Do albúm Insatification; da horda Death/Black Metal In Memorian.
O Sabá (Sabbat) por dois pontos de vista...
 I) Por Eliphas Levi (O grande mago do século XIX)

(Estráido do Dogma e Ritual da Alta Magia)





"... Passemos por alto as mediocridades do Baixo Império e cheguemos à Idade Média... Toma este livro, lê a sétima página e senta depois sobre o manto que eu vou estender e do qual usaremos uma das extremidades para tapar nossos olhos... Tua cabeça da voltas... não é isso e te parece como se a terra te faltasse aos pés? Conserva a firmeza e não olha... A vertigem cessa. Chegamos. Levanta e abre os olhos. Contudo, cuida para não fazer nenhum sinal e não pronunciar qualquer palavra cristã. Estamos numa paisagem de Salvador Rosa. É um deserto que repousa após ter desencadeado sobre ele uma tormenta. A lua não resplandece no céu. Mas não vês as estrelas oscilarem entre as moitas? Não escutas ao teu redor o revolutear de gigantescas aves que, ao passar, parece que murmuram palavras estranhas? Aproximemos silenciosamente da encruzilhada. Uma trobeta rouca e fúnebre se deixa ouvir. Uma infinidade detochas iluminam em todas as partes. Uma assembléia numerosa se congrega ao redor de um circulo que está vazio. Olham e aguardam. Derrepente, todos os presentes se prosteram  e murmuram: Ei-lo, ei-lo! É ele! Um príncipe com cabeça de bode chega requebrando, sobe ao seu trono, inclina-se e apresenta à assembléia um rosto humano, ao qual todos acodem, círio negro à mão, para oferecer-lhe uma saudação e um osculo; em seguida se endireita, emite uma gargalhada estridente e distribui aos seus fiéis ouro, instruções secretas, medicinas ocultas e venenosas. Durante essa cerimônia, as mazelas se encendeiam e ardem mescladas a ossadas humanas e gorduras de suplícios. Druidesas coroadas por uma planta semelhante à salsa e por verbena sacrificam com foices de ouro meninos subtraídos ao batismo e preparam horríveis ágapes. São postas as mesas. Os homens mascarados colocam-se  ao lado das mulheres seminuas e principia o bacanal. Nada falta ali, execeto sal, que é o símbolo da sabedoria e da imortalidade.

O vinho circula aos borbotões, deixando manchas semelhantes ao sangue; as conversas e as carícias obcenas principiam. Todos os participantes estão embriagados pelo vinho, pela luxúria e pelas canções desonestas. Todos se levantam em desordem e as rodas infernais se formam...

Chegam então todos os monstros da lenda, todos os fantasmas dos pesadelos; sapos enormestocam flautas às avessas e sompram, presionando as ancas com suas patas; escaravelhos coxos e irriquetos se misturam à dança; caranguejos fazem soar as castanholas; crocodilos fazem piruetascom suas escamas; chegam elefantes e mamutes vestidos de Cupido e erguem as patas como se dançassem... Logo as rodas se desfazem e dispersam... apagam-se, a fumaça se perdendo entre as sombras... Aqui, ali e acolá se escutam gritos, gargalhadas, blasfêmias e estertores... Vamos, desperta e não faz o sinal da cruz! Eu te transportei e estás em teu leito, te encontras um tanto cansado, um pouco talvez ferido por causa da viagem e da noite má. Porém viste uma coisa da qual todos falam sem conhecêla. Foste iniciado em terríveis segredos como do antro Trofônio. Assistite ao Sabá!  É desejável que não enlouqueças e que te mantenhas num saudável temor da justiça  e a uma distância respeitosa da igreja e de suas fogueiras.


 II) Por Valério Briusov (autor russo do século XVI)

(Estráido d'O Anjo de Fogo)





Quero descrever com todas as minúcias o que me aconteceu. Sem acrescentar nem tirar nada do que vi. Juro que estou dizendo a verdade sem esquecer o menor detalhe.À tarde, a minha esposa Renata começou o preparativo, poz-se a falar de todas essas coisas para ir preparando meu animo, pois essa aventura muito o exigia e eu só tinha noções. Por exemplo, aprendi quais eram as palavras horríveis e sacrílegas que devia pronunciar. Não posso negar que, por uma parte a minha incredulidade e a curiosidade, fizeram que não só não pensasse em retroceder, mas sim desejar chegar logo o momento. Ao escurecer já estava tudo preparado. Renata julgando que havia chegado a hora, disse-me:

- Escuta, Ruperto! Se tiveres a menor sombra de vacilação, se achares que tens medo, ainda está em tempo de voltares a trás.
- Não, responde-lhe resolutamente. Cumprirei tudo que prometi!
- Adeus vou rezar por ti.

