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       O CASO DAS MISSÕES
       NOVA POLÍTICA
       A morte de D. João V, meses depois da assinatura do Tratado de Madri, afastou do govêrno Alexandre de Gusmão; e transtornou a política peninsular.
       O novo rei, D. José I, chamou para secretário de estrangeiros e guerra Sebastião José de Carvalho e Melo (Conde de Oeiras, em 1759, Marquês de Pombal, em 1770) a quem incumbia, com a execução do acôrdo, o grave negócio de adaptá-lo às realidades americanas.
       Duas palavras sôbre êste personagem que enche um quarto de século da história européia.

       SEBASTIÃO JOSÉ
       Descendia de magistrados, ligados alguns à História do Brasil; e tivera, em 1738, a primeira comissão, de ministros de Londres, graças ao parentesco do secretário de estrangeiros, Marco Antônio de Azevedo Coutinho. Em 1744, ocupou-se, em Viena, da mediação entre a rainha da Hungria e a Santa Sé. Casou-se ali com Leonor Daun, senhora da nobreza austríaca, que trouxe para Lisboa, onde entrou na Côrte, muito estimada de sua patrícia a Rainha D. Mariana d’ Áustria. O velho embaixador D. José1, lembrara o modesto diplomata para ministro no futuro reinado, recomendando-lhe os talentos e o temperamento. Por certo a rainha-mãe também o apoiou2. Não parecia talhado para cousas excepcionais: até 1750 soubera acomodar-se à serenidade duma vida sem inquietações e sem tumultos . . .3. Ninguém julgou que nesse tranqüilo perfil de homem simples houvesse a vocação de “déspota iluminado”, o caráter do ministro onipotente, que a seguir revelou: uma das figuras dominantes do século XVIII.
       Não mostrou, de início, boa vontade ao Tratado de que se orgulhara Gusmão. Quis anulá-lo; chegou a dar os primeiros passos para isto4. Portuguêses da reputação de Antônio Pedro de Vasconcelos, o defensor da Colônia em 1735, achavam a “permuta”, do baluarte do Prata pelas aldeias jesuíticas, êrro enorme5. Espanhóis versados em cousas americanas diziam, ao contrário, que seria funesta a entrega dos “povos” do rio Uruguai, com a conseqüente invasão de ricas terras, que até aí os vizinhos não disputavam.
       Os jesuítas, principalmente, estranharam que tivessem de pagar o preço do ajuste, pois perdiam as missões, parte da invejável província onde os índios viviam prósperos e disciplinados. Seria atroz6.
       Fazia-se aliás na Europa uma propaganda desigual dêsse “cristianismo felice”( como lhe chamara Muratori)7.

       PAÍS DE SONHO
       Anteciparam-se Montesquieu8, Buffon9, à sátira de Voltaire, resumo chistoso das intrigas correntes e do seu combate ao “fanatismo religioso”10 de Candide11 elogiando o que podia denominar-se socialismo cristão . . .12.
       Porque preservaram os padres naquela região vasta a língua “geral”, ou guarani13, para que não se perdesse, como no Brasil, dando-lhe uma literatura, imprimindo nela os livros devotos, cultivando-a por idioma nacional, exclusivo ? 14. Para isolar as missões, e impedir que portuguêses e espanhóis destruíssem a sua “ordem ideal”, essa imensa experiência de arrumação e trabalho coletivo, êsse admirável agrupamento de povos dóceis e neófitos15.
       Sebastião José de Carvalho e Melo não as cobiçou em 1751; desprezou-as em 1757, ao contrário do que se imagina.
       Achava que o gabinete de Madri usara de falsa fé, a querer a Colônia, dando em troca as missões, de ocupação difícil, onde os tapes, fiéis aos padres, não permitiram por certo que os portuguêses se instalassem16. Acreditou que Espanha, uma vez satisfeita com a Colônia, se desinteressaria do Tratado, neste caso ardil, para pôr fora do Prata o vizinho incômodo; e logo escreveu as desconfianças e suspeitas, em forma de aviso, para Gomes Freire, nomeado chefe supremo da comissão demarcadora17 que, sem tardança, devia unir-se aos delegados espanhóis em Castilhos Grande.

       A COMISSÃO PORTUGUESA
       A indicação de Gomes Freire – para delimitar o território e permutar a Colônia pelos “sete povos” – era a garantia de que as ordens de Lisboa se cumpririam.
       Nomeado em 23 de agôsto de 175118, passou o govêrno das Minas ao irmão, José Antônio Freire de Andrada19,  com instruções para bem o desempenhar20, e o do Rio ao velho Brigadeiro Matias Coelho de Souza; e, a 19 de fevereiro seguinte, partiu desta cidade com um luzido grupo de oficiais e homens de ciência21, sem dúvida o mais valioso estado-maior que ainda viera ao Brasil. Precedeu-o o comissário castelhano Marquês de Valdelírios, que a 27 de janeiro – cheio de boa vontade, que mostrou até o fim – chegara a Montevidéu, com o jesuíta Padre Luís Altamirano, encarregado de tratar com os missionários do rio Uruguai a mudança das aldeias e a entrega da “banda oriental” aos portuguêses. Encontraram-se os comissários22 em Castilhos Grande, onde acamparam, junto à linha fronteiriça; e com excelentes disposições, os técnicos divididos em partidas, iniciaram aos trabalhos23. Obstou-lhes o prosseguimento, no trecho da costa até as Missões, a oposição dos índios. Sómente a terceira partida pôde cumprir, de modo geral, a sua incumbência24.

