A 455Km da costa ocidental da África, no Atlântico Norte, entre o Trópico de Câncer e o Equador, situa-se o Arquipélago de Cabo Verde, com a superfície total de 4.033Km2. Compõe-se por dez Ilhas e oito ilhéus, divididas em dois grupos, Barlavento e Sotavento, de acordo com a sua posição relativa ao vento dominante de N.E. Pertencem ao grupo de Barlavento as Ilhas de Santo Antão, S. Vicente, Santa Luzia, S.Nicolau, Sal e Boa Vista e os Ilhéus de Pássaros, Branco e Raso; e ao de Sotavento as Ilhas do Maio, Santiago, Fogo e Brava e os Ilhéus de Santa Maria, Luís Carneiro, Sapado Grande e de Cima.

        O clima de Cabo Verde é função de três massas de ar principais. Uma soprando de N.E. afecta, pela sua humidade e frescura, os solos e a vegetação para cima de uma determinada cota exposição N.E. ou N. Outra, massa de ar continental muito quente e seca, aparece de Leste, especialmente de Outubro a Junho, mas com pouca frequência e com pouca duração. Actua mais por golpes de algumas horas do que sob forma de invasão. A ultima vinda de S. e S.W., húmida, é responsável pelas chuvas de verão, de Agosto a Outubro, o chamado "tempo das aguas". O clima de Cabo Verde apresenta algumas afinidades com os climas desérticos quentes, mas distingue-se deles pelas pequenas amplitudes térmicas, pela sua humidade e pela periodicidade das chuvas. O Oceano e os ventos alisados exercem uma acção moderadora na temperatura. É interessante notar que a temperatura do mar do Arquipélago é superior, em todos os meses do ano, a temperatura atmosférica. A origem de todas as ilhas é vulcânica , tendo-se estas formado pela acumulação de rochas eruptivas sobre plataformas submarinas, conservando apenas uma (Maio) restos de sedimentos anteriores.

A orografia das ilhas apresenta-se, por vezes, extremamente acidentada. A erosão é, normalmente, muito importante, pelo que algumas, as orientais, apresentam-se muito desmanteladas e, noutras, origina a formação de desfiladeiros e o escavamento de ravinas por onde circulam cursos de agua temporários de regime torrencial. As costas muitas vezes, caem de grande altitude, e abruptamente sobre o mar, em falésias imponentes. O descobrimento das Ilhas de Cabo Verde, pelos Portugueses, esta ainda envolto em certa obscuridade. Aceita-se geralmente que foram encontradas em dois grupos, por expedições diferentes. O primeiro diploma que se lhes refere e de Agosto de 1460, o que torna esta data mais provável que a de 1456, também, se reivindica. As ilhas foram achadas desertas, sem quaisquer indícios de presença humana, carecendo de comprovação os argumentos de um anterior conhecimento do Arquipélago baseado em documentos geográficos árabes ou a existência de inscrições rupestres e de dolmens. A Ilha que apareceu menos desfavorável à ocupação foi a de Santiago.

O seu povoamento iniciou-se em 1462, mas so com privilégios especiais, concedidos alguns anos depois, se tornou possível. Consistiam eles na permissão para os moradores de Santiago resgatarem escravos nas costas da Guine, na isenção de dizima pelos produtos agrícolas enviados para Portugal e dos direitos de comercio entre Ilhas. Era reduzido o valor atribuído aos recursos locais e dava-se primazia as actividades do comercio e da navegação.

A economia das Ilhas de Cabo Verde foi através de todos os tempos, extremamente frágil. Desde a ocupação e do povoamento do Arquipélago teve por base a criação de gado, lançando a esmo em certas Ilhas e sujeito a matanças periódicas com vista ao sustento da população e ao abastecimento da navegação que se aportava a fazer aguada e mantimentos, aproveitando o sebo para o fabrico de sabão e conservação do velame e cordoaria dos navios, e de couros e de peles para exportação a extracção de produtos espontâneos, como a urzela e o sal. A par desta actividade o cultivo de cereais de subsistência, o milho, a batata doce, a mandioca, o inhame; a plantação de arvores de fruto como laranjeiras, limoeiros, tangerineiras. Paralelamente cultiva-se nos vales húmidos ou irrigados a cana sacarina para o fabrico de açúcar e aguardente.

O processo de povoamento, as rebeliões contra a dominação colonial, a resistência cultural reforçando a unidade nacional cabo-verdiana, criaram condições propicias a eclosão do movimento nacional libertador em Cabo Verde. A marcha irresistível para a completa liberdade e independência encontrou no quadro da evolução histórica dos nossos dias a forma necessária de forjar um instrumento poderoso que a tornasse possível. A 19 de Setembro de 1957, Amilcar Cabral, desde ha muitos anos activamente ligado a luta contra o colonialismo, cria, em Bissau, com outros companheiros, o P.A.I.G.C. (Partido Africano da Independência da Guine e Cabo Verde). Em aplicação do acordo assinado entre o PAIGC e a Republica Portuguesa a 19 de Dezembro de 1974, foi empossado a 30 de Dezembro o Governo de Transição do Estado de Cabo Verde. Esse Governo, chefiado por um alto comissário, representante do Presidente da Republica Portuguesa, compreendia 3 ministros designados pelo PAIGC e 2 pela parte portuguesa.

Para alem de administrar o pais, coube ao Governo de Transição a tarefa de preparar as eleições para a Assembleia Nacional Popular que a 5 de Julho de 1975, proclamou a Independência, pondo deste modo fim a cinco séculos de dominação colonial sobre a mais antiga das colónias portuguesas.

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