CAPÍTULO 7

RESIDÊNCIA DOS SARMENTO ? Ext/Noite

(O carro de PEDRO PAULO pára em frente ao casarão. ELE está com uma expressão furiosa enquanto sai do carro. ELE adentra a sala e é surpreendido por DEBORAH e GILMARA).

DEBORAH
Pedro Paulo?!!!

PEDRO PAULO
Cadê o Breno!!!

GILMARA
Ele se recolheu...

PEDRO PAULO
Quero falar com ele. Agora!!!

(DEBORAH parece estranhar a reação do noivo. Logo BRENO surge na sala).

BRENO
Quem quer falar comigo?

(ao se deparar com PEDRO PAULO na sala. ELE se surpreende. PEDRO PAULO olha para ele sério deixando claro que algo trágico está para acontecer. Mas PEDRO PAULO respira fundo. Percebe não ser o melhor momento e se acalma).

PEDRO PAULO
Desculpa se te tirei da cama. Mas não podia deixar de vir te dar a notícia ainda hoje.

BRENO
Que notícia?

PEDRO PAULO
Conseguí o contato com aquela empresa que você me pediu...

BRENO
Sério?

PEDRO PAULO
Temos um encontro com o diretor amanhã a tarde. Achei boa idéia você ir comigo.

BRENO (Entusiasmado)
É claro... Puxa!!! Nem acredito que você conseguiu...

DEBORAH
Nossa Pedro Paulo. Você me assustou... Do jeito que você entrou aqui...

PEDRO PAULO (Disfarçando)
É que eu tava ansioso pra dar logo a notícia pro Breno...

(GUSTAVO surge amarrando o roupão)

GUSTAVO
Que barulheira é essa?

BRENO
O senhor não vai acreditar!!! O Pedro paulo consegiu aquele contato...

GUSTAVO
Será mesmo confiável?

PEDRO PAULO
Ó senhor pode ficar tranquilo... Já fiz acessoria pra eles. São idoneos...

GUSTAVO
Vou ver isso de perto com você...

PEDRO PAULO
Não vejo necessidade. O senhor mesmo não vive dizendo que tá na hora do Breno começar a tocar as coisas com seu próprio punho?

BRENO
É verdade, pai...

GUSTAVO
Bem, pensando por esse lado...

(DEBORAH observa tudo. Parece impressionada com a atitude PEDRO PAULO em ajudar o irmão).

APARTAMENTO DE PEDRO PAULO

(Mais tarde, ele sentado, fuma seu cigarro na sala enquanto se lembra do rosto machucado de FERNANDA. Fica inquieto e caminha até o armário do quarto. Retira dele uma caixa e vai até a cama. Abre a caixa que possui um revólver dentro dela. PEDRO PAULO começa a se lembrar de 5 anos atrás. A imagem é dele com uma arma na mão treinando tiro ao alvo sob as orientações de um instrutor).

PEDRO PAULO (Testando a arma como se fosse atirar)
Faz bastante tempo...

(Quando ELE se dá conta, vê novamente diante dele a sua figura de MENINO que apenas lança um olhar sinistro para ele. Desta vez PEDRO PAULO apenas olha para aquela imagem e fixa nela).

FADE






RESTAURANTE

(Já no dia seguinte, FERNANDA e BRENO ALMOÇAM JUNTOS).

FERNANDA
Fico feliz pela notícia!!!

BRENO
Voc6e não imagina como é importante pra mim, Nanda. Vai ser meu primeiro negócio. Sem meu pai interferindo. Vou provar pra ele a minha compet6encia se conseguir fechar com a empresa...

FERNANDA
Vai dar tudo certo...

(ELE começa a se lembrar do evento do dia anterior).

BRENO
Eu te machuquei...

FERNANDA
Não foi nada...

BRENO
Claro que foi...

FERNANDA
Eu de certa forma te provoquei... esquece...

BRENO
Isso nunca mais vai acontecer...

FERNANDA
Já falei pra você esquecer...

(BRENO segura em sua mào enquanto os dois se olham).

PORTA DO RESTAURANTE

(BRENO coloca FERNANDA no taxi. Os dois se beijam antes dela entrar).

FERNANDA
Boa sorte...

BRENO
Nunca se esqueça que eu te amo muito...

(Os dois se beijam. ELA entra no taxi e ELE no seu carro. Dá a saída).