       REVOLTA DOS TAPES
       De fato, esbarrou a primeira partida, perto de Santa Tecla, na resistência armada pelos tapes, e teve de retroceder. Em conferência, na ilha de Martin Garcia ( 15 de julho de 53), as autoridades espanholas e Gomes Freire combinaram atacar as Missões, indo pelo Uruguai o governador de Buenos Aires, D. José de Andonaegui, e pelas cabeceiras do Rio Negro os portuguêses, para se encontrarem em São Borja. Fracassou o movimento envolvente porque Andonaegui achou no caminho as aldeias revoltadas, a começar por sua capital, Yapeyu25, e receou que lhe cortassem as comunicações: voltou para Buenos Aires26, deixando Gomes Freire e o seu pequeno exército exposto à reação dos tapes, nos campos de Jacuí27.

       RIO PARDO
       É que tivera Gomes Freire a previsão (ainda no Rio de Janeiro) de mandar criar em Rio Pardo e Santo Amaro dois depósitos de víveres e munições para a projetada arremetida: e como naquele sítio, confluência do Pardo no Jacuí (então chamado Guaíba), um forte serviria de anteparo aos assaltos que viessem do oeste e também de acampamento às tropas que os revidassem, ordenou que o engenheiro Jõao Gomes de Melo o construísse, em 1872. Foi o forte de Jesus Maria José28. No outro lugar (Santo Amaro ou Forqueta, hoje Taquari) ficou uma guarda, a vigiar as campinas inçadas de gentio belicoso. Providenciais medidas! Graças a esta antecipação dos portuguêses – tomando as entradas do Taquari e do Pardo – apoiou-se Gomes Freire a sólidas posições, que lhe  permitiram manobrar em direção à fronteira, sem o risco de distanciar-se de suas bases. Provisoriamente, por ali corriam os limites do Brasil.
       Várias sangrentas escaramuças se sucederam, já então os tapes aliados a seus velhos inimigos goanoas (ou minuanos)29; e para não sustentar todo o pêso da guerra, que cabia às duas Coroas, não somente a Portugal, conveio Gomes Freire em suspender as hostilidades ( 14 de novembro de 54 ), retirando-se para os seus quartéis do Rio Pardo, e daí, a conferenciar com Andonaegui, para as cabeceiras do Rio Negro30.
       Como explicar a resistência rija dos índios?
       Em nome do geral da Companhia de Jesus, o Padre Luís Altamirano intimara os seus irmãos de hábito a deixar as missões com os catecúmenos, que somavam trinta mil31. A palavra dos superiores era terminante e clara. Tinham de obedecer. Logo três dos sete povos concordaram: São Borja, São Luís, São Lourenço. Os outros recusaram. O Padre Altamirano instalou-se em São Tomé, defronte de São Borja, para conversar com os missionários; mas êstes o avisaram que expunha a vida, se se atrevesse a insistir com os índios . . . 32. Alegavam, para dificultar a mudança em massa, o próprio interêsse de Espanha, as antigas regalias concedidas à província jesuítica do Paraguai, tantos índios convertidos, que aí viviam em boa ordem, e os ervais, cuja a perda seria irreparável. Diziam que os portuguêses “já se jactavam de que lhes venderiam ao preço que quisessem a erva caamini”, ou erva-mate, que das missões do Uruguai, então o seu principal centro produtor, ia em grande quantidade para o Chile, para o Peru, para Buenos Aires . . . 33. Não lhes parecia suportável tal usurpação: e que se fizesse à custa dos padres beneméritos, com a exploração, subseqüente, de suas lavouras, invejáveis, da erva (yerba) do seu gentio, da laboriosa riqueza dêste34. Argumentavam também com a importância, o estado florescente dos “povos”, dotados de igrejas suntuosas, constituídos com decência e gôsto35. Não diziam, mas era manifesto, que temiam os portuguêses e os mamelucos, pelas tropelias do século anterior; e conservavam a tradição da vitória sôbre os invasores, no Jacuí, em 1641 . . . 36. Queixou-se o Padre Altamirano, que os companheiros de religião “me han desayudado positivamente . . .”, convencidos de que o tratado se anularia, nem estavam obrigados a obedecer nisto ao seu geral, dada a “notoria injusticia, cual juzgan y dicen que es el grave prejuicio que padecerian los indios en su mudanza, y en la perdida de sus iglesias y pueblos . . .”37.
       A retirada de Don José de Andonaegui e a trégua a que se submeteu Gomes Freire repercurtiram, na Europa, como uma vitória dos guaranis. Correu o boato de que se formara ali uma monarquia, coroando-se um índio Rei do Paraguai38. Alvorotou-se o espírito antijesuítico, que se acentuara, por último, em França, Itália, Espanha  e Portugal . As Côrtes de Lisboa e Madri irritaram-se contra os padres. E por fim, afastou o rei de Espanha o seu confessor, que passava por advogado poderoso da Companhia, o Padre Rábano39, cuja demissão foi como o sinal para a luta de morte, que se feriu em seguida, e havia de abater então a ordem de Santo Inácio.

