Buda e o Budismo

por

Carlos Antonio Fragoso Guimar�es





O Buda e sua obra


O termo "Buda" � um t�tulo, n�o um nome pr�prio. Significa "aquele que sabe", ou "aquele que despertou", e se aplica a algu�m que atingiu um superior n�vel de entendimento e a plenitude da condi��o humana. Foi aplicado, e ainda o �, a v�rias pessoas excepcionais que atingiram um tal grau de eleva��o moral e espiritual que se tranformaram em mestres de sabedoria no oriente, onde, em muitos pa�ses, se seguem os preceitos budistas. Por�m o mais fulgurante dos budas, e tamb�m o real fundador do budismo, foi um ser de personalidade excepcional, chamado Sidarta Gautama.

Siddharta Gautama, o Buddha, nasceu no s�culo VI a. C. (em torno de 556 a. C.), em Kapilavastu, norte da �ndia, no atual Nepal. Ele era de linhagem nobre, filho do rei Suddhodana e da rainha Maya. Logo depois de nascido, Sidarta foi levado a um templo para se para ser apresentado aos sacerdotes, quando um velho s�bio, chamado Ansita, que havia se retirado � uma vida de medita��o longe da cidade, aparece, toma o menino nas m�os e profetiza: "este menino ser� grande entre os grandes. Ser� um poderoso rei ou um um mestre espiritual que ajudar� a humanidade a se libertar de seus sofriementos". Suddhodana, muito impressionado com a profecia, decide que seu filho deve seguir a primeira op��o e, para evitar qualquer coisa que lhe pudesse influenciar contrariamente, passa a criar o filho longe de tudo o que lhe pudesse despertar qualquer interesse filos�fico e espiritual mais aprofundado e, principalmente, mantendo-o longe das mis�rias e sofrimentos da vida que se abatem sobre o comum dos mortais. Para isso, seu pai faz com que viva cercado do mais sofisticado luxo.
Aos dezesseis anos, Sidarta casa-se com sua prima, a bela Yasodhara, que lhe deu seu �nico filho, Rahula, e passa a vida na corte, desenvolvendo-se intelectual e fisicamente, alheio ao conv�vio e dos problemas da popula��o de seu pa�s. Mas o jovem pr�ncipe era perspicaz, e sempre ouvia os coment�rios que se faziam sobre a dura vida fora dos port�es do pal�cio. Chegou a um ponto em que ele passou a desconfiar do porqu� de seu estilo de vida, e sua curiosidade ansiava por descobrir o motivo das refer�ncias ao mundo de fora que pareciam ser, �s vezes, carregadas de tristeza. Contrariamente � vontade paterna - que tenta forjar um meio de Sidarta n�o perceber diferen�a alguma entre seu mundo protegido e o mundo externo -, o jovem pr�ncipe, ao atrevessar a cidade, se det�m diante ante a realidade da velhice, da doen�a e da morte. Sidarta entra em choque e profunda crise existencial. De repente, toda a sua vida parecia ser uma pintura t�nue e mentirosa sobre um abismo terr�vel de dor, sofrimento e perda a que nem mesmo ele estava imune. Sua pr�pria dor o fez voltar-se para o problema do sofrimento humano, cuja solu��o tornou-se o centro de sua busca espiritual. Ele viu que sua forma de vida atual nunca poderia lhe dar uma resposta ao problema do sofriemento humano, pois era algo artificalmente arranjado. Assim, decidiou, aos vinte e nove anos, deixar sua fam�lia e seu pal�cio para buscar a solu��o para o que lhe afligia: o sofrimento humano.

