Doutrina Catolica

Doutrina Catolica

A Guerra Santa

Assim se pronuncia São Bernardo , o Doutor Melífluo :

"Os Cavaleiros de Cristo podem com tranqüilidade de consciência combater os combates do Senhor, não temendo, de maneira nenhuma, nem o pecado pela morte do inimigo, nem o perigo da própria morte, neste caso, infligida ou sofrida por Cristo, nada tem de criminoso, e muitas vezes traz consigo o mérito da glória. Pois, com a primeira alcança glória para Cristo, com a outra alcança o próprio Cristo. (...) O cavaleiro de Cristo mata com a consciência tranqüila e morre ainda mais seguro de si. Morrendo trabalha por si mesmo; matando trabalha por Cristo. E não é sem razão que ele porta o gládio: ele é o ministro de Deus para a punição dos maus e exaltação dos bons. Quando mata um malfeitor não é homicida mas, por assim dizer, malicida; e é necessário ver nele tanto o vingador que está a serviço de Cristo, como o defensor do povo cristão. Quando porém é morto, considera-se não ter morrido, mas ter chegado à glória eterna. Portanto, a morte que ele inflige é um benefício para Cristo; a que recebe, é um benefício para si mesmo. (...) Os pagãos até não deveriam ser mortos, se se pudesse impedir dalguma outra maneira as suas grandíssimas vexações e retirar-lhes os meios de oprimir os fiéis. Mas atualmente é melhor que sejam mortos a fim de que, desse modo, os justos não se dobrem à iniqüidade das mãos deles, pois do contrário certamente se manterá a chibata dos pecadores sobre a classe dos justos".

São Bernardo está ensinando que se um herege , persegue , tortura e mata um cristão , pelo simples fato de ser cristão , o Estado e a Igreja podem e devem se defender com o uso da força e eventualmente da pena capital .

Heresia é uma doutrina que nega algumas verdades de fé fundamentais da Igreja e preserva outras . Um herege é alguém que perde completamente os direitos de batizado perante à Igreja . Não necessariamente são indvíduos violentos , mas quando atentam contra os bens fundamentais como a vida e a liberdade de professar a fé em Deus , devem ser impedidos e punidos.

Esse texto de S. Bernardo é o "Em louvor da Nova Milícia" , escrito entre 1135-36 , uma carta pública ao Mestre do Templo , Hugo de Payens. São Bernardo de Claraval , o doutor Melífluo , foi um famoso pregador da II Cruzada ( 1144 ), contra os infiéis , leia-se : muçulmanos ; por ordem do Papa Eugênio IV. Escreveu a regra para a Ordem dos Cavaleiros Templários em 1128 . Bernardo foi um grande pensador da Igreja , sua obra intelectual é imensa. Era conselheiro espiritual de Papas, soberanos e prelados.

O texto evidentemente tem por escopo exortar à 'guerra santa'. Tratava-se de uma resposta às críticas contra a Ordem do Templo, por aqueles que não concordavam com a mistura de fé e atividade militar. É muito fácil , no século XXI , com toda a sofisticação tecnológica , com todos os instrumentos modernos de dissuasão , dizer que um homem no século XII , que lutava pela própria vida , era um homem cruel e impiedoso ; o difícil seria dizer o mesmo naquela época , com a precariedade bélica daquele tempo , no qual a força era o único recurso para proteger a sociedade contra os malfeitores , inexistindo a previsão dos serviços de inteligência . Se ainda hoje , temos dificuldades , imagine naquele tempo ? Se até a maior potência da história com dezenas de mísseis nucleares é vulnerável , imaginem em 1100 e 1200 !

O raciocinio de São Bernardo é parte da doutrina oficial da Igreja sobre a guerra de defesa , seja guerra santa , movida por razões exclusivamente religiosas , seja por razões de moralidade laica , o caso da guerra justa . Matar , em uma dessas guerras , não implica em pecado mortal para quem a executa , e se expor ao perigo e à morte , tampouco , é ação temerária do cristão . Deter o avanço do mal e promover o bem , são deveres inalienáveis dos fiéis , individualmente , e das instituições civis. Certamente Deus não deseja que os homens façam o mal aos outros . E , evidentemente , quem é martirizado pela fé , recebe grande galardão aos olhos de Deus , pois ele não renunciou à fé , não matou e acreditou na passagem da morte para a vida , através do sacrifício . O cristão martirizado sabe que existe um além e morre na fé . Contudo , Deus também deseja que o Estado promova a justiça , faça o bem , e impeça o avanço dos malfeitores , trata-se de um dever moral . Ninguém vai a uma guerra de defesa - única aceita pela Igreja - achando que a guerra , em si , é um bem ; a guerra é um mal e a Igreja ensina que todos os esforços devem ser feitos para evitar a guerra . Contudo , se não houver alternativa , as intituições não podem ficar passivas diantes da sanha dos malfeitores e a guerra aparece como uma necessidade imperiosa , como um mal menor . Javé justifica a guerra santa e a guerra justa . Devemos oferecer a outra face até o limite do possível e da dignidade ; contudo , havendo a possibilidade de impedir um malfeitor que não se corrige , através da força , esta deve ser utilizada.

A justiça de Deus vai além do conhecimento humano . A Rendenção dos nossos pecados foi realmente propiciada no sacríficio do Filho de Deus , Jesus Cristo , Nosso Senhor e Salvador , mas o homem e sua natureza inclinada ao pecado distorce a obra de Deus , e , então , entendemos o porquê de colocar a culpa na 'omissão' de Deus .

Hosted by www.Geocities.ws

1