Cheque-Cidadão em mãos erradas
Maiá Menezes

Publicado no Jornal O Dia na Sexta, 5 de maio de 2000

Assessora de deputado é acusada de distribuir benefício em igreja de Madureira

O depoimento do pastor Everaldo Dias Pereira, coordenador do Cheque-Cidadão e subsecretário de Gabinete Civil, ontem, na Comissão de Orçamento da Assembléia Legislativa, acabou servindo como pano de fundo para novas denúncias contra o programa. Duas delas foram admitidas pelo pastor: uma assessora especial do gabinete do deputado Mário Luiz (PMDB), Alcione Chafin, foi responsável, durante um mês, pela distribuição do Cheque-Cidadão na Igreja Ortodoxa do Brasil, em Madureira. O pastor Everaldo garante que Alcione foi afastada da distribuição. "Quando eu soube do cargo que ela ocupa, determinei o desligamento", contou o pastor. "Entrei apenas para organizar a distribuição, já que o outro responsável havia saído", alegou Alcione. O deputado Mário Luiz, que também é pastor, devolveu as acusações: ele garantiu que, na Igreja, durante a distribuição do cheque, havia presença de um candidato a vereador, amigo do antigo responsável, o pastor Adriano Baptista Argente Junior - que nega as acusações. O próprio Governo do estado já recebeu 117 denúncias sobre o mau uso do Cheque-Cidadão. Outra denúncia comprovada por Everaldo Dias refere-se ao caso de um pastor que estava exigindo um quilo de alimento comprado com o cheque.

Deputado denuncia mau uso do cheque em Belford Roxo

O deputado Renato de Jesus (PSDB), que presidiu a audiência pública com o pastor Everaldo, começou os trabalhos com uma denúncia: "Em Belford Roxo, perto da minha casa, sempre vi filas para distribuição do cheque", disse. O deputado Geraldo Moreira (PDT) garantiu ter sido testemunha do uso político do Cheque. "Em Caxias, vejo sempre candidatos a vereador dizendo, em carros de som, que distribuem os cheques", garantiu. O governador Anthony Garotinho disse ontem que não vê problemas no fato de pastores ou padres convidarem as pessoas que vão receber o cheque para assistir aos cultos. "É um bem que eles fazem". O deputado Henry Charles (PMDB) também pediu esclarecimento sobre denúncia publicada no DIA de uso político do cheque, em São Gonçalo. O vereador Edilson Gomes (PSC) pediu abertura de CPI para investigar o colega Josias Muniz (PMN), a quem acusa de intermediar o cadastro de igrejas em troca de votos. Os dois estão convocados para depor na próxima quinta-feira, na Comissão de Orçamento. Apesar de ter durado três horas, o depoimento não deixou satisfeitos os deputados Hélio Luz (PT), Paulo Pinheiro (PT) e Paulo Melo (PSDB). "Ficou provado que há uso político", disse Paulo Melo, que chegou a desafiar o pastor: "O senhor me dá um Cheque-Cidadão, que eu consigo trocar por dinheiro". Paulo Pinheiro fez 12 perguntas ao pastor que, segundo ele, ficaram sem resposta. Entre elas, qual a origem do dinheiro do programa.

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