A Ignorância e a Lucidez: Evangélicos fundamentalistas contra a Nova Consciência e os Católicos

Aparições

F. Pereira Nóbrega

Jornal Correio da Paraíba, 12/02/2005

  Apareceu em Campina Grande um movimento chamado Encontro para a Nova Consciência que veio para ficar. Pretende mais somar que diminuir. Procura entre várias tendências do pensamento atual o denominador comum dos que prezam a humanidade e querem fazer algo por ela.

  Está no espírito da Nova Consciência ressaltar esse denominador comum, esquecer e superar divergências que haja. Dentro e fora, há sentimentos diferentes, que temos por sagrados, como os de pátria, família, religião.

  Mãe alheia só o mal educado xinga. Zombar de sentimentos diferentes, isso fica para encontros internos dos que pensam do mesmo modo. Todo homem tem direito a amar sua mãe, sua fé, e nisso ser respeitado. Os que, publicamente, combatem a fé que está no outro, combatem o homem universal que está sem si.

   Pois também apareceu em Campina Grande um outro "encontro" contra a Nova Consciência e, com ele, um pastor, esquecido do espírito do Encontro, repetindo o velho diante da Consciência que se apresenta Nova. Voltou ao tempo das guerras de religião. Dos primeiros cristãos se dizia: vede como eles se amam. Ao tempo das guerras religiosas, se poderia dizer: vede como eles se odeiam. A esse tempo quis voltar o pastor.

 &nbso;Ainda hoje, são encontráveis dos dois lados os que pregam amor com sotaque de ódio. Frequentemente eles se encontram em cultos que se dizem ecumênicos, por fora de ritos, por dentro de nada.

  Apareceu aquele pastor, de público zombando de aparições de Maria. Se houvesse mais diálogo entre denominações cristãs, saberia ele quanto a Igreja é prudente, quase cética, sobre esses relatos de aparições. Aprenderia quão raríssimos são os casos convincentes, diante da multidão dos que se propalam. Saberia ainda que a Igreja, a rigor, não obriga em consciência nenhum católico a inserir uma aparição no seu credo de fé.

Se mais diálogo houvesse entre nós, eu ousaria dialogar em termos de Teologia. E diria que me confunde mais se crer nas manifestações do demônio do que nas de Maria. Quando aparece um fato paranormal, daqueles ditos de “espírito brincalhão”, sempre aparece algum pastor dizendo que aquilo é o diabo. É má Teologia. A História não é uma queda de braços entre Deus e o Diabo que, de há muito, já foi vencido. Enquanto o mundo volta ao paganismo, cristãos se apedrejam. Acordemos a tempo. Há muito mais o que nos une, muito menos o que nos separa.


Jornal Correio da Paraíba, 10/02/2005

Pastor da Igreja Batista questiona aparições de Maria e católicos prostestam Ato de desagravo será realizado no próximo domingo no Parque do Povo

FERNANDA SOUSA

Campina Grande - A Comunidade católica Pio X realizará no próximo domingo, 13, um ato de desagravo à Nossa Senhora, às 15h00, no Parque do Povo. A decisão foi tomada pelos integrantes da comunidade durante o VIII Crescer - encontro da comunidade católica, que foi encerrado terça-feira, no Clube Campestre. O desagravo tem como objetivo reparar as afirmações do pastor evangélico Joaquim Andrade, de que as aparições de Nossa Senhora seriam manifestações demoníacas.

A direção da Comunidade Pio X explica que o ato não servirá para o confronto, mas de desagravo a Nossa senhora, já que as afirmações do pastor foram impróprias e sem nenhum argumento teológico. O ato público também servirá "para colocar as coisas nos seus devidos lugares e reafirmar que Maria está no Céu, como Mãe de Deus". Os católicos que estavam participando do VIII Crescer ficaram surpresos com as declarações do pastor.

No ato de desagravo, todos os integrantes da Comunidade Pio X e católicos em geral deverão usar roupas brancas ou azuis. Este tipo de manifestação é previsto pela Igreja Católica quando alguém ou algum local é profanado. O Crescer foi encerrado anteontem à tarde e reuniu mais de 18 mil católicos de Campina Grande e região. No local foram arrecadadas mais de duas toneladas de alimentos para as obras sociais da Comunidade Pio X.

O prefeito Veneziano Vital do Rêgo posicionou-se contrário à declaração do pastor, a qual classificou de infeliz. Ele disse que, ao conversar com o vice-prefeito José Luís Júnior, que é evangélico e com outros pastores , chegou à conclusão que nem todos têm o mesmo pensamento do pastor Joaquim Andrade. O prefeito pediu para que o pastor Joaquim revisse o que disse. Joaquim diz que não quis criar polêmica O pastor Joaquim de Andrade, da Igreja Batista de São Paulo, disse que não se arrepende das declarações que deu em Campina Grande, durante o Encontro Para a Consciência Cristã, sobre as aparições de Nossa Senhora e que a despeito do desagravo que será realizado pela comunidade católica, ele não precisa da misericórdia de Maria. Vice-presidente da Agência de Informações Religiosas (Agir), o pastor explicou que apenas manifestou suas convicções, mas que em nenhum momento quis atacar os católicos.

Ele disse que não queria criar polêmica e muito menos falar pelos participantes do Encontro da Consciência Cristã, para o qual foi convidado. "É preciso deixar claro que Maria não pode fazer nada por nós, que se nós podemos ir direto a Deus, porque pedir a intervenção dela. Mas por achar isso não posso ser acusado de estar afrontando uma religião, na verdade respondi à pergunta de um jornalista", disse.

