Publicado no Jornal O Estado de S. Paulo
em 18/08/2003
A norma de 1962 é a mais nova arma
dos advogados de vítimas de pedofilia
LONDRES - As vítimas de abusos
sexuais por parte de sacerdotes católicos têm uma
nova arma em suas mãos. Trata-se de um documento do
Vaticano, de 69 páginas, de 1962, que ameaça com a
expulsão da Igreja qualquer padre ou bispo que não
mantiver silêncio sobre quaisquer acusações
de escândalo sexual. Os fiéis vítimas de
abuso também são ameaçados de excomunhão.
O Vaticano confirma a existência do texto, escrito pelo
cardeal Alfredo Ottaviani e que recebeu a chancela do papa João
XXIII, mas nega que tenha sido usado para abafar os casos mais
recentes, notadamente os de pedofilia nos Estados Unidos.
O documento, de acordo com a BBC, foi
obtido por um advogado americano que defende vítimas de
abuso. "Ele prova que existe uma conspiração
internacional da Igreja para calar assuntos relacionados ao
abuso sexual", disse o advogado Daniel Shea ao jornal britânico
The Observer.
Pressão - Acima de tudo, o
documento mostra a pressão que a alta cúpula da
Igreja submeteu padres e bispos para impor essa política
de confidencialidade. E deixa claro que que essa norma de sigilo
absoluto se aplica também a casos de pedofilia. Margaret
Kennedy, da Associação das Vítimas de
abusos por parte de Padres e Clérigos (Macsas),
classificou o documento de "assustador e ameaçador".
"Sempre tive a impressão de que as vítimas
estavam sob enorme pressão para se manter caladas",
afirmou. Richard Scorer, que foi advogado de vítimas do
padre pedófilo Michael Hill na Grã-Bretanha,
concorda. "Isso confirma nossas suspeitas de que a Igreja
encobriu sistematicamente as denúncias de pedofilia e
trabalhou para silenciá-las." Scorer quer saber
agora do arcebispo de Westminster, cardeal Cormac
Murphy-O'Connor, se ele seguiu essas diretivas quando era bispo
de Arundel e Brighton.
Embora haja várias denúncias
contra padres pedófilos em várias partes do mundo,
o maior desses escândalos é o que atinge a
Arquidiocese de Boston, nos Estados Unidos, uma das maiores
comunidades católicas daquele país. O arcebispo da
cidade, Bernard Law, teve de renunciar no ano passado, depois de
admitir ter encoberto vários casos semelhantes. A
arquidiocese está propondo um acordo com as mais de cem vítimas,
oferecendo uma indenização total de US$ 55 milhões.
(The Times)
Padre é acusado de atirar
contra jovem em BH
Publicado no Notícias Terra em 11
de abril de 2003
Um padre está sendo acusado de
atirar contra um adolescente de 16 anos por causa de uma bola no
bairro Nova Cintra em Belo Horizonte. O pároco Djalma
Damaso, em atividade na igreja de São Tarcício há
mais de 20 anos, havia sido chamado para resolver uma discussão
entre um grupo de jovens que jogavam bola, quando se irritou e
buscou a arma.
De acordo com a Globonews, o padre teria
atirado para o chão, depois de não conseguir
acabar com a briga dos rapazes. O menino que seria o suposto
alvo afirmou, em entrevista à emissora, que o padre
tentara ameaçá-lo antes de disparar. "Você
não vale nem uma bala", teria dito o pároco
antes de atirar para o chão. O revólver foi
apreendido com quatro cartuchos ainda intactos, e o sacerdote
foi ouvido na delegacia. Ele foi liberado, mas a polícia
vai investigar o caso.
Outra menina falou que essa não foi
a primeira vez que o padre tenta agredir pessoas da região
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,5580,OI100204-EI306,00.html
Gay de batina
Publicado na Revista Veja - Edição
1 738 - 13 de fevereiro de 2002
Padre espanhol anuncia ser homossexual e
ameaça revelar casos parecidos no clero Reportagem de
Rosana Zakabi É daquele tipo de escândalo que
quando estoura todo mundo diz que já desconfiava. Há
duas semanas, um padre espanhol não apenas revelou
publicamente que é gay como afirmou que raros sacerdotes
católicos - homossexuais ou heterossexuais - respeitam o
voto de castidade. A repercussão da declaração
de José Mantero, 39 anos, pároco numa cidadezinha
no extremo sul da Espanha, foi ampliada pelo veículo
usado para as inconfidências: a revista Zero, dirigida ao
público gay. A capa da publicação mostra
Mantero de batina e tem como manchete uma declaração
que é quase uma blasfêmia: "Dou graças
a Deus por ser gay". Os bispos espanhóis reagiram
com indignação e, na quarta-feira passada, o
superior de Mantero anunciou sua suspensão. A Igreja Católica
tem por norma tratar com discrição os casos de
homossexualismo em suas fileiras. A situação desta
vez corre o risco de escapar ao controle, pois o padre deixou no
ar a ameaça de, se for pressionado, divulgar uma lista de
sacerdotes gays. "Não vou fazer chantagem, mas tenho
uma agenda completíssima", disse. Mantero
converteu-se logo numa bandeira da comunidade gay espanhola. Seu
estoque de ameaças foi reforçado por Carlos
Alberto Biendicho, presidente da Plataforma Popular Gay,
entidade ligada ao governista Partido Popular, e colunista da
revista Zero. Biendicho, que nasceu em Santo André, no
ABC paulista, e vive na Espanha desde os 10 anos, foi
seminarista. Ele diz que aos 18 anos, quando estava no seminário,
manteve relações sexuais com três colegas
que hoje são bispos. "Se eles começarem a
perseguir Mantero ou qualquer outro padre que declare ser
homossexual, vou denunciá-los", disse a VEJA. "Eu
fiquei cinco anos no seminário e, naquela época,
mais da metade de meus colegas eram gays. Ninguém
demonstrava explicitamente, mas todo mundo sabia." Zero já
publicou uma lista com 101 personalidades espanholas que
admitiram ser homossexuais, entre elas o consagrado cineasta
Pedro Almodóvar. Recentemente, causou furor com as
confissões de um tenente-coronel, que disse haver muitos
gays nas Forças Armadas e na Guarda Civil. O objetivo da
revista é mostrar que há homossexuais em toda
parte e que eles são membros respeitados da comunidade.
