Ecologia Profunda, Ecologia Social e Eco-�tica

por

Carlos Antonio Fragoso Guimar�es





M�sica: The Memory of Trees, de Enya



"O novo paradigma (uma constela��o de concep��es, de valores, de percep��es e de pr�ticas compartilhados por uma comunidade e que estabelece uma vis�o particular da realidade) pode ser chamado de uma vis�o de mundo hol�stica, que concebe o mundo como um todo integrado, e n�o como uma cole��o de partes dissociadas. Pode tamb�m ser denominado vis�o ecol�gica, se o termo 'ecol�gica' for empregado num sentido muito mais amplo e mais profundo que o usual. A percep��o ecol�gica profunda reconhece a interdepend�ncia fundamental de todos os fen�menos, e o fato de que, enquanto indiv�duos e sociedades, estamos todos encaixados nos processos c�clicos da natureza (e, em �ltima an�lise, somos dependentes desses processos)."

Fritjof Capra


     Quanto mais voltamos nossa aten��o para as grandes dificuldades sociais de nossa �poca - quando nos detemos e refletimos sobre a grande crise em que vivemos, em todos os �mbitos de a��o do ser humano e em todos os lugares -, mais percebemos as falhas de uma vis�o de mundo compartilhada por grande parte das pessoas influentes, respons�veis pelo comportamento do homem ocidental ( e que, hoje, atinge tamb�m o homem oriental ), como empres�rios, governantes e cientistas, e mais percebemos que estas falhas est�o interligadas e n�o podem ser entendidas de forma isolada, ou linear, como pe�as aut�nomas de um rel�gio.

     O conjunto de problemas que se abatem sobre as pessoas e a natureza est�o profundamente enla�ados com uma determinada forma de se compreender o mundo, uma percep��o da realidade que � reducionista, simplista e inadequada e que n�o leva em conta processos sist�micos (interelacionados), psicol�gicos e org�nicos (ecol�gicos) presentes nos relacionamentos, no padr�o de rela��o, entre pessoas, entre estas e a sociedade - e entre pessoas, sociedades e natureza -, e muito menos valores humanos e existenciais, formadores de referenciais umbilicalmente ligados � qualidade de vida da popula��o mundial, j� que fatores ou caracteres fenomenol�gicos n�o fazem parte do pensamento linear-racionalista, e muito menos se adequam em gr�ficos cartesianos.

     A forma tradicional de se compreender ou de se perceber a realidade - enfim, o paradigma subjacente a nossa vis�o de mundo - vem condicionando o comportamento humano ocidental - e todas as suas institui��es - por mais de tr�s s�culos. Ela � constitu�da basicamente da id�ia de que todo o universo � uma grande m�quina, sem vida ou qualquer sentido al�m do de um sistema mec�nico similar ao das m�quinas feitas pelo homem, e, por isso, dentro do fugaz per�odo de tempo a que se resume uma vida humana, � perfeitamente l�cito, dentro desta concep��o filos�fica, que o indiv�duo procure extrair o m�ximo deste sistema morto, a fim de dar um significado ao que, em �ltima an�lise, e de acordo com esta vis�o, n�o parece igualmente ter significado algum: a exist�ncia humana. Da� o conjunto de caracteres t�picos de nossa sociedade industrial e capitalista: a vis�o da vida em sociedade como uma luta competitiva pela exist�ncia, a �nfase na sobreviv�ncia mais que na viv�ncia e na melhoria real da qualidade de vida a partir do enriquecimento interpessoal, a cren�a num progresso material ilimitado num cont�nuo crescimento econ�mico explorador de recursos naturais limitados, o patriarcalismo com suas v�rias facetas e formas de domina��o, etc.

      O esgotamento, a anti-naturalidade e a destrutibilidade desta "vis�o ou concep��o de mundo" - que ainda � ardorosamente adotada por nossos l�deres pol�ticos, empres�rios, cient�stas e institui��es - v�m sendo constantemente apontadas, de modo claro, por v�rias pessoas desde o in�cio do s�culo passado, na cr�tca ao automatismo e aliena��o humanas decorrentes da revolu��o industrial, mas a ideologia do capitalismo, detentora dos meios de comunica��o de massa, e as institui��es econ�micas, que sempre usaram de uma gigantesca m�quina de propaganda, acabam por abafar, em parte, este despertar de consci�ncias, e a impor uma ideologia prop�cia a mascarar e a distorcer a percep��o dos fatos e a perpetuar um conjunto de a��es favor�veis aos seus interesses o objetivos gananciosos, ou seja, ela constr�i toda uma "realidade" ficcional e alienante, embotando o senso cr�tico das pessoas, a fim de perpetuar a estrutura de poder que lhe � mais apraz�vel.

