CARIDADE PARA UM JUSTO

Em uma rua desta cidade, um jovem sentado no passeio, pedia uma caridade.

Moço forte, tez branca, olhos azuis, barba crescida, portava-se pacífico.

Muitos curiosos o cercavam e jogavam moedas. Em dado momento, gritou um moço sem educação: - Vai trabalhar vagabundo, és forte e muito moço. Os sensatos se entreolharam e o jovem que pedia, muito calmo, ergue os olhos para o infinito. O seu porte se alterou, seus olhos vertiam grossas lágrimas, sua fronte banhou-se de suor, seus lábios moviam-se mas sua voz não se fez ouvir, sua mão direita abre um botão da velha e branca, mas limpa camisa e um símbolo se fez visível, a Cruz de Caravaca, presa à uma estrela de cinco pontas.

Os que assistiam ao quadro, não tinham forças para agir, e o moço começou enfim a pronunciar as primeiras palavras: - Ó tu, meu infeliz irmão, que me atirastes esta pedra, leio em tua mente que o teu corpo se cobre com as veste sagradas de um templo de caridade, no entanto o teu íntimo supera o íntimo dos mais perversos criminosos que, cumprindo um carma, fizeram chorar crianças e adultos correndo dele para que os outros não venham a chorar. Tua voz se fez ouvir nos salões repletos de seres humildes que buscam neste templo, o pão do espírito e do corpo. Eu te pergunto se está a teu alcance e conhecimento, a caridade?

Ergue a cabeça mais uma vez, olha o infinito com os olhos cobertos de lágrimas, e foi lentamente se desintegrando.

Quem era este jovem que pedia a caridade? Não vos posso dizer.

Sabeis como o sois, podendo defini-lo.

Heráclito Neves (homenagem póstuma)

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