Divulgação O brasileiro Carlos Biendicho diz ter
feito sexo com três bispos Mantero tornou-se padre faz
mais de dez anos e estava havia quatro na paróquia de
Valverde del Camino, que conta com 12.000 habitantes. Em julho
do ano passado, ele já havia publicado um artigo
intitulado "Orgulho gay" em uma revista local
defendendo a homossexualidade - mas então não
dizia que falava sobre si próprio. Desta vez, não
escondeu nada. Contou ter descoberto sua preferência
sexual aos 12 anos. "Enquanto meus amigos olhavam para as
loiras dos seriados de TV, eu preferia os caminhoneiros",
disse. Garante ter mantido o voto de castidade até os 31
anos, quando teve um relacionamento com outro homem. "Foi
uma história muito bonita, mas não deu certo."
A questão é que ele diz ter orgulho de sua orientação
sexual e, ao mesmo tempo, gosta de ser padre. "Apesar de
todos os defeitos, eu me sinto realizado dentro da Igreja",
comenta. É difícil conciliar, visto que o Vaticano
condena o homossexualismo e exige abstinência sexual de
seus sacerdotes. Em discursos, cartas apostólicas e sermões,
o papa João Paulo II deixou claro que esses são
assuntos fechados a negociações ou mudanças.
Tecnicamente, Mantero não foi suspenso por ser gay, mas
por desrespeito ao celibato. Aliás, ele diz que saiu do
armário porque, como os sacerdotes não respeitam o
voto de castidade, é hora de a Igreja tornar o celibato
opcional. Em tempo: os paroquianos de Valverde del Camino
decidiram manifestar solidariedade ao vigário gay.
Mais de 780 crianças foram
molestadas por padres e funcionários de arquidiocese de
Boston
Publicado no Jornal NY Times em 24/07/2003
Original:
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/ult574u3161.jhtm
Fox Butterfield DE BOSTON, Estados Unidos
Tradução: Deborah
WeinbergVisite o site do The New York Times
Desde 1940, 789 crianças, pelo
menos, foram molestadas sexualmente por 250 padres e outros
funcionários da arquidiocese Católica Romana de
Boston. A conclusão é da investigação
do promotor geral de Massachusetts, divulgada na quarta-feira
(23/07).
O promotor-geral, Thomas F. Reilly, católico,
descreveu o escândalo de abuso sexual no clero que abalou
Boston desde o início de 2002 como "a maior tragédia
de crianças na história do país".
Reilly culpou a liderança da arquidiocese de Boston pelo
escândalo. Além do cardeal Bernard M. Law, que
renunciou, sob pressão, em dezembro último, Reilly
culpou também uma série de assessores do cardeal.
Muitos desses se tornaram bispos em outras cidades do país,
como Thomas Daily, hoje bispo de Brooklyn.
"Quando tiveram que escolher entre
proteger as crianças e proteger a Igreja, escolheram o
sigilo, para proteger a Igreja", disse Reilly em conferência
com a imprensa. "Eles sacrificaram as crianças por
muitos e muitos anos."
Reilly disse que existia dentro da
arquidiocese "uma cultura institucional" de segredo,
que levou os líderes a proteger os padres e a Igreja, em
vez de investigar as acusações de abuso sexual das
crianças.
O documento de 76 páginas oferece o
relato mais completo até hoje do escândalo de abuso
sexual do clero em Boston. Ele se baseou na revisão de
30.000 páginas de documentos da Igreja e 100 horas de
testemunhos diante de um grande júri. O número de
vítimas incluiu somente pessoas que delataram os abusos à
arquidiocese, disse Reilly. No entanto, ele disse: "Não
tenho absolutamente nenhuma dúvida de que o número
é muito maior", já que muitas vítimas
não puderam ou não quiseram relatar o que lhes
aconteceu. Assim, disse o relatório, o número real
de vítimas "provavelmente excede 1.000". Não
há uma contagem oficial do número de vítimas.
As melhores estimativas vêm do número de processos
legais por abuso sexual contra a arquidiocese, que atualmente
chegam a quase 600. No entanto, Mitchell Garabedian, que
representa 114 litigantes, disse acreditar que o número
de vítimas em todos esses anos seja de "milhares".
Da mesma forma, não há uma
contagem confiável do número total de padres que
serviram em Boston desde 1940. No entanto, o relatório
contou reclamações contra 237, o que representaria
uma fração significativa da arquidiocese, que hoje
conta com 505 padres ativos. A revisão do promotor-geral
não gerou indiciamentos contra Law ou outros membros da
arquidiocese, porque a lei de Massachusetts não requeria
que a Igreja informasse de casos de suspeita de abuso de crianças
até o ano passado. Além disso, disse Reilly, as
leis de proteção à infância eram
fracas.
"Ninguém está mais
desapontado do que eu e minha equipe, por não podermos
indiciar os culpados", disse Reilly. "Se fosse possível,
o teríamos feito."
