A cura da homossexualidade
CONTARDO CALLIGARIS

Publicado no Jornal Folha de S�o Paulo em 07/10/2004

A Assembl�ia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro se apresta a votar um projeto de lei, do deputado Edino Fonseca, que cria o Programa de aux�lio �s pessoas que voluntariamente optarem pela mudan�a (...) de sua orienta��o sexual da homossexualidade para a heterossexualidade.

Para implementar o programa, "o poder p�blico estabelecer� conv�nios com organiza��es governamentais, n�o governamentais, Associa��es Civis, religiosas, profissionais liberais e aut�nomos". Ou seja, o dinheiro p�blico financiar� os que se prop�em a converter homossexuais em heterossexuais.

O projeto afirma que o programa n�o � discriminat�rio, pois se destina aos homossexuais que desejarem mudar de orienta��o. No caso dos menores, a reserva n�o vale. N�o ser� preciso que os adolescentes homossexuais desejem mudar de orienta��o, bastar� a vontade de pais ou tutores. Seu filho tem trejeitos? Chame o governo; ele dar� conta das frescuras do menino.

A Comiss�o de Constitui��o e Justi�a deu parecer favor�vel: "A proposi��o � de relevante cunho social e n�o esbarra em preceitos constitucionais".

Muito bem, vou fundar o Instituto Michael Jackson para a transforma��o de negros em brancos (claro, s� os negros que quiserem). A id�ia � de relevante cunho social e ben�fica, visto que, de fato, em nossa sociedade, � melhor ser branco. Uma vez esbranqui�ados, os negros ganhar�o mais e competir�o com os brancos em p� de igualdade. OK?

A Comiss�o da Sa�de tamb�m deu parecer favor�vel: "Homem e mulher foram criados e nasceram com sexos opostos para se completarem e procriarem. O homossexualismo, apesar de aceito pela sociedade, � uma distor��o da natureza do ser humano normal".

Que coisa estranha; eu sabia que a sexualidade dos animais n�o humanos era (mais ou menos) natural, j� que a fertilidade da f�mea produz os sinais que ativam o desejo do macho (o cio, por exemplo). No caso da gente, n�o � bem assim. Parece que desejamos por amores, fantasias e inspira��es repentinas, que s�o coisas culturais, n�o naturais. Tamb�m, se homens e mulheres s�o feitos para "se completarem e procriarem", n�o entendo por que transam na cozinha, nos elevadores, nos estacionamentos, nos clubes de suingue, na zona, com cinta-liga, colares de couro ou cueca de l�tex furada.

Agora, se voc� acha que a sexualidade humana � pervertida, n�o hesite: promova leis para a reorienta��o sexual de fetichistas, masturbadores, exibicionistas, freq�entadores de saunas e cinemas porn�s, sadomasoquistas, internautas de salas de sexo virtual e leitores da revista "Private". J� est� na hora de fazer o necess�rio para que todos os cidad�os desejem segundo a natureza.

Durante o s�culo 20, houve governos que, apoiados numa id�ia do bem ou da natureza, quiseram reorientar ideol�gica e sexualmente seus cidad�os. Mandaram (alguns ainda mandam) milh�es para campos de reeduca��o. Console-se: no Rio, ser� poss�vel apenas financiar a convers�o sexual. Sem campos.

Admito que o programa tem um interesse: cria �timas ocasi�es de capta��o de fundos p�blicos. Paradoxo chulo, mas irresist�vel: um projeto para converter homossexuais parece ter sido concebido para dar vontade de mamar.

Exemplo. Eu publico, numa revista conceituada, um artigo em que conto como "converti" homossexuais com terapias intensivas de 12 meses. Logo, meus amigos pais de fam�lia cariocas declaram ao programa que eles s�o atormentados por t�rridas fantasias homossexuais e, � noite, erram pelo aterro do Flamengo, procurando prazeres culpados, enquanto as mulheres dormem. Eles pedem para se curar comigo. O governo do Rio me manda o dinheiro, e a gente divide o lucro. Tratando-se de heterossexuais, os tratamentos ser�o um sucesso.

Os amigos homossexuais tamb�m poder�o se tratar comigo no mesmo esquema. S� pe�o que, no fim, eles se declarem curados, para n�o estragar a reputa��o do neg�cio.

No caso de uma igreja, � mais f�cil. N�o � preciso escrever nenhum texto "cient�fico". Basta a autoridade da B�blia. N�o faltar�o os fi�is para entrar no programa: "Voc� se molhou sonhando com uma pessoa do mesmo sexo? Cure-se desse dem�nio". E o dinheiro do governo n�o ser� dividido, ficar� integralmente com a igreja. Felicita��es.

1) Existem sujeitos que vivem sua homossexualidade de maneira dolorosa e conflitiva. N�o concordam com seu pr�prio desejo, por mil raz�es (inibi��es, repress�o, princ�pios morais). Qualquer "psi" sabe como � f�cil produzir cat�strofes subjetivas se, nesses conflitos, a gente n�o deixa o paciente elaborar livremente sua solu��o.

2) O governo carioca deveria oferecer tratamento de convers�o tamb�m aos estrangeiros que, hoje, fazem do Rio de Janeiro uma rent�vel meca do turismo homossexual. Sugiro que o pr�prio deputado Fonseca distribua os panfletos do programa, em v�rias l�nguas, na Farme de Amoedo, durante o Carnaval.