         A HECATOMBE
         Ato contínuo, foram instruções para que Gomes Freire  e Valdelírios tomassem de assalto as missões e cumprissem nessa parte o tratado. Juntaram-se os dois exércitos no campo de Santo Antônio, ao pé do arroio Jaguari, em 1.º de fevereiro de 1756: 2.500 homens, dirigidos por Gomes Freire, Andonaegui, o governador de Montevidéu D. José Joaquim de Viana, o coronel de dragões do Rio Grande, Tomás Luís Osório. O primeiro encontro travou-se no dia 7, junto ao rio Vacacaí. Numa sortida, o governador de Montevidéu matou o bravo índio Sepé, que era um dos melhores guerreiros tapes, e dileto auxiliar de Nenguiru, o principal dessa nação40. No sêrro de Caaibaté pretendeu Nenguiru, - três dias depois – vingar a morte de Sepé. Mas não foi assim, que a arremetida do invasor os atropelou e desbaratou, ficando no terreno 1.200 índios mortos e 154 prisioneiros. As sua peças de artilharia de madeira, recobertas de coro, foram abandonadas intactas. Eram para assustar . . . Os brancos tiveram apenas quatro mortos e 41 feridos41. Tal hecatombe pôs fim praticamente à campanha.
      Acertou JOSÉ BASÍLIO, no poema:

Não quis deixar o vencimento incerto
Por mais tempo o Espanhol, e arrebatado
Com a pistola lhe fêz  tiro aos peitos.
.........................................................
Morto o grande Sepé, já não resistem
As tímidas esquadras,

Uraguai, c. II, págs. 44-5, ed. da Acad. Bras., Rio, 1941.

       CONQUISTA DOS “POVOS”
       Ainda em 3 de março muitos índios, ao que se dizia mandados pelo Padre Lourenço Balda, tentaram resistir num fortim, ao lado do arroio Chuniebi42. Portuguêses e espanhóis levaram diante de si, no ímpeto da marcha, essa última reação.
       A 17 de maio de 56 entrou Gomes Freire no “povo de São Miguel”.

Entra no povo, e ao Templo encaminha
O invicto Andrade; e generoso em tanto
Reprime a militar licença, e a todos
Co’a grande sombra ampara: alegre, e brando
No meio da vitória . . . 43.

       Logo, os demais povos da banda oriental do Uruguai submeteram. Desertou para os matos a maioria do gentio. Cessou por tôda parte a luta. Foi quando chegou a Buenos Aires o novo governador, D. Pedro de Cevallos, encarregado de concluir as operações necessárias e de substituir na sua chefia o velho Andonaegui. Com Valdelírios, apareceu nas missões em 2 de abril de 57. Inteirou-se da situação singular que se seguira à derrota dos guaranis. Gomes Freire não queria tomar conta dos sete povos, abrindo mão da Colonia do Sacramento44.
       E não queria por temer que os índios voltassem a reclamá-los, em número esmagador; por lhe parecer conveniente demorar a entrega da Colônia, chave da navegação do Prata; e, talvez, pela convicção de que Tratado de 1750 ia ser anulado. Obedecia naquela protelação, naquelas reservas, às instruções do seu ministro; e mais persistiu nessa malícia ao encontrar-se com Cevallos, favorável aos missionários, resolvido a repovoar-lhes as missões, inimigo do Tratado, e disposto a fazer guerra aos portuguêses na primeira ocasião45. A atitude de Cevallos – mandando que os índios regressassem aos sete povos e prometendo aos jesuítas franca proteção46- acabou por induzir Gomes Freire e retirar-se para o Rio de janeiro, o que fêz discretamente. Estava de volta à sede do seu govêrno em 20 de abril de 1759, de pois de sete anos de comissão árdua e arriscada na fronteira do sul, antes deserta ou indecisa, agora em alvorotos de grande conflito47.
       Acontecimentos relevantes desviavam as duas metrópoles do caminho pacífico que lhes encarecera Alexandre de Gusmão. O terremoto de Lisboa fôra um golpe rude na prosperidade portuguêsa; e a Fernando VI, suave e conciliador, sucedeu em 1759 Carlos III, imbuído, as idéias grandiosas dos antigos reis de Espanha. D. Pedro de Cevallos previra com admirável agudeza o rompimento próximo. Não se enganou, quando se uniu aos povos missioneiros contra os portuguêses. Preparou habilmente uma ampla conquista, que, se bem sucedida, daria aos espanhóis o Rio Grande e Santa Catarina.
       1. Vid. RODRIGUES CAVALHEIRO, Temas de História, pág. 184, Pôrto.
       2. LÚCIO D’ AZEVEDO,  OS Jesuítas no Grão-Pará, pág 276. O P. JOSÉ CAIEIRO disse ter provas de não intervenção da rainha-mãe na escolha. Lança ao cardeal de Coimbra a responsabilidade da indicação, vid. RODRIGUES CAVALHEIRO, in Ocidente, no. 29, pág. 436, Lisboa.