      Mas o n�vel de agressividade deste paradigma e desta ideologia contra o sistema vivo "Terra" vem sendo t�o estupidamente tr�gica, que j� n�o � mais poss�vel fechar os olhos ante � degrada��o s�cio-ambiental que nosso moderno mundo industrial tem promovido, a n�o ser que o grau de aliena��o tenha chegado a tal ponto que embotou at� mesmo o sentir a dor que as mis�rias de nossa civiliza��o tecnicista tem causada � natureza e aos homens. De todos os cantos do planeta vemos os efeitos nocivos da forma materialista (filosofia altamente calculada para fazer parte dos h�bitos de consumo da popula��o) e pretensamente racional (esquecendo-se da sabedoria organ�smica e intuitva) de ver o mundo, e os efeitos s�o:

      Existem solu��es vi�veis para os principais problemas sociais, mas o grande n� da quest�o est� em mudarmos a nossa percep��o individualista e ego�sta e nossos valores burgueses em prol de um desenvolviemento sustent�vel, o que atinge em cheio a estrutura do poder e do sistema pol�tico-econ�mico de boa parte dos pa�ses, e, ainda mais, no Brasil, onde todos sabemos das desigualdades de todo o tipo entre os que tudo tem e os que nada tem, a grande maioria, e onde recai a maior parte do peso e da hipocrisia dos sistemas institucionais estabelecidos a princ�pio, ironicamente, para o bem do povo.

      E, de fato, come�amos a ver, cada vez mais amplamente em todo o mundo, principalmente na Europa, uma gradual mas inveit�vel mudan�a de paradigma na ci�ncia e na sociedade, a partir das pessoas comuns, de estudantes, da base, e n�o mais de autoridades ou orgulhosos experts diplomados em fragmentos do conhecimento humano. Mas esta nova compreens�o ainda est� longe de ser sequer pensada pela maioria dos l�deres pol�ticos, e, ainda menos, pelos empres�rios.

      O reconhecimento de que � necess�ria uma profunda e radical mudan�a de percep��o e de metas para garantir a nossa sobreviv�ncia e a das demais esp�cies vivas que compartilham conosco, em estreita correla��o, a odiss�ia terrestre n�o � feito pelos detentores do poder pol�tico e econ�mico que, ali�s, a v�em como uma amea�a � estrutura que os sustenta. Eles sabem que os diferentes problemas est�o interrelacionados, mas se recusam a reconhecer e adotar as chamadas solu��es sustent�veis, preferindo fechar os olhos para n�o ver as conseq��ncias de suas atividades para as gera��es futuras. A partir de um ponto de vista sist�mico, as �nicas solu��es vi�veis s�o as solu��es "sustent�veis", em que uma sociedade satisfaz suas necessidades sem diminuir as perspectivas das gera��es futuras, como � comum de se v� nas chamadas "sociedades primitivas", como as ind�genas, sem a carga intrometida da civiliza��o branca. Nossa civiliza��o se orgulha de seu racionalismo, mas o racionalismo � usado para justificar comportamentos profundamentes irracionais e antiecol�gicos, num mecanismo justificador de racionaliza��o. Ora, j� n�o seria a hora de nos lembrarmos de que a humanidade, atrav�s da hist�ria, sempre se orgulhou do mais cora��o que da raz�o? N�o � da� que vem o termo " fulano � humamo", e outros semelhantes?