E completou: "Nossa ênfase está na Bíblia e por causa disto não acreditamos em espíritos enganadores que se manifestam em terreiros ou aparecem para crianças trazendo mensagens contrárias às bíblicas". A Agir que tem sede em São Paulo, segundo ele, realiza um trabalho de esclarecimento às vítimas de abusos religiosos. "Nos preocupamos com determinados movimentos religiosos, que promovem a divisão da família, a exploração financeira ou matam em nome de Deus". Por causa da sua atuação na agência, o pastor revelou que foi processado judicialmente pela Federação Espírita Umbandista de São Paulo, sob a acusação de atacar um dos seus ídolos. "Algumas entidades espíritas me levaram à justiça porque nós dissemos que Iemanjá era uma lenda, mas gostaria de saber se existem fontes históricas ou arqueológicas que provem o contrário", finalizou.

Jornal da Paraíba, 10/02/2005

Dom Aldo contesta declarações sobre visões de Maria e demônio -Jornal da Paraíba

PHILIO TERZAKIS E ANA CLÁUDIA PAPES

O arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, contestou as declarações feitas pelo pastor Joaquim Andrade, durante o VII Encontro Para a Consciência Cristã, em Campina Grande. Na palestra “As aparições de Maria”, o pastor afirmou que essas aparições são um “perigo espiritual” para os católicos e que as pessoas que têm as visões estão, na verdade, se comunicando com demônios. O religioso criticou também a Igreja Católica, que estaria endossando os casos.

Dom Aldo Pagotto ressaltou que a Igreja Católica não confirma as supostas aparições da Virgem Maria. “A Igreja apenas estuda o fenômeno, que é bastante subjetivo e precisa ser analisado por vários estudiosos, como sociólogos e psicólogos”, explicou o arcebispo. Ele acrescentou que a Igreja reconhece apenas as devoções, como a da Virgem de Fátima, por exemplo. “E também quando a mensagem está próxima das palavras do Evangelho.”

DESAGRAVO

A polêmica uniu membros e simpatizantes da Igreja Católica na Paraíba, que estão organizando para o próximo domingo um ato de desagravo a Nossa Senhora. A decisão foi tomada pelos integrantes da Comu-nidade Católica Pio X, durante o VIII Crescer, evento encerrado na terça-feira, para reparar as afirmações do pastor evangélico. A concentração será às 15h no Parque do Povo. O movimento, que está sendo organizado pela Comunidade Pio X, vem recebendo a adesão das paróquias do município e região. A expectativa é reunir cerca de 15 mil pessoas.

A direção da Comunidade Pio X explica que o ato não servirá para o confronto, mas de desagravo a Nossa Senhora, já que as afirmações do pastor evangélico foram impróprias e sem nenhum argumento teológico. Segundo Gustavo Lucena, um dos coordenadores da Comunidade Pio X, as acusações feitas pelo pastor evangélico estão erradas e não têm fundamento, com o agravante de terem sido feitas num evento público.

Gustavo confirmou que os católicos que estavam participando do VIII Crescer ficaram surpresos com as declarações do pastor e que o ato público servirá também para colocar as coisas nos seus devidos lugares, reafirmando que Maria está no Céu, como Mãe de Deus.

"Atos de desagravo, como o que será realizado no próximo domingo, são previstos pela Igreja Católica sempre que um templo, doutrina ou alguém for profanados. As palavras ditas pelo pastor foram agressivas e inadequadas para o momento", disse Gustavo Lucena.

A Comunidade Pio X pede que, no ato de desagravo, todos os católicos e participantes em geral estejam usando roupas brancas ou azuis.

Pastor propõe debate sobre o assunto

O pastor evangélico Euder Fáber, um dos coordenadores do VII Encontro para a Consciência Cristã, disse ser desnecessária a realização do ato de desagravo a Nossa Senhora promovido pela Igreja Católica. "Isso é uma bobagem. Não houve agressão a Maria nem à Igreja Católica. O que está sendo tratado é uma questão de divergência doutrinária. Acho que católicos não podem se sentir feridos só porque não concordamos com suas filosofias, pensamentos e doutrinas. O que precisa ser feito é um debate aberto, onde a sociedade possa discernir onde está o certo e o errado", declarou Fáber.

Na opinião do pastor Fáber, as declarações sobre as aparições de Maria não quebraram a harmonia nem o clima de paz. "Vivemos numa sociedade democrática, onde há liberdade de expressão e religiosa. Eles precisam ser maduros para receber as críticas e saber tratar disso quando as pessoas não concordarem com nossos pensamentos. Não vivemos mais na Idade Média e sim no século 21", falou. O pastor confessou que achou estranha a reação da Igreja Católica, até porque em nenhum momento a figura de Maria foi agredida. "Só não concordamos com o pensamento relacionado às aparições de Maria", disse.

Sobre a polêmica, a ONG Nova Consciência ressaltou que preza, antes de tudo, a liberdade de expressão. Já o padre Márcio Henrique, da Catedral de Nossa Senhora da Conceição, disse que a comunidade católica não tem a pretensão de criar uma polêmica maior sobre o caso. "Não queremos semear a discórdia dentro dessa situação e o ato de desagravo do próximo domingo não vem para dar uma resposta a essa situação. Vamos ao Parque do Povo para fazer um momento de oração. Isso é uma forma de reparar o que foi dito, sem agravar ou tentar dar respostas grosseiras”, frisou.

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