Sidarta, certa vez, em um dos seus passeios onde acabara de conhecer os sofrimentos inevit�veis do homem, encontrara-se com um monge mendicante. Ele havia obervardo que o monge, mesmo vivendo miseravelmente, possuia um olhar sereno, como de quem estava tranquilo diante dos revezes da vida. Assim, quando decidiu ir em busca de sua ilumina��o, Gautama resolveu se juntar a um grupo de br�manes dedicados a uma severa vida asc�tica. Logo, por�m, estes exerc�cios mortificadores do corpo demonstraram ser algo in�til. A corda de um instrumento musical n�o pode ser retesada demais, pois assim ela rompe, e nem pode ser frouxa demais, pois assim ela n�o toca. N�o era mortificando o corpo, retesando ao extremo os limites do organismo, que o homem chega � compreens�o da vida. Nem � entregando-se aos prazeres excessivamente que chegar� a tal. Foi ai que Sidarta chegou ao seu conceito de O Caminho do Meio : buscar uma forma de vida disciplinada o suficiente para n�o chegar � completa indulg�ncia dos sentidos, pois assim a pessoa passa a ser dominada excessivamente por preocupa��es menores , e nem � autotortura, que turva a consci�ncia e afasta a pessoa do conv�vio dos seus semelhantes. A vida de prova��es n�o valia mais que a vida de prazeres que havia levado anteriormente. Ele resolve, ent�o, renunciar ao ascetismo e volta a se alimentar de forma equilibrada. Seus companheiros, ent�o, o abandonam escandalizados.

Sozinho novamente, Sidarta procura seguir seu pr�prio caminho, confiando apenas na pr�pria intui��o e procurando se conhecer a si mesmo. Ele procurava sentir as coisas, evitando tecer qualquer conceitualiza��o intelectual excessiva sobre o mundo que o cercava. Ele passa a atrair, ent�o, pessoas que se lhe acercam devido a pureza de sua alma e tranquilidade de esp�rito, que rompiam drasticamente com a vaidosa e est�pida divis�o da sociedade em castas r�gidas que separavam incondicioanalmente as pessoas a partir do nascimento, como hoje as classes sociais e dividem estupidamente a partir da desigual divis�o de renda e, ainda mais, de ber�o.

Diz a lenda - e lendas, assim como mitos e par�bolas, resumem po�tica e figuradamente verdades espirituais e existenciais - que Sidarta resolve meditar sob a prote��o de uma figueira, a �rvore Bodhi. L� o dem�nio, que representa simbolicamente o mundo terreno das apar�ncias sempre mut�veis que Gautama se esfor�ava por superar, tenta enred�-lo em d�vidas sobre o sucesso de sua tentativa de se por numa vida diferente da de seus semelhantes, ou seja, vem a d�vida sobre o sentido disso tudo que ele fazia. Sidarta logo se sai dessa tentativa de confund�-lo com a argumenta��o interna de que sua vida ganhou um novo sentido e novos referenciais com sua escolha, que o faziam centrar-se no aqui e agora sem se apegar a desejos que lhe causaria ansiedade. Ele tinha tudo de que precisava, como as aves do c�u tinham da natureza seu sutento, e toda a beleza do mundo para sua companhia. Mas Mara, o dem�nio, n�o se deu por vencido, e, ciente do perigo que aquele sujeito representava para ele, tenta convencer Sidarta a entrar logo no Nirvana - estado de consci�ncia al�m dos opostos do mundo f�sico - imediatamente para evitar que seus insights sobre a vida sejam passados adiante. A� � poss�vel que Buda tenha realmente pensado duas vezes, pois ele sabia o quanto era dif�cil as pessoas abandonarem seus preconceitos e apegos a um mundo resumido, por elas mesmas, a experi�ncias sensoriais. Tratava-se de uma escolha dif�cil para Sidarta: o usufruto de um dom�nio pessoal de um conhecimento transcendente, imposs�vel de expor facilmente em palavras, e uma dedica��o ao bem-estar geral, entre a salva��o pessoal e uma �rdua tentativa de partilhar o conhecimento de uma consci�ncia mais elevada com todos os homens e mulheres. Por fim, Sidarta compreendeu que todas as pessoas eram seus irm�os e irm�es, e que estavam enredaddos demais em ilus�rias certezas para que conseguissem, sozinhos, uma orienta��o para onde deviam ir. Assim, Sidarta, o Buda, resolve passar adiante seus conhecimentos.
Quando todo o seu poder argumentativo e l�gico de persuass�o falham, Mara, o mundo das apar�ncias, resolve mandar a Sidarta suas tr�s sedutoras filhas: Desejo, Prazer e Cobi�a, que apresentam-se como mulheres cheias de ardor e �vidas de dar e receber prazer, e se mostram como mulheres em diferentes idades (passado, presente e futuro). Mas Sidarta sente que atingiu um est�gio em que estas coisas se apresentam como ilus�rias e passageiras demais, n�o sendo compar�veis ao estado de consci�ncia mais calma e de sublime beleza que havia alcan�ado. Buda vence todas as tentativas de Mara, e este se recolhe, � espreita de um momento mais oportuno para tentar derrotar o Buda, perseguindo-o durante toda a sua vida como uma sombra, um s�mbolo do extremo do mundo dos prazeres.