      Existe um movimento de despertar para o fato de que as a��es industriais, t�cnicas e altamente mecanicistas de nossa sociedade materialista est� causando um s�rio abalo na qualidade de vida dos homens e demais seres vivos que constituem a biosfera. E movimentos como os do Green Peace, os dos v�rios partidos verdes e a ampla aceita��o e debates de assuntos ecol�gicos, como na Rio-Eco 92, parecem ser "sintomas" de uma gradual mas cada vez mais irrevers�vel consci�ncia de que todos n�s fazemos parte de uma teia fr�gil, linda e muito mais profunda do que nos fazem crer nossas estruturas cient�ficas e comerciais... fazemos parte da teia da vida que consitui um enorme organismo vivo e hoje seriamente amea�ado pela gan�ncia e sede de poder de �rg�os econ�micos, industriais, pol�ticos, cient�ficos e religiosos, todos voltados para o conquistar e o manter o poder, quer seja material, quer seja ideol�gico. Mas h� uma movimenta��o interna vis�vel contra tudo isso, afinal somos c�lulas e nervos de Gaia, a Terra viva, e esta nova percep��o Hol�sitica, sist�mica ou interrelacional entre todas as coisas que nos cercam, � chamada de Ecologia Profunda.

      O fil�sofo Arne Naess caracterizou da seguinte forma a Ecologia Profunda: "A ess�ncia da ecologia profunda consiste em fomular quest�es mais profundas", e, segundo Fritjof Capra, � essa tamb�m a ess�ncia de uma mudan�a de paradigma: "Precisamos estar preparados para questionar cada aspecto isolado do velho paradigma. Eventualmente, n�o precisaremos nos desfazer de tudo, mas antes de sabermos isso, devemos estar dispostos a questionar tudo. Portanto, a Ecologia Profunda faz perguntas profundas a respeito dos pr�prios fundamentos da nossa vis�o de mundo e do nosso modo de vida modernos, cient�ficos, industriais, orientados para o crescimento e materialistas. Ela questiona todo esse paradigma com base numa perspectiva ecol�gica: a partir da perspectiva de nossos relacionamentos uns com os outros, com as gera��es futuras e com a teia da vida da qual somos parte" (Capra, 1997, p�gina 26).

Ecologia Social


      Ao lado da Psicologia Profunda, temos ainda uma escola filos�fica que tem por base uma percep��o eco-sist�mica da din�mica social, ou uma percep��o de rela��es entre partes. Ela complementa a ecologia ao mostrar os padr�es culturais de organiza��o social que produziram a atual super-crise. � esse o foco da ecologia social, que � o nome gen�rico que podemos dar �s v�rias disciplinas sociais que estudam a natureza antiecol�gica de muitas de nossas estruturas instituicionais.

      Segundo Riane Eisler, as v�rias escolas de Ecologia Social reconhecem a estrutura mecanicista e alienante, portanto profundamente antiecol�gica, de nossas institui��es econ�micas e sociais, que se modelam de acordo com um "sistema de domina��o", como podemos ver, claramente, no capitalismo que se utilizou do mesmo processo de repress�o � liberdade que acusava nos chamados pa�ses socialistas, especialmente nas ditaduras da Am�rica Latina. Sendo assim, as chamadas escolas marxistas nos permitem analisar diferentes padr�es de domina��o social impostas � cultura e � sociedade sob a forma de ideologia, muit�ssimo vinculada atrav�s dos meios de comunica��o, notadamente, nos dias de hoje, pela televis�o, que � um ve�culo de comunica��o de massa, associada � interesses pol�ticos e comerciais pertecentes � classe econ�mica dominadora.

      Al�m da Ecologia Social, podemos apontar tamb�m o ecofeminismo como uma escola especial de ecologia social voltada para a din�mica de domina��o social dentro do contexto do patriarcado, que permitiu o desenvolvimento de formas diversas de explora��o: das mulheres pelos homens, da domina��o hier�rquica, capitalista, militarista e industrial, e em desenvolvimentos de teorias mecanicistas e controlistas do homem, como o taylorismo em administra��o, o behaviorismo em Psicologia, etc. Em particular, os ecofeministas mostram que a explora��o extrema da natrueza tem andado de m�os dadas com a das mulheres, que t�m sido identificadas com a natureza atrav�s dos s�culos. N�o nos esque�amos que o pai do empirismo, Francis Bacon, postulava que, tal como se fazia com as "bruxas" de sua �poca, "os segredos das natureza teriam de ser arrancados sob tortura", pois ela se apresenta "como uma mulher caprichosa"...

�tica


     Tudo o que diz respeito � percep��o humana da realidade e, conseq�entemente, os valores humanos que est�o enla�ados com esta percep��o � de fundamental import�ncia para a Ecologia Profunda. J� n�o podemos acreditar que nossas teorias e pesquisas cient�ficas s�o isentas de valores, pois a pr�pria escolha de como e o que devemos estudar e levar em considera��o j� � uma a��o que se alinha com uma determinada forma ou maneira de fazer ci�ncia, subjetivamente aceita como a mais "verdadeira". Portanto, as chamadas abordagens dominantes (por exempo, a Psican�lise, em Psicologia), tendem a impor uma forma de vis�o de homem que � estreitamente ligada a um apradigma j� claramente nocivo � humanidade.

