O primeiro veio de seu amigo e contemporâneo, Marcelino José das Neves, autor de peças teatrais, como O Designado, e romances de valor ínequívoco, como Lavras Diamantinas (publicado apenas em 1967). As nossas letras ficavam, então, restritas ao público local e familiar: não havia sequer como editar um de nossos autores, até o advento do maior caetiteense de todos os tempos: João Gumes. Este homem, também ele escritor e jornalista, compreendendo com raro civismo a importância do coletivo e da luta pelo progresso comum, granjeou apoio e fez o Jornal A Penna, introduzindo no alto sertão a imprensa que, antes, vinha das Capitais e metrópoles européias. Publicou um livro de Plínio de Lima, Pérolas Renascidas, e também livros seus. Neste afã pioneiro fulgura Joaquim Spínola, fundador da Revista dos Tribunais. A virada do século XX encontra uma Caetité com homens de nomeada, tal como Cezar Zama, inda hoje homenageado em Salvador e no Rio de Janeiro. Político polêmico, legou-nos memoráveis biografias, artigos em jornais diversos, e um manifesto contundente que o colocam entre as mais lúcidas vozes a erguerem-se contra a chacina de Canudos. Pelas mãos de João Gumes o Presidente da Academia, Afrânio Peixoto, escreve o seu Sinhazinha. O século XX seria, portanto, profícuo: dezenas de nomes perlustram nossas letras, desde o genial e premiado Camillo de Jesus Lima, ao incompreendido e ainda desconhecido Mariano Matos; Camillo é Patrono de uma cadeira no silogeu conquistense, e reluz entre os verbetes da enciclopédia Larousse. E no romance encontramos o jurista Nestor Duarte Guimarães, nome que honra a Bahia e seu Sodalício. Na Academia Mineira, o Imortal Flavio Neves, que tem em sua obra o Rescaldo de Saudades, sobre a Caetité natal; o tema é recorrente, pois a terra apaixona, como declara Teodoro Sampaio, gênio da raça e aqui passou quatro dias memoráveis em 1880; como atesta Áurea Costa, em seu Luz Entre os Roseirais. Anísio Teixeira, que dispensa apresentações, teve sua biografia e a vida na Caetité natal retratada pelo Imortal da ABL Hermes Lima. Nicodema Alves faz relevo no canto feminino baiano, com seu livro de versos Ocaso. Aldovandro Chaves persiste em conquistar espaço pelas letras, legando-nos versos num tempo em que as portas se fechavam. Outros ficaram calados, mas não Vandilson Junqueira, que agradou a Jorge Amado. Nem a profª Emiliana Nogueira Pita, autora do hino oficial da cidade que, servindo-se do Diário Oficial, publica seus versos, reunidos nos anos 80 no volume Divagando. Longas estradas haveriam de ser percorridas, alguns perecendo antes do ápice almejado, como foi o caso de Noemi Prisco, contratada novelista da Rede Globo, tolhida por derrame antes de cumprir seu desiderato. Sua parenta Lúcia Prisco, ainda ativa nas letras, publica Arquimimo, romance sertanejo. A antiga Escola Normal produz professores e amantes das letras, como Irany Castro, professora veneranda, trazendo seus poemas em Nosso Mundo, Nosso Lar. Feita caetiteense pela Escola Normal Helena Lima torna-se a biógrafa de Caetité, seguida por Bartolomeu Mendes. Maria Teodolina Neves Lobão copila Caetité e o Clã dos Neves. Erivaldo Fagundes, emancipando a Igaporã natal, traz seu profundo estudo Da Sesmaria ao Minifúndio - todos a retratar uma cidade que, mesmo sob o olhar alheio e descompromissado de muitos, merece verdadeiramenten o título ostentado ontem e sempre, qual seja o de terra da cultura. E Caetité é referida exportando escritores, como Luis Cotrim, e o jornalista seu irmão, Newton; Imortalizada nas Letras, foi carinhosamente retratada nos flashes do historiador Dário Cotrim - fazendo caetiteenses aqueles que por um acaso aqui não nasceram, como a poeta Tânia Martins, com sua Folha Solta. Surgem entusiastas pela escrita, como o Discurso Poético de Valdelúcio Cunha; o Valmique Alves, Lutando Por Justiça; e João Alípio Santos versejando Lágrimas. Moysés Augusto Torres expõe os versos em seus acrósticos. Versos solitários em coletâneas expõem Evando Carele, André Koehne e Sônia Silveira. O jornalismo ressurge, esporádico, veemente, combativo ou meramente informativo: segue em A Penna com Huol, Sady Rútilo e Luiz Gumes, perpassa por O Caetité, dos Drs. Vanni Silveira, Eutrópio Oliveira e Bulhões, nos anos 50; O Jornal da Esquina, de André Koehne e Gilson Bolivar, nos fins da ditadura, seguido pelo ainda existente (mas em Brumado) Tribuna do Sertão, de Mauricio Lima Santos e o ainda caetiteense Imagem, do maranhense 'de Caetité', Antonio Rocha e o boletim da AABB, de Romilton Ferreira e Arnoldo Paes. Em 1981 a comunicação ganha os ares, com a fundação da Rádio Educadora, que com suas emissões invadem os céus atingindo outros estados com ondas caetiteenses. As escolas locais têm cumprido seu papel, desde o primeiro Diretor da Escola Normal, dr. Edgard Pitangueiras, passando pelo IEAT, COOPEC, e a rede Municipal de Ensino, jornais e até livros foram editados com textos dos alunos. Com o advento do computador, da internet, os jovens encorajam-se, como Kalil Santos, Alidéia Rodrigues e Zezito Rodrigues... |