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Amigos
Do poeta carioca
Vinicius de Morais
A alguns deles
não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto
deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles
estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de
meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os
procure.
E às vezes,
quando os procuro, noto que eles não tem
noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente,
construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem
estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes,
mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por
não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que
a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo,
andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e,
principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus
amigos!
A gente não
faz amigos
Música: Amigo é prá essas coisas
MPB4
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