SINTO VERGONHA DE MIM

Ruy Barbosa

 
 
 
 
 
 

Sinto vergonha de mim  
por ter sido educador

de parte desse povo,  
por ter batalhado sempre

pela justiça,  
por compactuar com a

honestidade...  

 
 
   
Por primar pela verdade  
     e por ver este povo já

chamado varonil  
enveredar pelo caminho

da desonra ...

 
 
 
 
 

Sinto vergonha de mim  
por ter feito parte

de uma era  
que lutou pela democracia,  
pela liberdade de ser  
e ter que entregar

aos meus filhos,  
simples e abominavelmente,  
a derrota das virtudes

pelos vícios...  
 

 
 
 
 
 

A ausência da sensatez  
no julgamento da verdade,  
a negligencia com a família,  
célula mater da sociedade,  
a demasiada preocupação  
com o "eu" feliz

a qualquer custo...  
 

 
 
 
 
 

Buscando a tal "felicidade"  
em caminhos eivados

de desrespeito  
para com o seu próximo.  
 
Tenho vergonha de mim  
pela passividade em ouvir,  
sem despejar

meu verbo...  
 

 
 
 
 
 

A tantas desculpas ditadas  
pelo orgulho e vaidade,  
a tanta falta de humildade  
para reconhecer um erro cometido,  
a tantos "floreios" para justificar  
atos criminosos,  
a tanta relutância  
em esquecer a antiga posição  
de sempre "contestar",  
voltar atrás  
e mudar o futuro.  
 

 
 
 
 
 

Tenho vergonha de mim  
pois faço parte de um povo  
que não reconheço,  
enveredando por caminhos  
que não quero

percorrer...  
 

 
 
 
 
 

Tenho vergonha da minha

impotência,  
da minha falta de garra,  
das minhas desilusões  
e do meu cansaço.  
Não tenho para onde ir  
pois amo este

meu chão...  
 

 
 
 
 
 

Vibro ao ouvir meu Hino  
e jamais usei a minha Bandeira  
para enxugar o meu suor  
ou enrolar meu corpo  
na pecaminosa manifestação

de nacionalidade.  
 

 
 
 
 
 

Ao lado da vergonha de mim,  
tenho tanta pena de ti,  
povo brasileiro!  
 

De tanto ver triunfar as nulidades,  
de tanto ver prosperar a desonra,  
de tanto ver crescer a injustiça,  
de tanto ver agigantarem-se

os poderes  
nas mãos dos maus...  
 

 
 
 
 
 

O homem chega a desanimar

da virtude...  
A rir-se da honra...  
A ter vergonha de

ser honesto!  
 
 

Música:  – Aquarela do Brasil - carmem cavallaro

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