       3. LÚCIO D’ AZEVEDO, O Marquês de Pombal – A sua Época, cap. I, Lisboa, 1909.
       4. P. JOSÉ CAIEIRO, “Apologia da Companhia”, in Ocidente, no. 35, pág. 405, Lisboa, diz que era pública a oposição de Carvalho ao Tratado, e a propósito se abriu com os jesuítas do Paço. Valdelírios ouviu, na Colônia do Sacramento: “. . . el Ministro de Estado no quiere que se entregue la Colonia, y que Alejandro Guzman aconseja el Rey que si . . .”, an . da Bibl. Nac., LII, 1.º, pág. 245. Fernando V, em 30 de março de 1758:  que repusera Carvalho a anulação do Tratado, objetando o rei que seria “cosa fea . . .”, ENRIQUE M.  BARBA, Don Pedro de Cevallos, pág. 56, nota. No Elogia de Pombal, Nápoles, 1776: “Dopo la morte del Rè . . . il sentimento de Carvaglio fú che si dovesse sospendere il Trattato. . .” É que o atribuía ao perríodo de enfermidade de D. João V e o dava como . . . imposição espanhola, pois, a seu ver, o limite natural continuava a ser o Rio da Prata, cf. Memorial junto à carta ao governador de São Paulo, 1765, in Brasília, I, pág. 589.
       5. Gusmão respondeu a Vasconcelos numa carta célebre.
       6. Vid. v. g., carta do P. José Barreda ao Padre Altamirano, de 28 de abril de 1752. Revista da Biblioteca Nacional, Rio, LII, pág. 139.
       7. Cristianismo Felice Nelle Missione Della Compagnia di Gesú nel Paraguay, et., Veneza, 1749. Vid. GIOVANNI BEZZI, Il Pensiero Sociale di L. A. Muratori, pág. 30. Torino, 1922.
       8.  De l’Esprit des Lois, liv. IV, ch. VI. Montesquieu, antecipando-se a Perimás, compara a república do Paraguai à de Platão. “. . . Il sera toujours beau de gouverner les hommes en les rendant heureux”.
       9. Hist. Nat., III, págs. 307-8, cit. do P. JOSÉ CAIEIRO, in Ocidente, Lisboa, n.º 35, pág. 411.
       10. Vid. DANIEL MORNET, Les Origines Intellectulles de la Révolution Française, pág. 88, Paris, 1934.
       11. Candide é de 1759.Um dos personagens é o meio índio Cacambo, que JOSÉ BASÍLIO tomou para herói do Uraguai (e não Voltaire a José Basílio, como errôneamente escreveu MACHADO DE ASSIS em Esaú e Jacó, pág. 229 (1.ª ed.) nesta frase . . . patriótica: “Voltaire pegou dêle para o meter no seu livro, e a ironia do filósofo venceu a doçura do poeta”. Mostramos (em comunicação à Academia Brasileira, 1953) que o suposto nome indígena, do Candide, não é mais que o vocábulo latino, cacambo, canto da perdiz ...
O equívoco de MACHADO fôra apresentado por AFRÂNIO PEIXOTO na edição da Acad. Bras. do Uraguai, nota preliminar, pág. XXXV.
       12. LUIGI STURZI, L’Église et l’ État, pág. 397, Paris, 1937. “República cristã”, prefere CHATEAUBRIAND, O Gênio do Cristianismo, trad. de CAMILO, II, pág. 197, Pôrto, 1874.
       13. Sustentou JOSÉ TEÓFILO DE MEDINA que só se chamou guarani a lingua-geral com o PADRE MONTOYA, 1639. Quem primeiro apelidou foi ANCHIETA: língua do Brasil, portanto, com mais razão, seu nome legítimo. Contestou a tese E. DE GANDIA, em ensaio publ. Em 1931.
       14. Vid. JUAN PROBST, Documentos Para la História Argentina, t. XVIII. Insiste JOSÉ BASÍLIO DA GAMA, nota ao Uraguai, pág. 24, na proibição de usarem os índios das Missões de outra língua. E CHATEAUBRIAND: “. . . para afastar intimidade que pudesse empeçonhar os costumes dos cristãos noviços, era defeso aprender a falar a língua espanhola; mas os neófitos sabiam lê-la a escrevê-la corretamente”, ibid., II, pág. 194.
São de consulta necessária MAGNUS MORNER, The Political and and Economic Activities of the Jesuits in the La Plata Region – the Hasbsburg Era – estocolmo, 1953, VICENTE D. SIERRA, Los Jesuitas Germanos en Hispano America, pág. 196 e segs., Buenos Aires, 1944.
       15. Veja-se a descrição das missões feita em 1784 por D. FRANCISCO BRUNO DE ZAVALA, Boletin de Investigaciones Históricas, ns. 85-88, pág. 159 e segs., Buenos Aires, 1941.
       16. Carta de Carvalho a Gomes Freire, 21 de setembro de 1751, GARCIA, nota a VARNHAGEN, op. cit., IV, pág. 183, e que desmente as supostas Mémoires de Sebastien José, etc., Paris, 1787, quando dizem que queria dar a Colônia em troca dos tesouros das Missões, sonhados no delírio antijesuítico, que sofria. O delírio houve; mas depois de 1753. Quanto ao boato do ouro, vinha do inicio das missões, vid. P. TESCHAUER, Ver. Do Inst. Hist. do Ceará. XXV, pág. 33, Fortaleza, 1911.