Em tom de raiva contida, Reilly indicou
que Law e seus principais assessores estavam perfeitamente
cientes de como evitar as leis lenientes da época e
proteger a Igreja. "Acho que sabiam exatamente o que
estavam fazendo, em cada passo do caminho", disse Reilly. "Sabiam
que não tinham obrigação legal de informar às
autoridades. Fizeram escolhas deliberadas."
O relatório foi divulgado apenas
uma semana antes de o bispo Sean P. O'Malley assumir a liderança
da arquidiocese de Boston. Reilly disse que estava divulgando o
relatório nesta data para dar a O'Malley a chance de se
distinguir da antiga liderança.
Reilly disse que sua investigação
não tinha encontrado evidências de atuais abusos de
crianças. No entanto, acrescentou: "É cedo
demais para saber se acabou", porque o abuso sexual do
clero durou tantos anos que se tornou parte da "cultura
institucional" da Igreja. Reilly e o relatório
ressaltaram que o principal problema era a hierarquia da Igreja
em Boston. "Há uma quantidade impressionante de evidências
que, por muitos anos, o cardeal Law e seus principais
administradores tiveram conhecimento direto de que números
substanciais de crianças na arquidiocese tinham sido
molestadas por números substanciais de padres",
concluiu o relatório. Law era tão bem informado
que, de fato, estava ciente do problema em Boston mesmo antes de
ter assumido a arquidiocese, em 1984, segundo o relatório.
"Os funcionários da administração
do cardeal recebiam as reclamações de abuso. Eles
estipulavam a resposta da arquidiocese e informavam o cardeal.
Muitas vezes, pediram sua aprovação para as
recomendações", disse o relatório.
Em certa altura, Law até mesmo
visitou um hospital psiquiátrico ao qual a Igreja de
Boston enviou padres acusados de pedofilia, Saint Luke
Institute, em Maryland, segundo o relatório. Mas como Law
e seus assistentes "continuavam comprometidos com seus
objetivos primários - proteger os padres e a instituição
acima do bem-estar das crianças e impedir um escândalo",
disse o relatório, eles não informaram as
autoridades sobre o abuso sexual infantil. Outra prática
rotineira era transferir padres para outras paróquias,
sem notificar as pessoas do local sobre seus problemas.
Domingo, 30 de novembro de 2003 22h05
Padre acusado de pedofilia se entrega
em Sorocaba
ALESSANDRA KORMANN
da Agência Folha
Um padre de Sorocaba (SP) acusado de
pedofilia foi preso no final de semana. Alfieri Eduardo Bompani,
58, se entregou no sábado à polícia,
acompanhado de seu advogado.
Ele estava foragido havia dois meses,
quando a Justiça decretou a sua prisão temporária,
a pedido da Promotoria da Infância e Juventude de
Sorocaba.
No ano passado, ele ficou preso por cerca
de um mês, acusado de atentado violento ao pudor contra
cerca de dez menores, com idades entre 9 e 17 anos, que eram
atendidos por ele em suas obras assistenciais.
Além dos testemunhos dos garotos,
foi apreendido um diário, em que ele descreveria
comportamentos similares aos relatados pelas supostas vítimas.
Também foram apreendidas fotos e três fitas de vídeo.
Na ocasião, a Justiça revogou a sua prisão,
mas o inquérito continuou tramitando em sigilo. A
Promotoria pediu novamente a prisão do padre, pois teriam
surgido novos indícios contra ele.
O advogado do padre, Abramo Rubens Cuter,
diz que seu cliente afirma que é inocente. "Ele não
estava fugindo, estava em casas de amigos na região, em
Boituva, Salto. Eu o havia aconselhado a ficar afastado, mas ele
mesmo quis se apresentar para provar a sua inocência, senão
sempre ia ficar no ar a presunção de sua culpa."
Cuter diz que o padre está triste. "Ele
está enfrentando tudo isso com uma coragem impressionante
e diz que não teme nada."
Dos meninos que dizem ter sofrido abuso
por parte do padre, pelo menos três viviam em uma chácara
em Salto de Pirapora, cidade vizinha a Sorocaba, mantida pelo
padre para auxiliar na recuperação de viciados em
drogas.
Outra suposta vítima, um menino de
11 anos, foi deixado pela mãe na casa paroquial para que
ele o auxiliasse nos estudos. Outro garoto, que tinha leve
problemas mentais, também morou com o padre na casa
paroquial por quatro meses quando tinha 13 anos.
VATICANO CONDENA UNIÕES GAYS;
ATIVISTAS REAGEM
Publicado no Jornal O ESTADO DE S. PAULO
em 01-08-2003
O Vaticano lançou ontem uma
campanha mundial contra a legalização das uniões
entre homossexuais e pediu que os políticos católicos
de todo o mundo se pronunciem de forma "clara e incisiva"
contra as leis que favorecem esse tipo de casamento.
O Estado chefiado pelo papa João
Paulo II também se mostrou contrário à adoção
de crianças por casais homossexuais, pois significa
submetê-las a "violências de diversas ordens",
algo "gravemente imoral e em contradição com
os princípios da ONU para as crianças".
A campanha foi divulgada por meio de um
documento oficial, de 11 páginas, intitulado Considerações
acerca dos Projetos de Reconhecimento Legal das Uniões
entre Pessoas Homossexuais, preparado pelo cardeal alemão
Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a
Doutrina da Fé.
O documento afirma que reconhecer
legalmente essas uniões "significaria não só
aprovar um comportamento desviado e convertê-lo em modelo
para a sociedade atual como também afetar valores
fundamentais que pertencem ao patrimônio comum da
humanidade".