3) Os pais t�m raz�o de se preocupar ao descobrir que um filho ou uma filha s�o homossexuais. Afinal, esses jovens t�m de enfrentar um mundo em que s�o propostas leis como a que est� para ser votada no Estado do Rio.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0710200418.htm

Mais de 500 intelectuais e professores universit�rios do Rio de Janeiro assinaram um abaixo-assinado contra um projeto de lei que prev� a cria��o de um "programa de aux�lio �s pessoas que, voluntariamente, optarem pela mudan�a da homossexualidade para a heterossexualidade". Entre os nomes que figuram na lista dos contr�rios est�o os antrop�logos Gilberto Velho e Alba Zaluar e a soci�loga Julita Lemgruber.

De acordo com a Folha de S. Paulo, o projeto de autoria do deputado �dino Fonseca (PSC), pastor da Assembl�ia de Deus, j� teve pareceres favor�veis das comiss�es de Constitui��o e Justi�a e de Sa�de da Assembl�ia Legislativa do Rio. "O homossexualismo, apesar de aceito pela sociedade, � uma distor��o da natureza do ser humano normal", escreveu no seu parecer o deputado Samuel Malafaia (PMDB), pastor da mesma igreja.

"Do ponto de vista cient�fico, n�o existe nada mais controverso do que a possibilidade de uma reorienta��o sexual", diz S�rgio Carrara, coordenador do Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (Clam), que organiza o manifesto.

O projeto deve ser votado em novembro. O PMDB, presidido no Estado por Anthony Garotinho, tem maioria na Casa.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI400082-EI306,00.html

Vetado programa de apoio a gays arrependidos no Rio

Rio de Janeiro - Foi derrotado, nesta quarta-feira, na Assembl�ia Legislativa do Rio (Alerj), por 30 votos contra seis, o projeto de lei que criaria, com verbas p�blicas, um programa de apoio a gays que optassem por tornar-se heterossexuais. Ativistas de organiza��es defensoras dos direitos dos homossexuais lotavam as galerias do plen�rio e comemoraram o resultado.

Na ter�a-feira, convocadas pelo Grupo Arco-�ris de Conscientiza��o Homossexual, dezenas de pessoas se manifestaram diante do pr�dio da Alerj contra o projeto, de autoria do deputado evang�lico Edino Fonseca (PSC). O texto original, que chegou a receber quatro emendas, al�m de promover apoio psicol�gico aos gays arrependidos, criaria programas de preven��o ao homossexualismo. Apesar de o projeto vedar "qualquer tipo de discrimina��o", para os ativistas a lei promoveria o preconceito.

fonte: http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/dez/08/213.htm

Rio � cidade partida pela religi�o

Publicado no Jornal do Brasil

Pesquisa mostra que elei��o municipal teve voto �til de evang�licos em Crivella e de cat�licos em Cesar Maia

Israel Tabak

O Rio est� se transformando numa cidade partida pela religi�o. N�o � palpite ou conversa de intelectual de botequim, mas o resultado do cruzamento de dois importantes estudos realizados por especialistas da PUC-Rio e pesquisadores franceses: o Atlas da Filia��o Religiosa e a an�lise, zona por zona, das �ltimas elei��es municipais.

N�o foi por acaso que Cesar Maia come�ou e acabou a campanha subindo as escadas da Igreja da Penha. Nem tampouco o fato de pastores da Universal � com maiores ou menores subterf�gios � pedirem aos fi�is para que n�o votassem no �dem�nio� do PFL.

Nos escombros do brizolismo e germinado pelo in�cio da eros�o do garotismo nas �reas mais pobres da cidade, principalmente na Zona Oeste, brotou o voto �til evang�lico, detectado pelos pesquisadores como uma tentativa de combater o voto �til cat�lico, urdido para evitar a chegada de Marcelo Crivella ao segundo turno. Os dois movimentos s�o claramente evidenciados pelos mapas do estudo cruzado.

A vota��o de Marcelo Crivella sobrepuja o percentual do eleitorado potencial da Ig reja Universal, abarca o restante do universo pentecostal e o da Igreja Batista, tamb�m forte na Zona Oeste, assim como em alguns sub�rbios da Central e Leopoldina.

A regi�o em que o percentual de votos do senador do PL foi mais alto corresponde exatamente �s �reas onde s�o mais numerosos os fi�is desses tr�s grupos. Da mesma forma, as �reas onde a popula��o cat�lica � mais compacta tamb�m s�o aquelas em que Cesar Maia teve a sua melhor vota��o.

O cientista pol�tico Cesar Romero Jacob, da PUC, esclarece que isso n�o significa que todos os evang�licos votaram em Crivella ou que todos os cat�licos escolheram Cesar Maia. Nem que, na m�o inversa, apenas evang�licos votaram no senador e s� cat�licos sufragaram o nome do prefeito.

� O que vemos apenas � a forte converg�ncia entre os mapas das confiss�es religiosas e o dos votos nos dois candidatos. Cesar Romero enfatiza que os n�meros indicam o insucesso da manobra pol�tica que transformou o pastor Manoel Ferreira, da Assembl�ia de Deus, no vice de Luis Paulo Conde (PMDB), candidato de Garotinho. Os fi�is da igreja n�o ligaram para o acordo pol�tico e aderiram a Crivella.

O fen�meno detectado pelos pesquisadores tem origem no descompasso entre o crescimento da popula��o da cidade nas �ltimas d�cadas em dire��o � Zona Oeste, abrigando sobretudo massas marginalizadas, e a incapacidade do Estado de prover os servi�os e a prote��o necess�ria aos novos habitantes.

� O populismo j� predominava na �rea, mas o ex-governador Anthony Garotinho introduziu uma novidade. Aliou o populismo � religi�o, criando uma esp�cie de populismo religioso, que demonstrou excelentes resultados eleitorais em 2002.

