Publicado no Jornal O Dia no Domingo, 2 de
janeiro de 2000.
Considerando os dados oficiais do IBGE,
segundo os quais os evangélicos no Brasil eram 20% da
população, em 1991 (data do último censo),
a atual representação de protestantes no Congresso
Nacional (9,5% do total) é pequena. Uma das razões,
segundo o sociólogo Paul Freston, autor do livro Evangélicos
na Política, é a desunião entre as diversas
correntes protestantes. "Como são muitos os
caciques, vários candidatos se lançam e o voto
acaba pulverizado", explica. A exceção fica
por conta da Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir
Macedo. Com uma estrutura centralizada, quase monárquica,
a Universal escolhe entre os seus quadros os nomes que vai lançar,
os divide por área e transforma seus templos em comitês
eleitorais. Resultado: embora seja infinitamente menor do que
outras igrejas, como a Assembléia de Deus, a Universal
sempre elege seus candidatos. "Somos organizados", diz
o deputado Laprovita Vieira (PL). O crescimento da Universal
impressiona: em 1986, ela só tinha um representante
entre 34 evangélicos na Assembléia
Constituinte. Em 1990, a bancada passou para três. Em 94,
para seis. Hoje, são 17. A meta agora é eleger
prefeitos e senadores. A Universal não chega a ser uma
potência eleitoral: seus seis deputados estaduais,
somados, tiveram 150 mil votos. Mas a igreja sabe montar o
xadrez partidário e divide seus candidatos entre diversas
legendas, faclitando a eleição. O deputado federal
Carlos Rodrigues (PL-RJ) é quem, com mão de ferro,
comanda a bancada do bispo Macedo. Todos obedecem. Quem diverge,
é expulso do paraíso.