Vaticano exigia sigilo em caso de abuso sexual

Publicado no Jornal O Estado de S. Paulo em 18/08/2003

A norma de 1962 é a mais nova arma dos advogados de vítimas de pedofilia

LONDRES - As vítimas de abusos sexuais por parte de sacerdotes católicos têm uma nova arma em suas mãos. Trata-se de um documento do Vaticano, de 69 páginas, de 1962, que ameaça com a expulsão da Igreja qualquer padre ou bispo que não mantiver silêncio sobre quaisquer acusações de escândalo sexual. Os fiéis vítimas de abuso também são ameaçados de excomunhão. O Vaticano confirma a existência do texto, escrito pelo cardeal Alfredo Ottaviani e que recebeu a chancela do papa João XXIII, mas nega que tenha sido usado para abafar os casos mais recentes, notadamente os de pedofilia nos Estados Unidos.

O documento, de acordo com a BBC, foi obtido por um advogado americano que defende vítimas de abuso. "Ele prova que existe uma conspiração internacional da Igreja para calar assuntos relacionados ao abuso sexual", disse o advogado Daniel Shea ao jornal britânico The Observer.

Pressão - Acima de tudo, o documento mostra a pressão que a alta cúpula da Igreja submeteu padres e bispos para impor essa política de confidencialidade. E deixa claro que que essa norma de sigilo absoluto se aplica também a casos de pedofilia. Margaret Kennedy, da Associação das Vítimas de abusos por parte de Padres e Clérigos (Macsas), classificou o documento de "assustador e ameaçador". "Sempre tive a impressão de que as vítimas estavam sob enorme pressão para se manter caladas", afirmou. Richard Scorer, que foi advogado de vítimas do padre pedófilo Michael Hill na Grã-Bretanha, concorda. "Isso confirma nossas suspeitas de que a Igreja encobriu sistematicamente as denúncias de pedofilia e trabalhou para silenciá-las." Scorer quer saber agora do arcebispo de Westminster, cardeal Cormac Murphy-O'Connor, se ele seguiu essas diretivas quando era bispo de Arundel e Brighton.

Embora haja várias denúncias contra padres pedófilos em várias partes do mundo, o maior desses escândalos é o que atinge a Arquidiocese de Boston, nos Estados Unidos, uma das maiores comunidades católicas daquele país. O arcebispo da cidade, Bernard Law, teve de renunciar no ano passado, depois de admitir ter encoberto vários casos semelhantes. A arquidiocese está propondo um acordo com as mais de cem vítimas, oferecendo uma indenização total de US$ 55 milhões. (The Times)

Padre é acusado de atirar contra jovem em BH

Publicado no Notícias Terra em 11 de abril de 2003

Um padre está sendo acusado de atirar contra um adolescente de 16 anos por causa de uma bola no bairro Nova Cintra em Belo Horizonte. O pároco Djalma Damaso, em atividade na igreja de São Tarcício há mais de 20 anos, havia sido chamado para resolver uma discussão entre um grupo de jovens que jogavam bola, quando se irritou e buscou a arma.

De acordo com a Globonews, o padre teria atirado para o chão, depois de não conseguir acabar com a briga dos rapazes. O menino que seria o suposto alvo afirmou, em entrevista à emissora, que o padre tentara ameaçá-lo antes de disparar. "Você não vale nem uma bala", teria dito o pároco antes de atirar para o chão. O revólver foi apreendido com quatro cartuchos ainda intactos, e o sacerdote foi ouvido na delegacia. Ele foi liberado, mas a polícia vai investigar o caso.

Outra menina falou que essa não foi a primeira vez que o padre tenta agredir pessoas da região

Fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,5580,OI100204-EI306,00.html