"Não há nenhum
fundamento para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer
remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio
de Deus sobre o matrimônio e a família. O matrimônio
é santo, enquanto as relações homossexuais
contrastam com a lei moral natural", diz o texto, que,
apesar disso, recomenda que os homossexuais sejam "acolhidos
com respeito, compaixão e delicadeza para evitar qualquer
discriminação injusta".
Protestos - As reações foram
imediatas em vários países. O Partido Radical
italiano apresentou, na Procuradoria de Roma, uma denúncia
contra o Vaticano, acusando-o de "contínuas
intromissões nas questões internas italianas e da
instigação à violência que esse
documento pode provocar contra casais e cidadãos
integrantes de uma minoria sexual".
Integrantes de várias organizações
de defesa dos direitos gays tentaram entrar na Praça São
Pedro para protestar, mas foram impedidos pela polícia.
Na Alemanha, a orientação da
Igreja foi rejeitada por todos os partidos.
"Sou católico praticante, mas
acho que minha tarefa como político não é
dizer às pessoas como elas devem viver", declarou em
Berlim Jürgen Rüttgers, líder da União
Democrata Cristã no Estado da Renânia do Norte
Westfalia, o mais populoso do país. Já para o
secretário-executivo do Partido Verde, Volker Beck, o
documento constitui "um triste exemplo de fanatismo".
Em Buenos Aires, a primeira cidade da América
Latina a aprovar a união de homossexuais, organizações
civis, políticos e até religiosos também
criticaram a Igreja. "O matrimônio não foi
alterado em nada pela lei sancionada em Buenos Aires, que é
o reconhecimento de uma realidade e a concessão dos mínimos
direitos que compõem o princípio da dignidade
humana", explicou Roque Bellomo, autor do projeto de lei. "Não
compartilhamos da posição da Igreja Católica
e acreditamos que as uniões civis não representam
nenhuma ameaça ao matrimônio, porque são
duas realidades distintas", disse o pastor da igreja
luterana Lisandro Orlov.
No Brasil - Os homossexuais brasileiros
iniciam hoje uma campanha. Vários grupos coordenados pelo
Grupo Gay da Bahia (GGB) vão defender a apostasia, isto é:
os gays batizados serão orientados a enviar cartas e
e-mails às dioceses e arquidioceses, além de cópias
ao Vaticano, pedindo a negação do batismo.
"A Igreja não tem moral para
condenar o casamento de homossexuais, já que não
consegue conter os casos de pedofilia e outros escândalos
dentro da instituição", disse em Salvador
Marcelo Cerqueira, presidente do GGB.
Para a escritora Valéria Melki
Busin, coordenadora do Grupo Umas e Outras, de São Paulo,
"a Igreja prova que está totalmente ultrapassada".
"É assustador que façam uma inquisição
desse tipo contra pessoas que se amam." [i]
Fonte:
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/08/01/ger013.html
PRINCIPAIS PONTOS
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/03/08/01/pontos.gif
BRASILEIROS VÃO RENEGAR BATISMO
Publicado no Jornal O ESTADO DE S. PAULO
em 01-08-2003
Os homossexuais brasileiros vão
iniciar hoje uma campanha contra a Igreja Católica em razão
das diretrizes do Vaticano de combate ao casamento gay. O Grupo
Gay da Bahia (GGB), a mais antiga entidade do gênero no
Brasil, vai incentivar a apostasia: os gays serão
orientados a enviar cartas e e-mails às dioceses de suas
cidades, com cópias para o Vaticano, pedindo a negação
do batismo.
"A Igreja não tem um pingo de
moral para condenar o casamento de homossexuais já que não
consegue conter os casos de pedofilia e outros escândalos
sexuais dentro da instituição", disse o
presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, em Salvador. "Vamos
divulgar a relação de todas as arquidioceses do
Brasil, com o endereço, para que gays possam enviar suas
mensagens."
Além disso, os grupos gays
pretendem fazer um levantamento de todos os programas mantidos
pelo governo federal com entidades ligadas à Igreja, para
pedir o rompimento dos convênios. "O governo não
pode admitir manter relações com uma instituição
que persegue homossexuais", disse Cerqueira.
Já para a escritora Valéria
Melki Busin, coordenadora do grupo de lésbicas Umas e
Outras, de São Paulo, a atitude do Vaticano é
assustadora. "A Igreja prova que está totalmente
ultrapassada", diz. "É assustador que façam
uma inquisição desse tipo contra pessoas que se
amam, constroem coisas juntos."
A escritora questionou a crítica à
adoção de filhos, que, segundo a Igreja, causaria
uma "situação de violência" para
as crianças. "Então é preferível
a violência da rua, a fome, o estupro, o frio, do que
viver em um lar?"
O presidente do Grupo Corsa (Cidadania,
Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor), Lula Ramires, diz que
não foi possível avançar na leitura do
texto da Igreja, que começou a circular ontem na
internet. "Não consegui passar dos primeiros parágrafos.
É extremamente retrógrado." [i]
Fonte:
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/08/01/ger021.html
GAYS VÃO QUEIMAR TEXTO DO
VATICANO NA BAHIA
Publicado no Jornal O ESTADO DE S. PAULO
em 02-08-2003
O documento lançado anteontem pelo
Vaticano pedindo aos políticos católicos e não
católicos que se oponham à legalização
das uniões entre homossexuais e também à
adoção de crianças por casais gays,
classificando como "desviado", "imoral" e "nocivo"
o comportamento dessa minoria sexual, continuou a repercutir
ontem pelo mundo.
No Brasil, militantes do Grupo Gay da
Bahia (GGB) pretendem queimar uma cópia do documento na
segunda-feira diante da Catedral Basílica de Salvador,
sede do arcebispado primaz do Brasil. O protesto, disse o antropólogo
e escritor Luiz Mott, de 57 anos, será uma espécie
de "ritual de purificação, como ocorria com
as fogueiras da Inquisição".
