Publicado no Jornal O Dia em 2 de agosto
de 2001.
Freira se apaixona por motorista de van,
fica grávida e inventa seqüestro para esconder o bebê,
abandonado aos três dias São Paulo
Foram 10 meses dividida entre a vocação
religiosa e a culpa por viver uma paixão proibida que a
levou a cometer uma sucessão de pecados. Na terça-feira
à noite, a freira Luzia Benedita Tostes, 37 anos, da
Congregação Irmãzinhas da Imaculada Conceição,
de São Paulo, foi presa por policiais do 95º DP e
confessou: ela não havia sido seqüestrada, como fez
todos acreditarem; amou um homem casado; ficou grávida e
abandonou o bebê, com três dias de vida, na porta de
uma igreja, dia 12. Descoberta a farsa, Irmã Benedita,
como é conhecida, disse estar arrependida e disposta a
cuidar da criança. Conseguiu o perdão da congregação,
que vai ajudá-la.
Irmã Benedita teve um romance com
um motorista de van morador da Favela Heliópolis, onde
ela trabalhava. Ela o conheceu há 10 meses, e ele garante
nunca ter sido informado que a mulher era freira. Irmã
Benedita disse ter entrado em desespero quando descobriu a
gravidez e decidiu montar a farsa por vergonha das outras irmãs.
Fez, então, várias ligações para a
congregação - fundada por Madre Paulina, que será
a primeira santa brasileira -, disfarçando a voz, dizendo
que estava em cativeiro. A polícia descobriu que era ela
mesma quem ligava. Terça-feira, quando telefonou de novo
- dessa vez, dizendo que seria libertada -, a polícia a
prendeu, na estação do Metrô de Itaquera,
Zona Leste de São Paulo. O telefonema havia sido
rastreado. Com a freira, foram encontrados exames do pré-natal
e o teste do pezinho da criança. Foi a pista de que eles
precisavam para, já desconfiados, pressionar a freira a
admitir a mentira.
Irmã Benedita se escondeu numa
pensão até dar à luz
A irmã desapareceu dia 21 de maio,
quando já estava no sexto mês de gravidez e não
podia mais esconder a barriga. Dia 26, ela enviou uma carta à
congregação, dizendo que era refém de seis
seqüestradores. Nesse período, a freira estava em
uma pensão em Itaquera. Ela contou que ficou lá até
dia 9 de julho, quando deu à luz um menino. Três
dias depois, deixou a criança sob um dos bancos da Igreja
Santa Cecília, na Região Central de São
Paulo.