Gay de batina

Publicado na Revista Veja - Edição 1 738 - 13 de fevereiro de 2002

Padre espanhol anuncia ser homossexual e ameaça revelar casos parecidos no clero Reportagem de Rosana Zakabi É daquele tipo de escândalo que quando estoura todo mundo diz que já desconfiava. Há duas semanas, um padre espanhol não apenas revelou publicamente que é gay como afirmou que raros sacerdotes católicos - homossexuais ou heterossexuais - respeitam o voto de castidade. A repercussão da declaração de José Mantero, 39 anos, pároco numa cidadezinha no extremo sul da Espanha, foi ampliada pelo veículo usado para as inconfidências: a revista Zero, dirigida ao público gay. A capa da publicação mostra Mantero de batina e tem como manchete uma declaração que é quase uma blasfêmia: "Dou graças a Deus por ser gay". Os bispos espanhóis reagiram com indignação e, na quarta-feira passada, o superior de Mantero anunciou sua suspensão. A Igreja Católica tem por norma tratar com discrição os casos de homossexualismo em suas fileiras. A situação desta vez corre o risco de escapar ao controle, pois o padre deixou no ar a ameaça de, se for pressionado, divulgar uma lista de sacerdotes gays. "Não vou fazer chantagem, mas tenho uma agenda completíssima", disse. Mantero converteu-se logo numa bandeira da comunidade gay espanhola. Seu estoque de ameaças foi reforçado por Carlos Alberto Biendicho, presidente da Plataforma Popular Gay, entidade ligada ao governista Partido Popular, e colunista da revista Zero. Biendicho, que nasceu em Santo André, no ABC paulista, e vive na Espanha desde os 10 anos, foi seminarista. Ele diz que aos 18 anos, quando estava no seminário, manteve relações sexuais com três colegas que hoje são bispos. "Se eles começarem a perseguir Mantero ou qualquer outro padre que declare ser homossexual, vou denunciá-los", disse a VEJA. "Eu fiquei cinco anos no seminário e, naquela época, mais da metade de meus colegas eram gays. Ninguém demonstrava explicitamente, mas todo mundo sabia." Zero já publicou uma lista com 101 personalidades espanholas que admitiram ser homossexuais, entre elas o consagrado cineasta Pedro Almodóvar. Recentemente, causou furor com as confissões de um tenente-coronel, que disse haver muitos gays nas Forças Armadas e na Guarda Civil. O objetivo da revista é mostrar que há homossexuais em toda parte e que eles são membros respeitados da comunidade. Divulgação O brasileiro Carlos Biendicho diz ter feito sexo com três bispos Mantero tornou-se padre faz mais de dez anos e estava havia quatro na paróquia de Valverde del Camino, que conta com 12.000 habitantes. Em julho do ano passado, ele já havia publicado um artigo intitulado "Orgulho gay" em uma revista local defendendo a homossexualidade - mas então não dizia que falava sobre si próprio. Desta vez, não escondeu nada. Contou ter descoberto sua preferência sexual aos 12 anos. "Enquanto meus amigos olhavam para as loiras dos seriados de TV, eu preferia os caminhoneiros", disse. Garante ter mantido o voto de castidade até os 31 anos, quando teve um relacionamento com outro homem. "Foi uma história muito bonita, mas não deu certo." A questão é que ele diz ter orgulho de sua orientação sexual e, ao mesmo tempo, gosta de ser padre. "Apesar de todos os defeitos, eu me sinto realizado dentro da Igreja", comenta. É difícil conciliar, visto que o Vaticano condena o homossexualismo e exige abstinência sexual de seus sacerdotes. Em discursos, cartas apostólicas e sermões, o papa João Paulo II deixou claro que esses são assuntos fechados a negociações ou mudanças. Tecnicamente, Mantero não foi suspenso por ser gay, mas por desrespeito ao celibato. Aliás, ele diz que saiu do armário porque, como os sacerdotes não respeitam o voto de castidade, é hora de a Igreja tornar o celibato opcional. Em tempo: os paroquianos de Valverde del Camino decidiram manifestar solidariedade ao vigário gay.

Mais de 780 crianças foram molestadas por padres e funcionários de arquidiocese de Boston

Publicado no Jornal NY Times em 24/07/2003

Original: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/ult574u3161.jhtm

Fox Butterfield DE BOSTON, Estados Unidos

Tradução: Deborah WeinbergVisite o site do The New York Times

Desde 1940, 789 crianças, pelo menos, foram molestadas sexualmente por 250 padres e outros funcionários da arquidiocese Católica Romana de Boston. A conclusão é da investigação do promotor geral de Massachusetts, divulgada na quarta-feira (23/07).

O promotor-geral, Thomas F. Reilly, católico, descreveu o escândalo de abuso sexual no clero que abalou Boston desde o início de 2002 como "a maior tragédia de crianças na história do país". Reilly culpou a liderança da arquidiocese de Boston pelo escândalo. Além do cardeal Bernard M. Law, que renunciou, sob pressão, em dezembro último, Reilly culpou também uma série de assessores do cardeal. Muitos desses se tornaram bispos em outras cidades do país, como Thomas Daily, hoje bispo de Brooklyn.

"Quando tiveram que escolher entre proteger as crianças e proteger a Igreja, escolheram o sigilo, para proteger a Igreja", disse Reilly em conferência com a imprensa. "Eles sacrificaram as crianças por muitos e muitos anos."

Reilly disse que existia dentro da arquidiocese "uma cultura institucional" de segredo, que levou os líderes a proteger os padres e a Igreja, em vez de investigar as acusações de abuso sexual das crianças.

O documento de 76 páginas oferece o relato mais completo até hoje do escândalo de abuso sexual do clero em Boston. Ele se baseou na revisão de 30.000 páginas de documentos da Igreja e 100 horas de testemunhos diante de um grande júri. O número de vítimas incluiu somente pessoas que delataram os abusos à arquidiocese, disse Reilly. No entanto, ele disse: "Não tenho absolutamente nenhuma dúvida de que o número é muito maior", já que muitas vítimas não puderam ou não quiseram relatar o que lhes aconteceu. Assim, disse o relatório, o número real de vítimas "provavelmente excede 1.000". Não há uma contagem oficial do número de vítimas. As melhores estimativas vêm do número de processos legais por abuso sexual contra a arquidiocese, que atualmente chegam a quase 600. No entanto, Mitchell Garabedian, que representa 114 litigantes, disse acreditar que o número de vítimas em todos esses anos seja de "milhares".

Da mesma forma, não há uma contagem confiável do número total de padres que serviram em Boston desde 1940. No entanto, o relatório contou reclamações contra 237, o que representaria uma fração significativa da arquidiocese, que hoje conta com 505 padres ativos. A revisão do promotor-geral não gerou indiciamentos contra Law ou outros membros da arquidiocese, porque a lei de Massachusetts não requeria que a Igreja informasse de casos de suspeita de abuso de crianças até o ano passado. Além disso, disse Reilly, as leis de proteção à infância eram fracas.

"Ninguém está mais desapontado do que eu e minha equipe, por não podermos indiciar os culpados", disse Reilly. "Se fosse possível, o teríamos feito."