Apostasia - Durante o ato, os militantes vão
distribuir cópias de um formulário-padrão
de apostasia, isto é, de pedido de negação
do batismo católico. O documento foi baseado no código
canônico e elaborado por um grupo gay espanhol para
incentivar os homossexuais a pedir o "desbatismo" como
reação à campanha do Vaticano. Mott, ex-
seminarista, será um dos primeiros a solicitar a
apostasia.
Outro brasileiro que criticou a atitude da
Igreja foi o teólogo e ex- frade franciscano Leonardo
Boff. "É uma atitude absolutamente ultrapassada da
Igreja hierárquica, que é a parte da Igreja que
ainda vive o sonho medieval de ter a hegemonia moral sobre toda
a humanidade e não só sobre os cristãos",
disse à rádio CBN. Para ele, cabe à Igreja
opinar sobre a qualidade de uma relação e não
sobre sua natureza. "Se a relação é de
amor, fidelidade, respeito, então é algo muito
profundo que tem que ver com Deus", opinou.
Em São Francisco, EUA, considerada
a capital gay do mundo, as palavras duras usadas no documento
pelo cardel Joseph Ratzinger caíram como uma bomba.
"Repugnância é o que me
vem à mente", disse Tim Oviatt, de 53 anos, atrás
do caixa da loja All American Boy, em Castro, região que
concentra os ativistas gays.
Ele e outros entrevistados lembraram os
recentes avanços dos direitos dos homossexuais, incluindo
a legalização de seu casamento nos tribunais
canadenses e a descriminação da sodomia pela
Suprema Corte americana. Na quarta-feira, porém, o
presidente George W. Bush avisou que "os advogados do
governo estavam buscando a melhor maneira" de barrar as uniões
de homossexuais. [i]
Fonte:
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/08/02/ger014.html
Vaticano exige que abuso sexual seja abafado, diz jornal
Publicado no BBC Brasil - 17 de agosto, 2003 - 06h00 GMT (03h00
Brasília)
Original:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/08/030817_vaticanoon.shtml
A Igreja Católica foi acusada de vários casos de
abuso sexual.
Um documento do Vaticano exige que bispos de todo mundo "abafem"
os casos de abuso sexual, segundo o jornal britânico The
Observer.
O documento de 69 páginas, que foi enviado a todos os
bispos do mundo, pede sigilo "absoluto" dos clérigos
sobre acusações sexuais contra padres e diz que
quem quebrar o silêncio deve ser expulso da Igreja Católica,
diz o jornal.
Apesar de ter sido lançado pela primeira vez em 1962,
com o selo oficial do papa João 23, o documento
continuaria em vigor.
O Vaticano confirma a existência do texto, mas nega que
tenha havido uma tentativa organizada de "abafar"
casos recentes de abuso sexual, segundo o Observer.
Advogado
O documento foi obtido por um advogado americano que está
defendendo supostas vítimas de abuso sexual por bispos
católicos.
"Ele prova que existe uma conspiração
internacional da Igreja para calar assuntos relacionados ao
abuso sexual", disse o advogado Daniel Shea ao jornal.
"É uma tentativa de esconder uma conduta
criminosa."
O advogado disse ter conseguido o documento junto a um clérigo
na Alemanha e entregue o texto às autoridades americanas.
A Igreja Católica dos Estados Unidos sofreu uma série
de acusações contra seus padres.
O arcebispo de Boston, cardeal Bernard Law, teve que renunciar
no ano passado depois de ter admitido que "abafou"
casos de abuso sexual de seus padres.
As acusações levaram a mais de cem processos na
Justiça americana.
Sob o véu da crueldade
Publicado na Epoca Online em 17-09-2003
Freira é acusada de torturar
meninas de 1 a 12 anos em abrigo no Rio de Janeiro
EDNA DANTAS
De hábito azul e mantilha branca, a
freira Luzia Helena de Souza, de 49 anos, foi levada à
ala feminina do presídio da Polinter, no Rio de Janeiro,
acusada de torturar crianças. Relatos e investigação
judicial afirmam que, durante os últimos quatro anos, a
freira torturou, agrediu e humilhou meninas de 1 a 12 anos que
estavam sob seu cuidado na Casa Três Pastorinhos de Fátima,
abrigo em São Gonçalo, na região
metropolitana do Rio.
As crianças contaram à Justiça
que a vida no abrigo dirigido pela freira até o ano
passado era um 'inferno'. As meninas que urinavam na roupa eram
obrigadas a dormir dentro do banheiro ou a ficar completamente
despidas diante das outras, enfileiradas num corredor. Uma das
testemunhas afirmou que a religiosa teria jogado uma fralda com
fezes no rosto de uma garotinha. As punições físicas
iam de surras de cinto a tamancadas no rosto ou golpes com cabo
de vassoura. Uma menina de 3 anos teria quebrado a clavícula
após uma surra. Oito garotas revelaram que a religiosa
obrigava as internas a limpar seus pés e sua cabeça.
Quem se recusava era punido.
'Eram práticas medievais, de quem
ia além da punição. Ela humilhava e
subjugava as crianças', afirma o promotor Paulo Roberto
Mello Cunha Junior, autor do pedido de prisão preventiva
decretada pela juíza Patrícia Aciolli, da 4a Vara
Criminal de São Gonçalo. A freira foi afastada da
direção da entidade no fim do ano passado, quando
os promotores de Justiça da Infância e da Juventude
conseguiram reunir as primeiras provas contra ela. As denúncias
de maus-tratos no abrigo eram investigadas havia quatro anos,
mas só em outubro passado a promotoria recebeu um
depoimento detalhado sobre as práticas da irmã.
