Publicado no Jornal O DIA no Domingo 26 de
dezembro de 1999
Pastor Roberto Bueno, da Igreja do
Evangelho Quadrangular de Figueira, PR
Na primeira entrevista (repórter se
identificou como interessado)
- Como é que participa. Tem que
mandar o dinheiro pelo Correio?
- Recebi a carta no fim do ano passado.
Era para mandar pelo Correio. Se fosse mandar por vale-postal,
ficaria caro. Inventaram esse sistema, pois uma nota de R$ 1 é
mais fácil de camuflar no envelope. Se fosse mandar um
vale-postal num valor desses, imagina, você gastaria R$ 2
para mandar R$ 1. Aí seria R$ 3 para cada R$ 1 que você
mandasse.
- E o retorno foi bom?
- Olha, irmão, foi bem satisfatório.
Se eu conseguisse recuperar o que eu investi... A gente entra
querendo ver para crer. Mandei umas 150 cartas mais ou menos.
- E recebeu quanto?
- Eu não tenho o valor. Mas foi bem
superior ao que investi.
- Umas duas vezes, talvez?
- Ah! Cinco vezes mais. Quando vi outros
pastores participando, disse: vamos tentar, pode ser uma bênção.
Não tenho do que reclamar.
Na segunda entrevista (repórter se
identifica como jornalista do DIA)
- Como foi que o senhor participou da
corrente?
- Eu não participei. Chegou às
minhas mãos uma carta dessas. Por curiosidade, resolvi
mandar. Mas até agora não me deu lucro nenhum.
Achei que isso não era de Deus.
- Mandou quantas cartas?
- Umas 20. Para mim, não teve
retorno. Recebi umas quatro ou cinco cartas de pessoas falando
que era coisa ilícita. Comecei a pensar bem. Se fosse
realmente de Deus, poderia funcionar.
- Outros pastores entraram?
- Entrou o nome de alguns pastores de
nossa igreja. Pastores conhecidos. O cara que fez esse negócio
colocou o nome deles por conta própria. Eles estão
processando esse tal de Jair Pires (Nelson Pires), aquele
advogado que começa a carta. Os cabeças (líderes
da igreja) praticamente foram todos para a lista, os seis. Isso
se espalhou pelo Brasil inteiro. Mas eles devem estar mandando só
para pastores. É mais fácil o pastor entender.
Julio César Carneiro, batista, de
Divinópolis-MG
Na primeira entrevista (repórter se
identifica como interessado)
- Tem que mandar 250 cartas mesmo?
-Quanto mais mandar mais tem retorno.
Cheguei a mandar 220 cartas. O retorno foi de 300%, mais ou
menos. Não entra pensando que vai ganhar muito dinheiro,
não, porque vai se decepcionar. Mas, em relação
ao investimento inicial, foi interessante.
- Como pastor, o senhor acha que é
pecado?
- As pessoas falam muitas coisas. Sou
muito honesto. Resolvi participar porque outros pastores estavam
participando. Vi que era uma coisa séria. E como era
praticamente no meio evangélico, resolvi mandar. Se
fossem outras pessoas, eu não participaria.
Na segunda entrevista (repórter se
identifica como jornalista do DIA)
- Pastor, o senhor recebeu a carta mesmo?
- Primeiro, há um engano. Sou evangélico,
mas não sou pastor. Sou microempresário. Realmente
recebi um programa de ajuda mútua, achei interessante e
resolvi participar. Era ver para crer. Quando vi o nome de
outros evangélicos participando... só por isso
resolvi participar. Não sei de onde surgiu. Aconteceu de
eu receber cartas de algumas pessoas me censurando. Dizendo que
o que eu estava fazendo era ilegal. Eu sou participante como
todos os outros. Disseram que era coisa do diabo. Mandei mais ou
menos umas 150 cartas.
- E de quanto foi o retorno?
- Recebi na faixa de uns R$ 300. Mas isso
varia de pessoa para pessoa. Mandei uma quantidade menor de
cartas. Mas depois eu procurei me informar melhor.
- Valeu a pena?
- Sinceramente, não. Em cima do que
eu investi achei interessante. Mas as pessoas não
entendem a proposta do negócio.