A herança do retrocesso FHC
Hélio Fernandes, jornaç Tribuna da Imprensa, Rio, 30/11/2004
Luiz Carlos Santos, ex-presidente de Furnas,
chama Pio Borges, da Desestatização, de ladrão
Em 22 de fevereiro de 2004, publiquei aqui mesmo um artigo com o título,
que era uma afirmação do então governador de Minas e ex-presidente da
República, Itamar Franco: "SE FURNAS FOR PRIVATIZADA, MANDAREI EXPLODIR A
REPRESA". Vou transcrever ligeiras partes do artigo, tudo o que interessa
está no título.
No processo de DOAÇÃO DE TODO O PATRIMÔNIO BRASILEIRO, Furnas
representava uma parte substancial. Era a maior empresa de energia elétrica do
País. E segundo eu mesmo rotulei, FURNAS É A PETROBRAS DO SETOR DE ENERGIA
ELÉTRICA.
Foi o então presidente de Furnas, Luiz Carlos Santos, que comandou
o processo de resistência de Furnas. E o protesto violento, extremado mas
rigorosamente consciente de Itamar era o ponto final da luta pela preservação
das nossas riquezas. Não vou transcrever tudo, não haveria espaço. Mas mostrei as
diversas manifestações do TCU (Tribunal de Contas da União), condenando
diversas vezes FHC. E continuando a condenação já em 13 meses do
surpreendentemente negativo governo Lula, o PT-governo, ou ainda o PT-PT.
Nesse artigo de 22 de fevereiro deste 2004, eu já dizia que
"Carlos Lessa seria demitido". Resistiu mais 8 meses, só que, como
dizem no Norte/Nordeste, era "um cabra marcado para morrer".
No final eu já falava na PRETENSÃO PERMANENTE DE FHC DOAR FURNAS
(apesar da alienação deslumbrada dos K-dayans da vida), como já fizera com uma
parte enorme do patrimônio do Brasil. Luiz Carlos Santos, presidente de Furnas,
resistiu o quanto pôde. Quando sentiu que o presidente do BNDES e da Comissão
de DESESTATIZAÇÃO, Pio Borges, dava os últimos retoques na entrega da maior
empresa brasileira de energia elétrica, Luiz Carlos Santos foi ao presidente
FHC.
E disse a ele, com a maior tranqüilidade, sem nenhuma hostilidade,
cumprindo seu dever de cidadão e de presidente de Furnas: "Presidente, se
Furnas for PRIVATIZADA, deixarei o cargo antes, e não posso deixar de contar à
opinião pública a razão da minha saída".
Medroso, inconseqüente, sem nenhuma convicção ou responsabilidade,
FHC ficou sem saber o que fazer. Só que Itamar Franco, ex-presidente da
República e então governador de Minas, tendo sabido do que estava acontecendo,
resolveu assumir a mesma posição de Luiz Carlos Santos e mandou o recado que
está no final do de 22 de fevereiro. "PRIVATIZADA FURNAS, MANDAREI
EXPLODIR A REPRESA".
Aí o pânico tomou conta de FHC, ele sempre cultivou o medo, a
hesitação, a dúvida, a omissão e a perplexidade como forma de governo. Chamou
então esse Pio Borges, cujo ENRIQUECIMENTO ALTAMENTE ILÍCITO JÁ HAVIA SIDO
VÁRIAS VEZES CITADO AQUI, e ordenou: "Abandone toda e qualquer providência
para privatizar Furnas, não quero saber mais disso, nunca tive tanto
aborrecimento".
Volto a publicar trechos do artigo de 9 meses passado com uma
explicação. Em todas as notas, colunas ou artigos que escrevi sobre esse senhor
Pio Borges, só usei as palavras para ele "SUÁVEIS" de desonesto,
corrupto, aproveitador dos dinheiros públicos, homem que enriqueceu nos cargos
de presidente do BNDES e da COMISSÃO DE DESESTATIZAÇÃO.