Lembrando-me das instruções de Renata, fechei a porta. Em seguida tirei de um saco um pequeno pote que continha um ungüento que Renata me dera, consistia numa pasta oleosa, de cor verde-escura e de cheiro desagradável.Despi-me completamente, sentei-me sobre um manto e fiz uma forte ficção com o ungüento mágico, friccionei a fronte, o peito, os sovacos e os vãos das pernas, repetindo as palavras: Emen-heten! Emen-heten! Emen-heten! O ungüento queimava a pele ligeiramente e seu cheiro causava-me um pouco de tontura, essa tontura aumentava, não perdia porem os sentidos e a razão que continuava clara. Os meus braços caíram de cansaço, meus olhos se fecharam, apesar de fazer esforços para mantê-los abertos, depois o coração começou a pulsar de um modo acelerado, entretanto não sentir a menor dor de cabeça, somente me faltava forças chegando a quase não poder me mover-me.

Assim passou bastante tempo, a ponto de dizer comigo mesmo: “Muito bem, é só isso... É claro não passa de brincadeira de criança. Em quanto raciocinava desta maneira, fiz um esforço supremo para abrir os olhos”. E foi então que pus em dúvida se estava sonhando ou não, como tinha recuperado as forças dei um pulo e convenci-me de que não dormia. A vela que estava sobre uma mesinha, cuja a luz iluminava o meu quarto, tinha desaparecido como se estivesse Evaporado de ante de meus olhos, tudo ficara absolutamente escuro. Notei que estava sentado sobre um bode, tal como me achava, inteiramente nu, entre minhas pernas sentia o pêlo crespo do animal, a primeira coisa que fiz foi verificar se estava em pleno juízo. Arranhei-me, recordei-me do meu passado e tudo deu-me a entender que estava no uso perfeitos de minhas faculdades.

Convencido de que tudo era real e não alucinação, procurei orientar-me, examinando a minha calvagadura. Este era um bode do tipo dos mais vulgares, com pêlo bastante preto; vi nos seus olhos alguma coisa mais no que costumava a ver num animal, pareceu-me a ver nos seus olhos algo diabólico. Contudo, refleti sobre o fato inexplicável de que podia sustentar-me no ar e voar num corpo tão pesado. Podia ter sido a mesma força misteriosa, a mesma que permitiu a Simão, o Mago, elevar-se nos ares. Este fato vem narrado nas Escrituras Sagradas.

O bode voava numa velocidade que fui obrigado a segurar no seu pescoço para não cair. O vento soprava com tanta violência que era necessário abaixar a cabeça para poder respirar, no meio da escuridão avistei um vale entre as montanhas, sem vegetação alguma iluminado por luz estranha e azulada. A medida que nos aproximávamos desse vale, ouviam-se vozes múltiplas e distinguiam-se perfis de seres agrupados à margem de um lago.

Pude ver ainda claramente, uma quantidade de feiticeiros e feiticeiras cavalgando em suas vassouras, eles desciam lentamente e se misturavam-se com grupos espalhados por toda parte. O bode que montava também começou a descer lentamente e, quando quase tocava no solo, aproximando-se da multidão, sacudiu-me de tal modo que cair levantei e vi que muitos se dirigiam para min, gritando: “Um noviço! Um noviço!”.

Entre os que se aproximaram de min com tais exclamações pude distinguir algumas mulheres completamentes nuas. Estas, que eram as que mais gritavam, rodearam-me num instante e, pegando-me pelos braços, levaram-me através da multidão, meus olhos ainda não estavam acostumados aquela luz estranha, vi também alguns seres feios que tinham alguma semelhança com os entes humanos.

Acostumei-me, depois, a essa luz, quando me levaram a um bosque afastado, onde, embaixo de um velho carvalho, distinguiu um grupo de homens, ali deixaram as mulheres. Vi então um ser corpulento que estava sentado sobre um grande trono de madeira, pintado de preto, um tanto elevado e rodeado de seus acolitos.

O mais esquisito é que não sentia medo algum, por isso pude examinar atentamente o que estava examinado no trono. Era uma estatura enorme e tinha forma de um homem até a cintura, tendo aí pra baixo de um bode, de pêlo comprido e muito preto. Suas mãos eram humanas, mas seus pés terminavam em cascos. Pelo aspecto parecia ter mais de quarenta anos; e em seu semblante, refletia certa tristeza que inspirava compaixão. Esse sentimento porem, desaparecia quando olhando-se para a sua cabeça, que se assemelhava a de um burro, se viam três chifres: dois sobre as orelhas e outro na fronte, desprendendo-se deste último uma luz fraca, parecia com a da lua.

Um grupo de feiticeiras completamente nuas rodeou-me novamente. Levando-me até o trono e exclamaram: - Mestre Leonardo! Este é um noviço! Então ressoou em voz rouca, forte e imperiosa. Era a do Mestre que se dirigia a mim, dizendo:

- Seja bem vindo meu filho. Mas dize-me: vem por livre vontade?

- Sim, responde-lhe com firmeza, pois era que devia responde-lhe.