A pol�tica passou a instrumentalizar a religi�o. O palanque foi ao p�lpito. O reverso da medalha n�o tardou. Pentecostais da Igreja Universal resolveram dispensar intermedi�rios e p assaram a instrumentalizar a pol�tica em seu proveito.

� Assim, o p�lpito � que foi para o palanque e quase conseguiu a fa�anha in�dita de levar um bispo pentecostal para o segundo turno � analisa o cientista pol�tico da PUC.

Entre outros fatores que desencadearam a presen�a maci�a dos pentecostais na pol�tica, Cesar Romero aponta a aus�ncia do Estado, a a��o insuficiente da Igreja Cat�lica nas regi�es mais afastadas e o insucesso dos partidos de esquerda, que n�o conseguiram ocupar o espa�o pol�tico aberto pela avassaladora ocupa��o das �reas perif�ricas da cidade.

A esquerda n�o se deu conta de que a cidade se expandiu, incluindo a Zona Oeste rica (Barra da Tijuca e Recreio). Esse espectro pol�tico, cada vez mais insignificante em termos eleitorais ficou no seu guetto, que tem Santa Teresa como epicentro, obtendo suas melhores vota��es tamb�m em Laranjeiras, Flamengo, e de outro na Tijuca, Maracan� e Vila Isabel, bairros de classe m�dia. � o que revelam os mapas criados por Cesar Romero, pela ge�grafa Dora Hees e pelos pesquisadores franceses Phippe Waniez e Violette Brustlein, especializados em cartografia eleitoral.

� � uma esp�cie de etnocentrismo. Parece que a esquerda s� sabe olhar a cidade a partir da Zona Sul ou dos bairros de classe m�dia da Zona Norte. �Pragm�ticos� e �ideol�gicos� se desentendem sobre alian�as quando o f�co da discuss�o � a quase total aus�ncia pol�tica do segmento nas �reas para onde o Rio se expandiu � observa Romero.

No v�cuo formado, a religi�o substitui a ideologia enfraquecida. Hoje, esse avan�o s� tem um freio pol�tico: a compet�ncia demonstrada pelo prefeito para armar eficiente m�quina em todos os quadrantes da cidade, incluindo aqueles onde os evang�licos se concentram. Nesses �ltimos, o prefeito tamb�m ganhou, embora por margens menores.

Em S�o Paulo, o quadro n�o se repete, pois o cruzamento dos dados indica que os votos evang�licos foram absorvidos pelo sistema pol�tico tradicional. O PT, por exemplo, tem abocanhado boa parte do eleitorado da Zona Leste e de outras �reas nas quais a popula��o evang�lica � mais concentrada.

O in�dito quadro de cisma religioso traz um paradoxo: o Rio, que tem 60% que se declaram cat�licos e 17% evang�licos, � tamb�m a capital com maior percentual dos que se dizem sem religi�o: 13%.

A perspectiva desenhada � preocupante: a tradi��o republicana brasileira separa o Estado da religi�o.

� Um eventual embate religioso significa um retrocesso hist�rico � lembra Romero.

O estudioso diz que, ap�s a queda do Muro de Berlim, em v�rias regi�es do mundo a religi�o e n�o mais as ideologias vem sendo usada como instrumento de a��o pol�tica, como se v�, por exemplo, no Oriente M�dio e na Irlanda.

� Isso tem sido fonte constante de conflitos. Ao inv�s de o mundo caminhar, como seria de se esperar, para o d��logo inter-religioso e a cria��o de uma cultura que promova a paz, ocorre uma nefasta instrumentaliza��o da religi�o. O Rio e o Brasil j� t�m problemas demais para ainda se verem envolvidos com a despolitiza��o da pol�tica e a partidariza��o da religi�o � conclui o especialista.

Crivella � suspeito de crimes

Fonte: RJTV(http://redeglobo6.globo.com/RJTV/0,19125,VRV0-3114-55399-20040703,00.html)

O senador e candidato � Prefeitura do Rio de Janeiro pelo Partido Liberal (PL), Marcelo Crivella, vai ser ouvido pela Pol�cia Federal. O Minist�rio P�blico investiga se ele seria s�cio de duas empresas em um para�so fiscal, e se houve envio ilegal de dinheiro para o exterior e sonega��o de impostos. O senador Crivella nega todas as acusa��es.

O inqu�rito da Pol�cia Federal que investiga a participa��o da Igreja Universal do Reino de Deus na compra da TV Record foi aberto no come�o da d�cada de 90.

Segundo as investiga��es, os compradores seriam de classe m�dia baixa e teriam conseguido um empr�stimo de US$ 20 milh�es em duas empresas localizadas em para�sos fiscais: a Cableinvest, nas Ilhas Jersey, e a Investholding, nas ilhas Cayman.

A Pol�cia Federal apura se os respons�veis pelas empresas cometeram os crimes de evas�o de divisas, manuten��o de contas no exterior sem o conhecimento das autoridades e sonega��o fiscal.

Segundo um parecer do Minist�rio P�blico Federal, o senador Marcelo Crivella, pastor da igreja, seria diretor de uma das empresas e dono da outra. Ele foi indiciado e o inqu�rito enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) quando Crivella foi eleito senador. Marcelo Crivella � o candidato do Partido Liberal (PL) � Prefeitura do Rio de Janeiro.

A Pol�cia Federal ainda n�o tem data marcada para o depoimento do senador Marcelo Crivella. A pedido do Minist�rio P�blico Federal, tamb�m devem ser ouvidas outras pessoas ligadas � Igreja Universal do Reino de Deus e que tamb�m estariam envolvidas na compra da emissora.