Em tom de raiva contida, Reilly indicou que Law e seus principais assessores estavam perfeitamente cientes de como evitar as leis lenientes da época e proteger a Igreja. "Acho que sabiam exatamente o que estavam fazendo, em cada passo do caminho", disse Reilly. "Sabiam que não tinham obrigação legal de informar às autoridades. Fizeram escolhas deliberadas."

O relatório foi divulgado apenas uma semana antes de o bispo Sean P. O'Malley assumir a liderança da arquidiocese de Boston. Reilly disse que estava divulgando o relatório nesta data para dar a O'Malley a chance de se distinguir da antiga liderança.

Reilly disse que sua investigação não tinha encontrado evidências de atuais abusos de crianças. No entanto, acrescentou: "É cedo demais para saber se acabou", porque o abuso sexual do clero durou tantos anos que se tornou parte da "cultura institucional" da Igreja. Reilly e o relatório ressaltaram que o principal problema era a hierarquia da Igreja em Boston. "Há uma quantidade impressionante de evidências que, por muitos anos, o cardeal Law e seus principais administradores tiveram conhecimento direto de que números substanciais de crianças na arquidiocese tinham sido molestadas por números substanciais de padres", concluiu o relatório. Law era tão bem informado que, de fato, estava ciente do problema em Boston mesmo antes de ter assumido a arquidiocese, em 1984, segundo o relatório.

"Os funcionários da administração do cardeal recebiam as reclamações de abuso. Eles estipulavam a resposta da arquidiocese e informavam o cardeal. Muitas vezes, pediram sua aprovação para as recomendações", disse o relatório.

Em certa altura, Law até mesmo visitou um hospital psiquiátrico ao qual a Igreja de Boston enviou padres acusados de pedofilia, Saint Luke Institute, em Maryland, segundo o relatório. Mas como Law e seus assistentes "continuavam comprometidos com seus objetivos primários - proteger os padres e a instituição acima do bem-estar das crianças e impedir um escândalo", disse o relatório, eles não informaram as autoridades sobre o abuso sexual infantil. Outra prática rotineira era transferir padres para outras paróquias, sem notificar as pessoas do local sobre seus problemas.

Domingo, 30 de novembro de 2003 22h05

Padre acusado de pedofilia se entrega em Sorocaba

ALESSANDRA KORMANN

da Agência Folha

Um padre de Sorocaba (SP) acusado de pedofilia foi preso no final de semana. Alfieri Eduardo Bompani, 58, se entregou no sábado à polícia, acompanhado de seu advogado.

Ele estava foragido havia dois meses, quando a Justiça decretou a sua prisão temporária, a pedido da Promotoria da Infância e Juventude de Sorocaba.

No ano passado, ele ficou preso por cerca de um mês, acusado de atentado violento ao pudor contra cerca de dez menores, com idades entre 9 e 17 anos, que eram atendidos por ele em suas obras assistenciais.

Além dos testemunhos dos garotos, foi apreendido um diário, em que ele descreveria comportamentos similares aos relatados pelas supostas vítimas. Também foram apreendidas fotos e três fitas de vídeo. Na ocasião, a Justiça revogou a sua prisão, mas o inquérito continuou tramitando em sigilo. A Promotoria pediu novamente a prisão do padre, pois teriam surgido novos indícios contra ele.

O advogado do padre, Abramo Rubens Cuter, diz que seu cliente afirma que é inocente. "Ele não estava fugindo, estava em casas de amigos na região, em Boituva, Salto. Eu o havia aconselhado a ficar afastado, mas ele mesmo quis se apresentar para provar a sua inocência, senão sempre ia ficar no ar a presunção de sua culpa."

Cuter diz que o padre está triste. "Ele está enfrentando tudo isso com uma coragem impressionante e diz que não teme nada."

Dos meninos que dizem ter sofrido abuso por parte do padre, pelo menos três viviam em uma chácara em Salto de Pirapora, cidade vizinha a Sorocaba, mantida pelo padre para auxiliar na recuperação de viciados em drogas.

Outra suposta vítima, um menino de 11 anos, foi deixado pela mãe na casa paroquial para que ele o auxiliasse nos estudos. Outro garoto, que tinha leve problemas mentais, também morou com o padre na casa paroquial por quatro meses quando tinha 13 anos.

VATICANO CONDENA UNIÕES GAYS; ATIVISTAS REAGEM

Publicado no Jornal O ESTADO DE S. PAULO em 01-08-2003

O Vaticano lançou ontem uma campanha mundial contra a legalização das uniões entre homossexuais e pediu que os políticos católicos de todo o mundo se pronunciem de forma "clara e incisiva" contra as leis que favorecem esse tipo de casamento.

O Estado chefiado pelo papa João Paulo II também se mostrou contrário à adoção de crianças por casais homossexuais, pois significa submetê-las a "violências de diversas ordens", algo "gravemente imoral e em contradição com os princípios da ONU para as crianças".

A campanha foi divulgada por meio de um documento oficial, de 11 páginas, intitulado Considerações acerca dos Projetos de Reconhecimento Legal das Uniões entre Pessoas Homossexuais, preparado pelo cardeal alemão Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

O documento afirma que reconhecer legalmente essas uniões "significaria não só aprovar um comportamento desviado e convertê-lo em modelo para a sociedade atual como também afetar valores fundamentais que pertencem ao patrimônio comum da humanidade".

"Não há nenhum fundamento para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família. O matrimônio é santo, enquanto as relações homossexuais contrastam com a lei moral natural", diz o texto, que, apesar disso, recomenda que os homossexuais sejam "acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza para evitar qualquer discriminação injusta".

