Desejo de regresso
Deixai-me nascer de novo,
nunca mais em terra estranha,
mas no meio do meu povo,
com meu céu, minha montanha,
meu mar e minha família.
E que na minha memória
fique esta vida bem viva,
para contar minha história
de mendiga e de cativa
e meus suspiros de exílio.
Porque há doçura e beleza
na amargura atravessada
e eu quero a memória acesa
depois da angústia apagada.
Com que afeição me remiro!
Marinheiro de regresso,
com seu barco posto a fundo,
às vezes quase me esqueço
que foi verdade este mundo.
(Ou talvez fosse mentira...)
Autor: Cecília Meireles