Neste s�bado, o RJTV tentou falar com o senador Marcelo Crivella, mas a assessoria disse que ele n�o poderia dar entrevista porque tinha uma agenda de compromissos pessoais a cumprir.

Mas ao jornal "O Globo", em reportagem publicada neste s�bado, Crivella disse que jamais teve contas no exterior a n�o ser a que pagava seu sal�rio quando trabalhava para a Igreja Universal do Reino de Deus, na �frica, ao longo dos anos 90, em um banco chamado Nedbank, da Suazil�ndia.

O senador disse tamb�m que n�o tem sociedade em empresas do exterior ou no Brasil. Marcelo Crivella disse ainda que teme que o inqu�rito seja usado contra sua campanha e que foi envolvido nessa hist�ria sem saber por qu�.

Segundo o senador, ele estava trabalhando na �frica quando tudo aconteceu, e agora tem medo que o povo inteiro pense que existe uma motiva��o pol�tica por tr�s disso.

Criador da ONG para curas gays sai do arm�rio

Publicado na Revista �poca em 29 de novembro de 2004-11-30

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT868192-1664-1,00.html

Sergio Viula, um dos criadores do grupo que defende a �cura� da homossexualidade, se assume como gay e diz que tratamento � uma farsa

O carioca Sergio Viula, de 35 anos, foi um dos fundadores do Movimento pela Sexualidade Sadia (Moses), ONG evang�lica que d� aux�lio a pessoas que desejam abandonar a homossexualidade. Chegou a ser pastor da Igreja Batista, casou-se e teve dois filhos. H� um ano e meio, por�m, assumiu ser gay, deixou a igreja e rompeu o casamento. Viula, atualmente professor de Ingl�s e estudante de Filosofia na Uerj, conhece como poucos os m�todos dos grupos de ''reorienta��o'' sexual. Sabe que n�o funcionam e critica o projeto de lei do deputado estadual �dino Fonseca (PSC) que prev� o custeio de tratamento psicol�gico para pessoas interessadas em ''virar heterossexuais''. O texto, condenado por psic�logos e psiquiatras, j� passou por tr�s comiss�es na Assembl�ia Legislativa do Rio de Janeiro e pode ser aprovado at� o fim do m�s.

�POCA - Como surgiu o Movimento pela Sexualidade Sadia, que atua em v�rias denomina��es evang�licas?

Sergio Viula - O objetivo era a evangeliza��o de homossexuais, que nada mais � do que fazer proselitismo religioso. Pretend�amos mostrar que a homossexualidade n�o � natural e deveria ser abandonada pelos que quisessem agradar a Deus. O Moses tamb�m queria dar uma resposta aos grupos gays, que tinham espa�o na m�dia.

�POCA - Como o grupo pretende reverter a homossexualidade?

Viula - Vendem uma solu��o, enchendo as pessoas de culpa. No tempo em que eu estava l�, ouvia relatos de sofrimento e tentava arrumar raz�es para a homossexualidade, sempre ligadas � desestrutura��o familiar ou a traumas. Era um absurdo. O discurso do Moses � homof�bico e cruel: ''Jesus te ama, n�s tamb�m, mas voc� precisa deixar de ser gay''. O homossexual continua sentindo desejo, mas com um p� no prazer e o outro na dor, com sentimento de culpa, medo, auto-rejei��o. Cri�vamos uma paran�ia na cabe�a deles.

�POCA -Quando voc� percebeu que o ''tratamento'' era uma farsa?

Viula - A gota d'�gua foi quando um rapaz soropositivo, que chegou a ser da diretoria do Moses, morreu. Ele havia se envolvido sexualmente com dois integrantes do grupo. Um deles estava t�o apaixonado que chorou mais que a vi�va no enterro. Comecei a pensar que o grupo n�o funcionava nem para os que estavam dentro dele.

�POCA - Nem para voc�?

Viula - Sou o melhor exemplo de que n�o existe ''cura'' da homossexualidade. Sabia que era gay desde os 16 anos. As pessoas que dizem que mudaram, na verdade, continuam sentindo desejo. Um padre que � celibat�rio e heterossexual n�o deixa de ser heterossexual porque � celibat�rio. Um homossexual que n�o transa porque quer � renunciar a isso pela f� � gay. S� n�o est� em atividade.

�POCA - O que acontecia nos bastidores do movimento?

Viula - Uma vez criaram uma c�lula de homossexuais que se reunia na Tijuca para fazer uma esp�cie de terapia em grupo. Em vez de virarem heterossexuais, come�ou a rolar paquera. Tinha gente que sa�a da reuni�o para namorar. Dentro do pr�prio apartamento que sediava os encontros aconteceram experi�ncias sexuais. A c�lula acabou cancelada. Outra situa��o absurda ocorreu em um congresso da Exodus - grupo crist�o internacional que combate a homossexualidade - em Vi�osa. Os caras paqueravam e ficavam juntos durante o evento. A mensagem da milit�ncia gay, que se reuniu na porta, era: ''Nos deixem em paz''. L� dentro, diz�amos que Deus transforma. Mas quem estava no evento fazia o mesmo que o pessoal de fora (risos). Era uma incoer�ncia total.

�POCA -Sua sa�da do Moses coincidiu com sua ''sa�da do arm�rio''?

Viula - Sim. H� tr�s anos abri o jogo com as lideran�as da Igreja Batista e do Moses e me separei de minha mulher. Depois de um m�s isolado, voltei para o casamento e para o Moses. Tinha chegado � conclus�o de que era gay, mas n�o tinha resolvido a quest�o de f� em minha cabe�a. Dois anos depois, me desliguei de vez.

