A Lenda

I

Se o vento levasse-te a voz... Mulher,

Procuro-te em água azul, mar vermelho.

Tão brilhante, a estrela, lua inteira:

Uma estrelinha tão longe de mim!

Vi as folhas que pousavam perto do rio

Enquanto teus olhos brincavam no céu.

Um coração feito de pedra, favo de mel,

Minha alma, um novo ser que evoluiu.

A mulher é a terra banhada de mar,

A água azul que o sol evaporou.

Nem toda tempestade virá como eu sou:

Um monte de sonhos no mesmo lugar.

E neste exato momento eu te procuro

No meio da noite onde o sol adormece.

Ao redor de mim breu que permanece

Entre os dedos longos desse dia escuro.

Quantas luas têm clareado a rua!

O meu caminho só e a tua vida...

Muitas vezes, luzes de outra vida;

Outras vezes, de uma estrela nua.

Eu penso nessa mulher com olhar de carinho

Do fundo do arco-íris estacionado no vale.

E de tanta alegria, o coração nunca se cale

Às emoções, ao canto livre de um passarinho.

Mas será verdade que o sonho existiu?

Talvez por capricho ou paixão absoluta

Quando se parte da vida ainda há luta

E jamais se retorna a esse universo frio.

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Verás que eu sou um tanto difícil

A busca a paz — inatingível ideal.

Se não existir, ainda eu te faça mal,

Não importa a morte e o precipício.

II

No fundo do poço, ninguém é ninguém.

Um mísero olhar torna-se mais belo,

Constrói um planeta, um lindo castelo.

Milhões de artistas, fantasias mais de cem!

Aquelas lágrimas, risos, versos são teus

Todos os quartos, a sala e o jardim.

Adeus para sempre — estivemos aqui

Fazendo versos. Distantes. Adeus!

Mas nem todos os sonhos por onde navego,

Naufragar não conseguem o olhar aposto,

Acalmar o silêncio e matar de desgosto

Tudo o que sentimos: amor tão cego!

Oh, mulher do futuro, o amor sobrevive.

Até no horizonte eu te procurei...,

Hoje, cheio de dúvidas, ainda não sei

Se tu és realidade ou um sonho que tive.

{Achel Tinoco}

Formatação Iraci