As melhores histórias

-...Mas suponho que seja sempre assim. Os feitos corajosos das velhas canções e histórias, Sr Frodo: aventuras, como eu as costumava chamar. Costumava pensar que eram coisas à procura das quais as pessoas maravilhosas das histórias saíam, porque as queriam, porque eram excitantes e a vida era um pouco enfadonha, um tipo de esporte, como se poderia dizer. Mas não foi assim com as histórias que realmente importaram, ou aquelas que ficam na memória. As pessoas parecem ter sido simplesmente embarcada nelas, geralmente- seus caminhos apontavam naquela direção, como se diz. Mas acho que eles tiveram um monte de oportunidades, como nós, de dar as costas, apenas não o fizeram. E, se tivessem feito, não saberíamos, porque eles seriam esqecidos. Ouvimos sobre aqueles que simplesmente continuaram - nem todos para chegar a um final feliz, veja bem; pelo menos não para chegar àquilo que as pessoas dentro de uma história, e não fora dela, chamam de um final feliz. O senhor sabe, voltar para casa, descobrir que as coisas estão muito bem, embora não sejam exatamente iguais ao que eram - como aconteceu com o Sr. Bilbo. Mas essas coisas não são sempre as melhores histórias de se escutar, embora possam ser as melhores histórias para se embarcar nelas! Em que tipo de história teremos caído?

-Também fico pensando - disse Frodo. - Mas não sei. E é assim que acontece com uma história de verdade. Pegue qualquer uma de que você goste. Você pode saber, ou supor, que tipo de história é, com um final triste ou final feliz, mas as pessoas que fazem parte dela não sabem. E você não quer que elas saibam.

-Não, senhor, claro que não. Veja o caso de Beren: ele nunca pensou que ia pegar aquela Silmaril da Coroa de Ferro en Thangorodrim. E apesar disso ele conseguiu, e aquele lugar era pior e o perigo mais negro que o nosso. Mas é uma longa história, é claro, e pasa da alegria para a tristeza e além dela - E a Silmaril foi adiante e chegou a Eärendil e veja, senhor, eu nunca tinha pensado nisso antes! Nós temos - o senhor tem um pouco da luz dele naquela estrela de cristal que a Senhora lhe deu! Veja só, pensando assim, estamos ainda na mesma história! Ela está continuando! Será que as grandes histórias nunca terminam?

-Não, nunca terminam como histórias - disse Frodo. - Mas as pessoas nelas vêm e vão quando seu papel termina. Nosso papel vai terminar mais tarde - ou mais cedo."

Autor: JRR Tolkien
Em: Senhor dos anéis: As duas Torres - 2a. ed.- São Paulo, Martins Fontes, 2000. Págs 330-331

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