O jornalista Helio Fernandes escreve sobre o desperdício da Vale do Rio Doce

 

Multinacionais, CSN, Bradesco-Bradespar, os que mais

Ganharam com a "doação" da Vale

Como a direção da Vale DOADA insiste em dizer que a empresa continua brasileira e praticamente estatal, vou derrubar essa tese "mestrado" da farsa. Digam o que disserem, nada se compara, em matéria de escândalos, a essa DOAÇÃO. (Talvez ou certamente outro igual ou maior é o do abandono da Amazônia. Aqui o desprezo é total, mas inclui o espanto domínio de minérios, incluindo a PROVÍNCIA DE CARAJÁS).

Inicialmente, o BB (Fundo Previ), BNDES e Bandespar foram os personagens principais que permitiram a aventureiros de todos os tipos HERDAREM o inacreditável patrimônio da Vale DOADA. Logo, logo a composição acionária foi desbaratada, entraram o Bradesco-Bradespar, a CSN, que abriram caminho para os "sócios e amigos" multinacionais.

O BNDES e o Bandespar (além do Fundo Previ) entraram com a maior parte do dinheiro, e hoje, na composição acionária, não valem nada. Têm apenas "empréstimos" a receber.

O Bradesco, para subscrever a criação da Bradespar e ficar com o controle (por algum tempo), "tomou emprestado" do BNDES 243 milhões de dólares. Que na época representavam 859 milhões de reais. Com esse dinheiro, foi criada a poderosa Bradespar-Bradesco, cotada então a míseros reais, para o grupo poder subscrever. Puxaram para cima, quando os trouxas chegaram, as ações já ESTAVAM LÁ EM CIMA. Ganharam até na transposição das moedas. Aqueles 243 milhões de dólares que valiam 859 milhões de reais hoje mal valem 450 milhões. Se resolvesse pagar o "empréstimo" de 243 milhões de dólares, o Bradesco-Bradespar precisaria APENAS da metade dos reais que recebeu. Que República.

Por que o BNDES não subscreveu ele mesmo os 859 milhões? Dizem como justificativa: "O empréstimo é a mesma coisa, está garantido". Não está coisa nenhuma, já perderam uma fortuna com a desvalorização do dólar. Se ganharem, ganham apenas juros, enquanto o Bradespar-Bradesco movimenta somas e-s-t-a-r-r-e-c-e-d-o-r-a-s. Ninguém ganhou tanto quanto o Bradespar-Bradesco e a CSN. Fortunas, perdão, fortuníssimas.

Aí, o Bradesco-Bradespar ainda recebeu mais dinheiro do BB (Previ), e com a maioria garantida para eles e os "amigos" multinacionais (que vieram sem nada), "aceitaram" o dinheiro verdadeiro dos subscritores incautos. As multinacionais, imediatamente, com jogadas comuns no mercado financeiro internacional, ficaram com 27 por cento e o controle total. SEM DINHEIRO.

O Bradesco (já de fora vorazmente satisfeito) e o Bradespar (ainda lá dentro, também vorazmente, só que esperançoso) continuam fábricas imorais de lucros PARTICULARES com dinheiros ESTATAIS. Alguém pode avaliar quanto valem esses 21% na maior empresa de minérios do mundo? Que República.

É impossível para o cidadão-contribuinte-eleitor entender qualquer coisa, são dezenas e dezenas de firmas, de grupos e de ações que se fundem, se CRUZAM e se DESCRUZAM. Depois de tudo isso, veio a realização dos lucros do Bradesco-Bradespar, a concretização da grande jogada do banco e da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). Foi o que chamaram na ética, na estética mas sem estática, de DESCRUZAMENTO. Com GANHOS MIRABOLANTES.

O Bradesco saiu com lucros INIMAGINÁVEIS, mas a Bradespar ficou I-L-E-G-A-L-M-E-N-T-E. Tudo mobilizado, manipulado e materializado pelo cérebro financeiro do "seu" Brandão, que ultrapassa e derrota qualquer computador do Bill Gates. Ele saiu com montanhas de dinheiro, mas a Bradespar está lá, FABRICANDO mais dinheiro do que o Tesouro Nacional ou a Casa da Moeda são capazes de lançar no mercado.

Para permitir essa jogada tipo Las Vegas, precisaram de fundos dos mais diversos lugares, e grupos "participantes". Citarei alguns. 1 - Mitsui, americana. 2 - Fundos Litel e Litela, com 60% da Valepar. (Entenderam?). 3 - Essa mesma Valepar tem 50% das ações com direito a voto da Vale. 4 - Do capital total da Vale, 43% pertencem a estrangeiros, que não investiram nada. 5 - Inacreditável: o BNDES, que com o BB e a Bandespar tinha 50% de tudo, agora tem 4,2% e se mostra satisfeitíssimo. 6 - E para isso teve que comprar 8,5% das ações da Valepar, gastando 1 bilhão e 500 milhões.