�POCA - Como sua fam�lia reagiu?

Viula - A rela��o com minha ex-mulher � amig�vel, mas com meus pais est� extremamente abalada. S�o evang�licos e negaram a vida inteira que tinham um filho gay. N�o suportaram ouvir de mim o que sempre quiseram esconder. N�o nos falamos mais. Tenho um filho de 9 anos e uma menina de 12. Contei a verdade a ela e expliquei por que n�o podia continuar casado. Ela diz que me ama e n�o tem vergonha do pai.

�POCA -A mensagem evang�lica alimenta a homofobia?

Viula - A maioria dos evang�licos discrimina. O deputado �dino Fonseca � notadamente desequilibrado. Disse na Assembl�ia de Deus que os gays desejam fazer clonagem para criar um ex�rcito e dominar a sociedade. H� muitas pessoas desinformadas nos templos e, para elas, o gay � inimigo em potencial. O Moses deveria orientar as fam�lias assim: ''Seu filho � gay, mas pode ser saud�vel, bonito, inteligente e bem-sucedido, como qualquer heterossexual''. Isso nunca foi feito.

�POCA -Voc� atualmente freq�enta alguma igreja?

Viula - N�o. Mas isso n�o est� s� relacionado a minha homossexualidade. Conhe�o muitos gays que s�o religiosos. Abandonei a igreja por pensar que o Deus crist�o � um mito. Mas acho importante militar por uma abertura na igreja. Como grupo social, ela tem de ter uma representatividade gay para n�o ser discriminat�ria. N�o sou ativista, mas incentivo os movimentos gays, sobretudo o de Luiz Mott (Grupo Gay da Bahia), que foi massacrado por n�s, do Moses. Neste ano, fui � ParadaGay do Rio pela primeira vez como homossexual assumido. Antes ia como evangelista. Foi uma experi�ncia maravilhosa. Nunca estive t�o em paz.

fonte: revista �poca

Den�ncia de homofobia entre vereadores de Palmas

Publicado em 24.01.2004

Fonte: http://hosting.pop.com.br/glx/glx.php?artid=482

Vereadora que ap�ia movimento homossexual na capital do Tocantins est� sendo 'perseguida' por evang�licos

Fonte: http://hosting.pop.com.br/glx/glx.php?artid=482

Em 15 de dezembro/2003 a Vereadora de Palmas Warner Pires (PL) apresentou um projeto na C�mara de Vereadores que instituia o Giama (Grupo Ip� Amarelo), como de Utilidade P�blica Municipal e o dia 15 de junho, dia da funda��o do grupo, como o Dia da Visibilidade Gay em Palmas.

Na primeira vota��o os dois projetos foram aprovados com 3 votos contra, todos da ala evang�lica. Embora ela seja do PL (se filiou recentemente, era do PFL) e com um filho assumido gay, a vereadora tem sido a porta voz do movimento em Tocantins, apoiando todas as iniciativas do Giama.

Agora a bancada evang�lica da C�mara Municipal est� colocando todos os evang�licos da capital contra a vereadora. Um pastor homof�bico garantiu que se ela n�o parar de apoiar "esses doentes delinquentes" ir� se arrepender amargamente, perdendo a reelei��o. Num debate pela TV local os dois quase foram aos tapas. O pastor disse que ela tem que se preocupar � em garantir verba para um hospital que trate "esses doentes".

Essa semana o Giama foi recebido pela vereadora e ela garantiu que n�o vai ceder, embora a press�o seja de todos os lados. Partid�rios est�o pedindo que ela repense sua postura.

FRAGRANTE DE CORRUP��O:

Fonte: Jornal da Globo - Rede Globo - 05/07/2004

PASTOR WAGNO - PL/GOI�S Segundo a pol�cia, o presidente da C�mara de Vereadores da cidade, Pastor Wagno, do PL, queria receber dinheiro para garantir vota��es de interesse da prefeitura. Na hora de pagar, o prefeito diz que n�o tem todo o dinheiro. O vereador queria R$ 10 mil reais. �N�o tenho todo dinheiro�, disse o prefeito. �Mete um cheque ent�o. Ai eu dou a parte dele em cheque�, afirma o pastor. O pastor Wagno conta o dinheiro e cobra mais por uma sess�o extraordin�ria da C�mara. �Ficou s� pendente aqueles 10 n� isso e mais aquela extraordin�ria�, comenta ele. Logo depois, o presidente da C�mara de Vereadores � preso em flagrante. O vereador � acusado de corrup��o passiva. A pena para este tipo de crime varia de um a oito anos de pris�o.

ESTADO E RELIGI�O

Publicado no CONJUR EM 24/10/2004

O fundamentalismo religioso � corol�rio abomin�vel do monote�smo. Os gregos e romanos da antiguidade eram extremamente tolerantes com as religi�es dos estrangeiros, pelo simples fato de adotarem o polite�smo que, por ess�ncia, n�o exclui a exist�ncia de outras divindades.

As religi�es ocidentais monote�stas - cristianismo, islamismo e juda�smo - por outro lado, freq�entemente estiveram associadas a regimes ditatoriais de todos os g�neros.

O Iluminismo e, posteriormente, a Revolu��o Francesa, consolidaram a id�ia de Estado laico, separando, pelo menos em tese, o poder pol�tico (temporal) do religioso.

