: Sim, fui eu. Quer saber como tudo aconteceu? Então vou te contar...

 

Um clarão. Passamos a ver Marcelo em frente da porta do bar onde se encontrava Jonas. Ele acende um cigarro e anda de um lado para outro. Marcelo olha insistentemente para o relógio. Ansioso, ele dá poucas tragadas e joga o cigarro no chão e pisa em cima para apaga-lo. Marcelo põe suas luvas de couro e se encosta na parede. Ele já está impaciente. Momentos mais tarde, a porta do bar se abre. Marcelo corre para o lado do motorista do carro de Jonas. Ele vê o empresário saindo, cambaleando. Jonas abre a porta do carro. Marcelo tira sua arma e aponta para cabeça do empresário.

 

Marcelo: Entre no carro e passe para o banco do motorista, bem quietinho.

 

Jonas o obedece. Marcelo assume a direção do carro e arranca cantando pneu.

 

Marcelo dirige, mas tenta manter a arma apontada para a cabeça de Jonas.

 

Marcelo: Não tente nenhuma gracinha ou vai ser pior para você.

 

O carro começa a passar por uma estrada quase deserta e muito escura. Depois de alguns minutos, Marcelo pára o carro num despenhadeiro.

 

Jonas (meio tonto): O que você quer comigo? Quer levar o carro, ele é todo o seu! Quer dinheiro?

 

Jonas tira várias notas de cinqüenta do bolso de sua camisa e joga no colo de Marcelo. O criminoso se sente ofendido e põe o dinheiro de volta no bolso do empresário.

 

Marcelo: Guarde isso! O que você vai me dar é muito mais.

 

Jonas: Do que está falando?


Marcelo: Sua fortuna. Dentro em breve ela será minha!

 

Jonas cai na gargalhada. Ri sem controle.

 

Marcelo: Do que está rindo?

 

Jonas:Para isso você vai ter que se casar com a minha mulher! ( risos ) Você não tem idéia de onde está se metendo! ( risos )

 

Marcelo começa a rir.

 

Marcelo: Nada que algumas doses de uísque não melhore.

 

Os dois gargalham.

 

Jonas: Por isso encho a cara toda a sexta-feira. Pois agüentar minha mulher, só bebendo! ( risos )

 

Marcelo: Quer mais?

 

Jonas: O quê?

 

Marcelo: Uísque.

 

Marcelo tira um pacote de dentro de sua jaqueta. Ele tira o papel que revela uma garrafa de uísque escocês.

 

Jonas: Nossa. Esse é dos bons! Passe para cá. Já que você vai acabar com a minha vida, quero morrer feliz.

 

Jonas abre a garrafa e bebe no gargalo.

 

Jonas: Sabe. Eu acho que já estou morto há muitos anos. Talvez minha morte seja solução para muita gente.

 

Marcelo: Por quê?

 

Jonas ( bebendo mais um gole do uísque ): Minha mulher, por exemplo. Ela vai ficar muito feliz com a minha morte. Tenho certeza. Você vai mesmo se casar com ela?

 

Marcelo: Vou tentar.

 

Jonas cai novamente na gargalhada.

 

Jonas ( bebendo mais um gole ): Tenho pena de você.

 

O empresário continua bebendo. Tomava um gole e olhava para o infinito, como se estivesse em busca de  uma resposta. Soluçava e virava outro gole de uísque.

 

Um clarão. Voltamos para o carro do detetive.

 

Marcelo: Sabe que, por um momento, senti pena dele. Parecia tão infeliz. Sabia o que ia acontecer e... estava feliz com isso. Então...

 

Novo clarão e voltamos para o dia da morte Jonas. O empresário toma mais um gole e desmaia. Marcelo pára por algum instante. Olha para trás e percebe que não está correndo o risco de alguém lhe ver. O criminoso sacode Jonas para se certificar de que está realmente desacordado. Marcelo abre a porta e sai do carro. Ele puxa Jonas para o banco do motorista. O carro está na beira do precipício.

Marcelo posiciona Jonas, como se estivesse dirigindo. A cabeça do empresário tende a cair em cima do volante, mas Marcelo consegue coloca-la encostada no banco. Ele solta o freio de mão e fecha a porta do carro. O veículo é empurrado até que cai no precipício.

 

Marcelo assiste o carro caindo. Ele sai passando o pé pela terra para desmanchar suas pegadas.

 

Um novo clarão e voltamos ao carro do detetive.

 

Marcelo: Foi mais fácil do que imagina. O carro nem se prendeu, parecia que tinha que acontecer mesmo.

 

Thiago: Covarde. Matou um cara bêbado. E comigo? Vai fazer a mesma coisa? Onde está a garrafa de uísque?

 

Marcelo: Com você já perdi minha paciência. Não vou ser tão meticuloso.

 

Thiago: Não?

 

Marcelo: Não.

 

Marcelo aponta a arma para a cabeça de Thiago e dispara sem dó. A bala atravessa a cabeça do detetive e estilhaça o vidro do carro. O sangue se espalha por todo o carro e em cima de Marcelo.

 

Marcelo: Droga! Que sujeira! Agora preciso limpar isso e resolver tudo na casa dos Liberato.

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