RUA

(O carro com BRENO começa a seguir o caminho indicado por PEDRO PAULO. ELE parece seguro no volante. Sem perceber o que está por vir, faz a curva numa rua estreita e deserta e se espanta ao perceber que um carro que lhe parece familiar o fecha totalmente. Logo se espanta ao ver PEDRO PAULO sair do carro com uma expressão sinistra).

BRENO
Pedro? O que você tá fazendo? Não foi aqui que marcamos...

(PEDRO PAULO aponta a arma na direção de BRENO que apavorado parece estar em choque).

BRENO (Voz engasgada)
O que você tá fazendo?

(A partir daí, tudo fica em slow-motion: PEDRO PAULO friamente dispara o primeiro tiro que atravessa o pára-brisas e acerta o peito de BRENO a queima-roupa. Logo um segundo tiro é disparado e BRENO tomba a cabeça para o lado mostrando o sangue escorrendo por sua boca em consequência da Hemorragia. PEDRO PAULO admira o seu feito.Em seguida volta para o seu carro e dá a saída, seguindo para o local aonde se encontrariam).

FADE

BANHEIRO DO APART HOTEL

(FERNANDA está novamente se banhando. Ensaboa seu corpo bem torneado mostrando mais uma vez suas belas curvas. Um flash brusco muda a cena. Em lugar da água escorrendo por seu corpo, temos FERNANDA se banhando em sangue enquanto delira de prazer ao perceber o que está acontecendo. Logo outro flash brusco muda novamente para a cena anterior e tudo voltou ao normal).

ESTRADA

(O Carro de PEDRO PAULO está parado. ELE sai do seu interior com algo embrulhado em um pano. O Local é um pouco alto e dá vista para o mar. PEDRO PAULO abre o pano e revela que a arma estava embrulhada. ELE observa e se certifica de que não há ninguém por perto e se livra da arma atirando-a ao mar. Mais uma vez, ele olha para o lado e dessa vez vê novamente o MENINO PEDRO dando um sorriso de satisfação para ele.).

RESIDÊNCIA DOS SARMENTO

(DEBORAH no telefone).
DEBORAH
Fala, Pedro. A ligação tá baixa. O quê? Mas como não apareceu? Ele saiu cedo daqui...

(GILMARA surge descendo as escadas e escuta a conversa).

GILMARA
O que foi?

DEBORAH
Pedro Paulo ligando pra dizer que o Breno até agora não apareceu no encontro...

GILMARA
Esquisito... pela hora que ele saiu daqui...

DEBORAH (Voltando ao telefone)
Pedro... Acho que aconteceu alguma coisa...

GILMARA
Liga pra Fernanda. Ele ficou de se encontrar com ela antes... Eu vou ligar pro celular do teu pai...

RUA ? Ext/Dia

(O carro com BRENO morto ainda está lá. A rua deixa de ser deserta e já temos pessoas em volta. O carro da polícia chega no local e os policiais tentam afastar os transeuntes e curiosos).

FADE

CAPELA ? Int/Noite

(O Corpo de BRENO está num caixão de luxo. Todos velando o corpo: FERNANDA de óculos escuros e lenço chorando abraçada a DEBORAH que mantém uma expressão desolada e também NANA que está do seu lado acariciando seus cabelos. Do outro lado, está GILMARA consolando GUSTAVO que chora bastante).

GUSTAVO (Soluçando)
meu Deus!!! Que cidade violenta!!! Por que o meu filho?

GILMARA
Num pensa nisso agora!!! Foi uma fatalidade!!!

GUSTAVO
Por que não pouparam a vida dele?

(Mais adiante, surge PEDRO PAULO. Neste momento, FERNANDA não se contém e acaba olhando para ele que também retribui. DEBORAH se solta de NANA e FERNANDA e corre para os braços dele).

DEBORAH (Aos prantos)
Oh, Pedro!!! Que coisa horrível!!!

PEDRO PAULO
Tô vindo da polícia agora. O delegado parece não Ter dúvidas de que foi uma tentativa frustrada de assalto. Devem Ter tentado roubar o carro dele e ele reagiu...

DEBORAH
Mas ninguém viu nada?

PEDRO PAULO
Aquela rua é deserta. Devia Ter ensinado um outro caminho pra ele chegar até o meu encontro. Se eu não tivesse marcado...