Protestos - As reações foram imediatas em vários países. O Partido Radical italiano apresentou, na Procuradoria de Roma, uma denúncia contra o Vaticano, acusando-o de "contínuas intromissões nas questões internas italianas e da instigação à violência que esse documento pode provocar contra casais e cidadãos integrantes de uma minoria sexual".

Integrantes de várias organizações de defesa dos direitos gays tentaram entrar na Praça São Pedro para protestar, mas foram impedidos pela polícia.

Na Alemanha, a orientação da Igreja foi rejeitada por todos os partidos.

"Sou católico praticante, mas acho que minha tarefa como político não é dizer às pessoas como elas devem viver", declarou em Berlim Jürgen Rüttgers, líder da União Democrata Cristã no Estado da Renânia do Norte Westfalia, o mais populoso do país. Já para o secretário-executivo do Partido Verde, Volker Beck, o documento constitui "um triste exemplo de fanatismo".

Em Buenos Aires, a primeira cidade da América Latina a aprovar a união de homossexuais, organizações civis, políticos e até religiosos também criticaram a Igreja. "O matrimônio não foi alterado em nada pela lei sancionada em Buenos Aires, que é o reconhecimento de uma realidade e a concessão dos mínimos direitos que compõem o princípio da dignidade humana", explicou Roque Bellomo, autor do projeto de lei. "Não compartilhamos da posição da Igreja Católica e acreditamos que as uniões civis não representam nenhuma ameaça ao matrimônio, porque são duas realidades distintas", disse o pastor da igreja luterana Lisandro Orlov.

No Brasil - Os homossexuais brasileiros iniciam hoje uma campanha. Vários grupos coordenados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) vão defender a apostasia, isto é: os gays batizados serão orientados a enviar cartas e e-mails às dioceses e arquidioceses, além de cópias ao Vaticano, pedindo a negação do batismo.

"A Igreja não tem moral para condenar o casamento de homossexuais, já que não consegue conter os casos de pedofilia e outros escândalos dentro da instituição", disse em Salvador Marcelo Cerqueira, presidente do GGB.

Para a escritora Valéria Melki Busin, coordenadora do Grupo Umas e Outras, de São Paulo, "a Igreja prova que está totalmente ultrapassada". "É assustador que façam uma inquisição desse tipo contra pessoas que se amam." [i]

Fonte: http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/08/01/ger013.html

PRINCIPAIS PONTOS

http://www.estado.estadao.com.br/editorias/03/08/01/pontos.gif

BRASILEIROS VÃO RENEGAR BATISMO

Publicado no Jornal O ESTADO DE S. PAULO em 01-08-2003

Os homossexuais brasileiros vão iniciar hoje uma campanha contra a Igreja Católica em razão das diretrizes do Vaticano de combate ao casamento gay. O Grupo Gay da Bahia (GGB), a mais antiga entidade do gênero no Brasil, vai incentivar a apostasia: os gays serão orientados a enviar cartas e e-mails às dioceses de suas cidades, com cópias para o Vaticano, pedindo a negação do batismo.

"A Igreja não tem um pingo de moral para condenar o casamento de homossexuais já que não consegue conter os casos de pedofilia e outros escândalos sexuais dentro da instituição", disse o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, em Salvador. "Vamos divulgar a relação de todas as arquidioceses do Brasil, com o endereço, para que gays possam enviar suas mensagens."

Além disso, os grupos gays pretendem fazer um levantamento de todos os programas mantidos pelo governo federal com entidades ligadas à Igreja, para pedir o rompimento dos convênios. "O governo não pode admitir manter relações com uma instituição que persegue homossexuais", disse Cerqueira.

Já para a escritora Valéria Melki Busin, coordenadora do grupo de lésbicas Umas e Outras, de São Paulo, a atitude do Vaticano é assustadora. "A Igreja prova que está totalmente ultrapassada", diz. "É assustador que façam uma inquisição desse tipo contra pessoas que se amam, constroem coisas juntos."

A escritora questionou a crítica à adoção de filhos, que, segundo a Igreja, causaria uma "situação de violência" para as crianças. "Então é preferível a violência da rua, a fome, o estupro, o frio, do que viver em um lar?"

O presidente do Grupo Corsa (Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor), Lula Ramires, diz que não foi possível avançar na leitura do texto da Igreja, que começou a circular ontem na internet. "Não consegui passar dos primeiros parágrafos. É extremamente retrógrado." [i]

Fonte: http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/08/01/ger021.html

GAYS VÃO QUEIMAR TEXTO DO VATICANO NA BAHIA

Publicado no Jornal O ESTADO DE S. PAULO em 02-08-2003

O documento lançado anteontem pelo Vaticano pedindo aos políticos católicos e não católicos que se oponham à legalização das uniões entre homossexuais e também à adoção de crianças por casais gays, classificando como "desviado", "imoral" e "nocivo" o comportamento dessa minoria sexual, continuou a repercutir ontem pelo mundo.

No Brasil, militantes do Grupo Gay da Bahia (GGB) pretendem queimar uma cópia do documento na segunda-feira diante da Catedral Basílica de Salvador, sede do arcebispado primaz do Brasil. O protesto, disse o antropólogo e escritor Luiz Mott, de 57 anos, será uma espécie de "ritual de purificação, como ocorria com as fogueiras da Inquisição".