      Segundo Capra, como oposi��o perceptual necess�ria a tudo isso, a ecologia profunda centraliza-se em valores hol�sticos e, mais propriamente, ecoc�ntricas (centralizados na Terra como um sistema vivo, Gaia). Nesta acep��o, todos os seres vivos s�o membros de comunidades ecol�gicas ligadas umas �s outras numa rede de interdepend�ncias, formando uma rede de vida din�mica e auto-consistente. Ali�s, com estas caracter�sticas, a pr�pria rede parece ser um organismo. Neste sentido, o homem n�o � melhor ou pior que qualquer outra esp�cie, mas um componente fundamental desta rede, criado por ela, mantido por ela, influenciado por ela e tendo o poder de influenci�-la (tanto positiva quanto negativamente) tanto quanto � influenciado por ela. Ali�s, somos meros n�dulos da rede da vida, juntamente com todas as outras esp�cies vivas, tendo a �nica diferen�a de sermos complexamente racionais, o que nos faz quase sempre nos identificarmos apenas com esta qualidade, esquecendo-nos de que o organismo, como um todo, possui uma racionalidade ainda mais s�bia que a racionalidade intelectual. Assim, quando pisamos em algo pontudo, n�o ficamos a "analisar" se somos agredidos por um espinho, um prego ou uma agulha, nem nas or�gens deste inc�modo, como o objeto foi parar ali ou quais as suas conseq��ncias, mas, "organ�smicamente", sabiamente, retiramos imediatamente o p�, gra�as a uma sabedoria instintiva mais profunda e que � comum a todos os seres vivos, isso sem falar no sentimento humano.... Como disse Pascal, O cora��o tem raz�es que a raz�o desconhece"...

      Quando esta percep��o ecol�gica e hol�stica mais profunda torna-se parte de nossa viv�nvia e consci�ncia cotidiana, emerge um sistema de relacionamento transpessoal mais maduro, uma �tica radicalmente nova.

      Esta �tica de pertin�ncia e de co-responsabilidade vivencial � extremanete necess�ria nos dias de hoje, uma vez que a maior parte do que fazemos, quer seja tecnicamente ou n�o, especialmente entre os sacerdotes do saber, os cientistas, n�o parece promover a vida e nem preserv�-la, mas sim de a coisificar, banalizar e destruir cada vez mais a vida sob a �gida de um paradigma mecanicista, sob o pretexteo de crescimento econ�mico travestido de pseudo-valores antropoc�ntricos (como se o homem fosse um ser � parte da natureza complexa que o sustenta). Os cientistas mecanicistas, que cr�em num universo m�quina, projetam sistemas de armamentos com a capacidade de destruir in�meras vezes toda a vida do planeta, desenvolvem novos produtos qu�micos que contaminam o meio ambiente global sem nenhum respeito �tico pela vida, ou desenvolvem muta��es em microorganismos vivos que podem ser soltos por ai sem muito pensarem nas conseq��ncias de seu mister, isso sem falar de psic�logos que torturam animais e acabam por acreditar que o homem pode ser manipulado da mesma forma, al�m do mecanicismo econ�mico, que descarta qualquer possibilidade de se incluir valores e/ou qualidade de vida em seus gr�ficos de oferta e procura.

      Como nos diz o f�sico Fritjof Capra e outros estudiosos da filosofia da Ci�ncia, alienadamente "N�o reconhecemos que os valores N�o s�o perif�ricos � ci�ncia e nem � tecnologia, mas consituem a sua pr�pria for�a motriz". Culturalmente, acreditamos que os valores podem ser seprados dos fatos (objetividade), e assim pensamos que os fatos cient�ficos s�o independentes daquilos que fazemos e, portanto, s�o isentos de valores. "Na verdade os fatos cient�ficos emergem de toda uma constela��o de percep��es, valores e a��es humanas - em uma palavra, emergem de um paradigma - dos quais n�o podem ser separados. (...). Portanto os cient�stas s�o respons�veis por suas pesquisas n�o apenas intelectualmente, mas moralmente. Dentro do contexto da Ecologia Profunda, a vis�o segundo a qual esses valores s�o inerentes a toda a natureza viva est� alicer�ada na experi�ncia profunda, ecol�gica ou espiritual, de que a natureza e o eu s�o um s�. Essa expans�o do eu at� a identifica��o com a natureza � a instru��o b�sica da ecologia profunda(...)" (Capra, 1997, p. 29).

