Sobre o DIU
Quem ouvir falar ou ler sobre o Dispositivo Intra Uterino
(DIU), pode ser levado a supor, precipitadamente, que o mesmo tem apenas efeitos
contraceptivos.
De facto o DIU, amplamente usado em todo o Mundo
(cerca de 70 milhões de Mulheres(1),(10)) e com grande
incidência na China(1), é um método artificial anti-nidativo e
portanto abortivo. É já há muito utilizado, não só por Mulheres-
desde o início do séc. XX(1),(2),(5),(10)- como também o era,
rudimentarmente, utilizado pelos Antigos, em animais, na forma de pedras
arredondadas introduzidas no útero de camelas para evitar a sua gestação durante
as longas jornadas pelo deserto(2).
O DIU é um
aparelho que se introduz em permanência na cavidade uterina, com variados tipos
de idealização e comercialização, construído com diferentes materiais e com
diversas formas.
Vários mecanismos de acção estão
envolvidos(1),(2),(5),(6),(8),(10): todos os DIU's estimulam
uma resposta inflamatória ou resposta a corpos estranhos no útero que, por sua
vez, causa uma alteração celular e bioquímica no endométrio e nos fluidos
uterinos. O nível de prostaglandina aumenta e a hemostase é afectada. Vários
tipos de glóbulos brancos surgem no endométrio e estes podem consumir o embrião
e alguns espermatozóides, por fagocitose. As alterações do endométrio no ciclo
normal podem ser atrasadas ou perturbadas por esta reacção inflamatória,
tornando-o inóspito para a implantação do embrião quando este chega vindo da
trompa de Falópio. Há também acção mecânica directa, traumatizando o endométrio
e o embrião recém implantado. O embrião é, então, expulso.
Os
DIU's de cobre podem ter algum efeito espermicida, alterando a mobilidade ou
capacitação, por modificar bioquimicamente a composição do muco cervical, mas o
cobre aumenta a reacção inflamatória e pode aumentar as contracções musculares
do útero(1); os DIU's contendo hormonas podem por vezes
prevenir a ovulação mas essas hormonas actuam sobre a nidação, mediante acção
local no endométrio(1),(2) (Croxatto, 1970- primeiro cientista
a demonstrar o efeito sobre a implantação, mediante uma acção local no
endométrio)(2). O transporte do embrião através da trompa de
Falópio e do útero é aumentado(10). Não inibe a ovulação, não
inibe completamente o transporte dos espermatozóides, nem inibe a
fecundação(2),(5).
Para além destas alterações
no útero, que provocam aborto, o DIU apresenta uma enorme variedade de
desvantagens (para as Mulheres, claro!), que podem incluir: complicações
menstruais (excessivas, hemorragias irregulares, dores
abdominais)(1),(4),(5),(6),(7),(8),(10),(11);
salpingite(5),(6); doença inflamatória pélvica
(DIP)(1),(3),(5),(7),(10),(11); risco de expulsão do DIU
principalmente no primeiro mês(1),(4),(5),(6),(10),(11);
probabilidade de ulcerar a parede do endométrio aumentando o risco de
infecção(1),(6); actinomicose
pélvica(1),(3),(5) havendo maior risco para
jovens(3); perfuração do
útero(1),(4),(5),(7),(9),(10),(11);
esterilidade(2),(4),(8); aborto no segundo trimestre de
gravidez, se engravidar com DIU, por sepsis
materna(5),(6),(8); risco teórico de cancro no
útero(5); maior probabilidade de aborto espontâneo, se
engravidar com DIU(6),(8),(10) (30- 50%)(6);
lesão cervical do útero(5); risco do DIU
fracturar(5); alteração do lugar do DIU(5);
tendência para anemia(5); aumento da gravidez ectópica
(implantação do embrião fora do útero)(5),(6),(7),(8),(10);
morte(1),(6).
Muitas Mulheres com DIU não
conhecem o seu mecanismo de acção e pensam ser este apenas contraceptivo. Mas a
realidade é outra: este aparelho tem taxa de aborto muito elevada- mata um Ser
Humano na sua segunda semana de vida, iniciada no momento da concepção- o que é
inaceitável! Portanto a colocação do DIU não é um acto médico e deve ser
abolida. O Código Deontológico da Ordem dos Médicos, no Artigo 47.º
(Principio Geral) é bastante claro: "1. O Médico deve guardar respeito pela vida
humana desde o seu inicio. 2. Constituem falta deontológica grave quer a prática
do aborto quer a prática da eutanásia. (...)". É de lamentar a falta de
informação prestada às Mulheres, que lhes é devida, da parte de alguns
profissionais de saúde que, ou são desonestos, ou negligentes, ou ignorantes da
Ciência.
Rodrigo Castro
Estudante de Medicina Dentária,
FMD-UL, 5º ano
Bibliografia:
(1) Jones III, H. W.; Wentz, A. C.;
Burnett, L. S.- Novak's Textbook of Ginecology. 11st
Edition. Williams & Wilkins. Baltimore, USA. 1988.
(2) Cortit,
L. I. and cols.- Contracepcion y Planeamento Familiar- Aspectos
Medicos. Ediciones Scriba, S.A.. Barcelona. 1983.
(3)
Thompson, J. D.; Rock, J. A.- Te Linde's Operative Gynecology.
7th Edition. J.B. Lippincott Company. Philadelphia.
1992.
(4) Séguy, B.; Martin, N.- Manual de
Ginecologia. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.
1985.
(5) Tindall, V. R.- Jeffcoate's Principles of
Gynaecology. 5th Edition. Butterworths. London.
1987.
6) Danforth, D. N. and cols.- Obstetrics and
Gynecology. 3rd Edition. Harper & Row, Publishers. New
York. 1977.
(7) Gabbe, S. G.; Niebyl, J. R.; Simpson, J. L.-
Obstetrics- Normal and Problem Pregnancies. 2nd
Edition. Churchill Livingstone. New York. 1991.
(8) Isselbacher,
K. J.; Braunwald, E.; Wilson, J. D.; Martin, J. B.; Fauci, A. S.; Kasper, D. L.-
Harrison's Principles of Internal Medicine, Vol. II.
13rd Edition. New York. McGraw-Hill, Inc..1994.
(9)
Bernstine R. L.- Review and analysis of the scientific and clinical data
on the safety, efficacy, adverse reactions, biologic action, utilization and
design of intrauterine devices. FDA Contract. 1975.
(10)
González-Merlo, J.- Ginecología. 7ª Edición. Masson,
S. A..Barcelona. 1997.
(11) Direcção Geral da Saúde- Divisão de
Saúde Materna, Infantil e dos Adolescentes- Saúde Reprodutiva- Planeamento
Familiar. Lisboa.1998.