Apostasia - Durante o ato, os militantes vão distribuir cópias de um formulário-padrão de apostasia, isto é, de pedido de negação do batismo católico. O documento foi baseado no código canônico e elaborado por um grupo gay espanhol para incentivar os homossexuais a pedir o "desbatismo" como reação à campanha do Vaticano. Mott, ex- seminarista, será um dos primeiros a solicitar a apostasia.

Outro brasileiro que criticou a atitude da Igreja foi o teólogo e ex- frade franciscano Leonardo Boff. "É uma atitude absolutamente ultrapassada da Igreja hierárquica, que é a parte da Igreja que ainda vive o sonho medieval de ter a hegemonia moral sobre toda a humanidade e não só sobre os cristãos", disse à rádio CBN. Para ele, cabe à Igreja opinar sobre a qualidade de uma relação e não sobre sua natureza. "Se a relação é de amor, fidelidade, respeito, então é algo muito profundo que tem que ver com Deus", opinou.

Em São Francisco, EUA, considerada a capital gay do mundo, as palavras duras usadas no documento pelo cardel Joseph Ratzinger caíram como uma bomba.

"Repugnância é o que me vem à mente", disse Tim Oviatt, de 53 anos, atrás do caixa da loja All American Boy, em Castro, região que concentra os ativistas gays.

Ele e outros entrevistados lembraram os recentes avanços dos direitos dos homossexuais, incluindo a legalização de seu casamento nos tribunais canadenses e a descriminação da sodomia pela Suprema Corte americana. Na quarta-feira, porém, o presidente George W. Bush avisou que "os advogados do governo estavam buscando a melhor maneira" de barrar as uniões de homossexuais. [i]

Fonte: http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/08/02/ger014.html

Vaticano exige que abuso sexual seja abafado, diz jornal


Publicado no BBC Brasil - 17 de agosto, 2003 - 06h00 GMT (03h00 Brasília)
Original: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/08/030817_vaticanoon.shtml A Igreja Católica foi acusada de vários casos de abuso sexual.

Um documento do Vaticano exige que bispos de todo mundo "abafem" os casos de abuso sexual, segundo o jornal britânico The Observer.

O documento de 69 páginas, que foi enviado a todos os bispos do mundo, pede sigilo "absoluto" dos clérigos sobre acusações sexuais contra padres e diz que quem quebrar o silêncio deve ser expulso da Igreja Católica, diz o jornal.

Apesar de ter sido lançado pela primeira vez em 1962, com o selo oficial do papa João 23, o documento continuaria em vigor.

O Vaticano confirma a existência do texto, mas nega que tenha havido uma tentativa organizada de "abafar" casos recentes de abuso sexual, segundo o Observer.

Advogado

O documento foi obtido por um advogado americano que está defendendo supostas vítimas de abuso sexual por bispos católicos.

"Ele prova que existe uma conspiração internacional da Igreja para calar assuntos relacionados ao abuso sexual", disse o advogado Daniel Shea ao jornal.

"É uma tentativa de esconder uma conduta criminosa."

O advogado disse ter conseguido o documento junto a um clérigo na Alemanha e entregue o texto às autoridades americanas.

A Igreja Católica dos Estados Unidos sofreu uma série de acusações contra seus padres.

O arcebispo de Boston, cardeal Bernard Law, teve que renunciar no ano passado depois de ter admitido que "abafou" casos de abuso sexual de seus padres.

As acusações levaram a mais de cem processos na Justiça americana.

Sob o véu da crueldade

Publicado na Epoca Online em 17-09-2003

Freira é acusada de torturar meninas de 1 a 12 anos em abrigo no Rio de Janeiro

EDNA DANTAS

De hábito azul e mantilha branca, a freira Luzia Helena de Souza, de 49 anos, foi levada à ala feminina do presídio da Polinter, no Rio de Janeiro, acusada de torturar crianças. Relatos e investigação judicial afirmam que, durante os últimos quatro anos, a freira torturou, agrediu e humilhou meninas de 1 a 12 anos que estavam sob seu cuidado na Casa Três Pastorinhos de Fátima, abrigo em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio.

As crianças contaram à Justiça que a vida no abrigo dirigido pela freira até o ano passado era um 'inferno'. As meninas que urinavam na roupa eram obrigadas a dormir dentro do banheiro ou a ficar completamente despidas diante das outras, enfileiradas num corredor. Uma das testemunhas afirmou que a religiosa teria jogado uma fralda com fezes no rosto de uma garotinha. As punições físicas iam de surras de cinto a tamancadas no rosto ou golpes com cabo de vassoura. Uma menina de 3 anos teria quebrado a clavícula após uma surra. Oito garotas revelaram que a religiosa obrigava as internas a limpar seus pés e sua cabeça. Quem se recusava era punido.

'Eram práticas medievais, de quem ia além da punição. Ela humilhava e subjugava as crianças', afirma o promotor Paulo Roberto Mello Cunha Junior, autor do pedido de prisão preventiva decretada pela juíza Patrícia Aciolli, da 4a Vara Criminal de São Gonçalo. A freira foi afastada da direção da entidade no fim do ano passado, quando os promotores de Justiça da Infância e da Juventude conseguiram reunir as primeiras provas contra ela. As denúncias de maus-tratos no abrigo eram investigadas havia quatro anos, mas só em outubro passado a promotoria recebeu um depoimento detalhado sobre as práticas da irmã. Uma interna de 13 anos, fugitiva do orfanato, contou que a religiosa a obrigava a bater na própria irmã, uma menina de 9 anos, como forma de puni-la por alguma travessura. 'Eu dizia para minha irmã que eu ia bater devagarinho, mas era para ela chorar fingindo que estava doendo', disse a adolescente.