PS - Chega por hoje. Acredito que nos próximos dias jornais e televisões estarão cheios de entrevistas do "seu" Brandão e do grupo da CSN. Neste caso, vários, r-i-q-u-í-s-s-i-m-o-s, não tinham dinheiro para o aluguel. De banquinhos ou tamboretes falidos.

Depois de se desfazer de minerais raríssimos, a Vale desperdiçou sua própria riqueza, doada a multinacionais

Eliezer Batista, e família, cumprem o doloroso dever de comunicar ao País que participarão da exploração de petróleo. Nada mais desastroso do que isso. Eliezer Batista, como presidente da Vale, "vendeu" a preços miseráveis todo o manganês do Amapá. Desde 1956 fiz (faço) vigorosa campanha contra essa perda de uma das maiores riquezas do Brasil.

Por volta de 1960 (fim do governo Juscelino, eu escrevia diariamente no Diário de Notícias), revelei e fui sempre aumentando os dados, os números, a denúncia sobre a espantosa exploração particular de um dos minerais mais raros do mundo, o manganês.

Basta consultar as coleções e verificar o que eu revelava e ninguém desmentia.

1 - Os três maiores produtores de manganês, no mundo, eram os EUA, o Brasil e a então União Soviética.

2 - Os dois maiores compradores desse manganês, a União Soviética e os EUA.

3 - Produtores, mas sabendo que o mineral importantíssimo tinha quantidade escassa, eram assíduos no mercado comprador.

4 - O Brasil, displicente e desinteressado do seu próprio destino e objetivo de potência mundial, era o maior VENDEDOR no mundo.

5 - Crime de lesa-pátria, que quase 30 anos mais tarde FHC consumou, DOANDO a Vale inteira.

6 - Por que vender minérios por setor de propriedade da Vale, se podiam ENTREGAR logo a Vale toda?

Agora o filho mais esperto, mais ardiloso e mais ambicioso de Eliezer Batista aparece em todos os grandes negócios sem risco. Petróleo, gás, portos, licitações que deveriam merecer uma CPI, pois representam os maiores escândalos já realizados no Brasil. Agora, tudo tem a mão inteira do filho pródigo.

Moço, avassalador, teria que explicar a essa CPI (que será sempre imaginária) onde foi buscar tanto dinheiro, pelo menos para fazer esses "investimentos" colossais. Ele falseia os dados, cita números não verdadeiros, usa de "menas" verdade. Diz: "Hoje todo mundo no Brasil tem celular porque a Telebrás foi dividida em blocos". Ha! Ha! Ha!

Farsa, falsidade, fantasia, apenas para favorecer os exploradores multinacionais aos quais é ligadíssimo. Por quê? Ganharam F-O-R-T-U-N-A-S com o pai, acreditam que com o filho será muito melhor. Só que há 8 anos o celular estava surgindo, a afirmação do filho mais esperto de Eliezer não tem qualquer credibilidade.

As licitações criadas por FHC com a famigerada lei 4897 (a saída de FHC, que não conseguiu DOAR a Petrobras, era demais, ficou com medo) empobreceram o Brasil no setor de petróleo, enriqueceram ainda mais as multinacionais. Agora, o filho mais portentoso de Eliezer quer entrar nessas licitações. Como 41 delas foram sábia mas surpreendentemente retiradas do leilão-licitação, dá várias entrevistas através de órgãos de comunicação apaniguados.

Malandro, não ataca o governo ou a Petrobras. Diz que eles estão com a razão, mas se esconde de maneira amável e nada hostil: "Queremos participar com preços que sejam bons para os dois lados. NINGUÉM QUER MACHUCAR NINGUÉM".

Faz reunião para "exibir projetos de portos no Norte do Rio" (segundo ele, o primeiro se chamaria Açu) mas pretende CONSTRUIR muito mais, principalmente uma fortuna pessoal maior do que tem hoje.

PS - Generoso, diz que vai investir 700 milhões nesse porto. De onde vem tanto dinheiro?

PS 2 - Ainda mais generoso, só quer explorar petróleo em águas rasas ou em terras de superfície. A prospecção em 5 ou 7 mil metros de profundidade deixa para a Petrobras. Não podemos esquecer tanta generosidade, vem naturalmente do berço.

 

Hosted by www.Geocities.ws

1