      Esta percep��o de que pertencemos, ou mellhor, de que somos parte de um todo sist�mico - e que � encontrada intuitivamente nas crian�as, nos �ndios, em algumas comunidades orientais, nas tradi��es mais antigas dos povos da europa pr�-crist� e em outras comunidades ditas precoceituosamente de primitivas, sentidas por poetas, bi�logos e artistas de todos os tempos - acaba por gerar um comportamente �tico-vivencial que adv�m de dentro da pr�pria alma do ser humano, ao contr�rio de uma �tica aceita intelectualmente, como, por exemplo, na teoria da Psican�lise como uma �tica, que � cara aos lacanianos, o que n�o deixa de ser meio absurdo por ser esta teoria (a Psican�lise) reconhecidamente pessimista em rela��o ao homem (o destino do homem � ser um neur�tico ou um normal mais ou menos infeliz dentro de uma sociedade que n�o lhe permite viver suas puls�es de modo satisfat�rio). J� a percep��o de que somos muito mais do que nos permite crer os limites de nossa pele muda totalmente a situa��o, como nas fala Arne Naess:

      O cuidado flui naturalmente se o "eu" � ampliado ou aprofundado de modo que a prote��o da Natureza livre seja SENTIDA e CONCEBIDA como PROTE��O DE N�S MESMOS ... Assim como n�o precisamos de nenhuma moralidade vinda de um n�vel intelectual para nos fazermos respirar do mesmo modo se o seu "eu", no sentido mais amplo desta palavra, abra�a um outro ser, voc� n�o precisa de advert�ncias morais ou lineamente intelectuais para demonstrar cuidado e afei��o... voc� o faz por si mesmo, sem sentir nenhuma press�o moral para faz�-lo... Se a realidade � como � experimentada pelo eu ecol�gico, nosso comportamento, de maneira natural e bela, segue espontaneamente as normas da �tica ambientalista".

      E, mais uma vez, como nos esclarece Capra, "o que isso implica n�o � o fato de que o v�nculo entre uma percep��o ecol�gica do mundo e o comportamente correspondente n�o � uma conex�o l�gica, mas psicol�gica. A l�gica n�o nos persuade de que dever�amos viver respeitando certas normas, uma vez que somos uma parte integral da teia da vida. No entanto, se temos esta percep��o, ou a experi�ncia, ecol�gica profunda de sermos parte importante da teia da vida, ent�o estaremos (em oposi��o a dever�amos estar) inclinados a cuidar de toda a natureza viva." Poder�amos tomar, como modelo paradigm�tico desta Vi�ncia profunda de pertencer � natureza, a vida de um dos maiores poetas e m�sticos da humanidade, S�o Francisco de Assis.

      O v�nculo experiencial-fenomenol�gico entre Ecologia Profunda e Psicologia Profunda ( esta no sentido junguiano, rogeriano e/ou transpessoal do termo ), que se faz presente na concep��o do eu ecol�gico, est� sendo explorado por v�rios autores, entre eles o fil�sofo Warwick Fox, que cunhou o termo "ecologia transpessoal", ou o historiador Theodore Roszak, que se utiliza do termo "ecopsicologia", que expressam a conex�o profunda entre a psicologia n�o-freudiana e a ecologia, que antes eram consideradas �reas completamente separadas.

Sendo assim, como nos diz Capra (ob. cit), a �nfase da mundan�a de paradigma, hoje, nos aponta para a sa�da de uma �nfase nas ci�ncias que manipulavam o mundo como uma m�quinha morta, como a f�sica cl�ssica, para as ci�ncias da vida, como a biologia, a ecologia e a psicologia.

Bibliografia Sugerida


  • Capra, Fritjof. A Teia da Vida, Editora Cultrix, S�o Paulo, 1997.
  • Capra, Fritjof. O Ponto de Muta��o, Editora Cultrix, S�o Paulo, 1986.

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    Jo�o Pessoa, Para�ba, 22/11/1997.


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