(DEBORAH Não o deixa terminar. Mais uma vez se abraça a ele.).

DEBORAH
Não... Pára com isso, Pedro. Você nào tem culpa de nada. Não tem!!!

(ELE mais uma vez olha para FERNANDA que o encara novamente. PEDRO resolve ir até lá).

PEDRO PAULO
Meus sentimentos...

FERNANDA
Obrigada...

(Neste momento os dois apertam as mãos. NANA parece perceber o clima entre os dois. Lança um olhar desconfiado enquanto observa a cena. Logo DEBORAH se aproxima).

DEBORAH
Não vai falar com o papai?

PEDRO PAULO
Claro...

(ELE se aproxima e aperta a mão de GILMARA ).

GILMARA
Ele era um filho pra mim...

PEDRO PAULO
Eu posso imaginar...

(Neste momento, ele estende a mào para o GUSTAVO).

PEDRO PAULO
meus sentimentos...

GUSTAVO (Rancoroso)
Eu nunca quis de fato nenhum negócio com você... se ele não tivesse ido lá...

DEBORAH
Papai, pára com isso. O Pedro Paulo não teve culpa...

(GUSTAVO não dá ouvidos e sai caminhando).

GILMARA
Num liga não. Foi uma fatalidade. Você não teve culpa de nada...

(GILMARA vai atrás de GUSTAVO, enquanto PEDRO PAULO mantém uma expressão preocupada.).

CEMITÉRIO

(Todos já estão voltando do enterro e caminhando para a saída. O clima é de muita tristeza. GUSTAVO sendo consolado por GILMARA. DEBORAH mais adiante ao lado de FERNANDA e PEDRO PAULO. Todos saem do cemitério).

GUSTAVO (Para Fernanda)
Fique tranquila... Você pode ficar o tempo que precisar aqui no Rio. Vou cuidar pra que você tenha tudo que precisar...

FERNANDA
Eu agradeço do fundo do meu coração... mas eu não sei o que vai ser da minha vida sem o Breno...

GUSTAVO
Isso não vai ficar assim... Seja quem for que tenha feito isso. Vai Ter que pagar...

(DEBORAH se aproxima com NANA e PEDRO PAULO).

DEBORAH
Fernanda, eu pedi ao Pedro Paulo pra te levar pro apart...

(FERNANDA neste momento, lança um olhar para PEDRO PAULO que corresponde).

FERNANDA
Não precisa se incomodar...

PEDRO PAULO
Não é incomodo algum...

(NANA tenta cortar).

NANA
Mas você não tinha me dito pra ele me levar Deborah?

DEBORAH
Você vai lá pra casa... Tô precisando de uma amiga por perto...

(NANA fica sem graça a naquele momento se vê impotente).

PEDRO PAULO
Vamos, então?

(ELE vai com FERNANDA até o carro e dá saída. NANA apenas observa tudo com perplexidade).

APART HOTEL

(A porta se abre. FERNANDA entra com PEDRO PAULO já gargalhando).

PEDRO PAULO
Tá rindo de quê?

FERNANDA
Como de que?

(ELA olha para o anel de noivado e retira do dedo com um ar de deboche).

FERNANDA
Você nunca mais vai me ver com isso...

(ELA se inspira).

FERNANDA
É incrível como tudo começa a se ajeitar...

PEDRO PAULO
Onde você quer chegar?

FERNANDA
A gente tão preocupado com o nosso caso e você com o meu noivado com o Breno. Aí uma fatalidade tira ele definitivamente do nosso caminho... Bem que o destino podia dar mais uma forcinha pra gente e dar um jeito na sua noiva...

(Neste momento, PEDRO PAULO tem uma reação impulsiva. Segura FERNANDA nos braços com violência).

PEDRO PAULO
Não!!! A Deborah não!!! A Deborah não!!!

(Neste momento ele vai para o banheiro e se tranca. FERNANDA fica sem entender o que está acontecendo com ele).

BANHEIRO

(PEDRO PAULO lava o rosto e quando olha para o espelho, vê ao fundo a sua imagem MENINO que já está lhe lançando um olhar sinistro. ELE se vira e continua vendo).

PEDRO PAULO
A Deborah não!!!

ESCRITO POR:
Marco Souza
&
Tina Welch

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