       17. Júbilos da América, tal o nome dado à coletânea de louvores feitos pela Academia dos Seletos, no Rio, a Gomes Freire – 30 de janeiro de 1752, pela alta missão em que fôra investido. Foram distribuídas aos sócios cinco máximas cristãs, cinco políticas, cinco militares, e “regras acêrca do metro e língua que se prescreviam”.
       18. Doc. in Garcia, nota a VARNHAGEN, ibid., IV, pág. 199.
       19. Doc. in An. Da Bibl. Nac., pág. 236.
       20. Instr. de 7 de fevereiro de 1752, in Ver. Do Inst. Hist., XVI, págs. 366-376. Comentou-as, entre outros, JOÃO RIBEIRO, Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa, I, págs. 24-5, Rio, 1903.
       21. Foram seus companheiros o inseparável Alpoim, o coronel genovês Miguel Ângelo Blasco, que Gomes Freire reputou o melhor geógrafo, entre todos, o Dr. Tomás Rubi, futuro chanceler da Relação da Bahia, três padres italianos matemáticos, Panigai, Pinceti e Ciera; ajudante Gregório de Morais e Castro, neto do homônimo, morto na invasão de Duclere; alferes de dragões das Minas Antônio Pinto Carneiro, secretário Manuel da Silva Neves, pilôto Joaquim Pereira, cirurgião Teodósio Fernandes . . ., cf. GARCIA, nota a VARNHAGEN, ibid., IV, pág. 164. “De todos os oficiais estrangeiros que vieram os mais capazes são o Coronel Blasco, genovês, O Capitão Havelli, suíço, o Capitão Reverend, alemão, e o desenhador Ponzoni, milanês: os mais, exceto Bazines, não duvido hajam visto a guerra, e sejam capazes de servir nela, porém nenhum dêles risca com propriedade, nem sabe de Geografia cousa alguma . . .”, carta de Gomes Freire, 15 de fevereiro de 53, An. da Bibl. Nac., L, pág. 274. Logo em junho de 52 Blasco fêz uma planta do Rio Grande, An. cit., pág. 243. José Custódio de Sá e Faria e êle, desenharam ambos o mapa da marcha das fôrças de Gomes Freire sôbre as missões, que é descritivo do território entre o rio Uruguai e o mar, JOSÉ TORRE REVELLO, Mapas y Plantas referentes al Virreynato del Plata conservados en el Arch. Gen. De Simancas, n.º XII, Buenos Aires, 1938. JOSÉ BASÍLIO DA GAMA trata-o de “Blasco insigne . . .”, Uraguai, pág. 70. O seu trabalho, “Reparos Sôbre a Defesa do Rio Grande”, serviu em 1774, Publ. do Arq. Nac., III, pág. 35.
Já na frota de 1753 enviou Gomes Freire de regresso os três padres astrônomos, que achava medíocres ( c. de 1752, Rev. do Arq. Públ. Min., XXII, pág. 204), atemorizados pela luta em perspectiva, e os demais estrangeiros, menos Blasco, Ciera e o ajudante Ponzone, An. da Bibl Nac., L. pág. 280, Rev. cit., XXII, pág. 248.
      O Conde de Oeiras aproveitou no Colégio dos Nobres, criado em 1761, os astrônomos Brunelli e Ciera e o desenhador Ponzoni, vid. HERNÂNI CIDADE, Lições de Cultura e Literatura Portuguêsas, II, pág. 150, Coimbra, 1940, e TEÓFILO BRAGA, História da Universidade de Coimbra, III, pág. 353. “Trabalhos de membros desta expedição só restam talvez os de Blasco, Schwebel e Galluzzi, que aparece aportuguesado em Galúsio”, FIDELINO DE FIGUEIREDO, Estudos de História Americana, pág. 100. “De Miguel Antônio Ciera (continua FIDELINO), que foi o segundo signatário do Diário da Terceira Partida da Demarcação da América Meridional (1753-1754) há muitas notícias, porque de regresso ensinou Matemáticas no Colégio dos Nobres e na Universidade de Coimbra e publicou, em Lisboa, uma tradução do tratado De Officiis, de Cícero. As suas obras sôbre geografia brasílica, em português e latim, ilustradas e aguareladas, guardavam-se na Biblioteca Nacional e no Arquivo Militar do Rio de Janeiro. De Ponzoni falou CIRILO VOLKMAR MACHADO, ao dar o mesmo Ponzoni como “mestre de desenho do arquiteto português José da Costa e Silva”. – Enganou-se VOLKMAR, dizendo que “Ponzoni ficou na Bahia. Vimos a referência que lhe fêz Gomes Freire no Rio Grande. “De Ângelo Brunelli, que em Lisboa publicou uma tradução de Euclides, existem manuscritos, desenhos, pinturas e moldes na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que em 1818 os comprou a José Costa e Silva . . .”.
       O Capitão-Engenheiro Carlos Inäcio Reverend, alemão, fôra nomeado em 8 de outubro de 1750 para “tirar cartas geográficas . . . no espaço de cinco anos”, Publ. Do Arq. Nac., XXI, pág. 250.