No Brasil, o Estado confessional do Imp�rio foi abolido com a Rep�blica e, atualmente, a Constitui��o Federal de 1988 consagra a separa��o do Estado e da religi�o dispondo que: "art.19. � vedado � Uni�o, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Munic�pios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencion�- los, embara�ar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes rela��es de depend�ncia ou alian�a, ressalvada, na forma da lei, a colabora��o de interesse p�blico;"

A Carta Magna afirma n�o s� a laicidade do Estado brasileiro, mas tamb�m a toler�ncia religiosa ao estabelecer que: "art.5�, VI - � inviol�vel a liberdade de consci�ncia e de cren�a, sendo assegurado o livre exerc�cio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote��o aos locais de culto e suas liturgias" Tais princ�pios constitucionais, por�m, parecem ser esquecidos quando o assunto em pauta � bio�tica e biodireito.

As discuss�es, no Congresso Nacional, sobre o uso cient�fico de embri�es congelados para pesquisas com c�lulas-tronco e, no Supremo Tribunal Federal, sobre o aborto de fetos anenc�falos, demonstram plenamente a profunda influ�ncia religiosa sobre as decis�es dos poderes legislativo e judici�rio que, em tese, deveriam manter-se neutros em rela��o a quest�es religiosas.

A vota��o no Senado sobre o uso de c�lulas-tronco em experi�ncias cient�ficas teve motiva��es predominantemente religiosas, levando os senadores Marco Maciel (PFL-PE) e Fl�vio Arns (PT-PR) -- em tese, de correntes ideol�gicas absolutamente antag�nicas -- a combaterem enfaticamente as pesquisas com c�lulas-tronco.

Tamb�m no Supremo Tribunal Federal o debate sobre a autoriza��o judicial para o aborto de fetos anenc�falos parece ganhar cunho predominantemente religioso, em detrimento de uma discuss�o meramente jur�dica.

No Congresso Nacional chega-se ao c�mulo de se falar em uma "bancada evang�lica" e n�o � de hoje que o governo do estado do Rio de Janeiro tornou-se uma verdadeira teocracia, em uma demonstra��o expl�cita do fundamentalismo crist�o.

A m�dia, longe de buscar informar seus leitores sobre a necessidade inerente dos estados democr�ticos de separar religi�o de pol�tica em prol da toler�ncia religiosa, busca acirrar ainda mais o car�ter teol�gico do debate, cedendo espa�o para l�deres religiosos se pronunciarem a respeito do tema.

No Estado Democr�tico de Direito n�o h� espa�o para a imposi��o de cren�as religiosas travestidas de leis ou senten�as, pois a base da democracia � a pluralidade e a toler�ncia ao diferente.

Se as pesquisas com c�lulas-tronco e os abortos de anenc�falos s�o ou n�o pecado n�o cabe aos pol�ticos e aos ministros do STF decidirem, mas aos cl�rigos, a partir da interpreta��o dos livros sagrados de sua f�.

A licitude de tais pesquisas e a criminaliza��o de tais abortos, por outro lado, s�o quest�es de natureza pol�tica e jur�dica e, portanto, de natureza temporal, n�o havendo, pois, como serem impedidas por contrariarem qualquer religi�o.

A imposi��o da f� de uma maioria de cidad�os brasileiros crist�os a uma minoria n�o crist� � um fundamentalismo religioso absolutamente incompat�vel com a id�ia de Estado Democr�tico de Direito. Assim como o Estado n�o deve se intrometer na cren�a de seus cidad�os, � evidente tamb�m que as religi�es n�o devem e n�o podem interferir nas decis�es pol�ticas e jur�dicas dos �rg�os p�blicos.

Ao negar a reencarna��o, o cristianismo tende a supervalorizar o direito � vida, ainda que acompanhado de um profundo e constante sofrimento. Por esta cren�a, � natural que n�o se conceba o sacrif�cio de um blastocisto, mesmo que, por hip�tese, este possa ser usado para restaurar os movimentos de algu�m condenado a viver em uma cadeira de rodas. Tamb�m coerente com este ponto de vista, se pode exigir que uma mulher seja obrigada a gestar um feto anenc�falo.

Estas imposi��es religiosas, no entanto, devem ser limitadas aos fi�is, que em momento algum ser�o obrigados a doarem blastocistos, tratarem-se com c�lulas-tronco e, principalmente, abortarem. O estado brasileiro � laico e, por sua natureza, tamb�m garante o direito aos infi�is de pecarem, n�o se submetendo � f� de uma parcela de seus cidad�os, mesmo que majorit�ria, pois n�o h� democracia sem toler�ncia religiosa. [i]

http://conjur.uol.com.br/textos/250303/

QUO VADIS, IRM�O?

Cren�as, valores, estrat�gias, avan�os e retrocessos por tr�s da expans�o das igrejas e seitas pentecostais

Por Fl�vio Lobo e Phydia de Athayde

Para onde vai o crescente movimento evang�lico? Se fosse formulada nos Estados Unidos, essa pergunta poderia ser respondida com uma generaliza��o bastante certeira: o fervor b�blico que alicer�ou a reelei��o do presidente Bush segue um rumo conservador com forte inclina��o fundamentalista. A mesma quest�o feita em rela��o ao Brasil remete a um cen�rio repleto de contradi��es e incertezas.

O �ltimo Censo Demogr�fico do IBGE, realizado em 2000, registrou 26,2 milh�es de brasileiros protestantes, um contingente dividido por in�meras igrejas e seitas que adotam id�ias e pr�ticas diferentes e, em certos casos, antag�nicas. Mesmo se considerada somente a vertente pentecostal, a que mais tem crescido e contava com 18 milh�es de fi�is em 2000, os contrastes s�o grandes.