Ao ouvir minha resposta, o Mestre começou a interrogar-me e eu, lembrando-me das instruções recebidas, disse-lhe que abjurava a Deus, a Santíssima Virgem Maria, e todos os Santos do Paraíso, assim como a fé Cristã e a Jesus Cristo. Prometi que procuraria por todos os meios fazer prosélitos. E logo tive que dar os três beijos protocolares. Para o primeiro beijo estendeu a sua mão esquerda; para o segundo, voltou-me as costas, levantou o rabo e inclinou-se. Tive que beijar o orifício anal. O último beijo dei nas partes sexuais. Terminado o asqueroso rito, Mestre Leonardo, com a mesma voz disse-me:

- Agora, alegra-te, meu filho. Toma esta minha marca que levarás sempre em teu corpo. Amem!

Com uma extraordinária rapidez abaixou a cabeça e deu um golpe com seu chifre luminoso na parte superior de minha maminha esquerda. Senti uma dor aguda, como produzida pela picada de uma agulha, e vi brotar uma gota de sangue. As bruxas então me pegaram pelos braços e levaram-me; entre aquela bizarra multidão que, cantando e gritando se divertia. O vale onde se celebrava o Sabbat era bem grande, em alguns lugares saindo da terra pequenas luzes que não eram das fogueiras, iluminavam tudo com um vermelho muito forte.

Em volta dessas luzes saltavam e dançavam cerca de quatrocentos bruxos e bruxas. Havia os que tinham nas mãos círios acesos, de cor negra; também havia no meio daquela multidão demônios, lobos de olhos cintilantes, grandes renas. No solo rastejava grande número de répteis. Destes, alguns se elevavam do chão, como se estivessem asas, e se misturavam com os morcegos. Mais lonje perto de um lago vi crianças quase nuas, que não tomavam parte das orgias e se distraiam brincando com as renas.

Quando todas as bruxas que me acompanhavam se separaram de mim, uma delas pareceu interessar-se e ficou comigo. Ela era muito alegre; seu corpo jovem e fresco tinha certo atrativo. Segurava-me e encostava-se luxuriosamente contra o meu corpo, disse-me que nas festas do Sabbat a chamavam de Saraska. Pediu-me que dançasse com ela, onde estava o povo, que aceitei. Havia feito três grandes rodas; a roda exterior, a maior, os dançantes ficavam de rostos virados para fora e as costas para dentro. Uma música começou a tocar por fim, com notas estridentes; era a música infernal. 

Quando a música e o baile terminaram, Mestre Leonardo, com sua voz rouca entoou umsalmo e acompanhou-se de um instrumento esquisito, parecia uma harpa. A multidão escultava-o com grande veneração. Os fieis começaram a ladainha negra muito parecida com a que se cantava na Igreja. Entre tanto muitos diabinhos ágeis, preparavam as mesas para um banquete, cobrindo com toalhas negras, e colocando pratos e talheres.

- Vamos depressa ocupar nossos lugares, pois tenho uma fome louca, disse minha companheira Saraska.

Como estava decidido a submeter a tudo, segui a jovem bruxa. Diabinhos negros vestidos de vermelho serviram as comida. Esta consistia em sopa de aveia, manteiga, queijo, vinho e pão preto. Apesar do apetitoso cardápio, animação e a alegria eram extraordinárias. Aproveitando do barulho que nos rodeava, pedi a Saraska que me explicasse tudo o que não conseguir compreender. Perguntei como dançavam e corriam entre as chamas sem se queimar. Respondeu-me ela que aquele fogo não queimava como o do inferno.

Também lhe perguntei se não eram perniciosos os répteis que pulavam por toda à parte. Saraska rindo, me disse, esses animaizinhos eram inofensivos e bons, para convencer-me, pegou uma serpente e rodeou com ela no seu colo, fazendo-lhe chupar o seio. Perguntei-lhe afinal se os outros Sabbats eram mais concorridos e animados do que aquele. Ao ouvir isso os olhos de Saraska adquiriram um brilho extraordinário e informou-me:

- De certo hoje é uma reunião comum, das que celebramos todas as quartas e sextas, mas é preciso ver o que se passa nas vésperas das grandes festas, principalmente nas vésperas de Todos os Santos; e então se reúnem milhares e milhares de adeptos, batizamos as crianças e fazemos casamentos.

Ainda lhe perguntei se era verdade que as bruxas coabitavam com os demônios e como podia ser: Disse-me que sim, exclamou com entusiasmo:

- É uma coisa deliciosa, enlouquecedora; apenas um inconveniente desagradável: o esperma do demônio é mais frio do que o gelo.

As luzes se iam se apagando pouco apouco, muitas mesas tinham sido abandonadas. Era a hora que todos dispunham a se realizar, sem nenhum pudor, uma luxuria desenfreada que tomava os bruxos, bruxas, demônios e animais. Vi com surpresa, as uniões mais absurdas: ali um moço com uma velha feia; mais alem uma mocinha gozava com um lobo e também vi um homem com uma cabra. Um cheiro excitante envolvia todo o vale. Senti que também era homem e copulei com Saraska.

Quando voltei amim e abri os olhos encontrei-me em casa, só, e no mesmo lugar onde estava quando esfreguei a pomada mágica. Doía-me o corpo e a cabeça, assim mesmo puz-me a refletir calmamente sobre o que se tinha passado com migo na quela noite misteriosa.


 
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