Soneto
Vês este sol de luzes coroado,
Em pérolas a aurora convertida;
Vês a Lua, de estrelas guarnecida;
Vês o céu, de planetas adornado?
O Céu deixemos: vês naquele prado
A rosa com razão desvanecida,
A açucena por alva presumida,
O cravo por galã lisonjeado?
Deixa o prado: Vem cá, minha adorada:
Vês desse mar a esfera cristalina
Em sucessivo aljôfar desatada?
Parece aos olhos ser de prata fina...
Vês tudo isso bem? Pois tudo é nada
A vista de teu rosto, Catarina.
Autor: Gregório de Matos
Extraído de: LAJOLO, Marisa. Literatura: Leitores e leitura. Ed Moderna, 2001