O IFÁ

O IFÁ, não tendo de início culto organizado na Umbanda, se identificou com o instrumento de que se serviam os babalaôs e se servem os eluôs para as suas consultas ao Orixá - o Opelê-ifá, o rosário-de-Ifá, feito de búzios da Costa, de forma especial, uns diferentes dos outros, que agora se chama simplesmente Ifá.

Atirado ao acaso sobre o chão, depois de uma série de rezas mágicas, o ledor do futuro decifrava, pela posição em que porventura caíssem os búzios do rosário, o destino que esperava o consulente. O Rosário pode ser substituído, sem desvantagem, pelos búzios que o compõem - e esta é a regra atualmente. O Sacerdote do Ifá se valia e se vale hoje em dia de outros materiais, como o obi, o orobós, a pimenta-da-costa (atarê).

Além deste processo, o mais comum, o sacerdote pode servir-se de uma peneira trançada de palha de bambu (+ / - 50cm), chamada peneira do Ifá que colocada no chão, responde, sem qualquer auxílio exterior, às suas perguntas. Movendo-se para um lado, diz que sim; movendo-se para o outro, diz que não...

O Sacerdote se chama, em alguns cultos, olhador, por olhar o futuro, e daí vem a expressão Olhar com o Ifá.

A existência desse sacerdócio está em sério perigo, ameaçada pela concorrência cada vez maior dos Pais e Mães-de-santo, que entretanto não possuem o treino especial requerido para o trato com o Ifá.

Os chefes de terreiro, conhecidos como Mão-de-Ifá, acendem uma vela sobre a mesa (taramesso), ao lado de um copo com água, e atiram os seus búzios para determinar o Orixá que comanda os neófitos, para prevenir doenças, para resolver disputas conjugais, etc. Há muitos Pais e Mães-de-santo enriquecidos com essas consultas (que deveriam ser graciosas). É do taramesso, manejado por mãos desonestas, que sai o feitiço, a coisa feita, o bozó; boatos jogados à esmo aos consulentes; que surgem casos de surras, de mortificações, de crimes contra a natureza. Antigamente, porém , o pagamento recebido por esses serviços não ultrapassava de 3, 5 ou 7 vezes a moeda corrente no local (a Lei de Salva), o que não daria para enriquecer ninguém..

Hoje, seria comum a cobrança de R$ 5 ou no máximo R$ 7, para a Lei de Salva, porém com os materiais necessários aos trabalhos de desmanche, preconizam, os ditos leitores de búzios, elevam o custo, até a milhares de reais.

Desta sorte o Culto da Umbanda honesta e sincera se restringe ainda mais, dentro de suas próprias fronteiras, pela supressão deste serviço, prestado em troca de pagamento recebido pelas consultas ao IFÁ, que no entender dos que levam a Umbanda a sério, deverá ser gratuito, pois trata-se em síntese da primeira e primordial caridade à ser prestada.

Bibliografia:
CANDOMBLÉS DA BAHIA
Edson Carneiro.

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