�Quando se fala dos evang�licos, muitas vezes as diferen�as entre as v�rias denomina��es s�o esquecidas�, diz a antrop�loga Clara Mafra, especialista no tema e autora do livro Os Evang�licos. Mas a pr�pria pesquisadora v� pelo menos uma marca comum, especialmente em rela��o aos pentecostais. �� uma religiosidade que realmente mobiliza as pessoas�, diz ela.

Por reunir quase 70% dos evang�licos brasileiros, por ser o grupo religioso que mais se expande no Pa�s (tem mais do que dobrado de tamanho a cada d�cada) e em raz�o de sua visibilidade midi�tica, o pentecostalismo � o grande protagonista do fortalecimento do movimento evang�lico no Brasil. Sua influ�ncia crescente � um dos fen�menos indispens�veis � compreens�o do Brasil contempor�neo.

Um sentido para a vida.
Em meio ao caos da periferia das cidades

A prega��o pentecostal, aqui como nos EUA, cont�m altas doses de conservadorismo, fundamentalismo, obscurantismo, intoler�ncia e agressividade em rela��o �s demais religi�es � especialmente as afro-brasileiras (reportagem na edi��o impressa) � e a outras ideologias; e tamb�m propicia a forma��o de currais eleitorais. Mas ao mesmo tempo tece redes de apoio que amparam indiv�duos e fam�lias em �reas e situa��es de risco, eleva a auto-estima de popula��es pobres e desenraizadas, incentiva o empreendedorismo e chacoalha o conformismo que ajuda a sustentar a hierarquia de classes do Pa�s.

O pentecostalismo distingue-se das demais vertentes evang�licas pela �nfase nos poderes milagrosos do Esp�rito Santo. De acordo com o Atlas da Filia��o Religiosa e Indicadores Sociais no Brasil, estudo lan�ado em 2003 e feito a partir de dados do IBGE, os pentecostais brasileiros concentram-se nos bairros populares das periferias urbanas e nas �reas das fronteiras agr�colas do Centro-Oeste e do Norte. S�o mais mulheres que homens, mais crian�as e adolescentes que adultos, mais negros, pardos e ind�genas que brancos. No campo profissional, prevalecem as atividades do setor dos �servi�os pessoais�, e muitos s�o empregados dom�sticos. Possuem em geral forma��o escolar de n�vel apenas elementar e recebem basicamente at� tr�s sal�rios m�nimos.

Diante desse perfil, o cientista pol�tico Cesar Romero Jacob, um dos autores do Atlas, explica a explos�o pentecostal das �ltimas d�cadas nessas regi�es perif�ricas e lim�trofes por meio de quatro fatores centrais: concentra��o de migrantes, pobreza agravada pela estagna��o econ�mica, aus�ncia do Estado e uma presen�a t�mida da Igreja Cat�lica.

Levas migrat�rias vindas das partes mais pobres do Pa�s, em geral de �reas rurais, que at� a d�cada de 1970 eram absorvidas pelo mercado, passaram a enfrentar uma dificuldade crescente nas d�cadas de estagna��o que se seguiram. Sem as condi��es m�nimas para uma sobreviv�ncia digna, essas popula��es ficariam mais suscet�veis ao poder simb�lico de um Deus autorit�rio, capaz de p�r alguma ordem no caos psicol�gico e social.

�Enquanto a f� cat�lica enfatiza o pr�ximo, o outro, o pentecostalismo foca o pr�prio crente e seu n�cleo familiar, uma abordagem que pode ser mais atraente para pessoas em situa��o de desamparo e risco�, diz o professor Romero.

Essa an�lise pode ajudar a entender a expans�o de organiza��es como a Assembl�ia de Deus, a maior igreja evang�lica do Brasil, com 8,4 milh�es de fi�is, de acordo com dados de 2000, e a Congrega��o Crist� no Brasil, que fica em segundo lugar com seus 2,5 milh�es de seguidores. Foram as primeiras pentecostais a chegar ao Pa�s, vindas dos EUA, no in�cio do s�culo XX, e baseiam-se na constitui��o de redes comunit�rias de conviv�ncia e ajuda que, ao pre�o de uma moralidade estrita, protegem os participantes de parte dos perigos inerentes � vida nas �reas mais pobres das cidades. Um apoio que pode ser vital para gente como o pastor Nelson da Silva.

Confira a �ntegra desta reportagem na edi��o impressa

NO CONGRESSO

Al�m de combater a taxa��o das igrejas, a bancada evang�lica une-se em torno de �quest�es morais� e relativas aos meios de comunica��o

Por Luiz Alberto Weber

Esparramados por 12 partidos, mas unidos pela f� e pelo conservadorismo, os parlamentares evang�licos (58 deputados e tr�s senadores) ganham forma e peso quando entram em cena quest�es morais. �Somos 100% contra a uni�o est�vel de pessoas do mesmo sexo�, diz o deputado federal Adelor Vieira (PMDB-SC), coordenador da bancada evang�lica no Congresso Nacional.

Fora desse campo, � uma bancada com integrantes de baixa proje��o que costuma votar com o governo � do sal�rio m�nimo � Reforma da Previd�ncia. Diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), entidade que edita o livro Os Cabe�as do Congresso (lista dos cem parlamentares mais influentes), o analista pol�tico Ant�nio Augusto de Queiroz avalia que os evang�licos concentram seus esfor�os na rejei��o a projetos de taxa��o de igrejas e na atua��o nas comiss�es tem�ticas que envolvam quest�es ligadas aos meios de comunica��o, assunto caro aos pastores.

Bispo Rodrigues.