Ninguém vai denunciar, indiciar, responsabilizar o senhor Pio
Borges? Será mais um a gozar a fortuna LADROADA do povo, segundo denúncias e
palavras do ex-presidente de Furnas?
Durante meses denunciei esse senhor Pio Borges, usando informações
trabalhadas e trabalhosamente conseguidas. Mas Luiz Carlos Santos,
ex-presidente de Furnas, UTILIZOU INFORMAÇÕES DE DENTRO, derrubou a DOAÇÃO.
Não é possível que o enriquecimento ilícito seja tão poderoso que
prevaleça sobre qualquer coisa. Se o Ministério Público (e até o procurador
geral da República) não denunciar o senhor Pio Borges, obrigando-o a explicar o
porquê de ter sido chamado de L-A-D-R-Ã-O, então tudo estará perdido.
PS - Apurando a tentativa de DOAÇÃO DA MAIOR EMPRESA DE ENERGIA
ELÉTRICA do Brasil, na certa iremos desembocar na TRAIÇÃO NACIONAL que foi a
DOAÇÃO VERGONHOSA DO PATRIMÔNIO NACIONAL. Assim, é possível que o Brasil volte
a ser dono do patrimônio que possuía antes do retrocesso de 80 anos em 8.
PS 2 - Investigado, Pio Borges PERDERÁ os bens e a liberdade. Mas o
Brasil retomará o patrimônio e a independência. Afinal, é a troca dos bens de
APENAS UM CIDADÃO (?) que ROUBOU (quem rouba é LADRÃO) de 170 milhões de
outros.
Roberto Irineu
Marinho Para se vingar do Boni, contratou Dona Marluce, que falira a
Mesbla. Teve que ser demitida por "doença". Isso é o mínimo, irei
contando. |
Recado aos jornalistas Paulo Henrique Amorim e Pedro do Coutto:
Roberto Irineu e Bonifacio Sobrinho (o Boni) têm dito, e sem pedir sigilo, que
vão responder a tudo o que foi publicado no site do jornalista que era editor
do JB há 22 anos e depois passou uma parte da vida na própria TV Globo. Devem
responder separadamente, não mantêm relações desde aquela época.
Os dois imprimiram tudo o que está no site, dormem e acordam
rascunhando resposta. Só que não encontram o ponto de equilíbrio, ou melhor, o
"Diferencial Delta" que daria veracidade à resposta.
Quanto ao Armando Nogueira, nem pensa (?) em resposta, sabe que
não há o que dizer. Na época foi demitido da Globo pelo Boni, que exigiu a
ratificação de Roberto Marinho, que atendeu com o maior prazer.
Mais tarde, sem ter o que fazer, implorou um emprego na NET, da
mesma coudelaria, perdão, da Organização, foi readmitido. Chamado de
"mentiroso e covarde", publicamente, pelo ex-companheiro Alberico
Souza Cruz, o que iria responder? Só poderia perder o emprego.
BRASÍLIA - O Brasil é
pentacampeão, "conosco ninguém podemos", mas breve todo mundo
esquecerá o título excepcional. Porque junto com a Copa do Mundo de Futebol
disputamos a Copa Pinóquio, e, pelo jeito, surgiu um vencedor imbatível, que
deve estar pela décima-quinta vitória seguida. Ainda na semana passada o nosso
campeão subiu outra vez no pódio.
Nem seria preciso
fulanizá-lo. De novo, o sociólogo ergueu a taça. Depois de demorada análise a
respeito do governo Lula, voltou a repetir diante da indagação sobre se
disputará a sucessão: "Estou fora, já fui."
Com todo o respeito, não
é nada disso. Fernando Henrique Cardoso continua costurando sua candidatura com
uma agulha cujo tamanho só perde para o seu nariz. É candidatíssimo. Não passa
uma semana sem que deixe de dar palpites sobre a realidade nacional, sempre
buscando comparar os seus oito anos de poder com o período que vem sendo ocupado
pelo sucessor.
