Publicado no Jornal Folha de São
Paulo em 04/08/2001
A Convenção Geral das
Assembléias de Deus no Brasil aprovou ontem no Rio um
projeto de atuação política, em âmbito
nacional. O plano tem como meta a eleição de pelo
menos um deputado federal por Estado em 2002 e o apoio explícito
a candidatos para governador, senador e presidente.
A aprovação do projeto, que
vai fixar metas também para as eleições
municipais em 2004, coloca a Assembléia de Deus em um
novo patamar, o da ação política
organizada, como já faz a Igreja Universal do Reino de
Deus. A Assembléia de Deus é a mais antiga igreja
pentecostal em atividade no Brasil, trazida dos EUA em 1910.
O presidente da convenção,
pastor José Wellington Bezerra da Costa, disse que serão
feitas prévias eleitorais nos Estados para a indicação
dos candidatos a deputado e que os pré-candidatos deverão
ter pelo menos três anos de vínculo religioso.
"Mais valioso"
O pastor Wellington disse que a igreja não
ajudará financeiramente as campanhas. "Temos o
material mais valioso, que é o voto", afirmou. Na
avaliação dele, as Assembléias de Deus têm
pelo menos 10 milhões de fiéis eleitores.
Mesmo que não entrem com dinheiro,
as Assembléias de Deus poderão ajudar seus
candidatos por outro meio importante: sua extensa rede de rádios
espalhada pelo país afora. Os pastores admitem que há
cerca de 70 rádios pertencentes a fiéis da igreja.
Além das rádios, há a
TV RBN (Rede Boas Novas), de Belém, que tem 40
retransmissoras. A programação da TV pode ser
captada por parabólicas, pelo sistema de transmissão
por satélite JesusSat.
A igreja ainda não definiu quem
apoiará na eleição presidencial. O
presidente da convenção disse que há "uma
simpatia" pelo governador do Rio de Janeiro, Anthony
Garotinho (PSB), pelo fato de ele ser evangélico, mas que
isso não significa compromisso.
Segundo o pastor José Wellington, a
Convenção Geral das Assembléias de Deus vai
convidar todos os candidatos que forem homologados pelos
partidos a apresentarem seus planos de governo e que o apoio da
igreja será definido em razão das propostas.
O projeto político aprovado ontem
foi preparado por uma comissão de sete integrantes.
Segundo o presidente da comissão,
pastor Ronaldo Fonseca, a igreja não vai interferir na
escolha do partido político dos candidatos.""Para
nós, tanto faz se o candidato estiver filiado ao PT ou ao
PFL. O que nos interessa é a postura dele." Só
não seria admitida a participação de um
candidato da igreja em partido ateísta.
Ronaldo Fonseca disse que o objetivo é
"despertar a cidadania" dos evangélicos. As
Assembléias de Deus já possuem 14 representantes
na Câmara, que se candidataram por iniciativa própria,
sem um processo de indicação formal. Segundo o
pastor Fonseca, o deputado Neuton Lima (PFL-SP) tem coordenado a
bancada, mas a coordenação ficará a cargo
da comissão política. Um dos papéis da
comissão será sugerir projetos de leis aos
deputados da igreja.
Fonseca disse que os projetos serão
voltados para os campos ético e social.
![Ceticismo e Ativismo](http://www.strbrasil.com.br/pics/ceticismobr.gif)