Venho do país que faz-de-conta. Pobre, mal-educado e com vistas estreitas, Indolente e satisfeito consigo próprio, Vaidoso do que pensa ter, mas que não tem, Abrutalhado e violento para os sem-poder, Ganância sem limites, nem princípios, ao sabor da força, Resmungão e maldizente quando se trata dos outros, Terra de gente à deriva, num mar de cimento e desordem. Ao tempo e ritmo das garraiadas que animam as emoções primárias. Políticos de aldeia com fatos de cidade cosmopolita, A aparência vale mais do que a substância, A fazer de conta que mandam no que não controlam, A fingir que sabem quando nem ver conseguem, Novos-ricos dos negócios da fraude e da indisciplina, Deuses mediáticos das palavras ocas e sem sentido, Terra de vendavais num turbilhão de caos. Com fios a prender as imaginações mais ousadas, Crescem valores e imagens que não se debatem, Fica-se às escuras com ideias do passado, Intelectuais do maldizer e da palavra insultuosa, Profissionais do lambe-botas a pregarem na praça deserta. Do tapa-buracos e faz fogo de artificio com muito estrondo. Mesquinhez de quem não sabe fazer, mas gosta de demolir, Pobres diabos, ridículos figurantes, no circulo de fora, Senhores manhosos e oportunistas, no circulo de dentro. Que a senhora de todos os milagres nos ajude, No país que faz-de-conta. diz-lhes que não existo
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