Sidarta transformou-se no Buda em virtude de uma profunda transforma��o interna, psicol�gica e espiritual, que alterou toda a sua perspectiva de vida. "Seu modo de encarar a quest�o da doen�a, velhice e morte mudo porque ele mudou" (Fadiman & Frager, 1986).
Tendo atingido sua ilumina��o, Buda passa a ensinar o Dharma, isto �, o caminho que conduz � matura��o cognitiva que conduz � liberta��o de boa parte do sofrimento terrestre. Eis que o n�mero de disc�pulos aumenta cada vez mais, entre eles, seu filho e sua esposa. Os quarenta anos que se seguiram s�o marcadas pelas intermin�veis peregrina��es, sua e de seus disc�pulos, atrav�s das diversas regi�es da �ndia.
Quando completa oitenta anos, Buda sente seu fim terreno se aproximando. Deixa instru��es precisas sobre a atitude de seus disc�pulos a partir de ent�o:
"Por que deveria deixar instru��es concernetes � comunidade? Nada mais resta sen�o praticar, meditar e propagar a Verdade por piedade do mundo, e para maior bem dos homens e dos deuses. Os mendicantes n�o devem contar com qualquer ap�io exterior, devem tomar o Eu - self - por seguro ref�gio, a Lei Eterna como ref�gio... e � por isso que vos deixo, parto, tendo encontrado ref�gio no Eu".

Buda morreu em Kusinara, no bosque de Mallas, �ndia. Sete dias depois seu corpo foi cremado e suas cinzas dadas as pessoas cujas terras ele vivera e morrera.

Principais Pontos da Doutrina de Buda


Temporalidade

. A �nica constante universal � a mudan�a. Nada do que � f�sico dura para sempre; tudo est� em fluxo em determinado momento. Isto tamb�m se aplica a pensamentos e id�ias que n�o deixam de ser influenciados pelo mundo f�sico. Isto implica que n�o pode haver uma autoridade suprema ou uma verdade permanente pois nossa percep��o muda de acordo com os tempos e grau de desenvolvimento filos�fico e moral. O que existem s�o n�veis de compreens�o mais adequados para cada tempo e lugar. Uma vez que as condi��es e as aspira��es, bem como os paradigmas, mudam, o que parece ser toda a verdade numa �poca � visto como imperfeita tentativa de se aproximar de algo noutra �poca. Nada, nem mesmo Buda, pode tornar-se fixo. Buda mudan�a.

Desprendimento

. J� que tudo o que parece exisitir de fato apenas flui, como nuvens, tamb�m � verdade que tudo o que � composto tamb�m se dissolve. A pessoa deve viver no mundo, utilizar-se do mundo, mas n�o deve se apegar ao mundo. Dever ser algu�m que saiba utilizar-se do instrumento sem se identificar com o instrumento. Deve tamb�m ter a consci�ncia de que seu pr�prio ego tamb�m se transforma com o tempo. Somente o self, o Atman imortal permanece, mesmo assim se desenvolvendo eternamente atrav�s das reencarna��es e atrav�s dos mundos.