A freira rebate as denúncias acusando outra religiosa de armar toda a história a fim de tomar seu lugar na direção da Casa. Segundo os advogados de defesa, Claudio Carvalho Tavares da Silva e João Baptista Corrêa de Mello, há 'claramente uma guerra de interesses' dentro da instituição e a freira seria 'vítima' dessa disputa. 'As crianças foram induzidas pelos pais. São filhas de delinqüentes e drogados que queriam tirá-las do abrigo', destilou Tavares da Silva. Na audiência de defesa, na quarta-feira, os advogados da irmã Helena apresentaram o testemunho de 13 pessoas e solicitaram que a religiosa cumprisse a determinação da Justiça em prisão domiciliar. No dia seguinte, ela foi transferida para a delegacia do Grajaú, onde divide a cela com oito detentas de nível superior. Irmã Helena tem recebido visitas de religiosas de sua congregação. Pelo menos na cadeia, não tem usado o hábito. [i]

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT600909-1664,00.html

Outra Fonte: http://www.estado.com.br/editorias/2003/09/07/cid036.html

Padre brasileiro é preso por solicitar sexo na Internet

MIAMI - O padre católico brasileiro Elias Francisco Guimarães, de 44 anos, foi condenado nos Estados Unidos a quatro anos e três meses de prisão depois de se declarar culpado por pedir favores sexuais a um suposto adolescente através da Internet.

A condenação contra o padre foi lida em um tribunal de Fort Lauderdale, ao norte de Miami (EUA), instância judicial onde admitiu sua culpa em janeiro.

De acordo com a Procuradoria federal, o brasileiro foi acusado de solicitar sexo em uma sala de bate-papo na Internet a um adolescente de 14 anos, que na verdade era um agente disfarçado. Após trocar mensagens em particular, os dois combinaram um encontro e Elias foi detido.

O padre apresentou um acordo de culpabilidade para o juiz William Zloch e disse que só tinha intenções de se encontrar e conversar com o jovem.

Quando o magistrado lhe advertiu que não podia aceitar um acordo de culpabilidade já que não tinha tentado ter relações sexo com o suposto menor, Elias reconheceu que ambos tinham falado em se tocar e "talvez masturbação e sexo oral".

Nessa ocasião, o sacerdote católico pediu desculpas em português. As autoridades americanas acusaram Elias de utilizar um provedor de Internet, a América Online, para persuadir e induzir um menor à atividade sexual.

O brasileiro era vigário paroquial da igreja Our Lady Queen of Peace Mission em Delray Beach, no estado da Flórida. Agência EFE

Padre chileno é condenado por estupro

O ex-padre chileno, José Andrés Aguirre Ovalle foi condenado a cumprir 12 anos de prisão e a pagar indenização de 50 milhões de pesos. Ovalle é acusado de cometer nove abusos sexuais e de ter estuprado uma criança.

Igreja pagará indenização recorde por abuso sexual

Terça, 28 de janeiro de 2003, 13h04

Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,5502,OI83514-EI294,00.html

A Igreja Católica irlandesa pagará uma indenização recorde a um cidadão que sofreu abusos sexuais quando era coroinha em uma paróquia de Dublin.

O Tribunal Superior de Justiça da cidade de Dublin deu hoje autorização a um acordo entre o autor da ação, Mervyn Rundle, e o arcebispo de Dublin e cardeal Desmond Connell principal religioso da Irlanda.

A quantia a ser recebida por Rundle, de 28 anos, não foi divulgada, mas os meios de comunicação deste país estimam que esta gira em torno dos 300 mil euros.

Durante a audiência, Connell pediu desculpas em nome da Igreja Católica à vítima, que tinha nove anos quando foi agredido sexualmente pelo frade Thomas Naughton na paróquia de Donnycarney, ao norte da capital.

Depois do julgamento, Mervyn Rundle disse sentir-se aliviado por acabar "com dezoito anos de autêntico inferno" e receber uma desculpa pública.

No entanto, a vítima lamentou que o estamento religioso tenha demorado tanto tempo "em reconhecer o dano que causaram durante tantos anos a um menino atemorizado".

"Não sei quanto tempo vou demorar para perdoá-los, acrescentou Rundle. Quando fui ao arcebispo com meu pai em 1985, achei que tudo seria resolvido rapidamente, mas tive que voltar dez anos depois quando soube que (Naughton) estava abusando de outros meninos".

Em 1998, Thomas Naughton foi condenado a três anos de prisão, dos quais cumpriu dois e meio, por abusar de menores durante quase dez anos em diferentes paróquias de Dublin.

Durante aquele julgamento, também foi provada a existência de diversas queixas sobre a conduta do frade que, no entanto, foram ignoradas pela alta hierarquia eclesiástica.

Connell reconheceu hoje de novo que "se aquelas queixas tivessem sido investigadas adequadamente", o frade poderia ter deixado a tempo suas "responsabilidades paroquiais".

O cardeal lamentou "o dano irreparável e as conseqüências devastadoras" que aqueles fatos tiveram sobre a vítima e sua família, mas acreditou que a Igreja Católica aprenderá muita coisa com o caso.

No entanto, o "caso Rundle" não será a última pedra no sapato da Igreja Católica irlandesa, já que esta enfrenta várias denúncias por abusos sexuais nos próximos meses.