Uma interna de 13 anos, fugitiva do orfanato, contou que a
religiosa a obrigava a bater na própria irmã, uma
menina de 9 anos, como forma de puni-la por alguma travessura.
'Eu dizia para minha irmã que eu ia bater devagarinho,
mas era para ela chorar fingindo que estava doendo', disse a
adolescente.
A freira rebate as denúncias
acusando outra religiosa de armar toda a história a fim
de tomar seu lugar na direção da Casa. Segundo os
advogados de defesa, Claudio Carvalho Tavares da Silva e João
Baptista Corrêa de Mello, há 'claramente uma guerra
de interesses' dentro da instituição e a freira
seria 'vítima' dessa disputa. 'As crianças foram
induzidas pelos pais. São filhas de delinqüentes e
drogados que queriam tirá-las do abrigo', destilou
Tavares da Silva. Na audiência de defesa, na quarta-feira,
os advogados da irmã Helena apresentaram o testemunho de
13 pessoas e solicitaram que a religiosa cumprisse a determinação
da Justiça em prisão domiciliar. No dia seguinte,
ela foi transferida para a delegacia do Grajaú, onde
divide a cela com oito detentas de nível superior. Irmã
Helena tem recebido visitas de religiosas de sua congregação.
Pelo menos na cadeia, não tem usado o hábito. [i]
Fonte:
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT600909-1664,00.html
Outra Fonte:
http://www.estado.com.br/editorias/2003/09/07/cid036.html
Padre brasileiro é preso por
solicitar sexo na Internet
MIAMI - O padre católico
brasileiro Elias Francisco Guimarães, de 44 anos, foi
condenado nos Estados Unidos a quatro anos e três meses de
prisão depois de se declarar culpado por pedir favores
sexuais a um suposto adolescente através da Internet.
A condenação contra o padre
foi lida em um tribunal de Fort Lauderdale, ao norte de Miami
(EUA), instância judicial onde admitiu sua culpa em
janeiro.
De acordo com a Procuradoria federal, o
brasileiro foi acusado de solicitar sexo em uma sala de
bate-papo na Internet a um adolescente de 14 anos, que na
verdade era um agente disfarçado. Após trocar
mensagens em particular, os dois combinaram um encontro e Elias
foi detido.
O padre apresentou um acordo de
culpabilidade para o juiz William Zloch e disse que só
tinha intenções de se encontrar e conversar com o
jovem.
Quando o magistrado lhe advertiu que não
podia aceitar um acordo de culpabilidade já que não
tinha tentado ter relações sexo com o suposto
menor, Elias reconheceu que ambos tinham falado em se tocar e "talvez
masturbação e sexo oral".
Nessa ocasião, o sacerdote católico
pediu desculpas em português. As autoridades americanas
acusaram Elias de utilizar um provedor de Internet, a América
Online, para persuadir e induzir um menor à atividade
sexual.
O brasileiro era vigário paroquial
da igreja Our Lady Queen of Peace Mission em Delray Beach, no
estado da Flórida. Agência EFE
Padre chileno é condenado por
estupro
O ex-padre chileno, José Andrés
Aguirre Ovalle foi condenado a cumprir 12 anos de prisão
e a pagar indenização de 50 milhões de
pesos. Ovalle é acusado de cometer nove abusos sexuais e
de ter estuprado uma criança.
Igreja pagará indenização
recorde por abuso sexual
Terça, 28 de janeiro de 2003, 13h04
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,5502,OI83514-EI294,00.html
A Igreja Católica irlandesa pagará
uma indenização recorde a um cidadão que
sofreu abusos sexuais quando era coroinha em uma paróquia
de Dublin.
O Tribunal Superior de Justiça da
cidade de Dublin deu hoje autorização a um acordo
entre o autor da ação, Mervyn Rundle, e o
arcebispo de Dublin e cardeal Desmond Connell principal
religioso da Irlanda.
A quantia a ser recebida por Rundle, de 28
anos, não foi divulgada, mas os meios de comunicação
deste país estimam que esta gira em torno dos 300 mil
euros.
Durante a audiência, Connell pediu
desculpas em nome da Igreja Católica à vítima,
que tinha nove anos quando foi agredido sexualmente pelo frade
Thomas Naughton na paróquia de Donnycarney, ao norte da
capital.
Depois do julgamento, Mervyn Rundle disse
sentir-se aliviado por acabar "com dezoito anos de autêntico
inferno" e receber uma desculpa pública.
No entanto, a vítima lamentou que o
estamento religioso tenha demorado tanto tempo "em
reconhecer o dano que causaram durante tantos anos a um menino
atemorizado".
"Não sei quanto tempo vou
demorar para perdoá-los, acrescentou Rundle. Quando fui
ao arcebispo com meu pai em 1985, achei que tudo seria resolvido
rapidamente, mas tive que voltar dez anos depois quando soube
que (Naughton) estava abusando de outros meninos".
Em 1998, Thomas Naughton foi condenado a
três anos de prisão, dos quais cumpriu dois e meio,
por abusar de menores durante quase dez anos em diferentes paróquias
de Dublin.
Durante aquele julgamento, também
foi provada a existência de diversas queixas sobre a
conduta do frade que, no entanto, foram ignoradas pela alta
hierarquia eclesiástica.
Connell reconheceu hoje de novo que "se
aquelas queixas tivessem sido investigadas adequadamente",
o frade poderia ter deixado a tempo suas "responsabilidades
paroquiais".
O cardeal lamentou "o dano irreparável
e as conseqüências devastadoras" que aqueles
fatos tiveram sobre a vítima e sua família, mas
acreditou que a Igreja Católica aprenderá muita
coisa com o caso.