       Miguel Angel Blasco trabalhou largamente em Portugal, depois de sua comissão na América: vid. projeto de fonte-monumento de D. João V, e obras do aqueduto, cf. Catálogo da Exposição Cultural Relativa ao Aqueduto das Águas Livres, págs. VII e 28 , Lisboa, 1940. Era tio da Marquesa de Beccaria, mulher do autor do Tratado dos Delitos e das Penas, engenheiro ao serviço da Áustria, fôra com cinco outros enviado a D. João V pela Imperatriz Maria Teresa em 1749, estêve quatorze anos no Brasil, e dêle fala miùdamente JOSÉ GUANI, Portugal, A Côrte e o País nos Anos de 1765 a 1767, trad. de CASTELO BRANCO CHAVES, pág. 61, Lisboa, 1945.
      Note-se que Francisco Ciera era filho do matemático Ciera, e iniciou em 1784 a triangulação do reino, História de Portugal (dirigida por DAMIÃO PERES), VI, pág. 541. Foi lente da Academia de Marinha.
       22. Vid. correspondência de Gomes Freire, An. da Bibl. Nac., L, pág. 274 e segs., em que narra as peripécias de sua ação. Completa o material abundante dos códices copiados por VARNHAGEM e publ. in Anais da Biblioteca Nacional, Rio, LIV, 1.º e 2.º vols., por iniciativa de RODOLFO GARCIA.
       23. A 1.ª, chefiada pelo Coronel Blasco, com o astrônomo P. Panigai, devia demarcar a fronteira de Castilhos à foz do Ibicuí. Acompanhavam-na Gomes Freire e Valdelírios, pois o problema era aí decisivo: a resistência dos guaranis (tapes) dos “sete povos”.
A 2.ª partida, de Ibicuí ao discutido Igureí (no Paraná) seria dirigida, tanto por Alpoim, como pelo astrônomo P. Ciera, geógrafo Bazines, etc. Distinguiram-se na 3.ª os dois chefes, português, o Coronel José Custódio de Sá e Faria, e espanhol, Manuel Antônio de Flôres, mais tarde Vice-Rei de Nova Granada e México, A. TAUNAY, Anais do Museu Paulista, X, pág. 52. Delas há o mapa de 1754, vid. HILDEBRANDO ACCIOLI, A Fronteira com o Paraguai, pág. 22. E esplêndido Atlas de 35 fls., do astrônomo Miguel Antônio Ciera, 1758, dedicado a D. José I, VARNHAGEN, Hist. Ger., IV, pág. 169. Tão bom desenhista como o genovês Blasco, fêz José Custódio o mapa da marcha de Gomes Freire sôbre as Missões, que possuiu ALBERTO LAMEGO, Revista do Serv. do Patrimônio Histórico, n.º 4, pág. 81, Rio, 1940. Deve ser comparado com o de Blasco, publ. por TORRE REVELLO, que já mencionamos.
        A 3.ª partida assinalou a fronteira até o Jauru, adiante de Cuiabá, mas não achou o Igureí: “não achamos na memória das gentes dois rios com tais nomes”. Por isso Gomes Freire mandou expedição de São Paulo ver o Paraná até Salto Grande, doc. in An. da Bibl. Nac., L, pág. 361. Chefiou-a o Mestre-de-Campo Antônio de Almeida Falcão, cuja viagem PEDRO TAQUES noticiou, SILVA LEME, Geneal. Paul., II, pág. 314. Na demarcação seguinte (Tratado de Santo Ildefonso) outra bandeira procurou o Igureí. chefiada por João Alves Ferreira, veterano do presídio de Iguatemi, e Capitão Cândido Xavier de Almeida Sousa, que relatou os trabalhos, 22 de setembro de 1783, Rev. do Inst. Hist., VIII, e V. CORREIA FILHO. As Raias de Mato Grosso, III, pág. 104, São Paulo, 1925. Reconheceu a barra do Igureí, mostrando não ser uma ficção geográfica, o que era importante, pois Instruções de 6 de julho de 1778 mandavam que, na hipótese de não haver o dito rio, se tomasse em seu lugar o Iguatemi, acima do salto grande. Azara (demarcador do segundo Tratado) propôs a identificação do Igureí com o Iaguareí ou Monici (Invinhema), de maior conveniência para a sua causa. A apresentação dessa variante tornou insolúvel o problema. Resolveu-o afinal de moto próprio o Brasil, aceitando, em 1872, o limite pelo salto grande , ou das sete quedas, como ponto de partida ou conexão fora de qualquer debate.
         Quando José Custódio, ótimo engenheiro, iria sacrificar a carreira pela pusilanimidade revelada na perda de Santa Catarina, em 1777. É “autor da igreja da Cruz dos Militares, da reforma da planta do convento de São Francisco de Buenos Aires e da Catedral de Montevidéu”, ADOLFO MORALES DE LOS RIOS F.º, Grandjean de Montigny e a Evolução da Arte Brasileira, pág. 217, Rio, 1942. Planejou em 1778 a reedificação da catedral de Buenos Aires, planta in Boletin de la Comisión Nacional de Museos y Monumentos, n.º 7, pág. 8, B. A., 1947. Vid. também MÁRIO BUSCHIAZZO, II Congresso Internacional de Historia de América, III, pág. 427, B.A., 1938. E na mesma cidade reformou o convento de São Francisco, da autoria do arquivo José de Echevarria, JOSÉ LÉON BOSANO, História del Arte Argentino, pág. 26, B. A., 1944; e planejou a praça de touros de Monserrate em 1791, TORRE REVELLO, Boletin del Instituto de Inv. Hist., XXVII, pág. 928, Buenos Aires. Êstes últimos trabalhos correspondem ao exílio voluntário no Prata, onde se fêz mentor dos engenheiros encarregados da demarcação de 1784, vid. P. GUILLERMO FURLONG, Anales del Instituto de Arte Americano, n.º 1, Buenos Aires, 1949. Expatriara-se.
