Ex-funcion�rio denuncia
uso pol�tico de projeto social de
Garotinho para favorecer pastores
Francisco Alves Filho
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Rombo: H� 13 mil cheques para pagamentos indevidos no programa de
Garotinho
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O programa assistencial Compartilhar Cesta Cidad�o estava destinado �
pol�mica desde que foi criado em novembro de 1999 pelo governador do Rio,
Anthony Garotinho. O projeto consistia em contemplar com cheques de R$ 100
fam�lias carentes com rendimento inferior a um sal�rio m�nimo. Em
contrapartida, as crian�as da fam�lia beneficiada deveriam ser mantidas na
escola. No entanto, o programa apelidado de Cheque Cidad�o revelou-se um
instrumento demag�gico que privilegia as igrejas evang�licas � reduto eleitoral
de Garotinho. �s den�ncias feitas pelos benefici�rios da iniciativa se junta
agora a revela��o de Jos� Carlos Azevedo, que atuou por sete meses como fiscal
do programa. �Tem muita safadeza no Cheque Cidad�o�, afirma Azevedo, que era
encarregado de descredenciar as igrejas que manipulassem o benef�cio. �Pastores
usam o programa para aumentar o n�mero de fi�is, fazer campanha pol�tica, pedir
dinheiro. Eu relatei v�rios casos desse tipo, mas os coordenadores n�o tomaram
provid�ncias�, diz Azevedo. O alvo da reclama��o � o pastor Everaldo Dias
Pereira, subsecret�rio do Gabinete Civil. Uma inspe��o do Tribunal de Contas do
Estado (TCE) tamb�m descobriu irregularidades na administra��o do programa.
Carlos Magno
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FORA Maura, Vera e Renata: punidas por insubordina��o
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O Cheque Cidad�o beneficia 27 mil fam�lias de todo o Rio e das 270
igrejas cadastradas para a distribui��o 85% s�o evang�licas. Azevedo trabalhou
como fiscal do programa de abril a novembro de 2000. Descobriu muita gente
cadastrada fora dos requisitos para o benef�cio, tais como empres�rios e
pessoas que moravam em casas com piscina. �Notei que ocultavam algumas
den�ncias. Eram guardadas na gaveta do pastor porque tinham a ver com seu grupo
pol�tico�, recorda. �Falei na frente de dona Rosinha (primeira-dama do Estado e
secret�ria de A��o Social) que o pastor Everaldo era vigarista�, disparou.
Azevedo conta ainda que cheques serviram para pagamento de cabos eleitorais que
atuaram na campanha do irm�o de Everaldo, Edmilson Dias, que acabou eleito
vereador. As den�ncias foram encaminhadas ao Minist�rio P�blico.
Renato Velasco
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Pastor Everaldo nega favorecimentos
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Amea�as � Azevedo saiu do programa sem receber indeniza��o ou
ressarcimento para tratamento de sa�de � ele machucou a perna enquanto
trabalhava. Para tentar manter seus direitos, revelou ter guardado documentos
que comprovariam seu trabalho e as irregularidades. �Ricardo Bittar
(subsecret�rio de A��o Social) me disse que n�o queria que outras pessoas
tomassem conhecimento desses pap�is. Falou que ia conversar com dona Rosinha�,
contou. A partir da�, a vida de Azevedo passou a ter lances de filme policial.
Em mar�o, na sa�da do Pal�cio Guanabara, dois motoqueiros o abordaram. �Um
deles me apontou uma arma e exigiu a pasta com documentos do Cheque Cidad�o.
N�o quiseram levar mais nada. Registrei a queixa na pol�cia. Mas tinha c�pia
dos documentos roubados�, revelou. Com medo do que chamou de �alguma arma��o�
foi a um segundo encontro com pessoas indicadas por Bittar acompanhado de dois
assessores do deputado Paulo Ramos (PDT). �Quando cheguei, policiais armados me
cercaram e um delegado disse que eu estava preso por extors�o.�
Renato Velasco
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PROVAS Azevedo: documentos ao MP
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O pastor Everaldo afirmou que nunca foi respons�vel pela fiscaliza��o do proro
de benef�cios reembolsados. A conclus�o � que cerca de 13 mil cheques est�o
sendo pagos sem que haja benefici�rios cadastrados. Outro problema � que pelo
menos 3.738 inscritos t�m renda superior a um sal�rio m�nimo. Na inspe��o,
descobriu-se cadastros duplos. O deputado estadual Paulo Ramos defende a
cria��o de uma Comiss�o Especial na Assembl�ia Legislativa para acompanhar a
investiga��o em andamento no Minist�rio P�blico. �O que se nota � que o
governador est� mais interessado no r�tulo do programa do que em sua efetiva
aplica��o�, critica Ramos.�
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