Insatisfa��o ou sofrimento

. O problema b�sico da exist�ncia � o sofrimento, que n�o � um atributo de algo externo, mas sim numa percep��o limitada que adv�m da ado��o de uma vis�o de mundo defeituosa adotada pelas pessoas. Como disse Jesus: "apenas quem se faz como uma crian�a pode entrar no reino dos c�us", pois as crin�as n�o se prendem ao passado nem se preocupam com um futuro. Elas vivem o presente e s�o aut�nticas com o que sentem, at� o dia em que a cultura as fazem comer do "fruto da �rvore do conhecimento do bem e do mal", enchendo-as de preconceitos e ansiedades que as expulsam do para�so. Os ensinamentos budistas - e de todos os grandes Mestres da humanidade - s�o caminhos propostos para nos ajudar a transcender nosso senso comum ego�sta para se atingir um senso de relativa satisfa��o conosco e com o mundo. Se o sofrimento � fruto da percep��o individual, algo pode ser feito para amadurecer esta percep��o, atrav�s do autoconecimento:
"Pojetistas fazem canais, arqueiros airam flechas, art�fices modelam a madeira e o barro, o homem s�bio modela-se a si mesmo".

As Quatro Nobres Verdades


I - Dado o estado psicol�gico do homem comum, voltando seu desenvolvimento para o mundo externo de modo agressivo, a insatisfa��o que gera o sofrimento � quase inevit�vel.
II - A insatisfa��o � o resultado de anseios ou desejos que n�o podem ser plenamente realizados, e estam atrelados � sede de poder. A maioria das pessoas � incapaz de aceitar o mundo como � porque � levada pelos v�nculos com o desejo narc�sico do sempre agrad�vel e com sentimentos de avers�o pelo negativo e doloroso. O anseio sempre cria uma estrutura mental inst�vel, no qual o presente, �nica realidade fenom�nica, nunca � satisfat�rio. Se os desejos n�o s�o satisfeitos, a pessoa tende a lutar para mudar o presente ou agarra-se a um tempo passado; se s�o satisfeitos, a pessoa tem medo da mudan�a, o que acarreta novas frustra��es e insatisfa��es. Como tudo se transforma e passa, o desfrutar de uma realiza��o tem a contrapartida de que sabemos que n�o ser� eterno. Quanto mais intenso for o desejo, mais intensa ser� a insatisfa��o ao saber que tal realiza��o n�o ir� durar.
III - O controle dos desejos leva � extin��o do sofrimento. Controlar o desejo n�o significa extinguir todos os desejos, mas sim n�o estar amarrado ou controlado por eles, nem condicionar ou acreditar que a felicidade est� atrelada a satisfa��o de determinados desejos. OS DESEJOS S�O NORMAIS E NECESS�RIOS at� certo ponto, pois eles t�m a fun��o prim�ria de preservar a vida org�nica. Mas se todos os desejos e necessidades s�o imediatamente satisfeitas, � prov�vel que passemos a um estado passivo e alienado de complac�ncia. A aceita��o refere-se a uma atitude calma de desfrute dos desejos realizados sem nos perturbarmos seriamente com os inevit�veis per�odos de insatisfa��o.
IV - H� uma forma de se eliminar o sofrimento: O Nobre Caminho �ctuplo, exemplificado pelo Caminho do Meio. A maioria das pessoas busca o mais alto graude de satisfa��o dos sentidos, e nunca se d�o por satisfeitas. Outros, ao contr�rio, percebem as limita��es desta abordagem e tendem ir ao outro prejudicial extremo: a mortifica��o. O ideal busdista � o da modera��o.
O Caminho �ctuplo consiste no discurso, a��o, modo de vida, esfor�o, cautela, concentra��o, pensamento e compreens�o adequados. Todas as a��es, pensamentos, etc, tendem a ser for�as que, expressando-se, podem magoar as pessoas e a ferir e limitar a n�s mesmo. O caminho do meio segue a m�xima de ouro de Jesus Cristo: "Fazei aos outros o que gostariam que fizessem a v�s".