       24.   Vid. V. CORREIA FILHO, As Raias de Mato Grosso, III, pág. 65 e segs.
       25  Vid. HERMAN F. GOMEZ, Yapeju y San Martin, pág. 39, Buenos Aires, 1923. Decidiu da conferência de Martim Garcia a refrega no Rio Pardo, entre 60 homens do Tenente Francisco Pinto Bandeira e mil índios, vid. RÊGO MONTEIRO, A Colônia do Sacramento, II, pág. 154.
       26. Valdelírios acusa Andonaegui de fascinado por los Padres, ya por su vejez . . ., An. da Bibl. Nac., LII, 1.º vol., pág. 267. Excessiva é a acusação que Gomes Freire lhe faz, de subornado e perplexo.
       27. Dominava os campos do Jacuí o forte do Rio Pardo. É a “tranqueira”, posição avançada sôbre o oeste, que entre 1752 e 67 representou a inabalável decisão portuguêsa de opor-se ali aos espanhóis das Missões e da Banda Oriental. O Tenente-Coronel de Dragões Tomás Luis Osório aquartelou em Rio Pardo depois da ação de 23 de fevereiro de 1754, em que o Capitão Francisco Pinto Bandeira com 20 homens desbaratou naquele sítio mais de um milhar de índios, AURÉLIO PÔRTO, Anais do Itamarati, II, X, Rio, 1938.
       28. Vid. documentos cit. por DE PARANHOS ANTUNES, Dragões do Rio Pardo, pág. 39 e segs., Rio, 1954. E Sousa Docca, História do Rio Grande do Sul, pág. 178, Rio, 1754.
       29. A aliança deu-se em janeiro de 54, cf. “Diário do Padre Henis”, An. da Bibl. Nac., LII 1.º, pág. 474. Se bem que os padres distingam, goanoas e minuanos, êstes, parentes dos bravios charruas, outrora grandes inimigos dos de língua geral, os tapes, formavam a mesma família, cf. FRANCISCO BAUZÁ, Historia de la Dominación Española en el Uruguay, I, pág. 75, Montevidéu, 1929. Os minuanos aliaram-se aos tapes depois da sortida em que os portuguêses os destroçaram, comêço da demarcação, carta de Gomes Freire, 20 de fevereiro de 1775, An. da Bibl. Nac., L, pág. 456.
       30. “Diário do Padre Henis”. An. da Bibl. Nac., vol. cit., pág. 514. Doc. in An. da Bibl. Nac., L, pág. 483 e segs. Foi no passo do Jacuí que se deu o episódio da enchente, cf. Anais cit., pág. 399, narrado por JOSÉ BASÍLIO no seu poema. Aí ficou o forte de Jesus Maria José (Rio Pardo). Vid. também cronologia do Rio Pardo in DANTE DE LAYTANO, Almanaque de Rio Pardo, pág. 181, 1946, e DE PARANHOS ANTUNES, op. cit., pág. 73.
       31. Os sete povos orçavam em 29.191 almas, cf. doc de 1752, An. da Bibl. Nac., vol. cit., pág. 128. Dêstes, 6.500 eram “ginetes ejercitados en las guerras com otros indios infideles . . .”, An. cit., pág. 156.
       32. Carta do P. Altamirano, 18 de outubro de 52, An. da Bibl. Nac., LII, vol. 1.º vol., pág. 76.
       33. Carta do bispo de Buenos Aires, 1752, An. da Bibl. Nac., LII, vol. 1.º, pág. 159.
       34. A mania de erva tornara-se irredutível entre os guaranis: “de la yerba caamini tan desatinadamente amada de dichos indios”, que produziam nas missões 20 mil arrôbas anuais, doc. in An. da Bibl. Nac., LII, 1.º, pág. 121, embora uma cédula real de 1670 limitasse a exportação a 12 mil, Anais cit., pág. 118, a fim de lhe manter o preço. Informava o Padre Altamirano que o Chile e o Peru se abasteciam da erva das missões, “tan necesaria como usada en ambos reynos . . .”.
       35. Para saber o que eram as missões, sua organização e desenvolvimento, Vid. Cartas Ânuas, Documentos para la História Argentina, Inst. de Inv. Hist., tomos XIX e XX, Buenos Aires, 1927- 29. Numerosos padres e irmãos artífices eram alemães, austríacos, suecos, flamengos, italianos: concorreram para a transformação das aldeias em colônias de trabalho, que se bastavam em si mesmas, com oficinas modelares. A mão-de-obra dêsses “técnicos” é patente, na ordem rígida, algo militar, de imensas casernas, dos pueblos, a que presidiam, porém a devoção, o entusiasmo religioso, o espírito, dos padres espanhóis. Sôbre a proveniência dos jesuítas e sua nominata, vid. P. CARLOS LEONHARDT, Docs. para la Hist. Argentina, XIX, págs. LXII-LXV, Buenos Aires, 1927. A sua prosperidade: P. GUILLERMO FURLONG, Los Jesuítas y la Cultura Rioplatense, pág. 100, Montevidéu, 1933.