Preso padre acusado de abuso sexual

Publicado no Jornal O Povo do Ceará em 21 Janeiro 2004

O padre Mario Napoleón Sasso, acusado de abusar sexualmente de cinco meninas de 12 anos, foi preso ontem na periferia de Buenos Aires. Sasso, de 45 anos, tinha mudado a fisionomia para não ser identificado, cortando a barba e o cabelo, mas acabou sendo descoberto em um pedágio da Estrada Panamericana, na localidade de Pilar. O padre, ordenado em 1986, foi encaminhado à promotoria da localidade de San Isidro, que está investigando as acusações de abuso sexual agravado e reiterado.

A IGREJA A CAMISINHA

DRAUZIO VARELLA - Folha de São Paulo - Pesquisa OnLine - São Paulo,

sábado, 15 de julho de 2000

Os dirigentes da Igreja Católica têm a receita infalível para acabar com a Aids: sexo, só depois do casamento e nunca fora dele! Por isso são contrários ao uso da camisinha mesmo diante de uma epidemia, como declarou em Indaiatuba o enviado do papa, monsenhor Javier Lozano.

Já o padre Valeriano Paitoni, que administra três casas para portadores do HIV na zona norte de São Paulo, prega a distribuição de preservativos para os que não podem comprá-los. "Se o preservativo protege a vida, não há como encará-lo como um mal", disse ele à Folha. O superior imediato do padre Valeriano, apoiado por Dom Eugênio Salles, arcebispo do Rio de Janeiro, não gostou nem um pouco da declaração e publicou nota mal-humorada condenando o comportamento do pároco.

Nela, considerou "inaceitável a atitude do Padre Valeriano" e, no final, concluiu: "Fui obrigado, com sincera dor, por tratar-se de um irmão na fé e no sacerdócio, a publicar esta nota de repúdio como tentativa de correção fraterna, a qual não exclui outras providências administrativas e pastorais cabíveis para corrigir essa lamentável situação".

Está evidente uma divisão na igreja: a maioria dos padres que se dedicam ao trabalho comunitário é favorável ao preservativo, enquanto seus chefes não arredam pé da posição contrária. Que diferença faz isso para a disseminação da epidemia de Aids? Faz muita. Não porque homens e mulheres que já usam preservativo venham deixar de fazê-lo apenas porque a igreja manda, mas pela tradicional influência política que ela exerce sobre os dirigentes brasileiros: qualquer prefeito precisa pensar duas vezes para contrariar o padre e dez para ir contra a vontade do bispo. Se examinarmos a questão da camisinha do ponto de vista da saúde pública, não há o que discutir: todos os estudos publicados demonstram que quanto mais preservativos são distribuídos à população, menor o número de mortes por Aids.

Se não há como contestar essa evidência científica, por que insistir na posição oposta, mesmo sabendo que mais gente vai morrer? Talvez porque a cúpula da igreja, tão empenhada em fixar a mesma regra de conduta para toda a humanidade, tenha esquecido de que casamento respeitoso com atração sexual mútua e persistente por anos e anos é privilégio de poucos.

Ou, talvez, porque bispos e cardeais, há muito apartados de seus rebanhos, não levem em conta que há homens casados que vão à zona de meretrício; que há mães de família que encontram o amante no disfarce da tarde; que há meninas adolescentes que passam mal quando vêem um homem bonito; que há rapazes de 17 anos que não perdoam nem poste vestido de saia; e que desde a remota Antiguidade existe uma minoria de homens que nunca achou graça em mulher.

Se não for por essas razões, então será porque a preocupação de "suas santidades" paira acima das misérias terrenas. Gemei e chorai neste vale de lágrimas, que vosso será o reino do céu! De fato, o que é o sofrimento na Terra comparado à eternidade do Paraíso? O mercado brasileiro de preservativos não chega a 150 milhões de unidades por ano. Somos 170 milhões de brasileiros, 30% dos quais mulheres em idade fértil (cerca de 50 milhões). Se apenas elas tivessem vida sexual ativa, teriam direito a 3 camisinhas por ano cada uma.

No meio de uma epidemia traiçoeira como a de Aids num país com o nível de escolaridade do nosso, toda iniciativa destinada a combater o uso do preservativo é crime contra a saúde do povo. Dele, as futuras gerações de sacerdotes se envergonharão e provavelmente pedirão desculpas. Como o fizeram recentemente em memória às pessoas torturadas ou queimadas vivas em praça pública, nos quase 400 anos de Inquisição. Ou como aconteceu com o apoio irrestrito prestado à escravização de índios e de negros. É pena que a humildade para reconhecer erros tão graves costume demorar séculos, no caso da Igreja Católica. Até lá, muita gente terá sofrido e morrido por causa de uma doença sexualmente transmissível fácil de prevenir: basta não compartilhar sangue e proteger os genitais com camisinha durante a penetração sexual.

Acusa��o de abuso atinge 4.450 padres

Folha de S�o Paulo - 17/02/2004

Pesquisa encomendada pela Confer�ncia dos Bispos Cat�licos dos EUA apurou 11 mil queixas feitas de 1952 a 2002

C�NTIA CARDOSO DE NOVA YORK

Uma pesquisa encomendada pela Confer�ncia dos Bispos Cat�licos dos EUA cujo resultado deve ser divulgado no fim deste m�s apurou que 4.450 padres nos EUA foram acusados de abusos sexuais de 1950 a 2002.

Uma vers�o preliminar do relat�rio, divulgada ontem com exclusividade pela rede de TV CNN, abordou mais de 11 mil acusa��es.