A Psicologia Budista


O f�sico Fritjof Capra, em seu livro O Tao da F�sica, nos fala que o budismo - ao contr�rio do hindu�smo que lhe serviu de prepara��o e que possui um forte colorido mitol�gico e ritual�stico - tem um car�ter e um "sabor" eminentemente psicol�gicos. Segundo Capra, "Buda n�o estava interessado em satisfazer a curiosidade humana acerca da origem do mundo, da natureza do Divino ou quest�es desse g�nero. Ele estava preocupado exclusivamente com a situa��o humana, com o sofrimento e frstra��es dos seres humanos. Sua doutrina, portanto, n�o era metaf�sica; era uma psicoterapia. Buda indicava a origem das frustra��es humanas e a forma de super�-las. Para isso, empregou os conceitos indianos tradicionais de maya, karma, nirvana,etc., atribuindo-lhes uma interpreta��o psicol�gica renovada, din�mica e diretamente pertinente." (Capra, 1986, p. 77). Ele havia dedicado-se a um aspecto da evolu��o humana: a autocompreens�o para por fim ao sofrimento humano, e s� a este aspecto se dedicara.

A quest�o da causalidade em Buda, assim como em Freud, na psicologia ocidental, � um dos elementos principais de seus ensinamentos. Esta � chamada de karma, que significa a��o, e representa a lei universal de causa e efeito em que o resultado de uma a��o mais cedo ou mais tarde acaba por retornar a quem a praticou. Jesus certamente se refere � mesma lei universal quando fala: "Colher�s aquilo que semeares". De acordo com o budismo, qualquer situa��o em que possamos nos encontrar em dado momento � a resultante de toda a nossa hist�ria pregressa, em cuja corrente hist�rica nos lan�amos at� atingir o estado atual; isto quer dizer que dispomos constantemente da oportunidade de aprender as li��es para enriquecer nosso crescimento e evolu��o espiritual. Corretamente entendida, a doutrina do karma n�o �, como sup�em alguns, uma forma de evitar uma a��o respons�vel, nem uma desculpa para a aceita��o das coisas tais como est�o, mas um incentivo para aproveitar o presente da forma mais criativa e positiva poss�vel; toda experi�ncia vivencial se converte em um empurr�o para diante na nossa jornada para a compreens�o de n�s mesmos.

"O que hoje somos deve-se aos nossos pensamentos de ontem que condicionaram nosso comportamento, e s�o os nossos atuais pensamentos que constroem a nossa vida de amanh�; a nossa vida � a cria��o de nossa mente. Se um homem fala ou atua com a mente impura, o sofrimento lhe seguir� da mesma forma que a roda do carro segue ao animal que o arrasta". (Buda)

Comparemos este pesamento acima, do Buda, com este de Jesus:

"O olho - o modo como vemos, interpretamos, a realidade - � a l�mpada do corpo. Se teu olho � bom, todo o teu corpo se encher� de luz. Mas se ele � mau, todo teu corpo se encher� de escurid�o. Se a luz que h� em ti est� apagada, imensa � a escurid�o".

Nada existe que n�o esteja relacionado com a sua pr�pria causa. Carma � uma lei natural, existente em todo parte. A semente que cai no solo f�rtil e germina est� obedecendo ao carma. O som que � produzido pela vibra��o de ar no interior da flauta � fruto de um carma f�sico. A complexa organiza��o e beleza da vida � algo que demonstra uma sutil interela��o entre todos os fen�menos naturais e mentais. Da� os budistas desenvolverem uma vis�o de mundo como uma infinita "Teia de Rubis", em que todos os brilhantes e todas as gemas preciosas, por menores que sejam, refletem todas as demais: uma analogia surpreendentemente do pensamento hol�stico atualmente muito em voga, e aceit�vel plenamente � luz das mais recentes descobertas da f�sica qu�ntica.