       As ruínas das missões atestam ainda a sua grandeza e prosperidade do século XVIII: vid. P. GUILLERMO FURLONG, in HIstoria de la Nación Argentina, III. Pág. 620, Buenos Aires, 1937. Mapa inédito da região vem no Boletim del Inst. de Invest. Hist., tomo XXIV, Buenos Aires, 1940, comentários de JÚLIO CÉSAR GONZALES. Outro nos dá o P. FURLONG, op. cit. Excelente síntese é a de JÚLIO E. PAYRÓ, Las Ruínas de San Ignacio, Buenos Aires, 1937.
       36. Vid. capítulo VII, “Expansão Paulista” ( Século XVII).
       37. Carta para o Padre Pedro Céspedes, 1753, An. da Bibl. Nac., LII, 1.º, pág. 210.
       38. Ao “cacique”Nicolau Nenguiru foi atribuída a fantasia de fazer-se Nicolau I.
       Seria o “premeditado oculto Império” de que “vagamente na Europa se falava”, JOSÉ BASÍLIO DA GAMA, Uraguai, pág. 11. O poeta informa-nos, que começou a pensar no seu poema em Roma, tal a curiosidade dos italianos pelo que se passava na América, ibid., pág. 12 No Candide, VOLTAIRE fantasiara aquela região misteriosa . . .
       39. Vid. sôbre a demissão do confessor, docs. in An. da Bibl. Nac., LII, 1.º. pág. 231, passim.
       40. Sepé é o mais famoso dos guerreiros das missões, equiparado aos santos pelo sacrifício, São Sepé, nome deduzido da tradição popular, que conserva uma cidade do Rio Grande do Sul . . . Colheu J. SIMÕES LOPES NETO nesse Estado importante material folclórico sôbre Sepé: uma poesia de excelente estilo, dedicada ao “lunar”, ou signo sobrenatural, que distinguia o índio . . . Sôbre a ação de 7 de fevereiro de 1756, vid, An. da Bibl. Nac., LII, 1.º, pág. 427. Relatório da marcha dos exércitos, An. da Bibl. Nac., vol. 71, pág. 39 ( com o resumo da correspondência oficial).
       41. Vid. II. D., Ensayo de Historia Patria, pág. 183, Montevidéu, 1923. Acompanhavam os índios de Sepé e Nenguiru os Padres Miguel de Soto, Lourenço Balda ( transformado por JOSÉ BASÍLIO DA GAMA no principal “caudilho”) e Tadeo Henis. O Padre Charlet “dió la industria de que hiciesen los cañones de taquara . . .”, An. da Bibl. Nac., vol. cit., pág. 426, rudimentar artilharia dos guaranis. – Entre os feridos do dia 10 estava Tomás Luis Osório, vid. “Diário” cit. por GARCIA, nota a VARNHAGEM, ibid., IV, pág. 211. Bibliografia do episódio, P. GUILHERMO FURLONG, in Hist. de la Nación Argentina, III, pág. 619. Descreve o campo de batalha, com a solitária cruz de madeira, JOSÉ DE SALDANHA, “Diário Resumido”.1781- 87, Anaisda Bibl. Nac., LI, pág. 330.
       42. Sôbre o P. Balda. Vid. R. GARCIA, nota ao Uruguai, ed. da Acad. Bras., pág. 136. Sôbre o combate final, An. da Bibl. Nac., vol. cit., pág. 430.
       43. Uraguai, pág. 100.
       44. Que algum tempo se dispôs a entregar a Colônia, prova a carta do governador desta, Luís Garcia de Bivar, 18 de abril de 1754: “O Mestre-de-Campo-General Gomes Freire . . .me ordenou fôsse remetendo para o Rio de Janeiro algumas peças de artilharia que se evacuar esta praça . . .”, An. da Bibl. Nac., L, pág. 365.
        45. ENRIQUE M. BARBA, Don Pedro de Cevallos, pág. 53, passim, La Plata, 1937.
O correio regular que estabeleceu entre as missões e Buenos Aires prova também que não pensava abandoná-las, vid. WALTER B. L. BOSE, Centro de Estudios Históricos (Universidad de La Plata), pág. 51, La Plata, 1941.
       46. Em 1760 foram retumbantes as festas de São Borja, presididas por Cevallos, no dia de São Carlos, cf. ALBERTO LAMEGO, Ver. do Serv. de Patr. Hist., n.º 4, pág. 56.
       47. Em 8 de outubro de 1758 recebeu Gomes Freire o título de Conde de Bobadela, de prêmio aos serviços feitos. Vid. VARNHAGEN, Hist. Geral do Brasil, IV, pág. 169. Em seu lugar, ficou no Sul o Brigadeiro José Custódio, Ver. do Inst. Hist., XXXI, parte 1.ª, pág. 283, o mesmo que trairia Portugal passando-se, em Santa Catarina, para o serviço de Espanha.

       Aurélio Porto


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