No grupo, ele � o campe�o de arrecada��o

�Interesses t�o concentrados assim n�o fazem de um parlamentar evang�lico uma refer�ncia�, avalia Queiroz, que, destaca, por�m, o papel do deputado Walter Pinheiro (PT-BA) e do senador Paulo Octavio (PFL-DF), que incorporaram temas n�o religiosos �s suas atua��es.

Quase 60% dos deputados evang�licos s�o provenientes de estados do Sul e Sudeste, fato que indica que a base pol�tica desse grupo s�o os centros urbanos. �Provavelmente, obt�m seus votos na periferia das cidades maiores, �reas de grande penetra��o das igrejas�, diz Queiroz.

Estado menos cat�lico do Pa�s, segundo o Censo 2000, o Rio de Janeiro possui tamb�m a maior representa��o de evang�licos em n�meros absolutos � sete parlamentares, ou 15% do total da bancada estadual. Por outro lado, cinco estados do Nordeste n�o elegeram nenhum evang�lico. �Temos uma presen�a menor ainda fora dos grandes n�cleos urbanos�, diz Vieira.

A presen�a constante nos meios eletr�nicos de divulga��o da f� n�o faz dos l�deres evang�licos campe�es de voto. Os 56 deputados federais evang�licos eleitos em 2002 obtiveram, somados, pouco mais de 4,6 milh�es de votos � menos de 5% do total recebido por todos os 513 deputados. Registre-se que, segundo o Censo 2000, 17,7 milh�es de pessoas se declararam pentecostais.

Evang�lico mais bem votado para a C�mara, o deputado Gilberto Nascimento (PMDB-SP) recebeu 240.664 votos nas �ltimas elei��es, s�timo lugar entre os candidatos eleitos por S�o Paulo.

O p�lpito n�o � um curral eleitoral de onde pastores candidatos ou irm�os de f� extraem votos quase sem esfor�o. Nas �ltimas elei��es para o Congresso Nacional, os candidatos evang�licos gastaram, em m�dia, mais dinheiro para obter cada voto (valor calculado a partir da rela��o entre a arrecada��o e o n�mero de votos recebidos) do que seus colegas de Parlamento n�o crentes.

De acordo com an�lises realizadas por CartaCapital com base nas declara��es de campanha dos parlamentares evang�licos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e em n�meros levantados pela ONG �s Claras, em 14 estados os evang�licos empregaram, em m�dia, mais dinheiro para conquistar a confian�a do eleitor do que seus concorrentes locais. Em Goi�s, por exemplo, o deputado federal Jo�o Campos (PSDB) �desembolsou� cerca de R$ 4 por voto, quase o dobro da quantia gasta pelos outros representantes eleitos do Estado.

A an�lise da presta��o de contas dos deputados evang�licos mostra ainda que eles n�o possuem um rebanho de doadores de campanha prontos para contribuir com uma, digamos assim, esp�cie de d�zimo pol�tico em �poca de elei��es.

Campe�o de arrecada��o entre os deputados da bancada, o Bispo Rodrigues (PL-RJ), declarou ao TSE ter recebido apenas 71 doa��es de particulares com valores maiores que R$ 200. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por sua vez, arrecadou cerca de R$ 330 mil para sua campanha, sendo 11% dessa quantia procedente de apenas 12 contribuintes.

�N�o h� uma vincula��o total da f� com o voto�, diz o coordenador da bancada. �Mas a bancada est� crescendo a cada elei��o�, avalia Vieira.

Os primeiros evang�licos eleitos para cargos representativos apareceram apenas a partir da Constituinte de 1934, quando se elegeu o pastor metodista Guaracy Silveira. Nos anos 60, os pentecostais elegeram pela primeira vez um deputado federal, o pastor Levy Tavares. De l� para c�, o n�mero de parlamentares cresceu e se multiplicou.

http://cartacapital.terra.com.br/site/exibe_materia.php?id_materia=1806

Maluf afirma estar ao lado de quem combate as for�as do mal

Publicado no Jornal Folha de S. Paulo em 17 de agosto de 2004

LILIAN CHRISTOFOLETTI

Em culto ontem com cerca de dois mil homens da Assembl�ia de Deus do Minist�rio de Bel�m, o candidato � Prefeitura de S�o Paulo pelo PP, Paulo Maluf, falou sobre a import�ncia da fam�lia e a necessidade de "combater as for�as malignas".

"N�s estamos no mesmo time contra as for�as do mal, contra as for�as dos que querem, na desagrega��o da fam�lia, levar a nossa juventude para o v�cio", disse o candidato ao lado da mulher, Sylvia, e do vice, o vereador Salim Curiati Jr. (PP).

No �ltimo dia 11, Maluf recebeu o apoio oficial da igreja. Ontem, durante o culto, pastores criticaram reportagens que divulgaram a promessa feita pelo candidato de apoio financeiro � Assembl�ia de Deus. "Nossa liberdade de escolha n�o tem pre�o", disse o pastor Paulo Freire.

Ap�s o culto com os homens, Maluf participou de um segundo, com aproximadamente 120 mulheres evang�licas.

Disse que, durante sua carreira pol�tica, Sylvia sempre o ajudou e que "nunca quis se sobressair". "Ao contr�rio", completou o ex-prefeito, "ela deixou que a parte pol�tica fosse feita pelo marido".

�s duas plat�ias, Maluf pediu votos para a �nica candidata a vereadora da igreja, Marta Costa, do PTB -a sigla est� coligada com o PT da prefeita Marta Suplicy, candidata � reelei��o. [i]

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1708200414.htm

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