No entanto, o "caso Rundle" não
será a última pedra no sapato da Igreja Católica
irlandesa, já que esta enfrenta várias denúncias
por abusos sexuais nos próximos meses.
Preso padre acusado de abuso sexual
Publicado no Jornal O Povo do Ceará
em 21 Janeiro 2004
O padre Mario Napoleón Sasso,
acusado de abusar sexualmente de cinco meninas de 12 anos, foi
preso ontem na periferia de Buenos Aires. Sasso, de 45 anos,
tinha mudado a fisionomia para não ser identificado,
cortando a barba e o cabelo, mas acabou sendo descoberto em um
pedágio da Estrada Panamericana, na localidade de Pilar.
O padre, ordenado em 1986, foi encaminhado à promotoria
da localidade de San Isidro, que está investigando as
acusações de abuso sexual agravado e reiterado.
A IGREJA A CAMISINHA
DRAUZIO VARELLA - Folha de São
Paulo - Pesquisa OnLine - São Paulo,
sábado, 15 de julho de 2000
Os dirigentes da Igreja Católica têm
a receita infalível para acabar com a Aids: sexo, só
depois do casamento e nunca fora dele! Por isso são contrários
ao uso da camisinha mesmo diante de uma epidemia, como declarou
em Indaiatuba o enviado do papa, monsenhor Javier Lozano.
Já o padre Valeriano Paitoni, que
administra três casas para portadores do HIV na zona norte
de São Paulo, prega a distribuição de
preservativos para os que não podem comprá-los. "Se
o preservativo protege a vida, não há como encará-lo
como um mal", disse ele à Folha. O superior imediato
do padre Valeriano, apoiado por Dom Eugênio Salles,
arcebispo do Rio de Janeiro, não gostou nem um pouco da
declaração e publicou nota mal-humorada condenando
o comportamento do pároco.
Nela, considerou "inaceitável
a atitude do Padre Valeriano" e, no final, concluiu: "Fui
obrigado, com sincera dor, por tratar-se de um irmão na fé
e no sacerdócio, a publicar esta nota de repúdio
como tentativa de correção fraterna, a qual não
exclui outras providências administrativas e pastorais cabíveis
para corrigir essa lamentável situação".
Está evidente uma divisão na
igreja: a maioria dos padres que se dedicam ao trabalho comunitário
é favorável ao preservativo, enquanto seus chefes
não arredam pé da posição contrária.
Que diferença faz isso para a disseminação
da epidemia de Aids? Faz muita. Não porque homens e
mulheres que já usam preservativo venham deixar de fazê-lo
apenas porque a igreja manda, mas pela tradicional influência
política que ela exerce sobre os dirigentes brasileiros:
qualquer prefeito precisa pensar duas vezes para contrariar o
padre e dez para ir contra a vontade do bispo. Se examinarmos a
questão da camisinha do ponto de vista da saúde pública,
não há o que discutir: todos os estudos publicados
demonstram que quanto mais preservativos são distribuídos
à população, menor o número de
mortes por Aids.
Se não há como contestar
essa evidência científica, por que insistir na posição
oposta, mesmo sabendo que mais gente vai morrer? Talvez porque a
cúpula da igreja, tão empenhada em fixar a mesma
regra de conduta para toda a humanidade, tenha esquecido de que
casamento respeitoso com atração sexual mútua
e persistente por anos e anos é privilégio de
poucos.
Ou, talvez, porque bispos e cardeais, há
muito apartados de seus rebanhos, não levem em conta que
há homens casados que vão à zona de meretrício;
que há mães de família que encontram o
amante no disfarce da tarde; que há meninas adolescentes
que passam mal quando vêem um homem bonito; que há
rapazes de 17 anos que não perdoam nem poste vestido de
saia; e que desde a remota Antiguidade existe uma minoria de
homens que nunca achou graça em mulher.
Se não for por essas razões,
então será porque a preocupação de "suas
santidades" paira acima das misérias terrenas. Gemei
e chorai neste vale de lágrimas, que vosso será o
reino do céu! De fato, o que é o sofrimento na
Terra comparado à eternidade do Paraíso? O mercado
brasileiro de preservativos não chega a 150 milhões
de unidades por ano. Somos 170 milhões de brasileiros,
30% dos quais mulheres em idade fértil (cerca de 50 milhões).
Se apenas elas tivessem vida sexual ativa, teriam direito a 3
camisinhas por ano cada uma.
No meio de uma epidemia traiçoeira
como a de Aids num país com o nível de
escolaridade do nosso, toda iniciativa destinada a combater o
uso do preservativo é crime contra a saúde do
povo. Dele, as futuras gerações de sacerdotes se
envergonharão e provavelmente pedirão desculpas.
Como o fizeram recentemente em memória às pessoas
torturadas ou queimadas vivas em praça pública,
nos quase 400 anos de Inquisição. Ou como
aconteceu com o apoio irrestrito prestado à escravização
de índios e de negros. É pena que a humildade para
reconhecer erros tão graves costume demorar séculos,
no caso da Igreja Católica. Até lá, muita
gente terá sofrido e morrido por causa de uma doença
sexualmente transmissível fácil de prevenir: basta
não compartilhar sangue e proteger os genitais com
camisinha durante a penetração sexual.
Acusa��o de abuso atinge 4.450 padres
Folha de S�o Paulo - 17/02/2004
Pesquisa encomendada pela Confer�ncia dos Bispos Cat�licos dos EUA apurou 11 mil queixas feitas de 1952 a 2002
C�NTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
Uma pesquisa encomendada pela Confer�ncia dos Bispos Cat�licos dos EUA cujo resultado deve ser divulgado no fim deste m�s apurou que 4.450 padres nos EUA foram acusados de abusos sexuais de 1950 a 2002.