Os n�meros definitivos da pesquisa ser�o revelados no dia 27 de fevereiro, mas, at� o momento, a sondagem revela que, do total de 110 mil padres que serviram nos 52 anos, 4% est�o envolvidos.

O relat�rio tem como base uma pesquisa feita em arquivos de igrejas de todo pa�s. Os dados foram compilados pelo John Jay College of Criminal Justice, em Nova York, a pedido da confer�ncia episcopal.

Os resultados mostram que contra mais da metade dos padres suspeitos de envolvimento em abuso sexual pesa apenas uma acusa��o. Outros 1.112 sacerdotes, ou 25% do total, t�m entre duas e tr�s acusa��es, 578 ( 13%) t�m de quatro a nove acusa��es e 133 padres (3%) sofreram mais de dez acusa��es.

O relat�rio afirma tamb�m que 78% das supostas v�timas tinham entre 11 e 17 anos na �poca do abuso, enquanto 16% se situavam na faixa et�ria entre 8 e 10 anos e quase 6% tinham menos de 7 anos.

De acordo com o relat�rio, 61% das 11 mil acusa��es investigadas foram sustentadas por provas.

Bill Burleigh, membro da confer�ncia, n�o quis comentar o relat�rio por se tratar de uma vers�o preliminar. Mas o diretor da "Survivors Network of Those Abused by Priests" (algo como rede de sobreviventes de abusos cometidos por padres) afirmou ontem que os n�meros revelados pelo relat�rio s�o baixos diante da realidade.

"Os bispos tentaram esconder isso por anos, logo n�o h� raz�o para acreditar que, de repente, eles mudariam os seus m�todos", disse David Clohessy, integrante da rede. "A �nica coisa prudente a fazer � assumir que essa n�o � a verdade integral. � uma sondagem, mas n�o � o produto de uma investiga��o", completou.

Os n�meros se assemelham aos de uma sondagem realizada pela ag�ncia Associated Press, divulgada na semana passada, sobre a dimens�o dos abusos sexuais dentro da Igreja Cat�lica dos EUA. Segundo a ag�ncia, 84 dioceses -das 195 existentes nos EUA- calculam que 1.413 padres tenham cometido abusos desde 1950 e 2.990 sofreram queixas.

Tema tabu

O debate sobre a conduta sexual dos sacerdotes tem causado mal-estar no meio eclesi�stico. Para analistas, a quest�o da pedofilia tamb�m levanta debates a respeito do dogma da castidade e do celibato clericais. Essas discuss�es, avaliam, tornam a investiga��o de crimes sexuais ainda mais dif�cil.

Por esse motivo, a prepara��o do relat�rio pela Confer�ncia dos Bispos Cat�licos dos EUA � interpretada como parte da campanha da igreja para tentar restaurar a sua credibilidade.

A pr�pria pesquisa argumenta, por�m, que o resultado desse trabalho pode ter sido prejudicado pela pol�tica interna da igreja.

Os esfor�os para evitar esc�ndalos, a "falha" em reconhecer a gravidade da quest�o, a falta de centros de tratamento �s v�timas, a "disposi��o para perdoar" e uma contabilidade insuficiente das acusa��es s�o apontados como os principais obst�culos para a elucida��o dos crimes sexuais na igreja, registrados em v�rios pa�ses.

A crise de confian�a na igreja americana come�ou h� cerca de dois anos com uma s�rie de esc�ndalos e den�ncias de abusos sexuais cometido por sacerdotes.

A revela��o de que o padre John Geoghan molestou, em 1991, um menor detonou uma onda de acusa��es contra padres em Boston, que culminou em 2002, quando Geoghan foi condenado a dez anos de pris�o.

Ap�s esse caso, cerca de uma centena de outras queixas recaiu sobre a Arquidiocese de Boston.

� �poca, a CNN realizou uma sondagem para medir a avalia��o da popula��o a respeito da igreja: 73% dos cat�licos n�o aprovavam o modo como a c�pula eclesi�stica tratava a quest�o do abuso sexual cometido por padres.

Entre cat�licos e n�o-cat�licos, o percentual subiu para 73%. Sondagens posteriores mostraram que esses n�meros n�o recuaram.

Atualmente, mais de 44 mil padres est�o em atividade nos EUA. [i]

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1702200401.htm

Padre � acusado de agredir e assediar enfermeira dentro de igreja

Publicado no Jornal Folha de S.Paulo em 16/04/2004

O padre Jocelir Leo Vizioli, 46, da par�quia Esp�rito Santo, em Rio Claro (175 km de SP), � acusado de agredir e assediar sexualmente a enfermeira Patr�cia Alessandra Siqueira da Silva, 29, dentro da pr�pria igreja.

Segundo a v�tima, que procurou o padre para buscar ajuda religiosa, Vizioli teria elogiado o seu corpo e iniciado as agress�es com tapas e empurr�es durante um ritual. Segundo a pol�cia, o padre � conhecido como "exorcista". A v�tima disse que as agress�es continuaram mesmo depois de uma tentativa de fuga.

De acordo com a delegada Patr�cia Silveira Rosa, da Delegacia de Defesa da Mulher de Rio Claro, o padre ser� intimado a prestar depoimento ap�s a conclus�o dos laudos do exame de corpo de delito da v�tima.

Segundo o advogado do p�roco, Irineu Prado, o padre nega ter cometido as agress�es. A C�ria da Diocese de Piracicaba disse que ir� apurar o caso.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u92923.shtml

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