Tenta passar a impressão
de que seu governo foi muito melhor do que o atual, apesar de reconhecer a
identidade do modelo econômico que implantou e que ainda nos assola. O que
pretende, no fundo, é desgastar a imagem de Lula, mesmo dando a impressão de
ser um ameno e compreensivo observador desinteressado.
A equação está posta:
caso o atual presidente não consiga dar a volta por cima, recuperando-se e
cumprindo suas promessas de campanha na metade de mandato que lhe sobra,
Fernando Henrique será candidato. Apenas para o caso de o governo dar certo,
criar dez milhões de empregos e crescer economicamente é que o PSDB lançará o
governador Geraldo Alckmin. Para perder ou até para surpreender.
Todo cidadão brasileiro
tem o direito de aspirar à presidência da República. Não se condenará FHC por
querer voltar. O que não dá para aceitar, no entanto, é a tática do Pinóquio
adotada por ele, negando o que se encontra à vista de todos.
Claro que também será
inaceitável ver completar-se a desagregação do estado nacional, com mais oito
anos de erosão da nossa soberania.
A confusão ficou maior a
partir do sepultamento da emenda da reeleição dos presidentes da Câmara e do
Senado. Porque se antes a maioria parlamentar era contra a permanência de José
Sarney e de João Paulo Cunha, agora não se sabe em favor de quem estará. No
caso do Senado a disputa permanece maniqueísta: uns querem Renan Calheiros,
outros não.
Na Câmara, diria o
saudoso Vitorino Freire, a situação está de vaca não conhecer bezerro. Mantida
a tradição, caberá ao PT indicar o presidente da casa.
Nem o Palácio do Planalto
nem a bancada produziram, até agora, os critérios necessários à apresentação
dos pretendentes. Haverá escolha por conta das funções exercidas por muitos
petistas? A presidência será disputada entre o líder do partido, Arlindo
Chinaglia, o líder do governo, professor Luizinho, o presidente da Comissão
Mista de Orçamento, Paulo Bernardo? Ou entrará, a sucessão de João Paulo, na
reforma do ministério?
Nesse caso, por andar
meio desconfortável na chefia da Casa Civil, José Dirceu retornaria do Planalto
para a presidência da casa? Ou o lugar estaria reservado a Patrus Ananias, sob
pressão no Ministério do Desenvolvimento Social? Por que não Olívio Dutra, na
mesma situação no Ministério das Cidades?
Quem garante que não se
repetirá o episódio responsável pela ascensão de Aécio Neves ao primeiro time
da política nacional? Ninguém deve esquecer que o PSDB quebrou a tradição e
atropelou o candidato da maior bancada à época, o PFL, Inocêncio Oliveira. Caso
o PMDB desembarque da base do governo, quem sabe Inocêncio Oliveira não dê um
troco atrasado, mesmo no adversário errado?
Se há um líder que vem se
comportando com extrema correção e competência, na condução de sua bancada, é o
deputado Arlindo Chinaglia, do PT. Sua fidelidade ao governo está acima de
qualquer suspeita, mas ele não deixa de reconhecer a necessidade de certas
correções de rumo no ministério.
Engole sapos sem aceitar
recuos doutrinários nem ideológicos. Dias atrás, porém, lembrou os tempos em
que, presidente da seção paulista da CUT, promoveu amplo seminário a respeito
da dívida externa. A conclusão a que chegaram os companheiros daqueles idos foi
pela necessidade da decretação da moratória no pagamento dos juros, ao menos
até que uma auditoria pudesse rever as causas do endividamento.
Os anos passaram, a
conjuntura mudou, da suspensão do pagamento dos juros o líder do PT já não
cogita. Mas perguntem a ele se não está na hora de renegociar com credores, com
a cautela da preservação de nossos compromissos...