Faz de conta

Faz de Conta


Venho do país que faz-de-conta.

Pobre, mal-educado e com vistas estreitas,

Indolente e satisfeito consigo próprio,

Vaidoso do que pensa ter, mas que não tem,

Abrutalhado e violento para os sem-poder,

Ganância sem limites, nem princípios, ao sabor da força,

Resmungão e maldizente quando se trata dos outros,

Terra de gente à deriva, num mar de cimento e desordem.



No meu país vive-se de costas voltadas para o futuro,

Ao tempo e ritmo das garraiadas que animam as emoções primárias.

Políticos de aldeia com fatos de cidade cosmopolita,

A aparência vale mais do que a substância,

A fazer de conta que mandam no que não controlam,

A fingir que sabem quando nem ver conseguem,

Novos-ricos dos negócios da fraude e da indisciplina,

Deuses mediáticos das palavras ocas e sem sentido,

Terra de vendavais num turbilhão de caos.



No mundo enredado da minha teia de aranha,

Com fios a prender as imaginações mais ousadas,

Crescem valores e imagens que não se debatem,

Fica-se às escuras com ideias do passado,

Intelectuais do maldizer e da palavra insultuosa,

Profissionais do lambe-botas a pregarem na praça deserta.



Vive-se ao mote do não-te-rales e deixa andar,

Do tapa-buracos e faz fogo de artificio com muito estrondo.

Mesquinhez de quem não sabe fazer, mas gosta de demolir,

Pobres diabos, ridículos figurantes, no circulo de fora,

Senhores manhosos e oportunistas, no circulo de dentro.



Que a senhora santa nos salve dos que têm poder,

Que a senhora de todos os milagres nos ajude,

No país que faz-de-conta.



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diz-lhes que não existo






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