Buda e Jesus


Desde o s�culo passado que estudiosos apontam as surpreendentes semelha�as entre os ensinamentos de Buda e Jesus. � como se Deus tivesse posto duas vertentes de uma mesma fonte adequadamente apropriadas para o mundo Ocidental e Oriental. Vejas alguns exemplos:

Buda: � mais f�cil ver os erros dos outros que os pr�prios; � muito dif�cil enxergar os pr�prios defeitos. Espalham-se os defeitos dos outros como palha ao vento, mas escondem-se os pr�prios erros como um jogador trapaceiro"

Jesus: Por que olhas o cisco no olho de teu irm�o e n�o v�s a trave no teu? Como ousas dizer a teu irm�o: 'Deixa-me tirar o cisco de teu olho, pois sei corrigir teu erro de vis�o'? Hip�crita, tira primeiro o engano de tua vis�o, e s� ent�o poder�s tirar o cisco de teu companheiro".

Buda: "N�o importa o que um homem fa�a, se seus atos servem � virtude ou ao v�cio, tudo � importante. Toda a��o acarreta frutos"

Jesus: "N�o pode a �rvore boa dar maus frutos, nem a �rvore m� dar bonsc frutos. Porventura colhem-se figos de espinheiros ou ervas de urtigas? Toda �rvore se conhece pelos frutos".

Buda: A pessoa m� fala com falsidade, acorrentando os pensamentos �s palavras. Aquele que fala mal e rejeita o que � verdadeiramente justo n�o � s�bio".

Jesus: O homem bom tira coisas boas do tesouro do cora��o, e o mau retira coisas m�s, pois a boca fala do que est� cheio o cora��o".

Buda: Assim como a chuva penetra numa casa mal coberta, tamb�m a paix�o invade uma mente dispersa. Assim como a chuva n�o penetra numa casa bem coberta, igualmente a paix�o n�o invade uma mente bem formada".

Jesus: Todo aquele que ouve as minhas palavras e as p�e em pr�tica � como um homem que construiu uma casa sobre a rocha. Caiu a chuva, uma torrente se abateu sobre a casa, mas ela n�o caiu, pois estava fundada sobre a rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras mas n�o as pratica � semelhante a um homem que construiu sua casa na areia. Veio a chuva, a torrente se abateu sobre ela, e ela desabou. E foi grande a sua ru�na".

Muitas outras analogias ainda mais ricas seriam poss�veis. Remeto o leitor ao livro "O Buda Jesus" para um estudo mais aprofundado.

Jo�o Pessoa, Para�ba, 29/06/1997.


Bibliografia Sugerida


  • O Pensamento Vivo de Buda, Editora Martin Claret, S�o Paulo, 1985.
  • Fadiman, James & Frager, Robert. Teorias da Personalidade, Editora Harbra, S�o Paulo, 1986.
  • Hall & Lindzey. Teorias da Personalidade, Vol. II, Ed. E.P.U. S�o Paulo, 1993.
  • Shearer, A. Buda, Ed. Del Prado, Madrid/Rio de Janeiro, 1997.
  • Ikeda, Daisaku. O Buda VivoEd. Record, Rio de Janeiro, 1989.
  • Jung, Carl Gustav. O Homem e Seus S�mbolos, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1991.
  • Jung, Carl Gustav. Psicologia da Religi�o Ocidental e Oriental, Editora Vozes, Petr�polis, 1990.
  • Kersten, Holger & Gruber, Elmar R. O Buda Jesus, Editora Best Seller, S�o Paulo, 1996.
  • Silva, George & Homenko, Rita. Budismo - Psicologia do autoconhecimento. Ed. Pensamento, s/d.
  • Capra, Fritjof. O Tao da F�sica, Ed. Cultrix, S�o Paulo, 1986.
  • Hesse, Hermann Sidarta, Ed. Record, Rio de Janeiro, 1988.
  • O Autor Jesus A Psicologia Transpessoal O Holismo Plotino e o Neoplatonismo

    
    
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