Sob a Luz de seu Olhar
Soninha
2009
Capítulo 2:
Enquanto aguardava a ligação
de Fernanda, Chris mergulhou em viagem, onde os pensamentos livres
tomaram rumos próprios, sem controle algum. Cenas de sua
vida ao lado dos pais. Cenas de sua vida ao lado de Ana. Lembrou-se de como conhecera Ana Lúcia.
Lia um livro despreocupadamente, debaixo de uma árvore, e
nem se deu conta da presença da bela ruiva a fitando de forma
descarada. - Olá! - disse a moça.
- Seria eu digna de fazer parte, por alguns minutos, deste mundo
que a deixa embevecida assim? Chris olhou para cima e deparou-se
com uma linda visão. As pernas bem torneadas, um corpo de
tirar o fôlego e a boca um doce convite a muitos beijos. A ruiva sorriu ao ver o interesse
que despertara. - Então? Posso me sentar um
pouco? - Oh, me desculpe! Claro que sim. - O que você está lendo? - É um livro sobre a cultura
oriental... - não conseguiu concatenar as idéias,
já que sua atenção estava voltada para a beleza
que seus olhos visualizavam. - Que interessante! Também
aprecio a cultura oriental. Meu nome é Ana Lúcia!
� estendeu a mão. - Prazer Ana Lúcia, eu sou
Christyene. Chris ainda tentou se ater à
leitura, mas o olhar da ruiva sobre si roubou-lhe toda a concentração
e as palavras escapavam-lhe à visão. Olhando fixamente
para ela, indagou: - Porque você me olha tanto? Assim não
consigo me concentrar. - Ora, ora! Quem disse que estou te
olhando? - sorriu sedutoramente. Mesmo tendo as faces rubras pela timidez,
Chris a olhou nos olhos, sem receio. - Posso não ter visto seus
olhares, mas pude senti-los... - soltou envergonhada. - Você tem certeza que preciso
mesmo responder ao seu questionamento? - E por acaso, haveria outra forma
de demonstração? - Oh sim! Sem dúvida que há.
Mostrar o por que te olho tanto seria mais prazeroso... - Ok. Você venceu! Nem nos conhecemos
direito, mas qual seria a sua forma de demonstrar a razão
de me olhar tanto? A ruiva fitou Chris intensamente,
percorrendo dos olhos à boca e ali se fixou. Delicadamente,
contornou com o indicador toda a extensão daqueles lindos
e convidativos lábios e se aproximou tocando-os. Chris apenas
fechou os olhos e se entregou à maciez daqueles lábios
enquanto o beijo se intensificava gradativamente. Foi assim que tudo começara.
Parecia tão perfeito! Todos a chamavam de Ana, mas Chris
queria chamá-la de uma forma diferente dos outros. Decidiu
fazer a junção dos dois nomes, e achou que era perfeito
para ela: Ania. �Minha doce Ania!� As lágrimas voltaram a cair,
e por muito tempo ficou assim, entre lembranças, ora de seus
pais, ora de Ania. As estradas da vida são mistérios
do destino, que não temos controle, mas cabe a cada um escolher
como percorrê-las. Entre tantos dissabores, a vida seguiria
seu curso e restava apenas o desejo de ser forte o bastante para
superar tantas perdas. Voltou à realidade ao sentir
o afago carinhoso de Mei em sua mão. - Pode me dizer onde minha amiga se
encontra, por favor? - tentou desfazer as rugas que marcavam a testa
de Chris. - Bem distante, posso assegurar. - Pude perceber. - Será que a culpa é
minha Mei? O que fiz de errado para que tudo isso acontecesse comigo? - O que aconteceu com seus pais foi
uma terrível fatalidade Chris, não existe culpa. O
que pode ter acontecido é a irresponsabilidade de quem preparou
aquela carga, mas não acho que buscar culpados agora vá
te ajudar. - Eu sei que não. Minha razão
me diz isso, mas meu coração não vê assim.
Estou me sentindo frustrada, traída, suja, um objeto... As lágrimas encontraram caminho,
e jorraram sem pudor algum. - Nem ouse repetir isso novamente
Chris! Eu te proíbo, ouviu. Você é uma mulher
linda, atraente, independente. Ana Lúcia é quem saiu
perdendo. Não soube dar valor à grande mulher que
estava ao lado dela. Mei apenas ouvia os soluços
sofridos de sua amiga, que a abraçou, deitando a cabeça
em seu ombro. Eram como irmãs e o cuidado era mutuo. Se necessário
fosse, brigavam para defenderem-se. - Não quero amar nunca mais
Mei. - Entendo que esteja se sentindo assim
minha amiga, mas isso vai passar, e você será muito
feliz, ao lado de quem realmente te mereça. Continua...
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