Uma vers�o preliminar do relat�rio, divulgada ontem com exclusividade pela rede de TV CNN, abordou mais de 11 mil acusa��es.
Os n�meros definitivos da pesquisa ser�o revelados no dia 27 de fevereiro, mas, at� o momento, a sondagem revela que, do total de 110 mil padres que serviram nos 52 anos, 4% est�o envolvidos.
O relat�rio tem como base uma pesquisa feita em arquivos de igrejas de todo pa�s. Os dados foram compilados pelo John Jay College of Criminal Justice, em Nova York, a pedido da confer�ncia episcopal.
Os resultados mostram que contra mais da metade dos padres suspeitos de envolvimento em abuso sexual pesa apenas uma acusa��o. Outros 1.112 sacerdotes, ou 25% do total, t�m entre duas e tr�s acusa��es, 578 ( 13%) t�m de quatro a nove acusa��es e 133 padres (3%) sofreram mais de dez acusa��es.
O relat�rio afirma tamb�m que 78% das supostas v�timas tinham entre 11 e 17 anos na �poca do abuso, enquanto 16% se situavam na faixa et�ria entre 8 e 10 anos e quase 6% tinham menos de 7 anos.
De acordo com o relat�rio, 61% das 11 mil acusa��es investigadas foram sustentadas por provas.
Bill Burleigh, membro da confer�ncia, n�o quis comentar o relat�rio por se tratar de uma vers�o preliminar. Mas o diretor da "Survivors Network of Those Abused by Priests" (algo como rede de sobreviventes de abusos cometidos por padres) afirmou ontem que os n�meros revelados pelo relat�rio s�o baixos diante da realidade.
"Os bispos tentaram esconder isso por anos, logo n�o h� raz�o para acreditar que, de repente, eles mudariam os seus m�todos", disse David Clohessy, integrante da rede. "A �nica coisa prudente a fazer � assumir que essa n�o � a verdade integral. � uma sondagem, mas n�o � o produto de uma investiga��o", completou.
Os n�meros se assemelham aos de uma sondagem realizada pela ag�ncia Associated Press, divulgada na semana passada, sobre a dimens�o dos abusos sexuais dentro da Igreja Cat�lica dos EUA. Segundo a ag�ncia, 84 dioceses -das 195 existentes nos EUA- calculam que 1.413 padres tenham cometido abusos desde 1950 e 2.990 sofreram queixas.
Tema tabu
O debate sobre a conduta sexual dos sacerdotes tem causado mal-estar no meio eclesi�stico. Para analistas, a quest�o da pedofilia tamb�m levanta debates a respeito do dogma da castidade e do celibato clericais. Essas discuss�es, avaliam, tornam a investiga��o de crimes sexuais ainda mais dif�cil.
Por esse motivo, a prepara��o do relat�rio pela Confer�ncia dos Bispos Cat�licos dos EUA � interpretada como parte da campanha da igreja para tentar restaurar a sua credibilidade.
A pr�pria pesquisa argumenta, por�m, que o resultado desse trabalho pode ter sido prejudicado pela pol�tica interna da igreja.
Os esfor�os para evitar esc�ndalos, a "falha" em reconhecer a gravidade da quest�o, a falta de centros de tratamento �s v�timas, a "disposi��o para perdoar" e uma contabilidade insuficiente das acusa��es s�o apontados como os principais obst�culos para a elucida��o dos crimes sexuais na igreja, registrados em v�rios pa�ses.
A crise de confian�a na igreja americana come�ou h� cerca de dois anos com uma s�rie de esc�ndalos e den�ncias de abusos sexuais cometido por sacerdotes.
A revela��o de que o padre John Geoghan molestou, em 1991, um menor detonou uma onda de acusa��es contra padres em Boston, que culminou em 2002, quando Geoghan foi condenado a dez anos de pris�o.
Ap�s esse caso, cerca de uma centena de outras queixas recaiu sobre a Arquidiocese de Boston.
� �poca, a CNN realizou uma sondagem para medir a avalia��o da popula��o a respeito da igreja: 73% dos cat�licos n�o aprovavam o modo como a c�pula eclesi�stica tratava a quest�o do abuso sexual cometido por padres.
Entre cat�licos e n�o-cat�licos, o percentual subiu para 73%. Sondagens posteriores mostraram que esses n�meros n�o recuaram.
Atualmente, mais de 44 mil padres est�o em atividade nos EUA. [i]
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1702200401.htm
Padre � acusado de agredir e assediar enfermeira dentro de igreja
Publicado no Jornal Folha de S.Paulo em 16/04/2004
O padre Jocelir Leo Vizioli, 46, da par�quia Esp�rito Santo, em Rio Claro
(175 km de SP), � acusado de agredir e assediar sexualmente a enfermeira
Patr�cia Alessandra Siqueira da Silva, 29, dentro da pr�pria igreja.
Segundo a v�tima, que procurou o padre para buscar ajuda religiosa, Vizioli
teria elogiado o seu corpo e iniciado as agress�es com tapas e empurr�es
durante um ritual. Segundo a pol�cia, o padre � conhecido como "exorcista".
A v�tima disse que as agress�es continuaram mesmo depois de uma tentativa
de fuga.
De acordo com a delegada Patr�cia Silveira Rosa, da Delegacia de Defesa da
Mulher de Rio Claro, o padre ser� intimado a prestar depoimento ap�s a
conclus�o dos laudos do exame de corpo de delito da v�tima.
Segundo o advogado do p�roco, Irineu Prado, o padre nega ter cometido as
agress�es. A C�ria da Diocese de Piracicaba disse que ir� apurar o caso.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u92923.shtml